28 de março de 2017

2 Por 1 - Clean Bandit

Rockabye (feat. Sean Paul & Anne-Marie)
Symphony (feat. Zara Larsson)
Clean Bandit

Quem poderia imaginar que aquela banda Clean Bandit que entregou a insonsa Rather Be poderia entrar em uma fase tão boa como a que eles estão passando. Depois da ótima Tears, o grupo que mistura música clássica com a eletrônica lançou dois ótimos singles: Rockabye e Symphony.

Lançada no final do ano passado, Rockabye conseguiu ficar no primeiro lugar da parada britânica durante nove semanas, chegando, também, a 9° posição na Billboard e vários primeiros lugares ao redor do mundo. Quando ouvi falar da canção não achei que a mesma seria algo que valesse uma nota alta ou coisa parecida, ainda mais com a presença do Sean Paul e a influência do dancehall. Ledo engano meu, pois Rockabye é uma canção surpreendentemente ótima. 

Primeiro, o single tem uma composição completamente fora dos parâmetros do atual cenário pop: Rockabye fala sobre as dificuldades sobre ser uma mãe solteira. Com uma construção sensível e, ao mesmo tempo, comercial em um refrão viciante, Rockabye ajuda a mostrar que existe espaço para sentimentos reais e tocantes nas paradas de sucesso. Quase uma herdeira de She Works Hard for the Money da Donna Summer, o single também tem uma produção exemplar e, até certo ponto, inspirada ao criar uma batida que misture o estilo do grupo com a influência da música tropical sem perder sua personalidade com um arranjo forte e uma melodia leve e dançante. E, a maior, surpresa de todas é que Sean Paul não apenas funciona perfeitamente, mas, também, tem uma química boa com a novata Anne-Marie que rouba a canção. Um pouco inferior, mas ainda mantendo a boa fase está a fofa Symphony.

A parceria com a queridinha do momento Zara Larsson é como fosse uma Rather Be evoluída. A canção tem como principal diferencial em relação a canção que levou o Clean Bandit é o fato da sua instrumentalização soar muito mais encorpada com um trabalho da produção centrado e redondinho.  Enquanto Zara segura bem a canção,  Symphony ainda possui alguns clichês do gênero como, por exemplo, a composição fofa/contemplativa/romântica/auto ajuda, mas, felizmente, mostra que o grupo está evoluindo sonoramente e a largos passos. Agora é torcer para que a boa fase continue por muito tempo para o Clean Bandit.
nota
Rockabye: 8
Symphony: 7

26 de março de 2017

Tarde Demais?

Mo Bounce
Iggy Azalea

Uma pergunta que ainda não foi respondida no mundo pop é se a Iggy Azalea ainda tem chances de continuar nos topos das paradas depois do seu sucesso inicial? Claro, a rapper precisou se recuperar pessoalmente de centenas de duras criticas e ataques pessoais sofridos nos últimos tempos e problemas com a carreira em si como a pouca vendagem do álbum The New Classic e uma turnê cancelada. Isso não é fácil para uma artista ainda mais uma em começo de carreira em um campo tão machista como o rap. Como sempre digo talento sempre consegue vencer no final das contas e está na hora dela mostrar para o que veio. Ou não. Seu novo single não é exatamente um ajuda para fazer a carreira de Iggy voltar aos trilhos.

Mo Bounce, segundo single do álbum Digital Distortion, é uma música atrasada. Produzida pelos grupos Far East Movement e The Stereotypes seria um grande sucesso se tivesse sido lançada uns cinco ou seis anos atrás, quando esse tipo de canção estava em alta. O single é uma fusão de EDM com eletrônico e, claro, rap envolvidos em uma batida histérica e uma cadencia frenética. Não é a pior coisa do mundo, mas, nesse momento, além de soar data, a produção erra em Mo Bounce ao fazer da canção maior do que ela deveria ser, ainda mais com um refrão que chega a ser irritante e pouco eficiente. Até que a canção é compensada pela composição na média e a boa performance de Iggy que deveria ter mãos uma canção bem melhor que essa. E a pergunta que fica: será tarde demais?
nota: 5,5

16 de março de 2017

Faixa Por Faixa - Votação

Depois de algum tempo sem aparecer essa coluna no blog, o Faixa Por Faixa está de volta e vocês iram escolher qual será o álbum escolhido. A escolha será entre os dois primeiros álbuns dos dois principais cantores pop da atualidade: Doo-Wops & Hooligans do Bruno Mars contra o + do Ed Sheeran. Votem!

15 de março de 2017

3 X Nicki

Regret In Your Tears
Changed It (feat. Lil Wayne)
No Frauds (feat. Lil Wayne & Drake)

Em um ano que parece que será extremamente difícil escolhe quem vai ser o grande nome do ano, outra fortíssima candidata acaba de entrar na briga: Nicki Minaj. E se para entrar com o pé na porta, a rapper fez isso ao lançar três simples ao mesmo tempo. O primeiro analisado é o melhor deles: Changed It

A canção não é o suprassumo do rap/hip hop, mas tem uma produção tão sincera e direta que consegue sair do lugar comum com uma batida low-profile e uma cadência até gostosa de ouvir. O melhor, porém, é o fato que Changed It é a melhor parceria da Nicki com o seu padrinho lil Wayne em muitos anos. Além disso, a volta da rapper as suas raízes é interessante, podendo apontar um caminho para algum próximo trabalho. Com a mesma vibe, mas um pouco inferior está o single No Frauds.

Também contando com a participação do Lil Wayne junto com o Drake, No Frauds é parte da briga da Niki Minaj com a também rapper Remy Ma sobre algum problema que, sinceramente, não tenho a menor ideia. O que sei é que rendeu um ótimo verso para a Nicki, cheio de indiretas deliciosas e referências pop. Dito isso, No Frauds é uma produção mediana sendo dona de uma batida legalzinha, mas sem força para ser considerada uma música sensacional. Os dois rappers convidados fazem o seu trabalho de serem coadjuvantes sem maiores problemas. O grande problema, porém, desse lançamento triplo é aquela que deveria ser a melhor canção do trio: Regret In Your Tears.

Regret In Your Tears é uma mistura de rap com dancehaal, conduzido de maneira que termina como quase uma balada mid-tempo. Aquela que deveria ser uma canção que estaria no mesmo nível de momentos "românticos" da Nicki como Right Thru Me ou The Crying Game acaba como uma sonolenta e nada memorável canção sobre o fim do namoro de Nicki com o Meek Mill. Chata do começo ao seu fim, Nicki parece que gravou a canção tarde da noite e com muito sono. Nada aqui parece realmente feito para serem sucesso, mas pelo menos as outras canções não soam tão descartáveis como Regret In Your Tear. Apesar disso, não contem como a Nicki fora do corrida, pois a rapper é uma caixinha de surpresas.

nota
Regret In Your Tears: 4,5
Changed It: 6
No Frauds : 7

14 de março de 2017

A União Que Deveria Ser Perfeita

Waterfall (feat. P!nk & Sia)
Stargate

Na teoria a ideia é genial: unir duas das melhores cantoras contemporâneas de pop em uma música do duo de produtores donos dos maiores sucessos pop dos últimos anos. Na teoria, na verdade, pois o primeiro single da dupla de produtores Stargate com a participação da P!nk e da Sia é uma imensa decepção.

Waterfall é um pop/eletropop com toques de indie pop rock que tem tudo haver com o duo e, claro, com as duas cantoras participantes. Todavia, como de boas ideias o mundo não se alimenta, o resultado do single é o mais mediano e esquecível possível. O grande problema é o ponto que deveria ser o principal: a sua produção. O duo entrega uma batida pobre e sem nenhuma personalidade definida que, na verdade, soa como se fosse uma demo vazada e, não, uma música pronta e finalizada. Para piorar a situação, a composição é apenas ok, mesmo tendo a autoria da Sia e, também, do Diplo. O que dá uma ajudinha são as presenças da P!nk e da Sia em boas performances, mas que não encontra um lugar na canção para realmente brilharem.  Waterfall tem um encontro que poderia ser muito, mais muito, mais muito, mais muito melhor mesmo, mas que acaba como uma das canções mais "nhé" dos últimos tempos.
nota: 5,5

12 de março de 2017

Uma União Perfeita

Something Just Like This
The Chainsmokers & Coldplay

Apesar de não parecer ideal na teoria, a parceria entre o Coldplay e duo The Chainsmokers é perfeita, pois une uma banda mediana, que já foi ótima, com o artista de mediano de maior sucesso surgido nos últimos anos. O resultado é a mediana Something Just Like This.

A canção é basicamente do indie rock/pop meia boca que o Coldplay tem feito nos últimos anos com o verniz estético eletropop comercial do The Chainsmokers. De alguma forma, a base feita para a canção consegue resultar em alguns pequenos momentos de qualidade genuína ao dar para Something Just Like This algumas nuances bem vindas. Todavia, quando o refrão chega e surge a mesma batida de sucessos recentes do duo tudo é meio que perdido. Além disso, a composição clichê/fofa não ajuda muito, pois soa com o Coldplay tentando ser aberto para um público maior que o deles e, infelizmente, não encontrando o toque poético que a banda perdeu já tem tempo. Ao menos, Something Just Like This pode contar com os bons vocais de Chris Martin, mas que também não tira a canção de ser o que nasceu para ser: mediana.
nota: 6

7 de março de 2017

O Primeiro Prazer Culposo de 2017

Swalla (feat. Nicki Minaj & Ty Dolla $ign)
Jason Derulo

Sabe aquela música que você tem certeza que não deveria gostar, mas, por algum motivo que vai além da sua compreensão, você acaba gostando? Então, essa é a sensacional de ouvir o novo single do Jason Derulo, a deliciosamente culposa Swalla.

Uma mistura mais batida de eletropop com hip hop que já resultou em canções como WiggleTalk Dirty, Swalla funciona melhor devido a adição de nuances ao arranjo/batida e a presença de Nicki Minaj e Ty Dolla $ign. Com influências de batidas de reggaeton, a produção resulta em uma canção comercial na medida certa para ser o sucesso chiclete do começo do ano com uma batida tão despudoradamente despretensiosa de qualquer intenção artística que fica bem difícil não se deixar levar pela canção. Ainda mais que o a batida no refrão soa como uma canção de eletrobrega lá do norte do Brasil. Se Jason Derulo não é exatamente uma unanimidade, apesar de segura bem a canção, a presença de Ty Dolla $ign e, especialmente, a de Nicki Minaj é que colocam a cereja em cima do bolo desse imenso prazer culposo que é Swalla.
nota: 7

6 de março de 2017

Lorde Del Rey + The Machine

Green Light
Lorde

O retorno tão aguardado da cantora neozelandesa Lorde é ao mesmo tempo surpreendente bom e decepcionante, dependendo do ponto de vista. 

Green Light, primeiro single do segundo álbum dela intitulado Melodrama, ajuda a mostra claramente que a jovem de apenas vinte anos está agressivamente a procura da sua evolução artística ao arriscar em uma sonoridade bem diferente daquela ouvida em Royals ou Team, mas que ainda precisa encontrar desesperadamente uma personalidade realmente própria. Produzida por ela mesma ao lado de Jack Antonoff (responsável pelo sucesso de We Are Young do fun.) e Frank Dukes, Green Light é uma mistura de dance pop com indie/arte pop que começa empolgante, mas que, infelizmente, tem sua metade final uma atmosfera anticlímax e repetitiva, mesmo sendo muito bem instrumentalizada e sem soar como uma canção pop comercial da atualidade. 

