30 de outubro de 2014

Primeira Impressão

Chapter One
Ella Henderson




Apesar de uma queda na popularidade dos realities que buscam a "nova estrela da música", os programas continuam bem fortes tendo no The Voice, no The X Factor e, hoje em dia em menor escala, no American Idol os seus principais representantes. Infelizmente, apesar de encontrar dezenas de talentos, esses programas nunca conseguiram levar a fama mais que os vencedores e pouquíssimos sortudos que não tiveram a sorte de se consagrar campeões. Quando um desses talentos "rejeitados" conseguem o seu lugar ao sol e são merecedores de tamanha "façanha" é um momento que deve ser comemorado. A mais nova integrante desse seleto grupo é a inglesa Ella Henderson, que após ser a favorita a vencer a nona edição do The X Factor UK e acabando sendo eliminada em sexto lugar, conseguiu um contrato com a gravadora de Simon Cowell ("dono do programa") e acaba de lançar o seu ótimo primeiro álbum, o muito bom Chapter One.

Uma das principais características que fazem a jovem de apenas dezoito anos um diamante valioso é o fato de ela ser uma compositora de "mão cheia". Em tempos em que grandes estrelas do pop apenas catam os seus sucessos, Ella compôs dezessete das dezenove faixas do seu álbum (sendo que uma é regravação). Claro, a cantora recebeu a colaboração de vários parceiros para tanto, mas, na maioria dos trabalhos, essa colaboração apenas veio para sofisticar as suas letras. Então, por causa disso, Chapter One ganha um ar de trabalho mais autoral em que podemos perceber a doce, romântica e delicada personalidade da cantora sem perder, no entanto, uma força emocional verdadeira que mostra a maturidade impressionante para uma jovem com tão pouco idade. Não há grandes reflexões sobre a vida e o amor, mas, sem dúvidas, há sinceras e tocantes considerações sobre os assuntos. Todo bem envernizado com toques de "pop" para deixaram as letras perfeitas para o mainstream pop, ou seja, para serem também produtos vendáveis. 

Chapter One conta com nomes de destaque do pop inglês (TMS, Al Shux, Steve Mac, Salaam Remi) e, também, mundial como é o caso de Ryan Tedder e Babyface. Apesar desse grande número, o álbum não é um emaranhado descontrolado em que estilos batem cabeça e não conversam entre si, mas, na verdade, o álbum define bem a sonoridade pop contemporâneo inglês e dá uma personalidade madura e refinada para Ella. As faixas vão surgindo de maneira balanceada e fluem perfeitamente ajudadas por arranjos bem feitos. Todavia, não espere grandes arrombos de criatividade no que se diz a respeito a quebra de expectativas. Espere, então, trabalhos certinhos, mas excepcionalmente bem feitos que valorizam ainda mais o talento que tem para mostrar, pois, além do talento para compor, Ella é uma cantora sensacional. E não poderia ser muito diferente já que ela entrou em uma competição de canto, mas Ella se destaca pela solidez da sua voz, o tom diferente sendo um pouco fanho e ao mesmo tempo encantador e doce, o controle e a boa versatilidade em transitar pelos estilos. Ella brilha mesmo quando ainda mais quando está encarregada de dar vida à simples e tocantes baladas como é o caso da linda Yours,a poderosa Empire, a melancólica Lay Down e a sensacional versão de Believe da Cher acompanhada apenas no piano. Contudo, isso não impede que canções animadinhas também se destaquem como é o caso do ótimo single Ghost, das divertidas Rockets e Billie Holiday e, por fim, d legal The First Time. Ella Henderson até pode ser um "caso a parte" no mundo dos realities musicais, mas com esse ótimo debut a jovem abre o caminho para uma carreira brilhante que pode ajudar outros "perdedores" a terem esperança no seu futuro.

Nenhum comentário: