30 de setembro de 2016

Uma Rara Segunda Chance

Say You Won't Let Go
James Arthur

Após vencer a nona edição do reality The X Factor, o britânico James Arthur quase perdeu a oportunidade de continuar a sua carreira ao se envolver em várias polêmicas como, por exemplo, o uso de uma palavra homofóbica em uma apresentação e problemas pessoais envolvendo ataques de ansiedade e, provavelmente, um colapso nervoso. As suas atitudes levaram o iTunes a oferecer o reembolso do seu álbum debut. Além disso, o cantor foi dispensado da gravadora Syco de Simon Cowell. Depois de se retirar do olhar público e espero ter repensado a sua vida, o cantor conseguiu um novo contrato com a Columbia Records e lançou o primeiro single do seus segundo álbum Back from the Edge: a balada Say You Won't Let Go.

Surpreendentemente, a canção está fazendo muito sucesso na Inglaterra e já alcançou o segundo lugar da parada por lá, além de ter entrado em outras ao redor do mundo. Com o desempenho tão bom, James foi recontratado por Simon para fazer parte novamente da gravadora Syco. Um fato raro na história do reality e do seu "dono", pois até mesmo Leona Lewis (vencedora da terceira temporada e a mais bem sucedida entre os campeões) não teve a mesma sorte. Felizmente, Say You Won't Let Go é um bom começo para essa nova chance do cantor.

Say You Won't Let Go é uma boa balada estilo Ed Sheeran, tendo uma atmosfera acústica e base de violão. A produção pode até não ser a mais criativa do ano, mas é bem feita e, principalmente, honesta. A canção não quer soar mais do que é ao tentar ser a mais bela canção de amor já feita. Na verdade, a produção confia nessa atmosfera confortavelmente conhecida para deixar outros aspectos brilharem. A composição é fofa e romântica na medida certa ao contar a história de como o narrador se apaixonou da maneira mais trivial possível e o seu desejo de viver para sempre com a pessoa. O que a canção tem de melhor é o performance de James: dono de voz indiscutivelmente única, o cantor consegue entregar uma delicada interpretação e mostra o seu lado mais contido. Espero que James Arthur possa agarrar essa chance como se fosse caso de vida ou morte. E é mesmo: vida e morte da sua carreira.
nota: 7

29 de setembro de 2016

Apostando Alto

Starboy (feat. Daft Punk)
The Weeknd

Depois de conseguir o seu lugar devido lugar no cenário pop com o sucesso do álbum Beauty Behind The Madness e os seus dois principais singles (The HillsCan't Feel My Face), The Weeknd está preparando o seu sucessor. Starboy terá a complicada missão de solidificar a carreira do cantor como um dos principais expoentes do novo R&B. O primeiro single do álbum mostra que o The Weeknd está apostando alto na canção que dá nome ao álbum: Starboy tem a participação do Daft Punk.

Co-produzido pelo duo francês de música eletrônica ao lado de Doc McKinney e Cirkut, Starboy tem um apelo diferente das canções ouvidas no álbum anterior do cantor, mais parecido com os primeiros trabalhos dele em Kiss Land e na mixtape Trilogy. Todavia, a canção tem uma finalização diferente das canções dessa época, mostrando um refinamento diferente e uma consciência sonora mais apurada. Criando uma sonoridade que mescla R&B alternativo com eletropop/synthpop, mas com uma batida que nunca se deixa levar por saídas fáceis ou muito menos recicladas de outras canções. Starboy não é para todos os gostos devido as essas decisões, mas deve encontrar o seu público sem maiores problemas. 

Outra qualidade de Starboy que já intricada com a personalidade do The Weeknd é a qualidade de suas composições. Na canção, o cantor continua a sua jornada em narrar a sua experiência com a fama e as seus desdobramentos. Apesar de estar na posição de participante ativo de tudo o que está a sua volta (dinheiro, drogas, sexo, entre outras coisas), The Weeknd nunca faz exatamente apologia desse estilo de vida. Ele constrói o perfeito quadro ao não apenas falar sobre os prazeres, mas, principalmente, os ônus dessa exposição na sua vida e das pessoas que o cerca. Com essa qualidade de tema, Starboy também se beneficia da qualidade lirica com várias citações pop e um ótimo e viciante refrão. Com o novo single, The Weeknd consegue manter o mesmo nível que vinha apresentando, mas também abre o caminha para uma excitante nora era na sua carreira.
nota: 7,5

28 de setembro de 2016

Onde Está o The Black Eyed Peas?

