7 de junho de 2018

Primeira Impressão

R.O.S.E.
Jessie J



Jessie J ligou o foda-se e, queridos amigos, isso não poderia ser melhor para a carreira da britânica. Depois de começar uma carreira promissora e ter alguns sucessos na bagagem, Jessie, além de sempre parecer inquieta com a sua carreira, nunca conseguiu emplacar um álbum verdadeiramente de sucesso. Na verdade, a cantora nunca teve a chance real de fixar o seus pés no mundo da música como prometia desde o começo. Depois de um período de crise artística sem escrever músicas, a cantora resolveu tomar as rédeas da sua carreira e fazer o que quer sem ter medo de errar.

Primeiro, a cantora participou e venceu de uma famoso programa da TV chinesa chamado Singer em que colocou cantores profissionais para fazer um disputa estilo American Idol, sendo a cantora a primeira estrangeira a ganhar o programa. Em segundo, Jessie J começou paralelamente a trabalhar no seu quarto álbum intitulado R.O.S.E. em que existe uma drástica e profunda mudança na sonoridade da cantora. Além disso, a cantora resolveu dividir o álbum em quatro partes, sendo cada uma com diferente titulo de acordo com a temática das canções. Então, seguindo a configuração do álbum, resolvi resenhar cada parte para depois chegar em uma nota final para álbum. Começo com a primeira parte intitulada Realisations.


R.O.S.E. (Realisations)

A primeira parte do álbum intitulado Realizações já deixa bem claro que estamos diante de uma nova e diferente artista como uma sonoridade longe do pop comercial que marcou os trabalhos anteriores e, principalmente, com uma atmosfera minimalista e intimista.

Essencialmente um álbum de R&B no seu total, a primeira parte, porém, é a que dá o tom para o resto ao mostrar a nova direção da cantora, pois é aqui que ouvimos as bases das principais influências de Jessie. Trabalhando ao lado do produtor DJ Camper em todas as faixas, a cantora cria uma personalidade coesa e sólida que vai sendo trabalhada ao longo das dezesseis faixas. Esse começo é auspicioso ao mostrar a coragem da cantora em não tentar se normalização perante ao mainstream atual. É necessário dizer que a cantora não tem em mãos uma revolução ou mesmo um álbum genial, mas é um interessante trabalho em que podemos ter uma noção real de quem é Jessie J. O melhor momento da primeira parte é a honesta Think About That em que é fácil observar que a cantora realmente precisou escrever esse álbum para se livrar de alguns demônios internos. Apesar do começo promissor, o trabalho se perder na sua próxima parte.

Nota: 67

R.O.S.E. (Obsessions)

Intitulada Obsessões, a segunda parte de R.O.S.E é de longe o pior momento do álbum no geral. O principal motivo acredito que seja o mesmo que acompanha a carreira da cantora desde o começo: o não aprofundamento do seu talento. 

Sempre que ouvi canções da cantora sempre ocorreu-me que estava ouvindo a uma cantora melhor que as suas canções. Nessa parte é possível comprovar essa teoria. O caso mais nítido disso é a mediana Petty: uma promissora R&B com toques de electropop que não sai do lugar de ser apenas uma promessa devido a realização antiguada e pouco criativa, principalmente na sua composição. Como o resultado dessa perda, os vocais interessantes de Jessie são perdidos nessa falta de força criativa. Uma pena. Felizmente, a segunda parte tem um bom momento: Not My Ex é uma eficiente e deliciosa R&B/pop soul com base de guitarra em que a cantora abre o coração sobre relacionamentos abusivos. Eis aqui outro bom trunfo do álbum: a honestidade lirica. 

Nota: 59

R.O.S.E. (Sex):

Como o próprio nome em inglês já diz, a terceira parte do álbum chama-se Sexo. Cada parte foi nomeada de acordo com os temas das músicas em cada um. Aqui, sexo não é apenas sobre o ato em si, mas sobre amar e amor próprio. A empoderada Queen é sobre aceitação sobre o seu corpo, especialmente sobre os padrões femininos. Apesar de uma letra clichê, a canção demonstra que Jessie é dona de uma excepcional destreza em escrever composições que conseguem ter uma apelo emocional e uma ótima estrutura pop. Dessa vez, a cantora resolveu abrir o coração sem receios e colocar nas letras todas as suas dúvidas, medos, emoções e sentimentos que precisavam ser ditos. Honestas em vários níveis, as letras mostram o lado humano de um artista, lindando com amores mal resolvidos, depressão, sexo, paixão e desejos. Não são trabalhos genias, mas são sinceros e bem escritos como é o caso da disco/R&B com sample de Got To Be Real da cantora Cheryl Lynn.

Nota: 63


R.O.S.E. (Empowerment)

Fechando o álbum temos o Empoderamento, sendo a melhor parte das quatro. É nessa parte que fica fácil notar a grande vocalista que Jessie J é, pois a mesma tem chance de mostrar um pouco da sua incrível técnica, belo timbre, versatilidade e força emocional. A bela balada ao piano Someone's Lady mostra isso do começo ao fim, sendo melhorada pelo controle impressionante da cantora. Ainda presa em alguns maneirismos vocais, a cantora parece no caminho certo para elevar mais a sua voz ao melhorar o que já era bom e aparar algumas arestas. 

Nota: 68

O resultado final de R.O.S.E. não é sensacional ou revolucionário, mas é o álbum mais coeso e envolvente da carreira de Jessie J. E espero que continue assim pelos próximos trabalhos.

Média Geral

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