31 de maio de 2014

Primeira Impressão

In the Lonely Hour
Sam Smith


Música é feita para mexer com os sentimentos do ser humano. Quais sentimentos são esses? Isso tudo depende, principalmente, de quem ouve e qual o seu estado de espírito que se encontra. Por isso, sempre é necessário deixar a guarda abaixada para ouvir uma canção e deixar se levar pelas emoções expostas pelos artistas. Infelizmente, no atual mundo cada vez mais cínico em que vivemos, estamos sendo transformados em cabeças pensantes destituídas de emoção em razão da massificação que transformam pessoas em seres "brancos" para se misturem perfeitamente na multidão. Uma das "raças" que mais sofrem desse mal são os "críticos": aqueles serem que servem para julgar o trabalho dos outros. Em busca da aceitação pelas cabeças pensantes, muitos esquecem que a música (a arte de uma maneira geral) é feita de emoção e, não, apenas, de razão. Por isso, seus julgamentos estão cada vez mais pautados em detalhes tão elitizados que o fator emoção se perde. Uma lástima abominável.

Vocês leram essa introdução/desabafo tão grande para que eu possa explicar o que direciona o meu "trabalho" aqui e no blog: emoção. Claro, também preciso dar espaço para a razão, mas não é ela que está no comando no "frigir dos ovos". Então, vocês poderão notar que a critica que segue, provavelmente, deve ser bem distinta do que os "conceituados" críticos vão achar sobre o debut álbum do inglês Sam Smith: In the Lonely Hour é um trabalho muito bom, pois é um trabalho emocionante.

Sam Smith não quer nada mais que apenas tirar um suspiro ou uma lágrima de quem ouvir sua música. E isso não é problema nenhum já que ele consegue fazer com maestria. Aqui, Sam não está em busca de sentimentos refinados e complicados, mas, sim, ele busca tirar os sentimentos mais primários e simples que um ser humano pode possuir. In the Lonely Hour é sobre corações quebrados, amores frustrados e decepções devastadoras. Nada mais primário que sofrer por amor. Nada mais simples que o amor, pois, em sua complexidade estrutural, ele é igual para todos os seres humanos na face da Terra. Porém, Sam não pretende elevar esses sentimentos aos píncaros da glória como fez a Adele em 21, mas, simplesmente, fazer você apenas sentir essa dor "agridoce" do amor. Como principal compositor, Sam entrega letras magistralmente delicadas, mas com uma emoção verdadeira e tocante. Desde os sentimentos mais platônicos até os mais melancólicos, In the Lonely Hour é uma viagem na mente de um jovem que coloca em músicas as suas experiências. Sincero e sensível. Essas são as principais qualidades das composições, mesmo não sendo trabalhos geniais no que tange a construção, conseguem cumprir seu objetivo com o máximo de louvor. E nada muda o fato que Sam revelou que o álbum foi feito para uma paixão não correspondida dele por outro homem. Amor é amor.

Emoldurando todo esse turbilhão de emoções, Sam Smith também se mostrar um cantor com um potencial imenso. Ninguém melhor que o próprio autor das composições para interpretá-las, então, por isso, espere performances emocionantes e quase viscerais. Porém, Sam segue um caminho interessante ao entregar essas emoções de maneira contida, intimista e delicada deixando as canções mais leves sem cair no dramalhão desnecessário. Com ajuda de seu belíssimo tom, Sam entrega momentos inspirados como, por exemplo, em Lay Me Down, aqui em uma versão diferente do que foi lançada como single, em que a produção, aliada com os vocais magníficos de Sam, criam um trabalho impressionante trabalhando com as nuances e um clímax de tirar o fôlego. Infelizmente, nem tudo são elogios para In the Lonely Hour. O álbum é basicamente um trabalho pop com inspiração soul em que a produção faz um trabalho correto e bem, mas careta em sua sonoridade, sem apresentar nada de novo ou mais ousado. Ao menos, a produção acerta o tom das faixas ajudando positivamente o resultado final. Outros momentos de destaque, além do já citado, do álbum são Stay With Me, Leave Your Lover, Not In That Way e Make It To Me. O que eu não entendi é a canção Money On My Mind, a grande bola fora do CD. Contudo, o que importa aqui é que Sam Smith fez um álbum para ser ouvido de coração aberto. E que bom que tem ainda pessoas capazes de produzir esse tipo de trabalho sem se importar com as opiniões de críticos. Inclusive essa, que nada mais é que apenas mais uma opinião. Honesta, mas apenas mais uma.

30 de maio de 2014

A Drag Que Sambou Na Cara da Sociedade

Rise Like a Phoenix
Conchita Wurst

Para quem não estava em Marte nas últimas semanas deve saber quem é Conchita Wurst, mas para você
que estava conversando com marcianos vamos ao uma rápida recapitulada. Conchita Wurst é uma drag queen/cantora austríaca que venceu o famoso concurso Eurovision. Se esse fato não fosse o bastante, Conchita tem uma característica única: seu "criador" Tom" Neuwirth decidiu que a sua persona feminina iria usar barba. Então, vocês podem imaginar a controvérsia envolvendo a drag e a sua vitória. Mesmo recebendo imenso apoio de grande parte do público e de nomes famosos houveram dezenas de "protestos" (a maioria homofóbica) contra Conchita. Claro, nada que possa tirar a importância do fato na luta pelos direitos iguais. Isso é fato, mas, se Conchita venceu o Eurovision, ela tem uma música lançada.

Rise Like a Phoenix é basicamente um tema de algum filme do James Bond. Desde os instrumentais iniciais, a grandiosidade da canção e a composição "poderosa". Basicamente, a canção é uma balada pop épica com base de piano que caminha até bem na linha tênue que separa o bom gosto do brega. A letra fala sobre sobreviver ao um amor destruidor usando a metáfora da Fênix como principal tema. O resultado é quase um prazer culposo, mas não chega a comprometer, ainda mais com um poderoso refrão. A grande surpresa é a voz de Conchita: sólida, com alcance bom e consegue captar a vibe de uma diva estilo Adele de maneira perfeita. No final, quem saiu ganhando foi a raça humana que deu mais um passo para um mundo melhor.
nota: 7

29 de maio de 2014

Jenny from the Block

First Love
Jennifer Lopez

J.Lo nunca vai ser considerada uma artista revolucionário no que tange a sua musicalidade, mas, acredito, que isso nem interessa muito para ela. O que Jennifer Lopez saber fazer  é ser uma excepcional "entertrenment" e, isso, ela domina como poucas no atual showbiz. Mesmo assim, ela tem uma história bem enraizada na música e com uma "sonoridade" construída e que foi se alterando ao longo dos anos. Com os preparativos para o lançamento do seu oitavo álbum intitulado A.K.A., Jennifer mostra que está voltando ao começo ao mostras as suas raízes hip hop/R&B como ela mostra no single First Love.

O single é um trabalho surpreendente bom. Primeiro, aqui não temos mais um featuring com o Pitbull o que já ajuda muito. Em segundo, First Love é uma decente produção do Max Martin que faz um pop comercial redondinho usando um verniz mais urban para dar o toque necessário para a canção poder ser comercial e menos descartável. Para quem lembra, First Love remete aos momentos iniciais da carreira da Jennifer como em Feelin' So Good e I'm Real (Murder Remix). A composição também não vai além do arroz com feijão, mas o toque pessoal que parece ser sobre a vida da cantora é bem vindo. Já Jennifer segura a canção com dignidade mesmo não tendo um voz poderosa. Além disso, aqui a produção vocal deu uma encorpada na voz dela tão frágil como em outras músicas. Como já mostrou, Jennifer é especialista em fazer retornos triunfais e olhando para quando ela com a fazer sucesso é um caminho interessante para voltar ao topo.
nota: 7

28 de maio de 2014

A Volta da Minha Adolescência (Ou Quase)

Setevidas
Pitty


Devo admitir que mesmo não sendo "O" fã da roqueira Pitty, ela sempre terá um lugarzinho no meu coração. Para quem estar nos seus 25 anos e um pouco mais vai se lembrar da cantora pelo começo da carreira dela que coincidiu com as nossas adolescências. Tenho certeza que Admirável Chip Novo foi e deve ser o álbum da vida de muitas pessoas. Então, vocês podem imaginar o quanto "feliz" fiquei ao ouvir o novo single da baiana, a boa Setevidas.

