25 de maio de 2025

Primeira Impressão

Glory
Perfume Genius



Uma Bela Dinâmica

No Front Teeth
Perfume Genius & Aldous Harding

Tenho um grande problema quando um artista chama outro para uma participação especial e acaba sendo uma frustação ao vermos que o contive resulta em um backvocal de luxo. E é por isso que valorizo canções como No Front Teeth.

Single do Perfume Genius do seu novo álbum (Glory), a canção conta com a participação da cantora Aldous Harding. As duas performances são inspiradíssimas, partindo de uma diferença notável entre timbres vocais que dão liga bem melhor que o esperado. E a grande razão para que os dois brilhem é a maneira que a presença da cantora complementa a canção ao ter uma divisão substancial dentro da canção sem, porém, roubar o holofote principal. No Front Teeth também tem como qualidade uma produção realmente impressionante ao ser uma classuda, densa e madura indie rock/folk que tem certa novidade para a sonoridade do Perfume Genius sem fazer o perder um pingo de personalidade. Assim como o single anterior, o problema na canção é a sua boa, mas distante composição, deixando certo link faltante emocional solto. De qualquer maneira, a canção é uma aula de como entregar um dueto que valha a pena ser chamado de tal.
nota: 8


Flop Glorioso

More to Lose
Miley Cyrus

Acho que já podemos afirmar que a nova era da Miley Cyrus será comercialmente um flop, mas artisticamente um triunfo. E isso fica ainda mais certo com o lançamento de More to Lose.

Single promocional de Something Beautiful, a canção é uma lindíssima, emocional e tocante balada indie pop/soft rock em que podemos ouvir com clareza o timbre da Miley quando a mesma encontra o veículo perfeito para refletir seu distinto timbre e todo o seu alcance vocal. A parte inicial da canção, quando a cantora entoa os primeiros versos, é algo realmente arrebatador, pois a maneira contida e melancólica que ela dá à sua performance é impressionante e marcante. Mesmo sem o mesmo impacto emocional, Miley carrega perfeitamente o clímax mais intenso da canção. Liricamente, More to Lose é uma madura crônica sobre o fim de um relacionamento, mas que ainda existem motivos para continuar, mesmo sabendo de todos os problemas. Não é uma letra que gruda na mente como, por exemplo, em Flowers, mas é um trabalho que mostra o quanto refinada se encontra a cantora. É um flop, sim, mas é um flop com pedigree.
nota: 8

A Evolução de Laufey

Tough Luck
Laufey


Ao lançar Tough Luck, a cantora Laufey deixa claro que está começando a adicionar novas camadas à sua sonoridade. E o resultado funciona muito bem.

Diferente do single anterior, a canção deixa de lado o jazz para mergulhar em uma cativante, sólida e criativa mistura de chamber pop e pop rock, que consegue dar uma nova cara à cantora sem que ela perca sua essência. Isso se deve, principalmente, à maneira como Laufey interpreta Tough Luck, equilibrando sua doce e melódica voz com uma abordagem mais pop e menos rebuscada. A composição, irônica e “bittersweet”, contribui para essa transição, trazendo à tona a história de alguém lidando com o pé na bunda de um "boy lixo". É uma evolução inspirada, que espero que a cantora consiga manter no mesmo nível em seu próximo álbum.
nota: 8

Kesha Segura

BOY CRAZY.
Kesha


Continuando a sua jornada montanha-russa para o lançamento do seu novo álbum (Period), Kesha volta a agradar a grande maioria do público com o lançamento de BOY CRAZY. Uma pena, porém, que a canção seja a mais “bege” até o momento.

Amando ou odiando os singles anteriores, é necessário apontar que as canções tinham personalidades tão explosivas que era difícil passar impune após ouvi-las. Em "BOY CRAZY", porém, a canção tem um verniz quase sanitário que a impede de explodir de fato, mas que, felizmente, apresenta uma boa e inteligente produção que entrega uma divertida e estilizada mistura de electropop/synthpop. Gosto da crescente que a canção apresenta e, especialmente, do contraste da batida entre o verso e o refrão. Uma coisa curiosa que percebi é que a melodia no refrão lembra a batida de "Boys Don't Cry" da Anitta. Enfim, a canção também é beneficiada por uma performance segura e muito bem construída de Kesha, que consegue mostrar maturidade misturada com a personalidade da velha Ke$ha. Uma canção que não marca, mas diverte de verdade enquanto a gente a escuta.
nota: 7,5

Sentimentos Sinceros

Old Phone
Ed Sheeran


Apesar de repetir velhas fórmulas, Ed Sheeran ainda consegue emocionar quando está em seu lado mais sincero, como é o caso de Old Phone.

