X
Chris Brown
Chris Brown nunca será o artista que prometia no começo da sua carreira seja pelo lado da sua imagem perante o público, seja pelo seu lado artístico. Desde a fatídica noite em que ele espancou a sua namorada Rihanna, o cantor se tornou uma figura odiada, principalmente, nos Estados Unidos. Não ajudou nada todas as "confusões" em que esteve nos últimos anos. Contudo, mesmo com uma base de fãs fieis e números de venda regulares, Chris cai em uma poço de mediocridade em seus três últimos lançamentos que apenas podem ser considerados como medonhos até terrivelmente horríveis salvando uma ou outra música aqui e ali. O Grammy de melhor álbum R&B vencido em 2012 por F.A.M.E. é uma da maiores bobagens que o prêmio fez nos últimos anos. Com esse histórico não é de se estranhar que a expectativa para o seu novo trabalho seria, no mínimo, pessimista. Por isso, é com grande surpresa que afirmo que X é um álbum incrivelmente bom.
Ok, vamos deixar bem claro que esse bom não significa realmente bom como para outros artistas, mas, na verdade, é em comparação aos outros trabalhos recentes de Brown. Também não significa que o cantor entrega um trabalho revolucionário ou/genial, porém, para o próprio, X é um novo recomeço na sua tumultuada carreira. O principal motivo para a melhora drástica é o fato que Chris está de volta para o que ele mostrou fazer melhor: o bom e velho R&B. X é um trabalho honesto, redondinho e com uma produção que varia do mediano até o muito bom que ajuda a resgatar a sonoridade em que o cantor mostrou bem no começo da carreira, mais precisamente no álbum Exclusive. A presença de bons produtores como Danja e Diplo dá um caminho definido para o álbum e que é acompanhado pelos outros produtores não tão conhecidos. Isso dá coesão para o álbum que se torna uma mistura sólida de R&B contemporâneo com pitadas de pop e hip hop. Felizmente, ao contrario que vinha acontecendo, os estilos adjacentes não se sobrepõe ao estilo principal, mas são utilizados para enriquecer o resultado final. Todavia, velhos problemas voltam para "assombrar" o cantor: o número exagerado de faixas. X conta com dezessete faixas na versão normal, adicionam-se quatro músicas na versão deluxe e mais uma na versão japonesa e o resultado é um exagero de vinte e duas músicas. Com tantas faixas, o álbum se torna uma montanha-russa entre boas faixas e aquelas que estão lá apenas para "preencher" espaço o que compromete o resultado final. Ao menos não há nenhum momento realmente ruim em X.
Outro ponto positivo e surpreendente são as composições de X. Basicamente, Chris fala sobre sexo, sexo, sexo, amor e sexo exatamente nessa ordem. O que poderia cair na baixaria indiscriminada acaba sendo um trabalho decente tratando o sexo de maneira equilibrado e com algum nível explorando mais sensualidade do que sexualidade. A mulher, o objeto da atenção de Chris, é tratada bem mais respeitosamente do que se poderia esperar em várias canções, o que é algo bem vindo, especialmente vindo de um artista com o passado dele e com amizades, digamos, questionáveis. Claro, não faltam alguns casos que esse machismo rançoso volta a mostrar as caras como em Loyal, Came to Do ("ressuscitando" o Akon) e Stereotype, mas, no geral, o resultado final é até bom. Chris Brown segura na linha do medíocre e o aceitável as suas performances ao logo do álbum e em várias vezes é ofuscado pelos bons convidados. Falta para Chris, então, reencontrar sua voz mostrando mais versatilidade e domínio do seu instrumento. Os grandes destaques do álbum é a canção X, que abre o trabalho e dá nome para o mesmo, seguida por Add Me In com sua vibe MJ, a boa parceria com a Brandy em Do Better e, a melhor de todas, Autumn Leaves com a marcante presença do rapper Kendrick Lamar. X é a luz no fim do túnel da carreira artística do Chris Brown abrindo o caminho para, um possível, futuro melhor. Contudo, o lado pessoal nunca vai ser o mesmo e Chris sempre vai carregar a sua merecida cruz.
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