3 de setembro de 2021

Charli POP!

Good Ones
Charli XCX


Alcançando o posto de diva do electropop/experimental/indie pop, a Charli XCX sempre faz a gente esquecer o quanto boa a mesma pode ser quando entrega um pop honesto e direto. Esse é o caso de Good Ones.

Primeiro single do seu próximo álbum, a canção deixa de lado a batida mais alternativa para mostrar uma electropop tradicional e deliciosamente divertido. Acredito que a formula para que Charli consiga sair do lugar comum em relação a massa é adicionar suas referencias sonoras aqui e ali, criando uma batida encorpada, refinada e levemente sombria. E esse último toque é essencial para dar a base perfeita para a ótima composição sobre ter o famoso dedo podre para homem. O único erro de Good Ones é o seu refrão que deixa passar a oportunidade de explodir, preferindo uma saída estranha de repetição de oohs que dá uma leve quebrada de clímax. Entretanto, a canção ainda é um retrato da excelência pop de Charli XCX.
nota: 7,5




2 Por 1 - ABBA

I Still Have Faith In You / Don’t Shut Me Down
ABBA

Sempre pensei que o ABBA iria entrar aqui no blog em uma resenha de álbum antigo ou uma lista de melhores de todos os tempos. Todavia, a era que vivemos não existe muito coerência e é por isso que essa resenha é sobre os singles comeback que a banda lançou depois de quarenta anos de “hiato”. E para deixar a coisa mais absurda ainda é necessário dizer que I Still Have Faith In You e Don’t Shut Me Down são músicas que ajudam a explicar todo o mito criado em torno do quarteto sueco.

Donos não de apenas clássicos pop/disco, mas, sim, de perfeitas traduções de como criar músicas geniais, a banda retorna aos holofotes para lançar o nono álbum da carreira intitulado Voyage depois de terem “terminado” em 1982. E o lançamento dos dois singles provam que a banda continua basicamente com as mesas características que fez toda a construção da lenda ABBA. Primeiramente, a grande e principal qualidade deles é o encontro celestial entre os vocais de Agnetha Fältskog e Frida Lyngstad e a produção/letra de Björn Ulvaeus e Benny Andersson. Em I Still Have Faith In You, a melhor das duas, é a prova cabal.

Power balada como apenas uma banda como o ABBA tem a capacidade de fazer, I Still Have Faith In You é uma celebração emocionante, épica e nostálgica da união dos quatro integrantes, ajudando a abrir os trabalhos do novo álbum e, ao mesmo tempo, sendo um presente para os fãs devotos. Logo no começo é possível perceber que os vocais cristalinos e angelicais de Agnetha e Frida continua com o mesmo poder de emocional, mesmo perdendo certa potencia devido aos anos. Isso não impede que a canção seja um trabalho realmente tocante, pois a produção de Benny e Björn cria uma musica atemporal e uma composição que sabe perfeitamente caminha no limiar entre o cafona/datado da maneira perfeita para nunca cair totalmente nessa armadilha. Menos inspirada e mais dançante está Don’t Shut Me Down. Na canção, o ABBA entrega uma boa, mas levemente enfraquecida disco/dance-pop que pode até não está a altura dos áureos tempos, mas deixa claro a força criativa deles. A melhor qualidade da canção é outra característica do ABBA em criar canções como essa: a forte e triste composição envolvida em manto dançante e alegre. Sem precisarem reinventar a roda, o retorno do ABBA é um marco para ser comemorado, mesmo que tudo pareça fora do lugar.
notas
I Still Have Faith In You: 8
Don’t Shut Me Down: 7,5

O Salvador Resurge

family ties
Baby Keem & Kendrick Lamar


Pronto para reconquistar o seu trono como o maior rapper contemporâneo, o Kendrick Lamar faz o seu quase retorno como participação em family ties do rapper Baby Keem.

A canção não é exatamente um passeio no parque para todo o público, mas é extremamente interessante quando se deixa de lado o estranhamento inicial. O grande ponto de controvérsia/estranhamento de family ties é que os vocais não parecem terem passado por uma produção vocal, soando como se fossem o produto bruto das gravações. Essa estratégia cria um ruído com a orgânica e áspera instrumentalização, pois parece que as vozes dos rappers estão descoladas da canção. Curiosamente, essa sensação também faz com que a canção também seja realmente interessante, acrescentando um verniz chamativo e original. Além disso, os dois rappers entregam performances avassaladoras sem precisar ofuscar um ao outro e dando espaço suficiente para ambos terem seu momento. E com essa amostra de Kendrick podemos esperar que o rapper volte pronto para salvar o rap mais uma vez.
nota: 8

Simplesmente Ruim

999
Selena Gomez & Camilo


Não consigo entender o motivo que a Selena Gomez não consegue perceber que as produções das suas canções nos últimos tempos descaíram de uma maneira drástica e assustadora. O mais novo exemplo é a horrível 999.

Parceria com o colombiano Camilo, a canção é a nata da ruindade do atual cenário do latin pop ao ser uma sonolenta e arrastada mistura de pop com reaggaeton. Sem graça, sem personalidade e sem nenhuma força criativa, 999 tenta ser romântica, mas terminando sendo chata e, sinceramente, completamente esquecível em todos os aspectos. Especialmente, os vocais de Selena e o timbre estranho de Camilo não tem a menor química, terminando soando anticlimático o que deveria ser sensual e envolvente. E novamente Selena entrega uma canção que é simplesmente ruim.
nota: 3

Coisas Que Precisam Ser Segredos

Butter (feat. Megan Thee Stallion)
BTS

Recentemente, um burburinho tomou conta de um dos cantos da internet devido a noticia que a gravadora de Megan Thee Stallion teria impedido a rapper de lançar o seu remix para a canção do Butter do BTS. Depois de entrar na justiça para que fosse liberado a canção, eis que vem a tona a canção que comprova que certas coisas precisam ser realmente segredos.

Sobre a canção disse no seu lançamento original: “Butter é uma dance-pop descartável, batida, irritante e, infelizmente, de fazer envergonhar até os mais farofentos. Apesar de uma produção clean, o resultado não passa de um amontoado de ideias que não se conversam direito como, por exemplo, toques de hip hop, EDM e disco”. A versão remix é exatamente assim, mas com a adição de versos com a presença da Megan. Normalmente, a rapper consegue acrescentar uma dose cavalar de personalidade, mas aqui isso não ajuda em nada já que a sua performance é massacrada pela péssima qualidade da mixagem do remix. Acredito que a decisão de lutar por lançar essa versão pela Megan é algo envolvendo princípios do que por questões artísticas, pois qualquer um que realmente preste atenção pode perceber o quanto Butter é uma canção ruim.
nota: 4,5