Sonoramente, a canção é aquilo que o cantor costuma entregar de maneira segura, mas atualmente datada: uma balada pop/pop folk à base de violão, sem grandes riscos instrumentais. É repetitiva e não apresenta nada de novo, mas serve como a base ideal para apoiar a interpretação contida e sentimental de Ed, que transmite a tocante composição sobre as lembranças felizes e tristes que deixamos para trás para seguir em frente. Embora clichê, a composição de Old Phone carrega uma sinceridade emocional tão verdadeira que toca profundamente. Ao relatar suas emoções ao encontrar um antigo celular e revisitar o que estava guardado nele, Ed aborda algo com que qualquer um pode se relacionar de alguma forma. E é nesse ponto que ele demonstra todo o seu potencial.
nota: 7

18 de maio de 2025

Primeira Impressão

Luminescent Creatures
青葉市子 [Ichiko Aoba]


Concertos para a Juventude

I Like It I Like It
Moses Sumney & Hayley Williams


De tempos em tempos, o mundo da música presenteia o público com uma parceria tão inusitada que parece saída de um sonho febril. E quando esse encontro funciona, como é o caso da parceria entre Moses Sumney e Hayley Williams na excelente I Like It I Like It, o resultado é impressionante.

Ainda sem expectativa de ser single de um novo álbum do cantor, a canção é algo que só posso definir como triunfal em todos os sentidos. Possivelmente, o grande acerto da música é conseguir unir talentos tão diferentes em uma composição que tem a capacidade de fundir as personalidades de ambos de maneira espetacular, fluida e explosiva. Sonoramente, a canção é uma mistura de neo-soul com soul rock, R&B alternativo e psychedelic soul, construída de forma a soar aveludada, sexy, áspera, melódica, climática e deliciosamente suculenta.


A crescente rítmica, que vai sendo tecida do começo contido e suingado até terminar em um apoteótico e orgástico clímax final, é simplesmente genial. I Like It I Like It, como dito antes, tem essa qualidade de unir os dois cantores de maneira primorosa à estética sonora, mas o toque final é dado pelas performances impecáveis e inesquecíveis de Moses e Hayley. Ele parece emoldurar o espírito de Prince em sua extenuante sensualidade, com seu timbre excitante e quase orgástico, enquanto a presença dela é mais terrosa e orgânica, mas não menos envolvente, criando a contraposição perfeita. A união dos dois possui uma química palpável de tão sinuosa, honesta e elétrica.

I Like It I Like It surge meio que do nada, mas devemos agradecer aos deuses da música por fazerem com que esses dois artistas se encontrassem.
nota: 9

Concertos para a Juventude II

Hand That Feeds
Halsey & Amy Lee

De tempos em tempos, o mundo da música presenteia o público com uma parceria tão inusitada que parece saída de um sonho febril. Esse é o caso da interessante união entre Halsey e Amy Lee em Hand That Feeds.

Tema do filme Ballerina, a canção poderia ser melhor, pois a produção entrega uma sólida, mas segura demais, power balada alt pop/rock. Além disso, a música carece de um clímax mais poderoso e impactante para arrematar tudo de maneira a torná-la marcante de forma definitiva. Todavia, Hand That Feeds funciona melhor do que o esperado devido à boa presença de Halsey e, principalmente, ao impacto dos vocais de Amy Lee. A vocalista do Evanescence não apenas adiciona uma grande e marcante carga de personalidade, como também mostra que ainda possui a força dos áureos tempos da banda, transportando-nos para o passado de maneira sincera e nostálgica. Não é uma parceria para incendiar o mundo, mas é uma boa chama.
nota: 7,5

Concertos para a Juventude III

Young & Dumb
Avril Lavigne & Simple Plan

De tempos em tempos, o mundo da música presenteia o público com uma parceria tão inusitada que parece saída de um sonho febril. Às vezes, porém, a união faz sentido simplesmente pela pura e descarada nostalgia, como é o caso do encontro da Avril Lavigne com o Simple Plan em Young & Dumb.