Depois de um hiato de cinco anos na carreira solo(nesse meio tempo ela se dedicou ao projeto paralelo Agridoce), Pitty vai lançar o seu quarto álbum de nome Setevidas em 3 de Junho. A canção que dá nome ao álbum é uma volta ao passado de quando Pitty era aquela jovem roqueira com muita "rebeldia". Quer dizer, é quase uma volta já que nem toda a canção lembra essa época. Explicando: Setevidas, a música, é uma colcha de retalhos costurada entre as duas fases da cantora. De um lado temos a despretensiosa Pitty do começo da carreira e, do outro, a maturidade da cantora de hoje em dia. Delimitando fica assim: no refrão tem a old Pitty (uma composição direta, fácil e viciante) e nos versos temo a atual Pitty (densa e pragmática). Ambas as faces são momentos ótimos mostrando que se casam de maneira estranha, mas que funcionam no final das contas. Não é só de beijinho no ombro que vive a música no Brasil já que há vida realmente pensante na indústria fonográfica por aqui. O ponto negativo aqui é a instrumentalização que não transforma a canção em algo realmente memorável mesmo fazendo um trabalho decente e bem conduzido. No mais, não importa qual Pitty a cantora quer mostrar, ela ainda é um talento que merece ser escutado.
nota: 7,5

27 de maio de 2014

É O Que Tem Para a Copa

We Are One (Ole Ola) [feat. Jennifer Lopez & Cláudia Leitte]
Pitbull


Se vai ter Copa é algo que vamos descobrir em alguns dias, mas o tema da Copa já é algo consolidado para o bem ou para o mal. E como vocês todos sabem o tema da Copa no Brasil é a canção We Are One (Ole Ola) liderado pelo rapper Pitbull com a participação da Jennifer Lopez e da Cláudia Leitte.

A qualidade principal e única da canção reside no fato que ao menos há um nativo participando de fato da principal canção diferente da última vez. E para por aí. Vamos tirar o elefante branco do meio da sala? A participação de Claúdia Leitte, tão criticada, nem é tão ruim assim por um simples motivo: ela não acontece. Claúdinha é apenas uma coadjuvante que faz uma pontinha em uma parte sem graça e inofensiva. Nem as inserções dela em português são tão vergonhosas assim. Na verdade We Are One (Ole Ola) não é um trabalho não ridículo, pois na verdade é uma música apática. Não abusa dos estereótipos da música brasileira, mas também não mostra a verdadeira cara. A composição que teve as mãos de nove autores também não é uma pérola sendo um trabalho genérico e completamente esquecível. Nem a presença sempre carismática de Jennifer Lopez ajuda a melhorar a canção já que sua participação é tão dispensável. A escolha de Pitbull como o artista principal é ao menos coeso com a tentativa de fazer da canção um sucesso comercial. Então, não espere algo que não seja mais um performance no melhor estilo do Pitbull. É o que tem para a Copa e não adianta protestar.
nota: 5

26 de maio de 2014

Primeira Impressão

Me. I Am Mariah…The Elusive Chanteuse 
Mariah Carey


O décimo quarto álbum da carreira da Mariah Carey é o seu retorno ao mundo da música na sua melhor forma desde o seu último retorno em 2005 com The Emancipation of Mimi. Porém, o novo trabalho não tem (aparentemente) nenhuma canção que se destaca que podemos dizer: "Essa vai ser um imenso sucesso!". Só que Me. I Am Mariah… é um álbum tão coeso e sólido como The Emancipation. O trabalho também não vai ser o arrasa quarteirões em termos de vendagens como o retorno anterior. Todavia, Me. I Am Mariah…The Elusive Chanteuse mostra uma Mariah renovada sem perder a sua identidade original. Sendo assim, Mariah Carey entrega o seu melhor trabalho em anos com uma dignidade ímpar.

Se não podemos esperar uma revolução na sonoridade de MC, Me. I Am Mariah…The Elusive Chanteuse é um trabalho certeiro no que a cantora sabe fazer de melhor: R&B/pop com a sua personalidade incrustada do começo ao fim. O que faz o CD ganhar pontos positivos, entretanto, além do competente time de produtores que, liderados por Mariah, tem nomes como Hit-Boy, Jermaine Dupri, Bryan-Michael Cox e Q-Tip, é o fato de mesmo respeitando o DNA de Carey foi possível adicionar nuances novas em sua sonoridade. São nesses momentos que o álbum ganha vida de maneira inspiradora com o flerte com R&B mais moderninho e com o dance pop. Não é por menos que vem dessas misturas os melhores momentos do álbum: o single #Beautiful ao lado do cantor Miguel e You Don't Know What To Do com o rapper Wale em que Mariah faz um excepcional dance com forte influência de funk/disco music dos anos setenta. Só que Mariah não seria Mariah sem entregar seus momentos que a fizeram quem é. Com a produção fazendo um trabalho eficiente em quase todos os momentos, Me. I Am Mariah… mostra que a cantora ainda é a diva que sempre foi, talvez menos potente, mas, com a força emocional intacta. Logo de cara tem a boa balada pop/gospel Cry. Por falar em gospel, esse deve ser o trabalho mais orientando nessa direção: além da canção já citada, tem ainda a legal Camouflage e Heavenly (No Ways Tired / Can't Give Up Now), gospel do começo ao fim. Repito o que já foi escrito: Me. I Am Mariah…The Elusive Chanteuse é um trabalho sólido que traz o melhor da cantora a tona. Todavia, há certos momentos não tão bons, ou melhor, momentos não tão sólidos. O pior deles é a regravação de One More Try do George Michael. Ótima música que é transformada em uma arrastada faixa com influência gospel. Outros momentos são: a bem intencionada, mas fraca Dedicated com o rapper Nas que pretende ser uma homenagem ao "passado" só que não tem a força que deveria ter e o confuso single You're Mine (Eternal) que parece perdido dentro do álbum.

Outro positivo é a atuação vocal de Mariah: mesmo sem nenhum momento grandiosamente inesquecível, a cantora está contida em performances equilibradas e bem produzidas. Claro, ainda podemos ouvir os velhos (e as vezes, bons) maneirismos em vários momentos que devem deixar fãs da cantora com arrepios na espinha. O que não mudou e continua sendo uma coisa que ainda gera criticas são as composições vindas de MC. As faixas em Me. I Am Mariah…The Elusive Chanteuse são escritas com cuidado e são trabalhos bons, mas que não avançam no esquema romântico água com açúcar e/ou diva cantando com rapper. Uma decisão questionável é colocar na versão deluxe duas canções de Memoirs of an Imperfect Angel apenas adicionando participações especiais de nomes consagrados da música. Enquanto a adição de Mary J. Blige melhora It's a Wrap, R.Kelly não faz justiça a Betcha Gon' Know. Mesmo com essa escolha, Me. I Am Mariah…The Elusive Chanteuse tem outros momentos que compensam como a bonita "parceria" com o casal de gêmeos da cantora em Supernatural, a irônica e dançante Meteorite e a The Art of Letting Go. Parafraseando Beyoncé em Ghost: talvez Mariah Carey não vá fazer dinheiro com Me. I Am Mariah…The Elusive Chanteuse. Bem, o que importa é que Mariah entrou um trabalho com qualidade verdadeira. E isso é o que importa, não é?

24 de maio de 2014

A Doce Minaj

Pills N Potions
Nicki Minaj


Para uma pessoa desavisada ouvir o novo single da Nicki Minaj, Pills N Potions, pode ser uma surpresa bem grande. Isso se deve pelo fato que a canção, single do próximo álbum dela The Pink Print, ser uma balada. Quem conhece um pouco mais afundo sabe que a primeira canção dela a ganhar destaque foi a balada hip hop/rap Your Love em 2010. E já teve outras até mesmo lançadas como single como no caso de Right Thru Me. Então, o que deve ser surpresa é o fato de Pills N Potions ser a mais minimalista de todas as canções já lançadas pela rapper.

A produção fica a cargo da dupla Dr.Luke e Cirkut, Pills N Potions é, como já dito, uma balada hip hop/rap que é construída através de um tambor para demarcar usado para fazer batida bem cadenciada com a inclusão quase minima de outros instrumentos. O trabalho é muito bom já que revigora a sonoridade de Nincki, mas a canção tem alguns defeitos que não a deixar ser uma canção genial. O principal motivo é a composição: Nicki entrega um trabalho simples e diferente, mas faltou substância para a letra que sobre de uma desconexão entre o "tema" do refrão e dos versos. Já Nicki mostra uma atuação forte que, infelizmente, não é nada de extraordinário. O resultado final é bom e mostra que pode vim por aí uma Nicki Minaj mais madura e menos esquizofrênica.
nota: 7

23 de maio de 2014

Primeira Impressão

Glorious
Foxes


Não sei se vocês já reparam, mas existe uma assimetria de pares no mundo da música. Não entendeu? Explico: sempre que aparece um novo artista que consegue quebrar barreiras (artísticas e/ou de sucesso) aparece também outro artista com características parecidas, mas com aspectos únicos que tentam capturar o público do "original" e conquistar uma nova parcela de fãs. Para exemplificar é necessário citar o mais famoso caso de pares na música: os Beatles e os Rolling Stones. Bandas britânicas de rock que surgiram na mesma época e atraíram, inicialmente, uma legião de fãs adolescentes. Só que de um lado tínhamos os considerados bons moços (no começo, claro) dos Beatles e do outro tínhamos os bad boys do Rolling Stones. Muitos outros pares apareceram ao longo dos anos e nem precisa pensar muito sobre o assunto que já é possível citar alguns de bate-pronto: Madonna versus Cyndi Lauper, Mariah Carey versus Whitney Houston, Usher versus Justin Timberlake, Britney Spears versus Christina Aguilera. Esses são apenas os nomes mais "famosos". Acredito que a última a entrar nessa lista é a cantora sensação do momento Lorde e a sua "semelhante" e, a também novata, Foxes.

É necessário que eu indique as semelhanças para que vocês possam fazer suas próprias conclusões: ambas são jovens, tem um estilo visual que as diferem do resto da multidão e vozes marcantes e distintas das cantoras médias do pop e seguem em um caminho que suas sonoridades estão buscando ser a "evolução" do pop. As diferenças começam no instante que Lorde está na trilha mais alternativa e crua, enquanto Foxes busca no pop mais "chique" a sua verdade. Nesse ponto Glorious, o primeiro álbum da inglesa, ganha do álbum debut da neozelandesa. Não que o primeiro trabalho da Foxes seja um primor, mas aqui podemos ouvir uma artista bem mais ciente do suas habilidades e mais decidida enquanto a sua personalidade. Se Lorde falta um refinamento no seu estilo, Foxes consegue lapidar com classe seu primeiro álbum apoiada por produtores desconhecidos que dão para Glorious uma interessante vibe pop/dance com uma pretensão de soar de maneira mais grandiosa e estilizada. Para ficar mais claro: seria o encontro do pop da Katy Perry/Kelly Clarkson com a originalidade do Florence + the Machine com esse último pesado mais na balança. Bem produzido, Glorious peca por não mostrar Foxes uma artista versátil: para quem não prestar muita atenção a sensação final das faixas é que se está ouvindo uma mesma canção com algumas diferenças de batidas e cadências. Problema esse que também aflige a Lorde. Talvez tenha sido pelo de ter me identificado pessoalmente mais com as composições em Glorious, mas o trabalho de Foxes nas composições são bem mais comoventes que as de Lorde. As duas cantoras têm um estilo até parecido buscando na inteligência a base para as suas letras. Porém, Foxes tem uma atmosfera mais romântica, sonhadora e delicada para se expressar mesmo não sendo letras geniais. O que, talvez, equipara as duas cantoras são suas vozes: ainda em busca de maturidade, mas donas de um tom diferente e especial. Foxes tem um tom angelical encorpado perfeito para interpretar o tipo de música que ela faz. Assim como Pure Heroine, Glorious é um álbum mais para uma apresentação do que a Foxes pode fazer no futuro. Mesmo assim ele tem alguns momentos marcantes como o single Let Go for Tonight, Youth, Night Glo, a versão acústica de Clarity e Beauty Queen. Foxes tem tudo para conquistar um público mais eclético em comparação com o público já fiel da Lorde. É esperar para descobrir se ela pode ter a mesma intensidade de sucesso que a sua "semelhante" conseguiu.

Um Pop Delicado

Holding onto Heaven
Foxes


Mesmo sem ser um canção genial, Holding onto Heaven é um trabalho que consegue destaque na multidão pelo simples fato de se manter fiel ao estilo da Foxes: um pop delicado.

Holding onto Heaven tem uma produção bem amarradinha que consegue extrair um sonoridade com aspectos que combinam com a personalidade que a cantora britânica passa como, por exemplo, o acréscimo de um som de caixinha de música no começo da canção. Porém, o pop dance não é exatamente marcante mesmo com ótimas qualidades. Faltou uma "pimenta" para elevar a canção à um outro patamar. De resto, a composição é bonita e foge dos padrões mostrando uma emoção mais verdadeira e Foxes tem uma voz deliciosa de ouvir sem precisar usar nenhum efeito vocal acentuado. Holding onto Heaven satisfaz sem precisar "encher".
nota: 7,5

22 de maio de 2014

Get Lucky

Lay Me Down
Avicii


O último single lançado pelo DJ Avicii pode sofrer do mal das comparações com o mega hit Get Lucky, mas é um trabalho que precisa ser respeitado por um simples motivos: Lay Me Down é uma canção muito boa.


Aqui, o DJ/produtor vai na direção oposta dos seus outros trabalhos lançados que pegavam carona no country. Lay Me Down é mais eletrônico e dançante buscando inspiração no funk que adquiri da guitarra poderosa do cara do momento: Nile Rodgers. Claro, as comparações com o Daft Punk é inevitável, mas Lay Me Down se mostra bem mais despretensiosa conseguindo gerar uma simpatia bem mais rápida com o público. Além disso, o single de Avicii tem uma qualidade exclusiva: a presença de Adam Lambert nos vocais. O cantor que precisa ser mais reconhecido tem a chance de fazer a sua carreira deslanchar de vez mundialmente se a canção estourar como os singles anteriores de Avicii e, se isso acontecer, todos poderão ver o poder vocal dele que ele mostra aqui. Agora é esperar para Lay Me Down tenha sorte.
nota: 8

21 de maio de 2014

Robyn Is Here

Do It Again
Röyksopp & Robyn


Pode até parecer exagero, mas o pop precisa da cantora Robyn assim como precisa da Lily Allen. Sem a cantora sueca parece que falta alguma coisa na composição da teia que reveste o pop, mais precisamente no espaço em que está destinado para aqueles artistas que unem talento ao pensamento fora da casinha. Felizmente, para quem estava sentindo falta dela há boas noticias: Robyn está de volta! Ou quase, pois ela não está fazendo um comeback solo. Ela se aliou ao duo também sueco Röyksopp como começar a promover o próximo álbum deles. Com isso, a canção Do It Again foi lançada como single de um "mini-álbum" que leva o mesmo nome. O que podemo prever com esse fato? Simples: vem coisa boa por aí!

Já velhos parceiros, Robyn e o Röyksopp têm uma química incrível que fica bem perceptível em Do It Again. A dupla de música eletrônica sabem que tem nas mãos uma cantora nascida para brilhar como diva pop e, por isso, Do It Again não vai muito longe do que já ouvimos a cantora fazer nos seus trabalhos anteriores. Espere uma batida eletrônica misturada com pop tradicional, mas com uma elaboração perfeita que aposta nas nuances para se destacar. Não precisa reinventar o estilo para ser um exemplo perfeito do que é uma boa música dentro do pop eletrônico. A composição faz a linha básica, mas eficiente. Poderia ser bem mais trabalhada e com uma emoção que vemos em trabalhos como Dancing On My Own ou Call Your Girlfriend. Claro, Robyn segura a canção lindamente mostrando todo o seu carisma único. Robyn está de volta e espero que fique.
nota: 7,5

20 de maio de 2014

Believe In Ella

Ghost
Ella Henderson


Injustiça. Essa é a melhor palavra para descrever a trajetória da inglesa Ella Henderson na nona edição do The X Factor UK. Indicadas como uma das favoritas, Ella entregou performances incríveis como a sua versão de Believe da Cher. Recebendo comparações com a Adele, Ella foi indo muito bem até a sétima semana em que foi uma das menos votadas tendo que enfrentar James Arthur na disputa para continuar na competição. Naquele momento, os dois melhores cantores que deveriam estar na final disputavam para continuar na competição. Com o júri dividido, a decisão acabou nas mãos do pública que preferiu deixar James e, posteriormente, fazer o cantor vencedor da edição. Então, um talento como o de Ella ficou sujeito a cair no esquecimento como quase todos os ex-participantes desse tipo de reality. Porém, Ella ainda tem chances de estourar, pois alguma mente iluminada (leia-se Simon Cowell) apostou nela e vai lançar seu debut álbum nesse ano. Como primeiro single de Chapter One foi lançada a canção Ghost.

O que mais chama a atenção em Ghost é que uma garota com apenas 18 anos é capaz de escrever uma letra tão profunda como aqui. Mesmo com a co-autoria de Ryan Tedder, Ghost é uma obra adulta, cativante, emocional e pungente sobre os pesadelos que um amor destrutivo pode trazer na vida de uma pessoa. Ghost mostra a maturidade de uma artista que pode crescer tanto que o mundo poderia se render aos seus pés. A canção peca em certos momentos pela produção que Tedder dar: usando o seu estilo ao criar um pop estruturado de maneira elegante, mas que remete ao uma versão mais "pop" e suave de Florence + The Machine. Mesmo com essa nota negativa, Ghost é um trabalho eficiente e adorável em sua sonoridade mesclada de pop/R&B e com uma construção de arranjo ótima. Ella é uma cantora em desenvolvimento, mas em seu atual estágio demonstrar uma habilidade impressionante de entregar emoções cruas e envolventes. Além disso, ela é dona de um tom limpo e aveludado que brilha com pouco esforço. Realmente espero que o público inglês dê uma segunda chance para Ella assim o mundo inteiro pode ter a chance de descobrir um talento assim.
nota: 8

19 de maio de 2014

Primeira Impressão

Caustic Love
Paolo Nutini


Caustic Love, terceiro álbum do inglês Paolo Nutini, não é um álbum perdido no tempo. É a noção de música boa hoje em dia que está perdida no mar de mediocridade que assola a música. Caustic Love é o álbum perfeito para o momento perfeito.

Para quem não conhece Paolo deve ser impactante ouvi-lo pela primeira vez: um jovem britânico de apenas 27 anos que tem a voz como se fosse um cantor negro vindo direto dos anos sessenta. Pode até parecer estranho falar assim, mas ouvir Paolo é como reviver momentos em que os "originadores" como Ray Charles ou Marvin Gaye ainda andavam sobre a terra. Só que a voz do cantor vai mais longe e não apenas emoldura a vibe vocal, mas de alguma forma ele consegue ter a mesma carga emocional. Se você acredita em reencarnação, então Paolo Nutini pode ser um caso a ser estudado. Suas performances em todo álbum são momentos impactantes de pura nostalgia com uma atmosfera reconfortante de saber que está ouvindo uma voz tão magistral sendo administrada por uma alma talentosa que consegue transmitir emoções viscerais e puras em suas essências. Paolo é versátil: vai do seu lado mais "pesado" em que usa o sua ronquidão de maneira acachapante que deixa quem ouve querendo mais e mais até mesmo o mais delicado usando seu falsete perfeitamente. Essa montanha-russa é uma viagem quase cósmica em que nenhum momento será perdido ou usado em vão. Cada nota saída da boca de Paolo é um prazer carnal, um remédio para almas carentes e um unguento para corpos cansados.

Se tudo isso não fosse o suficiente, Caustic Love é uma aula de como produzir um álbum. Paolo dispensa produtores badalados e produz o álbum ele mesmo ao lado de Dani Castelar. Então, não é surpresa de que o CD tenha a personalidade dele do começo ao fim, mas o que impressiona aqui é a extrema qualidade em que todos os aspectos estão estruturados. Como dito anteriormente, a sonoridade de Caustic Love é construída exatamente em cima do soul, funk e soul rock feito durante a década de sessenta e começo dos anos setenta. Repito: construída, não plagiada ou com cheiro de mofo. Muito pelo contrario: o som que Paolo faz é atemporal devido ao seu brilhantismo. Arrisco dizer que, se Caustic Love fosse lançado cerca de 40 anos atrás seria uma sucesso que hoje seria considerado um clássico. Há uma sensação de urgência nas canções, uma necessidade que parece ser transportada para fora das barreiras da música, algo tão pungente que faz qualquer pessoa ser arrebatada. Em trabalhos de instrumentalizações que não deixam em nada devendo para trabalhos clássicos da soul music, Paolo Nutini emoldura suas crônicas sobre amor e a vida que fecham o pacote de maneira magistral em momentos que vão levar suas emoções ao um estágio quase espiritual. Não há como falar mais especificamente de várias músicas do álbum, mas sou obrigado a destacar um dos momentos mais poderosos na música que eu já ouvi: Iron Sky, um hino à esperança na raça humana usando parte de um discurso de Charles Chaplin em O Grande Ditador. Genial apenas. Caustic Love mostra que música é imortal, não necessita de inovações tecnológicas ou ideias revolucionárias. Música precisa de talento. Talento como o de Paolo Nutini.

Aleluia, Irmãos!

Scream (Funk My Life Up)
Paolo Nutini

É um pouquinho mais de três minutos de canção, mas quando você chegar ao final de Scream (Funk My
Life Up), primeiro single de Caustic Love do Paolo Nutini, vai querer glorificar de pé.

Scream (Funk My Life Up) fala sobre a mulher mais sensacional que o narrador conheceu e que faz ele pedir por misericórdia. Tratando o assunto de maneira sexy e sexual, mas sem transformar a mulher em apenas um objeto, Paolo entrega um trabalho revigorante e com uma áurea completamente original. A batida é outro momento de pura genialidade: com forte influência do funk, Paolo Nutini faz um soul rock contagiosamente genial e com uma batida deliciosa que dá vontade de dançar como se fosse 1965. Contudo, o que coloca a cereja em cima do bolo é o próprio Paolo e sua voz rouca e encorpada que é tão "quente" e  saborosa como chocolate derretido. Glorificando aqui já faz tempo! Amém?
nota: 9,5

17 de maio de 2014

Não é Apenas Mais Uma de Soul

Only Love Can Hurt Like This
Paloma Faith


Mesmo não sendo um trabalho inovador, Paloma Faith conseguiu tirar momentos marcantes do seu terceiro álbum, A Perfect Contradiction. Esse é o cado do segundo single, a boa Only Love Can Hurt Like This.

A canção é um volta com tudo para a sonoridade soul dos anos sessenta, em especial, das The Supremes. Mesmo com uma produção um pouco burocrática, Only Love Can Hurt Like This consegue passar a
emoção necessária com uma instrumentalização bem amarradinha que ajuda a emoldurar o estilo/época de maneira perfeita. A composição é da famosa compositora Diana Warren é boa, apesar de dar uma abusadinha no água com açúcar. O grande destaque da canção é a performance de Paloma que usa da força de sua interpretação e o seu tom natural para dar personalidade para Only Love Can Hurt Like This. Não é sensacional, mas também não é apenas mais uma de soul.
nota: 7,5

16 de maio de 2014

Clássico Em Família

Eu Sei Que Vou Te Amar
Ana Carolina


Muitos dos sucessos do cancioneiro brasileiro estão ligado ao fato de estarem ligado de alguma forma à televisão, em particular, sendo tema de uma novela. As novelas das oito (hoje intituladas como novelas das nove) sempre foi o trampolim mais poderoso para artistas novatos e já experientes provarem o doce gosto do sucesso. Quando a novela não vai bem de audiência, as suas canções usadas como tema de personagens não tem o mesmo destaque se a novela é um sucesso. Um bom exemplo é a regravação de Eu Sei Que Vou Te Amar feito pela Ana Carolina para ser tema de abertura da já fracassada Em Família.

Não há como negar que a opção de fazer uma regravação de uma canção como Eu Sei Que Vou Te Amar veio do sucesso obtido por Daniela Mercury quando fez uma versão de Como Vai Você? incluída na trilha de Laços de Família que é de Manoel Carlos mesmo autor da atual novela das nove. Só que o tiro saiu pela culatra, pois além do flop que Em Família, a versão de Ana para a linda composição de Jobim e Vinicius de Moraes é apenas burocrática. Ana faz uma performance linda se contendo e deixando apenas sua voz fazer o trabalho, mas a produção faz um trabalho no automático entregando uma balada low profile e bem quase chata. Poderia ter acrescentando algo mais dramático, mas a linearidade mata qualquer traço mais forte. A versão de Eu Sei Que Vou Te Amar da Ana é como Em Família: prometia ser muito mais do que é. Ao menos, a música é melhor que a novela.
nota: 6

15 de maio de 2014

Garotas Unidas Jamais Serão Vencidas

Salute
Little Mix

O que separa o Little Mix da maioria dos cantores que surgiram em um reality show musical? Uma das coisas que posso apontar é a canção Salute, lançada como single do álbum homônimo delas.

Salute é uma aula de como fazer uma canção pop comercial, mas que ao mesmo tempo consegue ter tanta personalidade e criatividade que consegue se sobressair do resto da multidão. A grande sacada da canção é a união entre pop, R&B com uma batida mais hip hop que a produção do TMS dá para canção conseguindo um resultado elaboradamente divertido, com nuances interessantes e uma construção bem estilizada e contagiante. Lembrando os áureos tempos do Destiny's Child, a composição remete ao tema feminista de maneira inteligente e bem legal, pois não parece pedante ou repetitiva. Novamente, a performance das quatro integrantes estão na medida certa e o caminho tomado para a construção do refrão aumenta mais o poder vocal do Little Mix deixando a canção bem mais pungente. Resumindo: girl power ainda é o poder!
nota: 8

14 de maio de 2014

A Candidata

Throw It Down
Dominique Young Unique

Ela é bonita, trabalha como modelo e também está se arriscando como rapper. Dominique Young Unique é basicamente a nova Azealia Banks. Claro, se Azealia Banks tivesse decolado como prometia. Com uma equipe poderosa por trás, a rapper lançou seu primeiro single Throw It Down.

A canção tem produção de três nomes de destaque no mundo mais "underground" do pop: DJ Fresh (Rita Ora), Benga (Katy B) e The Invisible Men (Iggy Azalea) assinam como produtores de Throw It Down. Uma batida trap, hip hop com forte influência de eletrônico é construída de uma maneira tão esquizofrênica e acelerada que faz de Throw It Down uma bomba dançante que agrada durante um tempo, mas a falta de substância para a canção já que sua batida é repetitiva e um pouco arrastada em seu terço final. Dominique Young mostra ser uma boa rapper que lembra nomes mais antigos como Lil' Kim com uma sensibilidade mais "street" e sem maneirismos. A composição precisava ter mais letra, pois "termina" quase um minuto e meio antes da canção acabar de fato. Apesar disso, temos uma candidata forte para o estrelato. É só não seguir o mesmo caminho de certas rappers...
nota: 7

13 de maio de 2014

Primeira Impressão

Xscape
Michael Jackson


Falar de quem já morreu sempre foi difícil, pois fica aquela sensação de "não querer apontar os erros, mas só os acertos já que morreu". Então, imagina julgar uma obra de um artista morto lançado. É ainda mais complicado, pois se não teve cem por cento da mão do artista em questão no produtor final, sempre vai ficar aquele ponto imenso de interrogação nas cabeças de muitas pessoas: esse seria o que o artista realmente estaria fazendo se estivesse vivo? Ou é apenas o que as pessoas que produziram acham sobre o que seria a sonoridade desse artista? Essa é a indagação que me debato ao ficar de frente com o segundo álbum póstumo do cara que ajudou a modelar a música atual: Michael Jackson.

Xscape é uma compilação de várias demos, algumas inclusive previamente "vazadas" na internet, reformuladas por um time do escalão A da música contemporânea americana como Timbaland, StarGate, Jerome "J-Roc" Harmon e Rodney Jerkins que estão por trás dos mais sucessos recentes como Justin Timberlake, Rihanna, Katy Perry, Lady GaGa e outros, ou seja, a nova corte do pop. Sendo assim, esse povo seria a produção que Michael escolheria para produzir seu álbum? Acho que sim, pois Michel apenas trabalhava com os melhores. E a sonoridade final de Xscape seria a que o Rei do Pop entregaria para o mundo? Talvez não, mas o que ouvimos aqui está no caminho certo. Aqui não é feito nada além do bom R&B/pop que nomes como Timberlake e Usher fazem que, por sua vez, sofreram e sofrem grandes influências do próprio Michael. A modernização das demos são muito bem feitas, pois conseguem manter o espirito que MC queria passar, mas atualiza sem grandes deslizes e como gratas surpresas como a ótima Slave To The Rhythm, que talvez seja a mais próxima do que se poderia esperar do Michael. Mesmo lembrando clássicos como Smooth Criminal e Dirty Diana, a faixa é um dos momentos em que podemos sentir de fato a presença do cantor em Xscape. Como disse anteriormente, o single Love Never Felt So Good é outro momento de qualidade em que viajamos no tempo. 

Enquanto as composições, Xscape não é tão refinado como poderia ser já que Michael nunca pode "refinar" o seu trabalho original. Mesmo entre altos e baixos é possível de ver aqueles momentos de genialidade criativa dele como na boa A Place With No Name e na legal Blue Gangsta, além das já canções citadas. O problema aqui são as qualidade dos vocais de Michael: dependendo mais da qualidade das demos originais e em qual período a canção foi gravada originalmente, as faixas são uma verdadeira montanha-russa em relação a qualidade vocal. O melhor exemplo é Do You Know Where Your Children Are que tem vocais esquisitos e que nem parecem ter a presença do cantor, mas já nos versos a voz do cantor parece ter sido gravada na fase mais áurea da cantor. Já Loving You tem certos momentos que parece que quem canta é uma pessoa imitando Michael mesmo sendo uma canção boa. A canção mais fraca é a mediana Xscape que dá nome ao álbum que não consegue engrenar em nenhum momento. Nada vai fazer Michael Jackson voltar a vida e nunca saberemos o que mais ele tinha para mostrar, mas, ao menos, Xscape é decente e digno com o talento do Rei do Pop.