O grande problema, porém, é que a canção parece uma colcha de retalhos de personalidade ao parecer agrupar a melancolia depressiva da Lana Del Rey e a estética épica do Florence + The Machine. Acontece que em nenhum momento a produção parece saber elevar essa mistura para criar a sonoridade que a cantora precisaria para conseguir se estabelecer como uma artista completa. Claro, há tempo e uma grande chance para isso acontecer já que é fácil perceber o quanto única é a sua voz e sua marcante interpretação. Entretanto, é necessário ligar o sinal amarelo, mesmo que a canção seja um sucesso, pois o grande público pode perceber que Lorde pode ser um engodo dos grandes.
nota: 7  

4 de março de 2017

Em Um Passado Não Muito Distante

Shining (feat. Beyoncé & JAY Z)
DJ Khaled

Em um passado não muito distante, Jay Z não era "apenas" o marido da Beyoncé, mas um dos melhores e mais famosos rappers do mundo. Brincadeiras à parte, o rapper está algum tempo sem lançar algo, apenas cuidando da família e dos negócios. Talvez o lançamento de Shining do DJ Khaled com a sua participação ao lado de sua esposa ajude a tirar ele desse hiato, pois a canção é uma deliciosa volta as origens dele.

A canção não é um trabalho genial, mas tem uma vibe de nostalgia tão gostosa que fica difícil não se divertir com a mesma. Lembrando as canção hip hop dançante de Jay Z como, por exemplo, Izzo (H.O.V.A)'03 Bonnie & Clyde, Shining é dono de uma batida contagiante e tão bem feitinha que ajuda a criar a perfeita volta ao passado e ainda ter uma atmosfera comercial. A presença de dois pesos pesados como Beyoncé e Jay Z ajuda a canção em ótimas performances, mas que não teria a mesma qualidade sem a química dos dois que é uma das melhores do cenário pop. Shining é uma canção que não precisa ser um sucesso para ajudar a relembrar que certas coisas não deveriam ficar apenas no passado.
nota: 7,5

1 de março de 2017

Simplesmente Lenda

Fun
Blondie

Apesar de muitos considerarem vários artistas como verdadeiras lendas, a verdade é que são poucos os nomes que podem ter essa alcunha. Um deles é a banda de rock Blondie. 

Com mais de quarenta anos de existência, a banda tem um currículos mais impressionantes de uma banda americana, principalmente entre aquelas que ainda estão na ativa. Liderados pela deusa Debbie Harry, um marco ao ser um das primeiras mulheres a liderar uma banda de rock de sucesso, o Blondie tem como a sua obra definitiva o genial Parallel Lines de 1978 que tem como single a inesquecível Heart of Glass. Além disso, a banda tem outros sucessos como Call Me e Rapture, essa segunda considerada a primeira canção de rap que alcançou o primeiro lugar da Billboard. Depois de um hiatos de três anos, a banda está pronta para lançar o seu sétimo álbum da carreira intitulado Pollinator. E como primeiro single foi lançado a ótima Fun.

A canção segue sonoridade que fez o grupo um sucesso ao misturar new wave com pop rock em uma batida deliciosamente dançante, envolvente e com um gostinho de quero mais delicioso. Em um cenário musical em que canção dançante é sinônimo de batidas eletrônicas vazias e ordinárias, Fun é um bálsamo para os ouvidos e para aqueles saudosos de uma vibe como a que da banda exala. Aos 71 anos de idade, Debbie continua a dona da situação em um performance marcante como uma verdadeira deusa da música poderia entregar. Com uma letra simples e direita, o Blondie entrega uma das melhores canções de 2017 sem precisar fazer outra coisa a não ser a lenda que são de verdade.
nota: 8