Dois expoentes do mainstream teen lá no começo dos anos dois mil, os artistas se unem para uma canção que parece que parou exatamente nessa época, sem nem tirar nem por. É datada, sim, mas funciona bem melhor que o esperado, devido a essa dose de nostalgia funcionar perfeitamente bem em uma canção que também se ajuda a ter uma produção competente que entende bem as personalidades dos envolvidos ao entregar uma clara, direta e bem construída pop punk. Claro, Young & Dumb vale de verdade para aqueles que viveram essa época e sabem o quanto “icônico” é o encontro da Avril, que tem literalmente a mesma voz que antes, e o Simple Plan, que, sinceramente, nunca foram minha escolha pessoal, mas, ao ouvir o vocalista Pierre Bouvier, deu aquela sensação gostosa de voltar ao passado. E, às vezes, isso é o que basta.

Um Auge para o Maroon 5

Priceless
Maroon 5 & LISA


Vamos aos fatos: Priceless é a melhor música do Maroon 5 em muito tempo. Também é fato que, para isso, não é preciso muita coisa.

Despretensiosa e leve, a canção tem até uma batida gostosa, mas não consegue ultrapassar o teto sonoro que a banda impõe às suas músicas, sendo dispensável e previsível demais. É um pop rock com toques de dance-pop e nu-disco que precisaria de uma finalização completamente diferente para elevar o material a um patamar que superasse essa sensação de "ranço" que o Maroon 5 transmite atualmente. Acredito que chamar a Lisa para participar de Priceless poderia trazer esse frescor, mas, mesmo adicionando um toque de beleza à canção, a cantora não tem espaço suficiente para ser mais do que um “adereço” chique. O pior da canção, no entanto, é a produção metalizada da voz de Adam Levine, que o faz soar como um vocalista gerado por IA. É uma boa música, sim, dentro dos parâmetros do Maroon 5, mas ainda não é uma boa música de maneira geral.
nota: 5,5


11 de maio de 2025

Primeira Impressão

A Complicated Woman
Self Esteem


Primeira Impressão

Off With Her Head
BANKS


Segundo Acerto

Double Trio 2
By Storm


Depois de lançar “uma das canções que a gente tem certeza que deveria ser descoberta por maior parte do público”, o duo By Storm lança a menos espetacular, mas ainda ótima, Double Trio 2.

A grande diferença entre as duas canções é que o novo single é menos experimental na sua construção, indo para um caminho mais direto. Isso não quer dizer, porém, que a produção não mergulhe bem os pés ao criar uma potente, intricada e profunda em uma fusão de hip hop experimental, avant-hip hop e art jazz que é um trabalho impressionante em todas as vertentes. Tenho que admitir que o impacto final é menos sentido devido especialmente a composição não tento gacho emocional, mesmo sendo um trabalho muito bem escrito. Todavia, Double Trio 2 é uma canção que realmente demanda a nossa atenção, pois existe uma carga criativa imensa destinada para a sua criação. E isso continua a criar uma hype bem grande para os próximos lançamentos do By Storm.
nota: 8


Pela Segunda Vez

Superlover
Allison Russell & Annie Lennox


Em 2022, fui surpreendido ao descobrir a canção You're Not Alone, de Allison Russell, como uma das mais emocionantes daquele ano. Em 2025, a cantora novamente clama por esse título com a linda Superlover, que conta com a participação da lenda Annie Lennox.

Uma canção protesto em que as cantoras clamam que o que o mundo precisa é de união e amor, especialmente diante dos tempos sombrios em que vivemos. Devo dizer que, em sua essência, a composição é piegas, mas, sinceramente, é escrita de uma maneira tão verdadeira que fica difícil não se deixar envolver por esse clamor. Todavia, o que faz Superlover ser emocionante de fato é a presença das duas artistas, que entoam os versos de maneira primorosa, ecoando emoção verdadeira em cada momento. Sensível, tocante e inspiradora, a canção ganha vida graças à presença de dois talentos diferentes que conseguem se complementar nessa indie folk/americana madura e inspirada. E, mais uma vez, Allison Russell entrega algo de que precisamos e que está em falta: emoção.
nota: 8,5

A Rainha Kelly

Where Have You Been
Kelly Clarkson


Eu preciso admitir que não gostava tanto da Kelly Clarkson no passado, apesar de apreciar algumas de suas canções. Entretanto, ao longo dos anos, percebo claramente não apenas sua evolução, mas também o fato de ela ser uma das maiores artistas do pop contemporâneo. E uma prova cabal disso é o seu novo single, Where Have You Been.

