14 de junho de 2014

Primeira Impressão

Sorry I'm Late
Cher Lloyd


Nem sempre um artista pode mostrar sua verdadeira cara quando começa sua carreira. Subjugados por contratos castradores, alguns artistas precisam se submeter aos caprichos e as orientações dos grandes pensadores por trás das mesas do comando das gravadoras. Quando esse artista consegue se livrar de alguma forma desse "poder superior", normalmente, podemos conferir qual é o verdadeiro eu que se esconde por debaixo do jogo cênico criado em volta dele. Quem está vivendo um momento desse é a inglesa Cher Lloyd que lançou o segundo álbum da sua carreira durante o processo de desvinculação da Syco, ou seja, longe das garras do todo poderoso Simon Cowell. O resultado disso é o surpreendente bom Sorry I'm Late.

O substituto do fraquíssimo Sticks & Stones é um trabalho em que podemos ouvir pela primeira vez algo que parece ser mais real em relação a sua sonoridade. Ao contrario do trabalho anterior, que tinha como base um pop rasteiro misturado com influência de rap, eletrônico e dance resultando em uma sonoridade sem identidade e criatividade, é possível perceber uma evolução drástica dando substância para a sonoridade de Cher. Sorry I'm Late é um álbum pop em sua essência, mas que tem alma, coração e é construído com inteligência. A produção acerta no tom da produção dando para Cher uma base bem mais encorpada criando um pop maduro e refinado mesmo que ainda comercial. O avanço na sonoridade da cantora descoberta no The X Factor UK é visível podendo ser analisado pela capa dos dois álbuns já lançados por ela: enquanto Sticks & Stones é infantilizada, Sorry I'm Late é estilizada e adulta. Porém, não foi apenas isso que evoluiu: as composições que compõem o CD refletem uma artista mais consciente de suas emoções representado-as de uma forma bastante sólida, mesmo com autoria em apenas cinco canções. Isso, por enquanto, não importa, pois o resultado final é muito bom misturando canções com letras mais densas sobre amor e outras canções despretensiosas e divertidas. Ambos os lados são bem trabalhados e não há um peso que desequilibre entre qualidades entre os dois. Mantendo o frescor de suas habilidades vocais, que incluem a capacidade de transitar entre o cantar e o fazer rap, Cher Lloyd mostra uma vulnerabilidade surpreende e bem vinda para a interpretação de várias faixas, mas sem perder a vitalidade de conduzir canções mais animadas e divertidas. Entre os melhores momentos de Sorry I'm Late estão a lindinha Bind Your Love, o single I Wish, a grandiosa Sirens, as sentimentais Human e Sweet Despair (com co-autoria da Beth Ditto) e a delicada Goodnight. Espero que esse seja apenas o começo de uma evolução ainda maior para Cher Lloyd, pois o que é ouvido em Sorry I'm Late já deixa um gosto de quero mais.

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