5 de maio de 2024

Um Conto de Duas Canções

Karma's A Bitch
Brit Smith

Karma
JoJo Siwa

Hoje irei contar um breve conto sobre como não começar a carreira na música, sobre uma música pop que mostra que é preciso talento para ser uma estrela pop e sobre o poder de uma boa produção. Esse é o caso de Karma da JoJo Siwa que é na verdade Karma's A Bitch da Brit Smith.

Quem é JoJo Siwa? Fazendo um rápido resumo. A jovem ficou famosa ao ser parte do reality show Dance Mons que mostrava a vida de mães e suas filhas que buscavam uma carreira na dança e no entretenimento. Devido ao sucesso, JoJo assinou um contrato Nickelodeon para estrelar filmes e series no canal infanto-juvenil. Conhecida pela sua persona exagerada que sempre vestiu roupas extremamente coloridas e chamativas, mas ainda bastante family friendly, a cantora/atriz/dançarina revelou em 2021 que era parte da comunidade LGBTQ+. Com o fim do seu contrato com o canal, JoJo começou a sua nova era: a bad girl. E para celebrar essa nova fase lançou a canção Karma.

Parte desse rebranding, a canção começou já mal devido a recepção péssima depois do lançamento. E não é difícil de ver o motivo. Karma é uma electropop/dance-pop que parece ter por baixo uma canção boa, mas é envernizado pelo o que há de ultrapassado no mundo pop. Acredito que lançada há uns dez/quinze anos a canção poderia facilmente combinar com o contexto do pop na época. Lançada agora, a cantora é completamente datada e usa ao máximo clichês do gênero. E o maior deles é o uso dos auto-tune para arrumar a voz da JoJo. Acho que ela até pode ser talentosa, mas aqui sua performance não consegue carregar a canção de maneira satisfatória já que a mesma não tem um toque de refinamento ou nuances que fosse criado por auto-tune. E o pior: tudo soa forçado. Karma, porém, tem uma boa letra que nas mãos certas poderia render uma boa música. Só que isso não é apenas um pensamento positivo e, sim, uma realidade.

Durante a divulgação da canção veio a tona uma versão da canção gravada pela desconhecida Brit Smith, levando a acusações que a JoJo tinha roubado a canção. Não foi o caso, pois a canção tem os mesmos produtores, o duo Rock Mafia, sendo oferecida inicialmente para Miley Cyrus que teve que recusar devido ao seu contrato na época com a Disney. Brit Smith, porém, gravou a canção, mas foi orientada a lançar outro single para lançar a sua carreira. Sem sucesso, a mesma deixa a indústria fonográfica logo em seguida. Com esse momento viral, a artista resolveu lançar oficialmente a sua versão Karma's A Bitch. E como disse, existe uma versão boa nessa divertida electropop com toques de R&B que tem uma marca clara do seu co-produtor Timbaland no auge criativo. Não estamos diante de algo genial, mas essa versão é bem mais fluida que a da JoJo. Carismática e sabendo bem como carregar as nuances da canção, Brit Smith entrega uma performance que realmente dá vida a composição sobre se arrepender de ter sido infiel. E o uso de efeitos vocais aqui é feito para ser um complemento e, não, a parte principal da canção. E nesse conto de duas canções o final feliz é para quem nem tinha carreira mais e não para a aquela que queria se reinventar.
notas
Karma's A Bitch: 7,5
Karma: 4,5



Quebra Tudo

Baddy On The Floor (Feat. Honey Dijon)
Jamie xx

Depois de dois pequenos tropeços, o produtor Jamie xx volta completamente aos trilhos com o lançamento da excitante Baddy On The Floor em parceria com a também produtora Honey Dijon.