#Wheresthelove (feat. The World)
The Black Eyed Peas

Um dos mistérios da música pop nos últimos anos é onde está o The Black Eyed Peas? Sejamos sinceros desde o quarteto deu uma pausa lá em 2013, nenhum dos integrantes fez algo realmente relevante nas suas carreiras solos. Então, por que eles não voltam a se reunirem para lançar um novo álbum? Vai saber, mas, para a surpresa de muitos, o grupo lançou uma versão do seu primeiro sucesso deles: Where Is the Love? virou #Wheresthelove com a participação de uma "porrada" de artistas.

#Wheresthelove é tentativa de reavivar We are The World, mas que não tem a mesma força criativa. Com os ganhos da venda destinado para a instituição de caridade, a canção peca por colocar um monte de artistas talentosos e os deixar de lado, principalmente as cantoras e, também, a Fergie. Não sei se a cantora não pode contribuir mais com a regravação, mas a sua participação ao final como uma backvocal de luxo é muito estranha. Além disso, a escolha de deixar will.i.am cantar os primeiros versos no alto de todo o seu poder de usar auto-tune é a pior possível. Se Fergie não podia, que tal usar as várias cantoras inclusas como backvocal: Jessie J, Mary J. Blide e Nicole Scherzinger, apenas para citar algumas. De qualquer maneira, a adição de novos versos que atualizam o sentido da canção são interessantes e o toque mais dramático com uma instrumentalização que vai crescendo ao longo da faixa ajudam a fazer da nova versão um bom trabalho. Porém, a pergunta ainda fica: onde está o The Black Eyed Peas?
nota
Versão Original: 8
Nova Versão: 7

27 de setembro de 2016

Na Espera de Emeli

Hurts
Emeli Sandé

Depois de quatro anos do lançamento do seu avassalador primeiro álbum (Our Version of Events), a britânica Emeli Sandé irá lançar finalmente o seu segundo álbum. Intitulado Long Live the Angels, o álbum tem a responsabilidade que ficar a altura do álbum anterior que só na Inglaterra teve uma vendagem de mais de 2,5 milhões de cópias e recebeu criticas bem positivas da imprensa especializada. Observando apenas pelo primeiro single, a interessante Hurts, Emeli tem todas as chances de repetir o mesmo sucesso.

A canção segue os mesmos passos dos primeiros singles do álbum debut da cantora (Next To MeHeaven): um pop/R&B mid-tempo com cadência e uma batida bem diferente da ouvida no mercado americano. Não é uma escolha fácil para primeiro single, mas Emeli tem a capacidade de fazer funcionar quando todos os aspectos estão juntos. O primeiro é o fato de Hurts conter uma carga emocional pesada, ajudando a criar uma atmosfera completamente absorvente com a sua batida forte e muito bem construída, mesmo que durante a canção ainda tenha faltando aplicar mais nuances para elevar ainda mais o seu suntuoso clímax. Dona das composições mais "heartbreaking" e belas dos últimos anos, Emeli volta a repetir o feito de dar um soco no estômago ao falar sobre o sentimento de ser esquecido por aquela pessoa que um dia foi o seu mundo, mas que parece completamente alheio a dor causada por suas atitudes. Isso tudo acompanhado pela performance poderosa de Emeli. Hurts é um começo extremamente promissor e deixa uma sensação de ser apenas uma pequena dose.
nota: 7,5

25 de setembro de 2016

Antes Tarde do Que Nunca - Grandes Álbuns

Purple Rain
Prince And The Revolution

Desapercebido

Joint (No Sleep)
Cassie

Com um mercado tão grande como o de Hollywood nem todos os filmes lançados anualmente chegam aos cinemas. Muitos deles são já lançados diretamente para o DVD e/ou serviços de streaming. Um desses casos é o filme Honey 3: Dare to Dance, segunda continuação do filme Honey - No Ritmo dos Seus Sonhos estrelado pela Jessica Alba em 2003. Dessa vez quem estrela o filme é a cantora/atriz/modelo Cassie que também canta uma das canções inclusas na trilha sonora, a legal Joint (No Sleep).

A música mostra que Cassie é uma daquelas artistas que mereciam mais reconhecimento do público, pois Joint (No Sleep) é uma canção bem interessante, mesmo que não seja sensacional. A batida é uma gostosa mistura de pop e R&B construído em uma batida contida e quase minimalista. Rápida e rasteira, Joint (No Sleep) poderia ser bem melhor se a sua composição não fosse tão genérica, mas o carisma da Cassie ajuda a amarrar as pontas. Joint (No Sleep) não é um "musicão", mas não deveria passar tão desapercebido como o filme que é tema.
nota: 6,5

23 de setembro de 2016

Uma Versão de Respeito

Stayin' Alive
Say Lou Lou

Um dos temas mais lembrados de todos os tempos é a canção Stayin' Alive do Bee Gees. Lançada em 1977 como tema do clássico Os Embalos de Sábado à Noite, a canção virou um imenso sucesso comercial e de critica, sendo considerada um dos grandes marcos da música pop. Até hoje, a canção está mora no imaginário da cultura pop assim como o filme estrelado por John Travolta. "Mexer" em um clássico atemporal como Stayin' Alive é uma tarefa quase impossível, pois qualquer decisão errada pode ser responsável em "matar" um clássico. Felizmente, o duo de irmãs australianas/suecas Say Lou Lou conseguiram fazer um trabalho muito bom com essa versão de Stayin' Alive.

Acredito que a principal razão pelo sucesso do resultado da regravação é o fato que o duo ter conseguido manter a mesma alma que ajudou Stayin' Alive fazer sucesso no final dos anos setenta: a carismática pegada dançante. Da disco original, a versão ganhou uma elegante sonoridade indie/pop dance que ao mesmo tempo atualiza a canção, mas sem alterar demais a canção o que poderia ocasionar a perda da sua identidade. Os vocais das irmãs gêmeas são certeiros para essa versão da música, mesmo que faltam algumas nuances que poderia ajudar a canção. Nada que atrapalhe essa versão honrar um verdadeiro clássico do cinema.  
nota: 8

22 de setembro de 2016

Um Estranho Tema

Back to Life
Alicia Keys

Tema principal do filme Queen of Katwe, Back to Life da Alicia Keys tinha tudo para ser uma canção extraordinária. Infelizmente, algumas decisões tomadas pela produção atrapalham o resultado final.

Back to Life começa até bem com uma atmosfera densa e dramática que vai aos sendo substituída por um tom mais esperançoso e otimista com uma instrumentalização interessante. Entretanto, o que parece que vai se transformar em um R&B/neo soul épico vira do nada um fraquíssimo eletropop/R&B com uma batida genérica e que corta qualquer clímax  que Back to Life poderia ter. Até mesmo os vocais da sempre ótima Alicia se perdem nessa parte, ajudando a canção a perder o brilho do seu começo. Ao menos, a letra é boa e combina com o filme que fala sobre a história real de uma jovem de Uganda que se tornou campeã mundial de xadrez. Uma pena que Back to Life termina assim, pois a canção poderia ter sido uma dos grandes temas do ano.
nota: 6

21 de setembro de 2016

Uma Combinação Perfeita

Wish That You Were Here
Florence + The Machine

Para quem conhece o mínimo do trabalho do cineasta Tim Burton sabe que não existe melhor artista que o Florence + The Machine para cantar o tema do seu mais novo filme, a adaptação do livro Miss Peregrine's Home for Peculiar Children. E a canção Wish That You Were Here não poderia ser melhor.

A balada indie pop com leves toques tem todas as qualidades de uma boa música da banda e tem o casamento perfeito com a atmosfera do filme que Burton deve levar para as telas: a história de um grupo de crianças com habilidades especiais que vivem em um orfanato longe dos perigos das "pessoas normais". A bela composição fala sobre saudade de alguém se ama e o desejo de estar perto dessa pessoa, mesmo não podendo. Segundo a própria Florence, a letra foi composta com a ajuda do próprio diretor o que ajuda a passar um sentimento real sobre a atmosfera do filme. Com uma melancólica performance vocal, Florence entrega a interpretação perfeita para mostrar os sentimentos colocados em Wish That You Were Here. Talvez o único problema seja a duração de quase sete minutos, mas isso não impacta de maneira alguma o resultado final da canção. Wish That You Were Here é a combinação perfeita, quase feita no céu das trilhas sonoras.
nota: 8