O grande trunfo da canção é a presença fenomenal de Kelly, que entrega uma performance poderosa e impressionante. Isso é algo característico de sua carreira, mas ainda assim é notável observar o controle vocal que ela possui ao construir a antecipação para o grandioso final. Sonoramente, Where Have You Been é uma balada pop soul tradicional, mas competente e primorosa, que deixa espaço para a grande estrela da canção brilhar: a voz e a presença de Kelly. A canção também continua a explorar as cicatrizes do divórcio da cantora, com uma letra melancólica sobre a dor de descobrir que a pessoa amada não é exatamente quem se pensava que fosse. Embora não seja o tipo de canção capaz de levar a cantora de volta ao topo das paradas, Where Have You Been é o exemplo perfeito de toda a potência de Kelly Clarkson.
nota: 8

All We Need is Love

Free
Little Simz

Continuando a divulgação do seu novo álbum (Lotus), a rapper Little Simz lança a inspiradora e inspirada Free.

A canção é um trabalho tão complicado de ser construído devido a seu teor lírico que o resultado é ainda mais louvável. Falando sobre o poder do amor em nos libertas das amarras do medo, a canção poderia facialmente cair no lugar da auto ajuda barata, mas passa longe disso ao ser uma refinada crônica com um trabalho lírico excepcional que reflete o talento da rapper de maneira sincera, inteligente, madura e tocante. Free também se beneficia da presença “cool” e contida a rapper ao entregar uma performance que se assemelha com uma pessoa dando um concelho de coração para um amigo sem soar como uma palestra ou bronca. Finalizando o pacote está a produção que entrega uma refinada mistura de rap, hip hop e neo soul que não chega aos ápices sonoros que a rapper já chegou, mas é um trabalho excepcional e cativante. E é assim a rapper continua o seu legado impecável.
nota: 8,5

Até é Simpático

Love Me To Heaven
Jonas Brothers


Existem vários elogios que se pode fazer para uma canção, mas defini-la apenas como simpática é meio indicativo de que a canção não é boa. Esse é o caso de Love Me To Heaven dos Jonas Brothers.

Primeiro single do novo álbum do trio de irmãos, a canção é um trabalho sólido de uma produção que consegue passar a maturidade para a canção, refletindo o atual momento da banda. Todavia, Love Me To Heaven não tem personalidade definida para que possa brilhar como um trabalho de evolução sonora dos irmãos, terminando por ser apenas, como dito, simpática. Um pop rock/synth-pop redondo, o single tem na divisão entre os vocais de Nick e Joe seu melhor ponto, mas isso não impede que a canção seja completamente dispensável. Simpática, porém, não enche os “ouvidos”.
nota: 6

4 de maio de 2025

Primeira Impressão

choke enough
Oklou



Primeira Impressão

11:11
Biig Piig



Uma Segunda Chance Para: Havana

Havana (feat. Young Thug)
Camila Cabello

Não sou exatamente fã da carreira de Camila Cabello. Nada contra a cantora, mas durante sua trajetória, poucos trabalhos seus realmente tiveram um impacto positivo em mim. Com o passar dos anos, porém, um de seus trabalhos envelheceu melhor do que eu esperava. E essa canção é seu maior sucesso: Havana.

A música não é sensacional, mas, ao analisá-la mais de perto, revela-se uma mistura cativante, solar, sensual e grudenta de latin pop, hip hop, bolero, trap e R&B. Apesar de ser sonoramente rasa, Havana é extremamente divertida. O grande trunfo da faixa é sua interessante instrumentalização, que eleva todo o material graças à criatividade da produção, aproveitando bem todas as influências para criar uma cápsula pop perfeita.

A performance de Camila é outro ponto forte. Apesar de não ser exatamente a mais completa das cantoras, a então recém-saída do Fifth Harmony domina a canção com segurança, entregando uma performance sólida e bem conduzida. No entanto, Havana perde força devido à presença pouco inspirada do rapper Young Thug, cuja participação soa completamente deslocada e sem graça. Se Bad Bunny, que na época estava começando a despontar, tivesse participado, poderia ter feito uma diferença artística significativa. Outro problema é a composição mediana, que conta com um bom refrão, mas não justifica a presença de incríveis dez compositores, incluindo Pharrell Williams. No final das contas, Havana é melhor do que eu lembrava, e fico feliz em revisitá-la de tempos em tempos.
nota: 7

Um Deleito Surpresa

MONDAY
GODSTAINED
Quadeca


Gosto de ser surpreendido com boas canções vindas de lugares inesperados. Quando são brilhantes, como GODSTAINED e MONDAY, do cantor Quadeca, a experiência é ainda melhor.