12 de maio de 2014

Hipnótico

Solo Dancing
Indiana


Uma música pop não precisa ser "fácil" para ser boa, ou seja, não precisa ter uma fórmula pronta para ser considerada pop. Esse caso pode-se identificar na espetacular Solo Dancing da inglesa Indiana.

Primeiro single da cantora, Solo Dancing é uma obra tão ousada e diferente que não deve cair nas graças de muitos, mas quem gostar deve se viciar na produção inspiradíssima. Uma mistura de eletrônico com toque de synthpop, mas que desconstrói totalmente várias "regras" elaborando uma excitante viagem que mesmo lembrando trabalhos como, por exemplo, Slow da Kylie Minouge consegue se destacar pela inteligência, o cuidado com as nuances e uma elegância quase crua. O caminho trilhado por Indiana também ajuda nessa sensação: nada de vocal over, mas uma performance low profile e ao mesmo intensa e dramática. A composição consegue ir além do lugar comum mesmo falando do lugar comum que, nesse caso, é "se divertir". Solo Dancing é um trabalho tão hipnótico que gruda na sua cabeça. E pelos motivos certos.
nota: 8,5

10 de maio de 2014

O Efeito Aloe Blacc

Anywhere For You
John Martin

Existe uma regra atualmente entre os DJ/artistas de música eletrônica: convide um cantor(a) (quase) desconhecido para emprestar sua voz para uma de suas músicas. Com o sucesso alcançado com a canção, o artista convidado, normalmente, consegue um lugar ao sol para si. Nessa lista temos como a Sia Furler, John Newman e Aloe Blacc. Esse último conseguiu, até agora, o melhor desempenho solo com o sucesso de The Man. Agora é a vez do sueco John Martin tentar sua chance depois de ser a voz de Don't You Worry Child.

Para tanto, John Martin lançou seu primeiro single solo intitulado Anywhere For You. O problema com a canção é que não podemos ouvir nada que vá além do que o cantor mostrou na sua parceria com o Swedish House Mafia em todos os aspectos. A sonoridade de Anywhere For You é dance pop misturado com eletrônico com uma construção grandiosa e bem estilosa, mas que parece um repeteco pouco criativo de tantas músicas que se ouve por aí na mesma linha. A composição não tem nada de especial mesmo com um refrão bem pegajoso. Ao menos, os vocais de Martin são bons e ele mostra certa personalidade. Agora é esperar para saber se o efeito Aloe Blacc vai pegar ou vai sumir na próxima modinha.
nota: 6,5

9 de maio de 2014

Primeira Impressão

Food
Kelis


Se eu pudesse fazer com que todos que leem esse humilde blog seguisse de fato minhas dicas, eu iria criar uma lista de dez artistas que você precisa escutar e gostar. Um desses artistas com certeza seria a cantora Kelis. Mais conhecida pelo sucesso Milkshake de 2003, Kelis tem uma carreira praticamente irrepreensível desde a sua estreia em 1999. Sempre seguindo no caminho mais R&B/soul a cantora também se arriscou e se saiu extremamente bem no eletrônico com o lançamento do sensacional Flesh Tone em 2010. Quatro anos depois, Kelis está de volta a música e ao estilo que sempre carregou com maestria com o lançamento do ótimo Food.

Produzido exclusivamente por Dave Sitek (conceituado produtor conhecido pelo trabalho com a banda Yeah Yeah Yeahs), Food é um excelente trabalho que tem a capacidade de se exceder todas as bases primarias sem grandes arrombos de criatividade. A sonoridade básica do trabalho é o soul, mas nas mãos de Dave as canções ganharam um verniz mais alternativo e menos comercial. Adicionando toques de eletrônico vindos do trabalho anterior de Kelis dão um toque mais apurado para as canções. Apesar da construção da sonoridade ser refinada e de uma inteligência inegável o que chama atenção nas faixas e, na verdade, a excepcional instrumentalização feita. Cuidadosa em todos os detalhes e rica em quantidade e qualidade, os músicos por trás estão de parabéns por um trabalho que pouco se ouve no mundo mainstream e, em alguns casos, no mundo mais alternativo. Kelis é dona de uma voz tão crua com seu tom rouco que não precisa de muito para brilhar. Em Food, além de ouvirmos esse maravilho tom, Kelis contempla quem ouve com performances sensacionais, versáteis e explodindo de personalidade por todos os lados. Mesmo com temas seguros e composições sólidas o álbum é uma lição de como fazer do simples obras impecáveis e poderosas. Food é o tipo de álbum que precisa ser ouvido integralmente para poder desfrutar todas as qualidades, mas tenho que fazer uma observação: no começo da faixa Cobbler é possível ouvir vozes femininas e, depois, da Kelis falando em português. Essas vozes são do grupo brasileiro CSS (Cansei de Ser Sexy). Mesmo não podendo fazer quem lê esse blog seguir qualquer coisa que escrevo espero que essa resenha seja capaz de fazer alguém ouvir Food e conhecer a Kelis. Assim espero.

8 de maio de 2014

Faixa Por Faixa - Votação 5

Chegou a hora de mais um duelo na escolha do próximo álbum do Faixa Por Faixa. Os escolhidos aqui têm bastante em comum: são dois álbuns de estreia e tem o mesmo estilo primário, o jazz. Para a essa disputa os álbuns são: Diamond Life da banda Sade ou Come Away With Me da cantora Norah Jones. Então, votem e decidem quem deve ser o vencedor!


7 de maio de 2014

Um DJ, Uma Banda e Uma Canção Nem Lá, Nem Cá

A Sky Full of Stars
Coldplay


O que pretende o Coldplay com o seu sexto álbum Ghost Stories? Mesmo sem ouvi-lo por inteiro já é
possível ter uma ideia do que podemos esperar: um álbum que possa atrair os fãs do grupo, mas que também possa ser atrativo para outros públicos. Isso fica bem claro com o lançamento do segundo single oficial do álbum, A Sky Full of Stars.

Nem precisei ouvir a canção para tirar minhas conclusões, pois apenas sabendo que o DJ e atual queridinho do mundo da música Avicii era um dos produtores da canção já captei a ideia central da banda que também assina a produção ao lado de Paul Epworth. O que a canção ganhou com essa mistura? A Sky Full of Stars é um excelente single comercial que consegue dar um pouco da sonoridade da banda, mas sem também atualiza a atmosfera do grupo buscando algo mais contemporâneo e atrativo unindo o rock alternativo com a pegada mais eletrônica do DJ. Mesmo sendo uma mistura bem dosada e ter um bonito arranjo, a canção não chega a um ponto que a união dos "dois mundos" ultrapasse as barreiras e entrega algo novo e excitante. Também não ajuda a composição bonitinha, mas bobinha e um pouco sem graça. Ao menos, Chris Martin entrega uma performance sólida em A Sky Full of Stars dando mais importância para a letra. Agora é esperar e saber como o álbum vai soar como um todo dando liga ou ficar nem lá, nem cá.
nota: 6,5

6 de maio de 2014

Faixa Por Faixa

CD: Let's Talk About Love
Artista: Céline Dion
Gênero: Pop, adult contemporary, soft rock.
Vendagem: Cerca de 31 milhões de cópias
Singles/Peak na Billboard: Tell Him (Duet With Barbra Streisand) (US: -/ UK: 3°), Be the Man (lançado apenas no Japão), The Reason (UK: 11°), My Heart Will Go On (US: 1°), Immortality (UK: 5°), When I Need You (lançado apenas no Brasil), I Hate You Then I Love You (Duet With Luciano Pavarotti) (lançado apenas na Itália), Miles to Go (Before I Sleep) (lançado apenas no Canadá) e Treat Her Like a Lady (UK: 29°)

