29 de novembro de 2017

Quase Um Desperdício

I Miss You (feat. Julia Michaels)
Clean Bandit



A equação é simples e deveria ter o mesmo resultado positivo quando dois artistas interessantes se juntam para gravarem uma música, mas, em vários casos, o resultado final é aquém do que poderia ser. Um bom caso disso é a canção I Miss You, parceria dos britânicos do Clean Bandit com a estadunidense Julia Michaels.

De um lado temos uma banda com um estética peculiar e com imensas possibilidades. De outro, temos uma novata promissora e dona de uma capacidade como compositora ainda pouco explorada. Então, o certo seria que I Miss You resultaria em uma canção bem acima da média. Infelizmente, não é isso que acontece, pois o resultado final é literalmente na média. A canção tem todas as boas características dos envolvidos, mas faltou apuro na produção final. A canção é um bom eletropop com um arranjo bem conduzido. Faltou, porém, elevar a construção e não deixar tão linear como foi feito em Tears, pertencente ao próprio Clean Bandit. Como já demonstrou esse ano com a ótima Issues, Julia Michaels é uma compositora bastante talentosa, mas não consegue repetir o mesmo nível aqui. I Miss You tem uma boa letra, errando na verdade no aspecto "pop" e nos seu fraco refrão. A parceria passa bem longe de ser ruim no final das contas. O que acontece é que o resultado está bem longe do que poderia ser de verdade.
nota: 7

28 de novembro de 2017

Grammy 2018

Chegamos outra vez na época do ano em que começa o período de premiações em Hollywood, meca da indústria do entretenimento mundial. O primeiro a anunciar nessa manhã foi o Grammy que em 2018 completa sessenta anos de existência. Esse ano, as principais categorias refletem bem como foram os últimos doze messes em que os artistas masculinos dominaram as paradas, mas, felizmente, a premiação abriu espaço para um gênero que, normalmente, fica relegado ao segundo escalão da noite: o rap/hip hop. Além disso, algumas mulheres conseguiram furar o clube do Bolinha e ter algumas indicações com potenciais vitórias. Então, assim como faço todos anos, irei analisar as principais categorias, apontando quais as chances dos indicados, quem deve vencer, quem merece e, claro, quem foram os esnobados do ano. Confiram o especial do...

Os Melhores de 2017 - Revelação

Acredito que em todos os anos que faço essa lista com os nomes que surgiram dentro do ano em questão essa é com certeza o ano mais diverso e interessante que o blog já teve. Os cinco nomes que foram passando pela peneira e chegaram aqui como indicados contemplam vários aspectos do melhor que o atual cenário musical mundial tem para oferecer. Temos um ex-boy band que em carreira solo se mostrou uma promessa sensacional do rock, uma cantora que pode ditar as novas regras para o pop de um futuro próximo, uma rapper que já no seu primeiro single foi capaz de fazer história, uma brasileira talentosa que está a beira da glória e uma artista de R&B/soul que pronta para entrar com força no mainstream pop mundial. Sem mais delongas estão aqui os indicados para Revelação de 2017 para vocês votarem:


25 de novembro de 2017

Como Ser Um Homem de Verdade

Female
Keith Urban

As noticias em que centenas mulheres acusam vários nomes importantes da indústria do entretenimento nos Estados Unidos de assédio sexual de vários tipos não é fenômeno que surgiu do nada. Na verdade, toda essa onda é apenas um resultado da onda relativamente recente da popularização do empoderamento feminino. Para aquele homens que conseguem entender verdadeiramente o significado desse movimento é a hora dar um passo a frente e não apenas apoiar as mulheres, mas lutarem com elas. Esse exemplo pode ser observado com a canção Female do Keith Urban.

Female, como o próprio nome revela, é sobre o poder da mulher. Só que a canção não é apenas uma ode sobre a mulher, mas é uma honesta e tocante crônica sobre o que é ser mulher do ponto de vista de um homem que percebe o que quanto é difícil ser uma em nossa sociedade. Keith não tenta arrumar desculpas para defender o patriarcado ou muito menos se coloca no lugar das mulheres ao tentar afirmar que homens também sofrem preconceito por serem homens. Ao mesmo, o cantor critica as concepções que existem sobre vários aspectos da vida de uma mulher como, por exemplo, a famosa afirma que uma mulher pede para ser assediada ou/e estrupada por usar uma roupa curta. A composição é, tecnicamente, simples e direta, não sendo algo genial ou sem precedentes. Além disso, Female é um country pop bem feitinho com uma performance segura e tocante de Keith (e com a esposa, Nicole Kidman, como backvocal). A qualidade aqui está na mensagem que pode ser resumida como uma lição para homens serem homens de verdade.
nota: 7,5

24 de novembro de 2017

Os Melhores de 2017 - Single Do Ano

Para decidir o terceiro finalista para Single Do Ano a disputa será entre o arrasa quarteirão de Luis Fonsi e Daddy Yankee com participação do Justin Bieber em Despacito (Remix) contra a primeira vez que o Kendrick Lamar chegou ao top da Billboard com a sensacional HUMBLE. Votem!

23 de novembro de 2017

Contraditório

Downtown
Anitta & J Balvin

Se fosse avaliar da maneira que eu acho que deveria a resenha da nova música da Anitta seria simplificada nesse gif da maravilhosa Bianca Del Rio:


Todavia, esse é um blog de respeito e compromissado em levar apenas o melhor para vocês. E por isso, Downtown irá ganhar uma resenha que possa descrever exatamente a expressão.

Uma das etapas do projeto check mate, Downtown é a canção melhor finalizada tecnicamente da Anitta nessa fase. Isso não quer dizer, porém, que o single seja realmente bom. O grande problema da canção é que, mesmo falando sobre sexo (mais exatamente sexo oral), não existe clímax nesse reggaeton lento e cadenciado. Assim como os sonolentos vocais da cantora e a participação dispensável de J Balvin, Downtown é de uma linearidade irritante e, sinceramente, broxante. E não há como nem defender dizendo que essa é a proposta da canção, pois existem canções com o mesmo estilo bem melhores. É só olhar para a Shakira. Além disso, a composição da canção é toscamente comercial com um refrão feitos de rimas pobres até mesmo para aqueles que não sabem cantar em espanhol. Admiro que a Anitta esteja começando a deslanchar a sua carreira internacional, mas, sejamos sinceros, não é com canções desse nível que ela irá se tornar a próxima grande promessa da música pop. Não é, Bianca?
nota: 5,5


21 de novembro de 2017

Depois do Furacão

Échame La Culpa
Luis Fonsi & Demi Lovato

O momento na carreira de Luis Fonsi é de uma dualidade imensa: o porto riquenho ainda está colhendo os frutos do imenso sucesso de Despacito, mas agora precisa se preocupar em como pode manter o hype alcançado. A primeira grande decisão foi lançar Échame La Culpa ao lado da Demi Lovato.

O single não tem receio de querer aproveitar o rastro de Despacito ao ser um latin pop/reggaeton feito exatamente para conquistar um público que parece que está apenas agora lembrando que existe música latina. Échame La Culpa não tem medo de ser um trabalho que parece prezar apenas pelo lado comercial, não criando ou agregando nada para a sonoridade que a gente não tenha ouvidos nos últimos tempos. Ou na verdade na história da música latina. O que ajuda a canção é o fato que Luis encontrou uma fórmula que funciona sozinha sem precisa de muita força criativa. Além disso, o cantor tem carisma e charme para dar e vender, encontrando em Demi uma parceira que emana exatamente a sua altura. Sinceramente, Demi é o aspecto que eleva a canção, pois, no frigir dos ovis, Échame La Culpa tem menos força comercial que poderia ter devido a sua composição segura demais e refrão menos impactante. Ao contrário de outros nomes latinos que fizeram sucesso mundial, Luis Fonsi já possui uma carreira bem consolidada há vários anos. Todavia, o sucesso de Échame La Culpa pode dar uma revigorada na continuidade do sucesso dele em nível mundial. Aguardemos.
nota: 7

20 de novembro de 2017

Latinos Inc.

Por Favor
Pitbull & Fifth Harmony

Amor, Amor, Amor (feat. Wisin)
Jennifer Lopez

Corazón (feat. Nego do Borel)
Maluma

Se o ano de 2017 foi o da música latina voltando para o grande mainstream mundial é necessário lembrar aqueles artistas que fazem da música latina não apenas uma tendência, mas, sim, o seu ganha pão. Começamos com o rapper Pitbull e as meninas do Fifth Harmony.

Lançado como bônus do álbum da girl band, Por Favor é um bom e dançante latin pop/hip hop que tem cara de sucesso. A batida é sensual na medida certa e tem um excepcional apelo comercial perfeito para os atuais tempos, mas tem um problema sério: nem Pitbull e muito menos as garotas do Fifth Harmony entregam performances memoráveis. Longe de ser ruim, porém, os artistas parecem terem trabalhado no automático, principalmente as meninas que ficaram presas ao um refrão e nada mais que isso. Quem parece que não está se segurando e apostando as fichas de verdade no latin music é a Jennifer Lopez.

Preparando para lançar o seu segundo álbum em espanhol, Jennifer Lopez já mostrou que não está para brincadeira com o lançamento de Ni Tú Ni Yo alguns messes atrás que eu considero como a melhor música do gênero do ano. Agora chegou a vez da também boa Amor, Amor, Amor.


Com as principais características da canção anterior, Amor, Amor, Amor é um energético, dançante e radiofônico reggaeton/pop latino que poderia muito bem ser um grande sucesso caso o mercado não tivesse tão saturado. A canção tem a presença cada vez mais carismática e cativante de Jennifer que parece que realmente nasceu para esse tipo de música. Além disso, a cantora escolhe bem os seus featuring que dessa vez é com o veterano Wisin que também brilha, mas sem tirar o momento de J.Lo. A letra é o ponto fraco já que, apesar de refletir o bom momento pessoal dela, termina como uma ok canção de amor com um refrão marcante. De qualquer forma, J.Lo está fazendo um trabalho elogiável ao se destacar da multidão. O que também se pode dizer do colombiano Maluma, mesmo que o mesmo tenha lançado um tropeço como Corazón.

Para quem não sabe, Corazón é a versão da canção Você Partiu Meu Coração do Nego do Borel. Então, não espere algo sensacional, pois seria quase impossível transformar a canção em algo realmente bom. Entretanto, a versão tem algumas qualidades. A primeira delas é o fato de Maluma além de cantar alguns pedaços em português chamou o próprio Nego para cantar um pedaço da canção. Isso, porém, não impede da canção ser um caça níquel reggaeton em que a voz de Maluma está enterrado em efeitos vocais que não ajudam em nada. Apesar dos defeitos não será surpresa que a canção possa fazer sucesso ao redor do mundo se bem trabalhada. E é melhor aproveitar logo, pois estamos no pico no sucesso da latin music. Daqui para frente começa o declínio.
notas
Por Favor: 7
Amor, Amor, Amor: 7,5
Corazón: 6

18 de novembro de 2017

Primeira Impressão - Outros Lançamentos

All Your Fault: Pt. 2
Bebe Rexha

Titânio Enfraquecido

Wolves
Selena Gomez & DJ Marshmello

Quando pensei que a Selena Gomez tinha encontrado um novo rumo para a sua carreira lá vá ela repetindo os mesmo erros. Se não bastasse a volta com Justin Bieber, Selena insisti em fazer parcerias com esses DJ que não adicionam nada para a carreira dela. Dessa vez, a aposta foi ao lado de um tal DJ Marshmello, resultando na mediana Wolves.