19 de setembro de 2016

Um Tema Para Bridget Jones

Still Falling for You
Ellie Goulding

Um dos filmes que marcaram a minha vida foi O Diário de Bridget Jones. Lançado em 2001, a comédia romântica tem como principal ingrediente a cativante performance de Renée Zellweger como a personagem título, uma insegura e atrapalhada inglesa as voltas com a sua conturbada vida amorosa. Na época, a atriz foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz (fato raro para uma performance como esse) e o filme foi um sucesso de critica e de público. Quinze anos depois, Bridget Jones ganha uma terceira oportunidade de ser feliz em O Bebê de Bridget Jones. E, novamente, a música deve ser parte importante do filme, pois já foi lançada a música tema do filme: Still Falling for You da Ellie Goulding.

A canção é uma clara tentativa de imitar o sucesso de Love Me Like You Do, tema de 50 Tons de Cinza lançado no ano passado. Tanto que, além de repetir a interprete, a canção tem quase o mesmo time de produção com a participação do produtor Ilya Salmanzadeh e a cantora/compositora Tove Lo. Dessa vez, porém, sai Max Martin e entra Shellback, além da participação de outros nomes menos conhecidos. O resultado final é inferior ao hit anterior, mas ainda consegue ser uma boa canção.

O problema em Still Falling for You é a quebra que a canção tem em seu refrão mediano e sem graça, enquanto em Love Me Like You Do era um dos seus pontos fortes. Além disso, a canção tem uma estrutura que não tem o mesmo apelo comercial refinado, entregando uma balada pop indie/EDM/eletropop mid-tempo que não mostra o seu total potencial. Felizmente, esse também é o charme de Still Falling for You, pois não precisa recorrer a lugares comuns em sua instrumentalização bem feita. A canção também tem uma composição ligeiramente melhor, mostrando um ligação maior com o filme que é tema. Ellie Goulding entrega uma boa performance em Still Falling for You, apesar de parecer contida demais. Se o filme tiver a mesma qualidade que o seu tema, Bridget Jones está de volta com dignidade e elegância.
nota: 7

Especial

Uma das características de 2016 foi o fato de termos um número alto de trilhas sonoras para cinema e TV conseguindo ganhar destaque no mainstream, seja pela qualidade, sejo pelo sucesso e, alguns, por ambos. Reuni as principais delas nesse especial. Confiram!


17 de setembro de 2016

Sobrevivendo

Recovering
Céline Dion

Todos passamos por grandes perdas em nossas vidas. Todos precisamos encontrar uma maneira de lidarmos com a dor, mesmo que seja quase impossível de viver com esse sentimento e, infelizmente, muitos sucumbem. Os artistas têm uma poderosa ferramenta para lidar com a dor: a arte. É assim que a Céline Dion está lidando com a sua dor.

Para quem não sabe, Céline perdeu o marido René e parceiro de vida em Janeiro último, depois de uma longa batalha contra o câncer. Dias depois, a cantora também perdeu o irmão da mesma doença. O baque foi bastante pesado, mas, felizmente, a cantora está se recuperando e pronta para lançar um novo álbum em inglês (recentemente ela lançou um em francês intitulado Encore un soir). Como single foi lançada a emocionante Recovering.

Co-escrita pela P!nk especialmente para Céline, a canção é linda e simples composição sobre voltar a viver depois de perder toda a esperança. Não é fácil, mas com  se é possível continuar a viver. Na voz contida e extremamente emocionada de Céline, as palavras ganham um sentindo tão verdadeiro e sincero que fica quase impossível não se emocionar. Talvez seja uma das canções mais comovente dos últimos anos. Ainda mais devido a sua produção minimalista, usando apenas um piano como instrumento e deixando a voz da cantora falar por si. Recovering é maneira para Céline mostrar toda a sua dor e, claro, recomeçar a sua vida.
nota: 8

16 de setembro de 2016

Por Anda o The Band Perry? Um Beijo Para o The Band Perry!

Comeback Kid
The Band Perry

Depois de um começo promissor, o trio de irmãos The Band Perry deu uma sumida do mapa depois de laçarem o segundo álbum. Depois de tentarem ir para o pop em uma tentativa frustrada, a banda resolveu voltar para o country mais tradicional e lançou a mediana Comeback Kid.

A canção tem um "bom coração" ao falar sobre superação em uma letra de auto-ajuda brega, mas bem eficiente e, em certos momentos, emocionante. Uma pena, porém, que a letra não encontra um lugar para  brilhar devido a sua produção fraca e sem nenhuma inspiração. O arranjo é arrastado, sem força, repetitivo e completamente genérico, bem longe do resultado da ótima If I Die Young. Nem mesmo a voz doce de Kimberly ajuda, pois a vocalista entrega uma performance apática. Não deve ser desta vez que The Band Perry faz o seu comeback, o que é contraditório em relação sobre o que fala a letra da música sobre fazer um grande retorno.
nota: 5,5

15 de setembro de 2016

Uma Redenção Em Dois Atos

Closer (feat. Halsey)
The Chainsmokers

Depois de comprovar que tinham algo realmente para mostrar em Don't Let Me Down, o duo de música eletrônica The Chainsmokers continua o seu caminho da redenção ao lançar a boa Closer.

Primeiro lugar na Billboard, a canção é uma legalzinha EDM com uma batida realmente marcante e diferente. Não exatamente original, mas com uma pegada bem convidativa feita realmente para ser um sucesso comercial sem medo. A composição é bem pensada e longe dos lugares comuns sobre, por exemplo, festejar e se apaixonar, pois fala sobre sentir saudade e reencontros. Nada sensacional mas cumpre o seu papel. O ponto fraco fica por conta dos vocais nada marcantes, tanto o masculino (provavelmente um dos integrantes do duo), quanto o feminino (a novata Halsey). Tirando isso, Closer é uma canção divertida e, mais importante, outro bom momento na carreira do The Chainsmokers.
nota: 6,5

14 de setembro de 2016

Pequenos Detalhes

Bones
Rebecca Ferguson

O que faz da inglesa Rebecca Ferguson uma das melhores cantoras que você provavelmente não deve conhecer da atualidade? O single Bones colocar uma luz sobre essa pergunta.

Primeiro single do seu quarto álbum intitulado Superwoman, a canção é uma regravação de um trabalho da cantora neozelandesa Ginny Blackmore que foi de uma baladinha pop/pop indie para um classudo R&B/soul com uma atmosfera grandiosidade e dramática. A transformação ajuda a dar uma personalidade mais interessante para canção, ajudado muito pelos ótimos vocais de Rebecca que parece não precisar fazer nenhum esforço para passar toda a emoção necessita com a sua composição sobre ser deixado de lado por quem se ama. O problema, porém, é que a letra soa complicada demais e parece não se encaixar com o ritmo da música, mesmo na versão original. Felizmente, a presença de Rebecca e todas as nuances que ela dá para a difícil composição são esses pequenos detalhes que fazem o diferença.
nota: 7

13 de setembro de 2016

O Cativeiro da Sia

The Greatest (feat. Kendrick Lamar)
Sia

Existe uma brincadeira recorrente entre parte do público brasileiro que a Sia vive um cativeiro e a sua algoz é a Beyoncé, obrigando a australiana a escrever a suas músicas. Brincadeiras a parte, a Sia realmente parece viver em uma prisão, mas uma feita por ela mesma. Explico: Sia se prendeu em um cativeiro da suas próprias ideias. Esse é caso de seu mais novo single The Greatest.

A canção que deve ser o primeiro single do seu próximo álbum (We Are Your Children) tem todas as qualidades de uma boa música da cantora, mas que também não mostra nada de novo em sua sonoridade. Produzida Greg Kurstin, The Greatest é um bom pop dance/pop alternativo que conquista pela batida envolvente e limpa de recursos clichês. Entretanto, a mesma atmosfera já foi ouvida em outras canções da cantora como é o caso de Cheap Thrills e Elastic Heart. Ao falar sobre se libertar das amarras que nos prendem de sermos felizes, Sia continua mostrando como passar uma mensagem otimista de maneira sincera e adulta, continuando o mesmo tema de músicas passadas defendidas por ela e outros artistas. O ponto alto da canção é o seu refrão viciante, defendido com louvor pela Sia. A participação de Kendrick Lamar não é genial, mas inusitada e dá um toque especial para a canção. The Greatest poderia se beneficiar de uma possível fuga de Sia do seu próprio cativeiro, mas ainda é melhor que as canções de muitas cantoras que estão por aí livres, leves e soltas.
nota: 7

11 de setembro de 2016

Antes Tarde do Que Nunca - Grandes Álbuns Brasileiros

As Canções Que Você Fez Pra Mim
Maria Bethânia

Tempero Brasileiro

Bom
Ludmilla

Primeiro single do segundo álbum (A Danada Sou Eu) da Ludmilla, a canção Bom ajuda a provar que dá para fazer pop no Brasil com influências estrangeiras, mas sem perder a nossa brasilidade.

Bom é uma gostosa mistura de pop, funk, eletrônico e um pouco de samba que resulta em uma canção dançante e redondinha, mesmo que esteja longe do que seria ideal para mostrar alguma evolução na sonoridade da cantora. Rápida e rasteira, Bom não machuca ninguém com a sua batida animada e sensual. A composição é carismática e fácil de gravar, ainda que tenha a mesma pegada que as letras de pagodes meia boca dos anos noventa. Felizmente, Ludmilla é uma cantora carismática, embora limitada, entregando uma performance correta para a canção. Bom é bom porque tem o bom tempero brasileiro.
nota: 7

9 de setembro de 2016

A Ilusão de GaGa

Perfect Illusion
Lady GaGa

A espera acabou. GaGa está de volta ao pop. Então todos os pequenos monstros podem sossegar o facho e aproveitar antes que a cantora não volte para a era jazz. A música que abre essa nova era é a boa, mas imperfeita Perfect Illusion.

Como todos devem saber, GaGa anunciou que a sua nova fase será mais puxada para o rock. O novo single deixa bem claro essa intenção, mas engana-se quem achava que teríamos uma GaGa roqueira queimadora de guitarra. Perfect Illusion é uma interessante disco-rock misturada com o pop tradicional da mãe mostro. Produzida por ela ao lado de Kevin Parker, Mark Ronson e BloodPop, a canção tem um trabalhos instrumental bom, mas que só vai empolgar de verdade na sua metade para frente. Como qualquer música lançada pela GaGa já surgiu acusações de cópia da Madonna; dessa vez em relação a canção Papa Don't Preach. Tenho que admitir que durante as  duas primeiras repetições refrão existe certa semelhança com o refrão da canção de Madonna, mas, na parte final, essa semelhança se dispersa e Perfect Illusion ganha personalidade. O principal problema da canção é a sua composição média e pouco inspirada, apesar de ainda ter momentos viciantes que apenas a cantora sabe entregar. O que faz da canção ganhar qualidade e não deve ser motivo de qualquer polêmica é o fato de Lady GaGa entregar um performance vocal avassaladora: orgânica, visceral, poderosa e, aparentemente, sem nenhum pingo de efeitos vocais, coisa rara de acontecer no mundo pop. Qual será o futuro dessa nova era de Lady GaGa? Ainda é cedo para afirmar algo, mas o começo parece promissor.
nota: 7,5

O Príncipe do Pop Nacional

Bang
Tiago Iorc

No começo não dava muita atenção para a carreira do Tiago Iorc, mas, nos últimos tempos, comecei a perceber que o cantor tinha uma coisa que estava faltando no pop atual brasileiro: talento. Depois da ótima parceria com a Sandy, Tiago faz o impossível ao fazer uma versão realmente boa de Bang, sucesso da Anitta.

Primeiramente, a gravação de Tiago ganha pelo simples fato dos vocais do jovem cantor ter uma qualidade técnica superior ao da Anitta. Claro, os dois possuem estilos completamente diferentes, mas Tiago consegue injetar verdade na sua performance, além de ter um timbre delicioso de ouvir. Longe da pegada dançante da batida original, a regravação tem uma vibe indie pop/acústica que consegue ser muito mais sensual e envolvente sem precisar apelar. Até mesmo o clipe feito é superior artisticamente em relação ao cartunesco da funkeira. O que não dá para melhorar é a composição, mas que consegue ganhar alguma qualidade devido a presença de Tiago como interprete. Acho que Tiago Iorc é que o pop no Brasil precisava: um verdadeiro príncipe do pop.
nota: 7

8 de setembro de 2016

Primeira Impressão

A Mulher do Fim do Mundo
Elza Soares


Especial:Brasil

Como foi já pedido algumas vezes, resolvi fazer esse especial para falar um pouco sobre a música tupiniquim. Esse especial irá falar sobre grandes divas da MPB em trabalhos de ontem e de hoje e, também, jovens artistas que estão na buscas pelo seu lugar ao Sol. Espero que vocês gostem!


7 de setembro de 2016

Stranger Things

Dream Too Much
Amy Lee

Era uma vez uma jovem cantora, vocalista de uma banda de rock, que nos começo dos anos dois mil se tornou uma das maiores divas da comunidade gótica de butique/adolescente. Anos passados, a mesma jovem, agora na casa dos trinta e com um criança para chamar de sua, a cantora resolveu lançar um álbum em carreira solo dedicado ao seu grande público alvo: a tradicional família brasileira, ou melhor, mundial. Brincadeiras a parte, a Amy Lee do Evanescence resolveu lançar o álbum Dream Too Much com músicas infantis originais. O single lançado para a divulgação foi a homônima Dream Too Much.

Por incrível que parecer, a canção não é a bomba atômica que eu estava esperando, apesar de não estar esperando nada realmente. Dream Too Much é um bonitinho indie pop, construído como se fosse uma canção de ninar. A produção acerta bem no tom, mas erra ao dar uma batida mais acelerada para o refrão. Amy Lee entrega bons vocais que mostram que ela continua com a mesma qualidade vocal de antes. O problema, porém, é que a cantora parece um pouco deslocada, pois a sua voz não se encaixa muito bem nesse tipo de canção. O trunfo de Dream Too Much é a sua lúdica e fofa composição sobre acreditar no poder de sonhar. Nessa nova fase Amy Lee Para Baixinhos, a cantora pode conquistar um novo público: os filhos dos seus fãs.
nota: 7

6 de setembro de 2016

Pop Bublé

Nobody but Me (featuring Black Thought)
Michael Bublé

Conhecido como o principal representante moderno do estilo fundando por Frank Sinatra e Tony Bennett, o canadense Michael Bublé construiu sua carreira baseado nas regravações de canções importantes para cancioneiro estadunidense. Todavia, Bublé também lançou, com sucesso, músicas inéditas como, por exemplo, Haven't Met You Yet e Home. Então, não é novidade que o primeiro single do seu próximo álbum Nobody but Me seja uma original: a homônima Nobody but Me. O curioso é que a canção é a mais pop da carreira do cantor.

Nobody but Me é um inofensivo e fofo pop de despretensioso que não está a altura do talento Bublé, mas que não arranha a imagem do cantor. Com a co-produção do próprio Bublé, a canção tem uma batida leve, cadenciada e animada que puxa bem para uma atmosfera deliciosamente brega. Assim como a letra romântica/clichê, defendia com elegância pelo cantor. A surpresa em Nobody but Me fica por conta da participação do Black Thought, líder do The Roots, que faz uma espécie de rap/canto até legal. Essa versão pop de Bublé não tem o mesmo impacto que as suas versões de clássicos, mas ajuda a manter o carisma descolado do cantor intacto.
nota: 7

5 de setembro de 2016

Direto da Broadway

I See You
Idina Menzel

Recentemente a atriz Idina Menzel ganhou fama mundial ao ser a dubladora da personagem Elsa no mega sucesso da Disney Frozen de 2013 e, claro, cantar o sucesso número um de 9 entre 10 crianças Let it Go. Entretanto, Idina não é nenhum novata que acabou de surgir, pois já tem uma carreira longuíssima na Broadway onde estrelou versões de Hair e Rent. 

O maior sucesso dela veio em 2003 com a estreia do clássico moderno Wicked em que ela interpretou Elphaba Thropp, uma versão da Bruxa Má do Oeste de O Mágico de Oz. Pela performance, Idina venceu o Tony de melhor atriz em musical, além de ter estabelecido seu nome como uma das divas modernas da Broadway. Desde então, a atriz participou de vários outras peças, pequenos papeis em filmes e algumas séries de TV como, por exemplo, o seriado Glee. Também lançou álbuns em um total cinco até hoje. Esse ano será lançado o sexto, intitulado idina. que já tem o seu primeiro single I See You já divulgado.