Grammy
Vitórias

1999

Record of the Year / Best Female Pop Vocal Performance / Song of the Year / Best Song Written for a Motion Picture, Television or Other Visual Media (My Heart Will Go On)

Indicações
1998


Best Pop Collaboration with Vocals (Tell Him)

1999

Best Pop Album

Ano: 1997


Poucos artistas podem dizer que tem dois álbuns lançados com a diferença de apenas um ano que conseguiram entrar na lista de maiores vendagens de todos os tempos. Céline Dion pode se gabar com louvor. Depois do mega sucesso de seu quarto álbum em inglês Falling Into You que abocanhou o cobiçado Grammy de Álbum do Ano na cerimônia de 1997 e tem como vendagem mundial incríveis 32 milhões de cópias, Dion lançou Let's Talk About Love em Novembro de 1997. Só que não bastasse o sucesso de seu antecessor, o novo álbum teve como carro chefe o tema do filme que se tornaria a maior bilheteria de todos os tempos até então, Titanic. E, claro, estou me referindo a canção My Heart Will Go On que levou o Oscar e o Globo de Ouro de Melhor Canção. Com isso tudo, Let's Talk About Love vendei mais outros 30 milhões de cópias até hoje entrando na listas de mais bem vendidos de todos os tempos. 


5 de maio de 2014

Forever King

Love Never Felt So Good (feat. Justin Timberlake)
Michael Jackson

Sempre fico com os dois pés atrás quando ouço que vão lançar um álbum póstumo de qualquer artista. Se o trabalho não é um projeto que o artista estava trabalhando antes da morte, o cheiro de safadeza e aproveitamento chega forte para mim e me dá náuseas. Se estivermos falando do Michael Jackson a situação complica quase infinitamente. Depois da aberração de Michael (primeiro CD lançado após a morte do cantor), seria difícil algo de bom sair das mentes de quem cuida do legado do Rei do Pop. Só que, ás vezes, eu posso me enganar. 

Xscape foi o nome escolhido para ser o título do segundo álbum póstumo do Michael Jackson. E ao contrario do anterior há um equipe bem mais interessante cuidando da modernização das demos deixadas pelo cantor. Xscape vai reunir, basicamente, o mesmo time que cuida da carreira do herdeiro direto de Michael: Justin Timberlake. Liderados por Timbaland, o trabalho também terá a produção de Jerome J-Roc Harmon e Rodney "Darkchild" Jerkins com a adição de StarGate e as participações de Mary J. Blige, Questlove, D'Angelo e Justin Timberlake. Esse último está ligado ao primeiro e surpreendente primeiro single lançado intitulado Love Never Felt So Good.

Surpreendente, pois Love Never Felt So Good é realmente uma boa canção. Longe dos grande momentos da carreira de Michel, o single parece vindo direto da época em que ele lançou Off the Wall em 1979. Então, espere uma sonoridade R&B com generosas doses de disco e uma deliciosa atmosfera convidativa para dançar fazendo passinhos como se estive em uma pista de danças nos anos setenta. Ponto positivo para a produção que não tentou "modernizar", mas apenas aveludou o que já era bom. Outro ponto de elogios é que em Love Never Felt So Good conseguimos realmente ouvir Michael do começo ao fim já que nos outros trabalhos póstumos parece que o cantor foi substituído por alguém com uma voz parecida. Obviamente para dar um up na canção comercialmente a versão lançada como single é um "remix" com o Justin Timberlake. O encontro de gerações que acontece tarde demais, mas que ao menos aconteceu. Mesmo a versão com o Presidente do Pop não fazer grandes alterações e o próprio featuirng estar muito bem, a versão original ganha pontos a mais por tem uma vibe mais gingada e gostosa de se ouvir. Em outras palavras: Rei uma vez, Rei para sempre. Só precisa de bons súditos para cuidar bem do tesouro deixado.
nota
Versão Original: 8
Versão Remix: 7,5

4 de maio de 2014

Primeira Impressão

Sheezus
Lily Allen


O mundo pop na música é um complexo emaranhado de cordas de diferentes tamanhos, cores e, o mais importante, resistências. Tudo isso sustenta boa parte da indústria fonográfica atual e garante o "leite" de milhares de crianças. Mesmo com a existência de uma variedade imensa de tipos de cordas que compõem essa teia há sempre uma corda tão especifica que sua falta é uma perde quase irreparável. Uma dessas cordas é a que representa a inglesa Lily Allen. E o que me faz pensar dessa maneira? Simples: Allen voltou de um período sabático com o álbum Sheezus mostrando que continua a mesma. Ou seja: continua sendo sensacional.

Cinco anos depois do lançamento do seu segundo álbum (It's Not Me, It's You de 2009), Allen resolveu lançar seu terceiro trabalho quase que para provar que ela é ainda é necessária para o mundo da música, em especial para o competitivo e barulhento pop. A principal razão para isso é que até pode existir igual, mas não nenhuma compositora no atual pop tão boa como Lily Allen. 

Em Sheezus, Lily demonstra que não perdeu nada do seu distinto olhar sobre tudo e todos. Allen ficou conhecida por saber como discorrer sobre um assunto de maneira extremamente critica e ácida sem perder em nenhum momento o tom irônico e engraçado que marcou ela em seus primeiros trabalhos. Basicamente, as composições em seu novo trabalho se dividem em dois temas: reflexões sobre sua vida particular e sobre a fama. Nesse segundo quesito, Lily se coloca de duas maneiras: como uma simples observadora e como sendo parte dessa "instituição". É nessa parte que a cantora faz as suas melhores e mais pungente criticas ao falar sobre o atual cenário do mundo das celebridades & CIA, sobre o obsessivo fascínio da mídia e do público, a exposição, as trocas de valores e até mesmo sobre si mesma. Sempre direta do começo ao fim sem mandar recados "escondidos", Allen mantém outra grande qualidade em suas composições: toda critica não parece algo forçado, mas soa natural, principalmente, com a ajuda do seu sempre humor refinado. E Allen não espera muito para começar a "descer a lenha": a abertura já têm a mortal faixa Sheezus (resenha a seguir) que além de reapresentar a cantora ao mundo da música faz analise sobre o atual mundo das divas pop. E ela continua seu desfile com Insincerely Yours um soco no estômago sobre o vicio em saber da vida dos famosos e com um toque pessoal desconcertante. Claro, ainda tem a sensacional Hand Out Here que se destaca como a melhor faixa de Sheezus. Com os cinco anos "fora" sendo esposa e mãe, Allen também pode ter tempo para poder analisar a vida normal de uma pessoa como na boa Life for Me que mostra as delicias de ser mãe e dona de casa, na declaração para marido em L8 Cmmr e nas deliciosas As Long as I Got You e Close Your Eyes. Resumidamente: não importa qual seja o objeto de sua critica, Lily entregou o seu doce veneno feito para deliciar quem estava com abstinência. A cantora Lily Allen continua com sua deliciosa voz e completamente carismática com seu sotaque britânico compensando pela falta de alcance e, ás vezes, a falta de versatilidade. O que há para ser critica em Sheezus é que a cantora ao lado dos produtores (principalmente Greg Kurstin) não se arriscam na sonoridade. Novamente, Allen faz novamente um seguro e bem amarrado pop/synthpop, mas que não passa disso mesmo com algumas influências diferentes. Mesmo assim, Sheezus é um álbum que precisa ser ouvido, pois é a luz que brilha no fim do túnel da mesmice e da falta de personalidade que assola o pop e a música de uma maneira geral. E Lily Allen faça o favor de não sumir por muito tempo que precisamos de você!

Abram Alas

Sheezus
Lily Allen

Não há meias palavras em Sheezus, próximo single do homônimo álbum de Lily Allen. E por isso, a canção é um perfeito carro chefe para mostrar quem é a Lily Allen.