O single parece uma verdadeira colcha de retalhos EDM de sucessos dos últimos tempos, especialmente de Titanium do David Guetta. Só que para construir esse arremede de sonoridade foram utilizados outras referências como, por exemplo, o toque country-pop de Avicii em Wake Me Up. Wolves até funciona comercialmente, pois a construção da sonoridade foi feita exatamente para esse proposito. Todavia, a canção é como uma linha reta que nada parece soltar aos olhos. A performance de Selena é boa, ainda mais que a cantora consegui mostrar uma faceta que fazia um tempo não se via. Isso não salva a clichê e pobre composição de ser algo anticlímax. Espero que, assim como a saúde de Selena, a sua carreira volte ao normal nos próximos tempos.
nota: 6 

17 de novembro de 2017

Um Giro Britânico

Heavy
Anne-Marie

Anywhere
Rita Ora

Won't Forget You (feat. Stylo G)
Pixie Lott

Vamos dar uma passadinha na Inglaterra para espiar algumas canções de artistas de lá, começando com a novata Anne-Marie e o single Heavy.

Seguindo os passos do seu single anterior Ciao Adios, Heavy segue a onda de um pop com influência latina. O maior problema aqui é o fato de a canção ser uma mid-tempo no que deveria ser uma balada. A letra é inofensiva e bonitinha, mas não combina em nada com a batida "aceleradinha". Isso é tão nítido quando começa a tocar o refrão: deslocado e sem força. E para piorar a sensação de fora do lugar é saber que para uma canção dessa precisou de nada mais que cinco produtores. Nem canções que são importantes para a história da música tinham tantos nomes envolvidos na produção. Uma pena que Anne-Marie não tenha em mãos uma canção melhor, pois a mesma é um talento a ser delapidado. Por falar em talento dilapidado existe o curioso caso da Rita Ora.

A cantora de apenas 26 anos é um dos principais nomes do cenário pop britânico, expandindo o seu "domínio" para outros lugares como a TV, moda e o cinema. Apesar de tudo isso, Rita só lançou um álbum até o momento em 2012. Claro, o atraso na continuação na carreira musical vem boa parte dos problemas com o gerenciamento pela empresa do Jay-Z, mas Rita já está há um bom tempos desvinculada desse projeto e, até agora, nada de álbum no horizonte. E não é por tentativas, pois a mesmo vem lançado singles como é o caso de Anywhere.

A canção é um pouco melhor que a anterior, porém, comete alguns erros estranhos. É muito interessante ouvir Rita aposta em uma sonoridade eletropop que beira quase ao dream pop com um leve toque de tropical, mas sem exageros e usando essa tendência como algo para complementar e, não, ser o ponto central da canção. Entretanto, a produção assinada pelo DJ Alesso (o mesmo de Is That For Me), Sir Nolan e Andrew Watt parece que ficou com medo da canção não ser comercial o suficiente ou talvez tiveram medo de ir mais fundo na ideia original e "enfiaram" um batidão após o refrão, criando uma quebra na fluidez da canção. Além disso, apesar de composição acima média, Anywhere tem um refrão grande demais, ficando um pouco deslocado do resto da canção. Felizmente, a ideia da canção é tão boa que a mesma acaba resultando em um trabalho acima da média, ajudando a cantora recolar a sua carreira nos trilhos. Quem não está tendo a mesma sorte é Pixie Lott.

Depois de ter um começo promissor no começo dessa década, Pixie Lott perdeu bastante brilho nos últimos anos se conseguir voltar de fato as paradas britânicas. Esse é o caso de seu último single, a inofensiva Won't Forget You.

O single é aquele tipo de pop bem feitinho, alegrinho, na modinha e, principalmente, completamente inesquecível. Apesar de ser uma boa cantora, Pixie até o momento nunca lançou algo que fosse artisticamente marcante ou mesmo que tivesse personalidade. Won't Forget You não irá mudar isso ainda mais que a mesma tenha sido construída com base de música latina. Entretanto, a canção é tão bonitinha e legalzinha que até dá certa dó a canção não ter algum destaque nas paradas. Volta dada, voltamos a programação normal.
nota
Heavy
Anne-Marie: 6
Anywhere: 7
Won't Forget You: 6

16 de novembro de 2017

Esquecemos de Falar da Cassie

Love a Loser (feat. G-Eazy)
Cassie

Se existe uma artista que deveria ter mais reconhecimento essa é a Cassie. Depois de ter certo sucesso no já longínquo 2006, Cassie meio que sumiu do mapa das paradas apesar de ter lançado algumas coisas realmente boas ao longo dos anos. Infelizmente, não sei se o seu mais novo single será o trabalho que irá mudar essa situação.

Love a Loser é uma boa canção, mas bastante limitada e sem força comercial. Apesar de dominar como poucas esse estilo hip hop/pop diva, mas a canção parece soar mais como um bônus em um álbum que verdadeiramente um single. Bem estruturada e com uma batida gostosinha, Love a Loser não ter a capacidade de grudar na nossa cabeça. Cassie não é dona de uma voz poderosa, porém, assim como várias cantoras de mesmo estilo, o seu timbre delicado e sexy pode ser bem aproveitado em canções como essa. Todavia, em Love a Loser a cantora tem literalmente pouco tempo para mostrar seu talento, deixando a parte marcante da faixa para o rapper G-Easy que, também, não faz nada além da média. Queria muito que a Carrie tivesse uma verdadeira segunda chance, mas, ao que parece, o grande público meio que se esqueceu dela.
nota: 6,5

14 de novembro de 2017

Os Melhores de 2017 - Single Do Ano

A segunda disputa para escolha do Single do Ano será entre as novas regras da Dua Lipa com New Rules e o contra ataque da Taylor Swift em Look What You Made Me Do. Votem!


Migas

MotorSport (feat. Nicki Minaj & Cardi B)
Migos

Até demorou um pouco para que a nova queridinha do rap unir força com a "última" queridinha do rap. Estou falando da Cardi B e da Nicki Minaj, respectivamente. Uma pena, porém, que a canção que uniu as duas é na verdade uma canção do trio Migo em que as duas são apenas featuring. Além disso, MotorSport ficou aquém do que poderia ter sido. 

Longe de ser uma canção ruim, o single não faz nada mais que apenas um redondinho rap/hip hop com influências de música eletrônica e trap. Comercial ao extremo, a canção erra principalmente devido a sua longa duração de um pouco mais de cinco minutos, principalmente para dar espaço para os três membros do Migos e as duas rappers. Outro problema é que Nicki e Cardi não "encontram" cada uma ficando cada uma com um versos bem separados. As duas estão ótimas em seus momentos, mas caso Cardi tivesse mais tempo iria roubar completamente a canção para si. Quem sabe com o bom desempenho da canção as duas não possam colaborar em uma canção feita apenas para as duas? Aguardemos.
nota: 6

12 de novembro de 2017

Titãs Humanos

Walk On Water (feat. Beyoncé)
Eminem

Ao lançar o primeiro single do seu próximo álbum aos 45 do segundo tempo de 2017, Eminem parece que não está querendo exatamente mudar a cara do cenário musical do ano. O que o rapper quer, na verdade, é mostrar para o público que não importa quem esteja lá em cima sempre haverá o seu espaço garantido acima de todos. Mesmo que para isso seja necessário o rapper se abrir como poucos têm a coragem de fazer.

Walk On Water é uma profunda, sincera e até incomoda reflexão sobre a carreira de Eminem. Na verdade, a composição é sobre as inseguranças e medos que o rapper possui ao fazer a sua música quando existe atualmente toda uma atmosfera em volta do seu nome que o coloca como um dos titãs da música. Um artista genial. Um artista perfeito. Um artista a frente do seu tempo. Um artista incomparável. Um verdadeiro deus. Todavia, Eminem nos faz lembrar em Walk On Water que no final das contas ele é apenas um homem perecível de erros, falhas, medos e, principalmente, inseguranças sobre si mesmo. É nesse sentido que a canção constrói a sua ótima composição com Eminem questionando o seu lugar na música, mostrando toda a sua vulnerabilidade e humanidade. Poucos rappers são capazes de algo assim, ainda mais um rapper de tanto prestigio e fama. Abrir-se dessa forma, porém, não é novidade para Eminem, pois o mesmo já fez parecido em canções como Cleanin' Out My Closet, StanLove the Way You Lie. Só que esse nível tão reflexivo é algo inédito. E Walk On Water aumenta essa sensação de despimento com a presença da Beyoncé cantando de forma contida o refrão. Apesar da cantora já ter se mostrando vulnerável nos seus trabalhos, a sua presença na canção apenas ajuda a garantir a atmosfera de titãs humanos que a canção quer passar. 

Sonoramente, Walk On Water é um bom trabalho, mas nada exatamente sensacional. Ouvir Eminem completamente despido em todos os sentidos é interessante, pois a canção é uma balada hip hop soul com base de piano que segue um esquema parecido com Love the Way You Lie. Entretanto, a canção não acrescenta em nada na discografia do rapper nesse quesito. Apesar do seu potencial radiofônico, Walk On Water não necessariamente apelo tão forte comercial de um grande hit. Não se engane, porém, a força do Eminem ainda é imensa. Mais ainda quando o mesmo está fazendo algo que apenas uma pessoa conseguiu fazer: ser o Eminem.
nota: 8

10 de novembro de 2017

O Povo do Amanhã

Homemade Dynamite (Remix) [feat. Khalid, Post Malone & SZA]
Lorde

Lançada como terceiro single de Melodrama, Homemade Dynamite é uma das canções esteticamente mais comerciais do segundo álbum da Lorde. Entretanto, a cantora resolveu incrementar a canção ao lançar um remix que juntou basicamente todos os principais nomes do futuro da atual música: os cantores Khalid e SZA e o rapper Post Malone. O resultado final não foi alterado exatamente, mas a união desses nomes é algo que vale a pena ouvir.

Basicamente, a instrumentalização de Homemade Dynamite não foi alterada profundamente, pois continua a canção continua sendo uma boa e cativante indie pop/eletropop com a personalidade distinta da Lorde. O que foi alterado foi a composição, agregando novos versos que, possivelmente, foram escritos pelos convidados. O trabalho geral é bom, mas os novos versos poderia conter mais personalidades dos envolvidos o que ajudaria a dar uma cara diferente para o remix. Felizmente, a canção já é boa por si só e a presença vocal de cada um dá uma envernizada interessante para Homemade Dynamite, mesmo que Lorde continue ser a dominante da canção. A versão de remix de Homemade Dynamite não é uma We Are the World moderna, mas dá uma pequena amostra de um não distante futuro.
nota: 7,5

9 de novembro de 2017

Os Melhores de 2017 - Single Do Ano

É chegada aquela época do ano que começamos a olhar para tudo o que passou durante os últimos messes para fazer um balanço dos altos e baixos. E como tradição aqui no blog é chegada a hora de escolhermos os Melhores do Ano. A primeira parte será dedicada as votações para a escolha de qual foi o maior Single do Ano, isto é, a canção que alcançou tanto sucesso que pode ser considerada como a cara de 2017. A primeira disputa será entre a batida viciante Shape of You do Ed Sheeran contra a contagiante That’s What I Like do Bruno Mars! Votem!


Jessies

Not My Ex
Jessie J

Alone
Jessie Ware

Ambas são britânicas. Ambas se chamam de verdade Jessica. Ambas decidiram usar o apelido de Jessie como nome artístico. Ambas estão entrando em um novo clico de suas carreiras. E, apesar de resultados um pouco diferentes e sonoridades distintas, ambas lançaram novos singles recentemente. Hoje irei analisar as novas canções da Jessie Ware e Jessie J. Começo pela segunda.

Preparando o lançamento do quarto álbum (R.O.S.E), Jessie J demonstra novamente que irá apostar em uma sonoridade bem diferente daquela que ela tinha mostrado até o momento. Depois da interessante Think About That, a cantora dá um passo a frente com a boa Not My Ex.

Jessie continua a mostrar que o novo trabalho será o seu mais intimo e pessoa até o momento, pois Not My Ex é quase uma página arrancada de um diário ao ser uma sincera composição sobre Jessie abrir o seu coração para um novo amor, mostrando todas as feridas deixadas por um ex bem dispensável. Bem construída e com um apelo pop delicioso, Not My Ex acerta no que a canção anterior errou na sua sonoridade ao dar mais substância instrumental para esse pop mais minimalista, ajudando a criar um clímax melhor elaborado. Não é exatamente perfeito, mas é de longe uma mudança estimulante e que pode ajudar a cantora entregar um grande álbum se seguir o caminho correto. Além disso, Jessie domina a canção ao usar na medida certa todos os seus maneirismos vocais, mesmo que a canção ainda falte algum tempero especial. Algo que não falta para Jessie Ware e a ótima Alone. 

