12 de fevereiro de 2015

Primeira Impressão

Rebel Heart
Madonna




O que falar da Madonna que não já tenha sido falado antes? A Rainha do Pop é bem mais que apenas uma artista consagrada, ela é uma instituição que está bem acima dos restos dos mortais. Nesse lugar, toca uma batida que apenas Madonna segue e o resto do mundo que a siga para não ficar para trás. Hoje em dia, pode até ser que o nível de alcance dessa batida seja menor do que alguns anos atrás, mas, meus caros leitores, nunca duvidem do poder da Madonna.

Depois de ver suas novas faixas do seu próximo álbum serem vazadas muito antes do previsto e sem que estivessem finalizadas, Madonna teve que replanejar toda a sua estratégia de lançamento do seu décimo terceiro álbum, Rebel Heart. Porém, como vocês sabem, Madonna reverteu a situação lançou uma espécie de EP/prévia contendo seis músicas no final do ano passado e, com certeza, está usando todo o barulho a seu favor como veiculo de divulgação para o álbum. Só que esse trabalho de promoção começou muito antes, quando surgiram noticias sobre com quem Madonna estava trabalhando: os nomes mais "quentes" do pop atualmente.

Rebel Heart é, para a minha total surpresa, bem melhor que imaginei que seria por aquele previa lançada no final do ano passado e pelas demos vazadas. Ao trabalhar com os principais nomes do cenário mainstream do eletrônico/pop como Aviici, Diplo e Billboard, Madonna passou a ideia que o álbum seria um "batidão da Rainha Louca" emoldurando o atual cenário do pop. Ledo engano, pois Rebel Heart é um sóbrio pop mid-tempo que lembra o trabalho da cantora nos álbuns Music, Bedtime Stories e, em menor escala, Ray of Light. Já li comentários de fãs afirmando que não gostaram do resultado final devido a produção ter "diminuído" a cadência das músicas. Quem acha isso, com certeza, não conhece de verdade o trabalho da Madonna e acredita que o pop é apenas a farofa atual. Claro, quem pensa assim realmente não vai gostar de Rebel Heart.

Madonna entrega no novo álbum uma sonoridade pop contemporâneo mid-tempo usando instrumentos como violão e piano de base para os arranjos com influência secundária de EDM, house e eletrônico. Com toda a experiência da cantora e a união dos talentos dos produtores escolhidos, Rebel Heart resulta em uma experiência agradável, divertida e, assim como um soverte no verão, refrescante, mas uma sensação passageira. Mesmo com todo o ótimo trabalho feito, Rebel Heart fica no "limite da glória": não é ruim, na verdade passa longe disso, mas também não chega ao patamar que Madonna já fez como, nos já citados, Music e Ray of Light. Faltou mais ousadia aqui ou um produto com um acabamento mais do que perfeito, ou seja, genial do começo ao fim. Um ótimo exemplo disso vem da faixa Holy Water: uma boa faixa que usa de metáforas com religião para falar sobre sexo, mas que tem a surpresa de usar Vogue como sample. Esse toque de mestre dá um gostinho de que a canção poderia ser bem mais do que é. Além disso, outro grande problema é a quantidade de canções que o álbum possui: 24, somando todas as versões. Não há coesão e paciência que aguente essa "avalanche" de canções deixando o álbum um pouco mais pobre.

Transitando entre os velhos assuntos (sexo, religião, descoberta de si próprio ou tudo ao mesmo tempo), Madonna ganha pontos ao parecer que se preocupou mais com o conteúdo do que o forma sem perder a sua essência de vontade de polemizar. Rebel Heart encontra um bom equilíbrio entre as composições com teor mais pop e "bafônico" com o teor mais intimo e confessional, mas sem nunca encontrar o brilhantismo de outrora. Madonna continua a dominar canções agitadas com eficiência, porém, como eu já disse algumas vezes, Madonna nunca foi dona de uma voz potente ou com muitos recursos como as suas contemporâneas Whitney Houston e Cyndi Lauper e mesmo assim ela sempre soube carregar canções bem maiores que a voz dela com excepcionalmente como é o caso das ótimas Devil Pray, HeartBreakCity Ghosttown. Outros bons momentos é o single Living For Love, a deliciosamente desnecessária Illuminati, a inusitada Body Shop e a sensacional Veni Vidi Vici com rapper Nas em que a cantora revisita o seu passado. Rebel Heart não é o melhor álbum da Rainha do Pop, nem o pior ou muito menos o mais inesquecível. Só o tempo dirá como o trabalho será lembrado envelhecendo bem ou não, mas por enquanto ele serve para Madonna mostrar que ainda é relevante e necessária.

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