A canção é uma elétrica, efusiva e deliciosa mistura de funky house com garage house que acerta do começo ao fim. Não há nenhuma queda na energia inspirada da canção ou qualquer caminho equivocado que a produção toma para diminuir sua batida energética. Os toques de Ballroom ajudam e muito Baddy On The Floor a ganhar sua personalidade de maneira tão distinta, vindo da presença da Honey Dijon. Acredito que a canção termine um pouco abruptamente, mas isso não atrapalhe o fato do Jamie xx estar de novo nos trilhos exatos.
nota: 8



Um Remix de Respeito

Escapism. (4am Remix)
RAYE


Venho falando sobre essa nova tendência sobre remixes que vem crescendo nos últimos tempos. Normalmente, o remix lançado nem pode ser chamado como tal e sempre são uma queda de qualidade em relação a canção original. Hoje, porém, irei falar sobre um remix que dá certo: Escapism. (4am Remix) da RAYE.

Na verdade, essa versão é quase uma nova canção baseada na canção original, pois a reconstrói totalmente. E a primeira grande qualidade é a essa quebra de expectativa ao encontramos uma reimaginação total de Escapism. que vai de uma hip hop/R&B com toques de eletrônico, blues e soul para uma power balada R&B/soul com toques de electro. A dramaticidade explosiva é trocada por uma instrumental sóbrio, cadenciado e com melancolia aumenta a um novo nível. Claro, o perda do impacto original da canção faz essa versão não tem tão potente, mas a maneira divina que a Raye carrega a canção adiciona doses cavalares de força. Na verdade, Escapism. (4am Remix) é a perfeita gravação para mostrar a capacidade que a cantora possui em todas as suas apresentações ao vivo. E isso é algo quase tão difícil como fazer um remix que realmente seja relevante como é o caso de Escapism. (4am Remix).
nota: 8

De Olho

Kissing in the Cold
Florrie


Até o momento só tinha feito uma resenha da cantora britânica Florrie em 2015 da canção Too Young to Remember. Recentemente, foi indicado pelo Spotify a sua nova canção e resolvi dar uma chance. E fico feliz em redescobrir a cantora devido a qualidade de Kissing in the Cold.

Nada revolucionário, a canção é uma bonita, tocante e dançante synth-pop com pinceladas de EDM e eletropop que fica bem na definição de “dançar e chorar”. Elegante e que vai ganhando ainda mais força na sua parte final, Kissing in the Cold tem uma interpretação segura e delicada da cantora que carrega a canção com uma graça elegante. Com o lançamento do seu primeiro álbum (The Lost Ones) ainda para esse ano irei ficar de olho no que a Florrie pode entregar.
nota: 7,5

Algo Que Falta

Talk To Me
Two Shell & FKA twigs


A FKA twigs é uma artista tão espetacular e única que até mesmo quando uma canção não está a sua altura existe salvação apenas pela sua presença. Esse é o caso da canção Talk To Me.

Em parceria com o duo de produtores Two Shell, a canção é eficiente e sólida UK Bass com EDM e glitch pop. Nada memorável, mas também não faz feio devido a sua a maneira como é construída a canção que parece ser quase um remix de uma canção da FKA twigs. O problema é que a canção não parece entender o talento e a capacidade da cantora ao não ir além do basicão. A verdade é que a presença da cantora é dá o toque especial para Talk To Me, pois a mesma aciona personalidade ao resultado final com a sua persona tão distinta. Espero que seja apenas um desvio na trajetória da FKA twigs e não o que a mesma está preparando para seus lançamentos futuros. 
nota: 7

Melhor, Mas Na Mesma

Boy Bye
Chlöe


Chlöe continua a desperdiçar seu talento com o lançamento de mais uma canção apenas mediana. E olha que Boy Bye é até interessante até certo ponto.

Uma mudança da sonoridade que a mesma vem apresentando, a canção é uma mid-tempo dance-pop/R&B com toques de pop rock que tenta algo diferente que é até louvável. Todavia, a canção é tão esquecível depois de escutar que agente nem lembra da sua existência depois de um tempo. E apesar de ótima cantora, Chlöe parece perdida em Boy Bye entregando uma performance sem força e que parece não encaixar com a proposta da canção. Acredito que está na hora de começar uma campanha chamada: “Salvem a Chlöe”.
nota: 6,5