Lançada como terceiro single do recém lançado GlasshouseAlone é um dos melhores momentos do álbum e é fácil saber o motivo. Uma balada pop/pop soul sobre não deixar a pessoa amada se afastar com uma performance vocal sensacional de Jessie. Talvez esse seja o principal motivo da canção ser tão boa: assim como a textura e o cheiro envolvente de manteiga derretida, Jessie emana uma sensação de envoltura com a sua voz e aqui a sensação encontra o perfeito veículo. Uma das canções mais comerciais do álbum com a sua batida, Alone tem uma composição carismática, bem escrita e de uma veracidade que qualquer um pode identificar com a sua mensagem. Poucas canções em 2017 tiveram essa capacidade de criar uma atmosfera tão envolvente. Na verdade, quase nenhuma canção de artistas já consolidados tiveram a mesma sinceridade que as duas Jessies tiveram e, infelizmente, não estão tendo o mesmo desempenho comercial.

nota
Not My Ex: 7,5
Alone: 8,5

8 de novembro de 2017

Os Sumidos (Ou Quase Isso)

Lemon 
N.E.R.D & Rihanna

Faz alguns anos que o N.E.R.D deu as caras pela última vez, mais exatamente o ano de 2010. Para quem não sabe quem é o N.E.R.D é simplesmente o trio formado pelo mega produtor Pharrell Williams, Chad Hugo e Shay Haley que, na verdade, é a base para o grupo de produção The Neptunes. E, na verdade verdadeira, foi um dos principais trampolins para o sucesso do Pharrell, tanto como performer quanto produtor. Resumidamente: o N.E.R.D nunca esteve sumido, mas apenas "disfarçado".  De qualquer forma, o N.E.R.D resolveu fazer o seu retorno ao lançar a divertida Lemon ao lado da Rihanna.

Assim como boa parte da sonoridade de todos envolvidos, Lemon está bem longe de soar como qualquer canção no topo de qualquer parada. Misturando hip hop, funk e rap, o trio é capaz de entregar uma batida animadíssima, divertida e original sem nunca chegar ao genial, mas sabendo bem qual é o público que irá curtir de verdade Lemon e, principalmente, sabendo exatamente como colocar a medida certa de verniz comercial para atrair um público mais abrangente. Com um Pharrell entregando uma performance certeira, mas é a RiRi que rouba a cena ao mostrar o seu lado rapper. Com uma canção com tanto potencial não seria difícil o N.E.R.D ter em mãos o último grande sucesso do ano.
nota: 7

6 de novembro de 2017

É O Que Se Tem Para Hoje

Rockstar (feat. 21 Savage)
Post Malone

Ao que parece devido a indícios surgidos nos últimos tempos Eminem irá lançar o seu próximo álbum nos próximos messes. Enquanto isso não acontece temos que contentar com o atual número um da Billboard Post Malone e a canção Rockstar.

Assim como o visual de Post (deem um "google" nele, caso não conheçam) Rockstar é uma canção estranha, mas tem as suas qualidades. Primeiro, a batida sombria e mais elaborada desse hip hop/trap dá personalidade para a canção, além do fato da canção parece ter mais que três instrumentos na sua construção. Em segundo, Rockstar tem uma inteligente construção lirica com boas ideias e rimas "espertas". Entretanto, o tema de a "difícil" vida de uma estrela da música é batido e bem irritante. Além disso, a persona descolado e com timbre arrastado que Post assume pode até combinar com a canção, mas não mostra que pode ser um empecilho para a sua evolução como rapper já que todas as suas canções parecem uma grande continuação uma das outras. Não é uma grande canção, mas, sabe como é, é o que se tem para hoje.
nota: 6,5