Com uma produção e uma sonoridade um pouco diferente do resto do álbum devido ao produtor DJ Dahi, a canção Sheezus mostra uma Lily mais urban com toque de hip hop em uma batida mais low e cadenciada bem produzida. Lily está perfeita em sua performance contida e carismática. Só que o ponto alto de Sheezus é sua composição em que cita alguns nomes do panteão do pop. O tema centra, e muito bem desenvolvido, é sobra a volta da cantora ao cenário musical e como ela lida com a toda a pressão em volta. E se Lily está de volta, ela precisa "lidar" com a concorrência. Assim sendo, Sheezus mostra qual a visão da inglesa com os nomes mais "quentes" com as suas observações ácidas de sempre:

RiRi não tem medo do rugido de Katy Perry
A Rainha B vai ter que recomeçar
Lorde sente cheiro de sangue, ela está prestes a te arrasar
Não se brinca com essa menina, e ela acabou de começar

Estamos assistindo à Gaga, rindo muito, ha-ha
Morrendo pela arte, então, ela é um mártir
Ficar em segundo não é o bastante para as divas
Me dê a coroa, vadia
Quero ser a Deusa


Para bom entendedor, um pingo é letra. Só que para quem não entendeu bem vamos ao uma explicação bem detalhada do que Lily está querendo falar:

Rihanna e Katy Perry: duas cantoras com grandes sucessos comercias. Allen afirma que Rihanna não tem medo do poder de Katy, pois ela é bem mais poderosa em questão de sucesso.

Beyoncé: referencia direta ao último álbum da cantora em que ela voltou para uma sonoridade mais crua e original.

Lorde: Allen afirma que acredita no potencial da novata para ser uma grande artista capaz de "matar" a concorrência com suas músicas. Além disso, essa parte também se refere ao quanto Lorde é "creepy" em suas apresentações.

Lady GaGa: uma some simple: ARTpop + flop = gozação.

Enquanto isso, Lily Allen voltou dando tapa na cara da sociedade melhor do que nunca.
nota: 8

3 de maio de 2014

Que Gracinha!

Best Day of My Life
American Authors


Tem músicas que são boas. Tem músicas que são ruins. E tem músicas que são uma gracinha. Esse último é o caso da música Best Day of My Life da banda de rock American Authors.

Lançada em Março do ano passado, a canção só conseguiu destaque depois que apareceu em um comercial veiculado no SuperBowl desse ano e em outros comerciais. Com o destaque adquirido Best Day of My Life chegou ao 11° lugar da Billboard e teve bons resultados em vários outros mercados. Esse sucesso é até merecido, pois, mesmo sem ser um canção inesquecível, é um trabalho bastante simpático. A produção acerta em construir um arranjo bem amarradinho tendo como base uma junção de rock com folk e umas pitadas de pop que se casaram muito bem. Com um clima "alto-astral", a composição até cai em clichês de autoajuda, mas como ela é divertida e tem o fator "cantar junto" esse defeito é ate relevado. Best Day of My Life é inofensiva, divertida e uma gracinha. 
nota: 7

2 de maio de 2014

Le Freak, C'est Chic

Calling All Hearts (feat. Robin Thicke & Jessie J)
DJ Cassidy


Ser retrô não é ser velho, mas é preciso saber como expressar para não ficar parecendo algo realmente ultrapassado. É nessa pegada que o DJ Cassidy quer entrar no mainstream da música. E ele começou com classe com o single Calling All Heart.

Descoberto pelo P.Diddy, Cassidy se tornou o DJ queridinho dos poderosos americanos se apresentando para nomes como Beyoncé, Jennifer Lopez, Oprah Winfrey, Anna Wintour e o presidente Obama. Inclusive, além de tocar no aniversário de Michelle Obama, o DJ foi o responsável pela música na posse de Obama em 2009. Esse ano, Cassidy vai lançar seu primeiro álbum intitulado Paradise Royale que, segundo o próprio, será uma volta ao passado, mais precisamente a sonoridade em voga entre 1978-1982 contando com um elenco de featuring estrelar como Mary J. Blidge, Usher, CeeLo Green, só para citar alguns. Como primeiro single foi lançada a canção Calling All Hearts com a participação da inglesa Jessie J e do americano Robin Thicke.

Se era para emoldurar a sonoridade disco/dance da época já citada, Cassidy acertou em cheio com Calling All Hearts. A canção tem aquela vibe dos sucessos da banda Chic como Le Freak e Good Times. E não é nenhuma coincidência, pois o DJ cita o grupo como uma das suas influências e terá o guitarrista da mesma em seu álbum, o lendário Nile Rodgers. Mesmo com essa grande semelhança, Calling All Hearts consegue ser um trabalho sólido conseguindo caminhas por conta própria com uma batida deliciosa e um trabalho de instrumentalização perfeita. A sensação "curtindo um vibe boa" é mantida intacta e isso ajuda a fazer de Calling All Hearts uma canção com carisma. Outro acerto é a escolha dos featuring: tanto Jessie quanto Robin entregam performances cativantes e bem produzidas. Jessie, em especial, está bem controlada em seus maneirismos sabendo dosá-los para transmitir a sua personalidade. Até mesmo as "intervenções" de Cassidy com algumas partes faladas não atrapalham, mas ajuda a criar o clima da canção. A composição não precisaria ser a reinvenção da roda, mas ser um trabalho bom e viciante e esse requisito Calling All Hearts cumpre com louvor especialmente o seu refrão. O único defeito seria que a canção termina de forma muito anticlímax, mas nada que afete o resultado final. DJ Cassidy é o futuro do passado no presente. Quem sabe assim não voltamos a ter os "velhos bons tempos"?
nota: 8

1 de maio de 2014

This Is The Rhythm of the Night

Hideaway
Kiesza

No atual cenário da música eletrônica em que um monte de artista se apropriou do estilo para fazer (na maioria das vezes) um pop farofa sem vergonha parece que a solução é voltar ao começo. Não exatamente ao inicio, mas retroceder alguns anos. Um bom exemplo do que estou tentando mostrar é o single debut da cantora canadense Kiesza, a surpreendente Hideaway.

Quando você começar a ouvir Hideaway vai ter a impressão de já ter ouvido a canção em algum lugar. eurodance? Então, Hideaway é basicamente isso, mas feita em 2014. 
Mesmo sendo uma produção completamente inédita esse sentimento não é de todo errado: Hideaway é uma canção perdida no tempo. Explico: Kiesza simplesmente "voltou" uns vinte anos atrás e fez uma canção como se fosse 1992. Quem não se lembra de canções como The Rhythm of the Night do Corona, Rhythm Is a Dancer do Snap!, Pump Up the Jam do Technotronic, entre outros que estouraram no começo da década retrasada misturando pop, dance music, hip hop e, claro, eletrônico ajudando a difundir o

O trunfo de Hideaway, que poderia soar como datado ou/e sem criatividade, é entregar uma canção que não apenas "reedita" perfeitamente o estilo do eurodance, mas que também entrega um produto com qualidade impecável. Kiesza (que também produz) a canção consegue colocar em Hideaway os melhores atributos do estilo "copiado": dançante só com classe, elegante, carismática e completamente viciante. A composição também segue os moldes do eurodance, mas consegue um resultado muito bem amarradinho. Sem ter a voz poderosa de muitas das cantoras que emprestaram suas vozes para os hits do passado, Kiesza consegue segurar a canção dando o toque mais moderno para a canção. O único erro aqui é uns "ohs uhs" entre o refrão e os versos que poderia ter sido eliminado que não faria nenhuma falta. Atualmente no topo da parada inglesa, Hideaway é uma candidata fortíssima para ser um dos hits do ano. Em 2014, mas com jeitinho de 1992.
nota: 8