A canção é o veículo perfeito para Idina mostrar todo o seu poder e controle vocal, além do timbre anasalado inconfundível. Na mãos de Idina, I See You ganha uma atmosfera dramática perfeita para expressar toda a força emocional da composição sobre a cantora reconhecer o sofrimento de outros pessoas e demonstrar que existe uma luz no fundo do túnel. Clichê? Sim, mas existe certos momentos que esse tipo de música é muito bem vinda, especialmente para quem gosta de musicais e grandes vozes. O problema dessa power balada pop é que falta uma grande explosão no seu final para colocar a cereja em cima do bolo, o que deixa o final um pouco anticlimático. De qualquer forma, Idina Menzel é uma das melhores da sua geração de artistas da Broadway e não há como negar essa verdade.
nota: 6,5

3 de setembro de 2016

Uma Chance para Victoria

Do You Like It
Victoria Monét

Nem sempre as primeiras impressões são suficientes para se criar uma visão completa de um artista. Um pouco de tempo e uma nova "olhada" pode ser responsável em alterar a percepção de algumas ideias preestabelecidas. Esse é o caso da novata Victoria Monét que não tinha convencido com Better Days, mas que ganha uma segunda chance com a música Do You Like It.

Não que a canção seja o supra-sumo do R&B, mas consegue ser bastante decente mostrar muito mais do talento dela como cantora. Victoria segura bem essa mistura de dance pop com R&B dançante, exaltando um lado sensual e envolvente de cantar. A batida de Do You Like It pode até não ser o mais criativo do ano, porém, dentro das suas limitações, consegue ser divertido e dançante na medida. O grande problema em Do You Like It é a sua composição: co-autora de uma dezena de canções de qualidade para outros artistas, Victoria entrega uma letra sem criatividade e nenhum substância. De qualquer forma, a canção ajuda a mostrar um futuro de possibilidades para Victoria Monét. Agora é esperar para conferir.
nota: 6,5

Pancadão Classudo

Prolly (feat. Gucci Mane)
Sevyn Streeter

Com uma carreira já extensa com passagens em duas girl bands, dezenas de composições para outros artistas e um moderado hitSevyn Streeter precisa apenas de um grande sucesso para deslanchar de vez. A canção Prolly poderia ser a grande responsável por isso, caso o grande público a descobrisse.

Prolly, single do seu debut álbum que deve ser lançado no começo do ano que vem, é um sólido R&B/hip hop com um apelo radiofônico irresistível. Não que a produção entrega uma batida que seja diferente da maioria das canções do gênero, mas consegue ter um resultado acima da média com as pequenas ousadias inseridas aqui como a inusitada introdução e a presença do rapper Gucci Mane no meio da canção e não ao final como é de praxe. Além disso, o rapper entrega uma boa performance assim como a de Sevyn. Quem sabe Prolly não se torne um sleeper hit nos próximos tempos?
nota: 7

1 de setembro de 2016

Nomes Não Importam

The Legend of
Diana Gordon

Apesar de ser a primeira vez que o nome Diana Gordon aparece aqui no blog, a cantora não é nenhuma estranha. Diana Gordon na verdade é o nome verdadeiro de Wynter Gordon que resolveu lançar a canção The Legend of sob esse nome.

Diana/Wynter não é nenhuma novata, mas, nos últimos tempos, a cantora tem começado a chamar mais atenção ao atuar como compositora. A artista é co-autora de três músicas do Lemonade (Don't Hurt Yourself, Sorry Daddy Lessons) da Beyoncé, além de assinar canções para Ciara, Jennifer Lopez e Mary J. Blide. Além da carreira como cantora, lançando um álbum (With the Music I Die em 2011) e vários EPs (inclusive o ótimo Five Needle de 2015). Sem precisar de provar o seu talento, a cantora lança a boa e interessante The Legend of.

O single mostra que a cantora não está buscando a facilidade para criar a sua sonoridade na busca pelo mainstream, pois o caminho escolhido foi do R&B urban/indie. The Legend of tem uma batida "suja", pesada e sexy que ajuda a ganhar personalidade e uma atmosfera envolvente. Talvez algumas aparadas de arestas para ter deixado a canção mais redonda seria muito bem vinda, mas o problema da canção é a sua composição. Bem escrita e com alguns momentos ótimos (I just got a fat chip from Beyoncé), mas faltou substância para encorpar e dar vida. Felizmente, a cantora entrega uma performance boa e confiante. Seja como Diana ou Wynter, a jovem é uma daquelas artistas que apenas precisa de um verdadeiro "breakthrough" para brilhar realmente.
nota: 7,5