Ambas são singles do próximo álbum Vanisher, Horizon Scraper e, apesar das diferenças, compartilham um fio condutor sonoro claro. Essencialmente, as duas canções transitam pelo art pop/folk pop, cada uma com influências distintas que lhes conferem personalidade própria. MONDAY apresenta uma produção com influências de chamber/baroque pop, que a tornam reluzente e tocante, com um toque de música folclórica. Isso funciona devido à qualidade da instrumentalização e às texturas adicionadas, delicadas mas marcantes. Já GODSTAINED segue uma linha mais próxima do R&B, com nuances de bossa nova que remetem a Frank Ocean, mas sem soar como uma imitação. A música é cativante, com um instrumental suave e envolvente, complementado pela performance doce e expressiva de Quadeca, que surpreende ao incorporar um pseudo-rap no final. A presença vocal de Quadeca também se destaca em MONDAY, com uma interpretação mais clássica e refinada. As letras de ambas as músicas são bem escritas, profundas e expressivas, comunicando muito sem apelar para complexidades desnecessárias ou pretensões excessivas. Com essas duas canções, Quadeca consolida sua posição como um dos destaques do ano e gera grande expectativa para o lançamento do álbum.
notas
MONDAY: 8,5
GODSTAINED: 8,5

A Beleza do Puro Amor

ILYSMIH
Kali Uchis


Como segundo single do aguardadíssimo Sincerely, Kali Uchis lançou a linda ILYSMIH, trazendo uma mudança na dinâmica sonora em relação ao single anterior.

Menos estilizada, a canção segue um caminho mais tradicional de uma balada pop soul/R&B, com um instrumental encorpado. Todavia, isso não compromete a qualidade intrínseca do trabalho da cantora; na verdade, evidencia o quanto detalhadas são as construções de suas canções. Em ILYSMIH, a abordagem mais tradicional poderia deixar mais espaço para expor possíveis falhas na produção. No entanto, isso passa bem longe do resultado final da canção, graças ao cuidado visível impregnado do começo ao fim. Liricamente, a canção muda o foco ao ser uma bela e tocante declaração de amor de Kali para o seu filho, mostrando o quanto sua escrita é refinada, sempre limpa e direta. Com uma performance iluminada e comovente, Kali entrega mais um grande acerto em sua discografia, que segue sendo composta apenas por sucessos.
nota: 8

O Próxima Grande Indie

Back To Me
The Marías


Ganhando cada vez mais força com o público em geral, a banda The Marías lançou um dos seus singles mais bem-sucedidos comercialmente, a inspirada Back To Me.

Uma contida, mas eficiente, delicada e melancólica mistura de indie pop, dream pop e soft rock que realmente consegue conquistar a gente devido à sua apurada construção instrumental. Back To Me tem uma boa sensação nostálgica, daquelas canções que faziam sucesso nos anos noventa e tocavam nas rádios universitárias, mas, felizmente, não tem cheiro de naftalina. Uma composição simples, mas direta e cativante, sobre ainda ter esperança de conquistar um velho amor, aliada à contemplativa e triste performance da vocalista María Zardoya, finaliza o “pacote” com louvor. E assim, o The Marías vai se tornando o próximo grande nome indie.
nota: 8

Megan Média

Whenever
Megan Thee Stallion


Normalmente, os singles lançados por Megan Thee Stallion acertam o alvo artisticamente, mas, de tempos em tempos, ela lança algo que fica no meio do caminho. Esse é o caso de Whenever.

Com uma performance precisa de Megan, a canção perde a oportunidade devido à sua produção morna e sem a energia necessária para elevar o trabalho da rapper a algo mais expressivo. Uma faixa sólida, porém genérica, Whenever apresenta uma batida bem construída, mas tão previsível que passa despercebida, sem deixar uma impressão duradoura. É até divertida, mas rapidamente esquecida após ser ouvida. Mesmo com a presença grandiosa de Megan, a música não consegue justificar plenamente sua existência. Quem sabe, na próxima, teremos de volta o padrão de qualidade que costuma marcar o trabalho de Megan Thee Stallion?
nota: 6,5