Cher Lloyd
Nem sempre um artista pode mostrar sua verdadeira cara quando começa sua carreira. Subjugados por contratos castradores, alguns artistas precisam se submeter aos caprichos e as orientações dos grandes pensadores por trás das mesas do comando das gravadoras. Quando esse artista consegue se livrar de alguma forma desse "poder superior", normalmente, podemos conferir qual é o verdadeiro eu que se esconde por debaixo do jogo cênico criado em volta dele. Quem está vivendo um momento desse é a inglesa Cher Lloyd que lançou o segundo álbum da sua carreira durante o processo de desvinculação da Syco, ou seja, longe das garras do todo poderoso Simon Cowell. O resultado disso é o surpreendente bom Sorry I'm Late.
O substituto do fraquíssimo Sticks & Stones é um trabalho em que podemos ouvir pela primeira vez algo que parece ser mais real em relação a sua sonoridade. Ao contrario do trabalho anterior, que tinha como base um pop rasteiro misturado com influência de rap, eletrônico e dance resultando em uma sonoridade sem identidade e criatividade, é possível perceber uma evolução drástica dando substância para a sonoridade de Cher. Sorry I'm Late é um álbum pop em sua essência, mas que tem alma, coração e é construído com inteligência. A produção acerta no tom da produção dando para Cher uma base bem mais encorpada criando um pop maduro e refinado mesmo que ainda comercial. O avanço na sonoridade da cantora descoberta no The X Factor UK é visível podendo ser analisado pela capa dos dois álbuns já lançados por ela: enquanto Sticks & Stones é infantilizada, Sorry I'm Late é estilizada e adulta. Porém, não foi apenas isso que evoluiu: as composições que compõem o CD refletem uma artista mais consciente de suas emoções representado-as de uma forma bastante sólida, mesmo com autoria em apenas cinco canções. Isso, por enquanto, não importa, pois o resultado final é muito bom misturando canções com letras mais densas sobre amor e outras canções despretensiosas e divertidas. Ambos os lados são bem trabalhados e não há um peso que desequilibre entre qualidades entre os dois. Mantendo o frescor de suas habilidades vocais, que incluem a capacidade de transitar entre o cantar e o fazer rap, Cher Lloyd mostra uma vulnerabilidade surpreende e bem vinda para a interpretação de várias faixas, mas sem perder a vitalidade de conduzir canções mais animadas e divertidas. Entre os melhores momentos de Sorry I'm Late estão a lindinha Bind Your Love, o single I Wish, a grandiosa Sirens, as sentimentais Human e Sweet Despair (com co-autoria da Beth Ditto) e a delicada Goodnight. Espero que esse seja apenas o começo de uma evolução ainda maior para Cher Lloyd, pois o que é ouvido em Sorry I'm Late já deixa um gosto de quero mais.
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