17 de março de 2021

Em Que Ano Estamos?

GIRLFRIEND
Friday (Remix) (feat. 3OH!3, Big Freedia & Dorian Electra)
Rebecca Black

Apesar de vivermos em uma verdadeira distopia desde que a pandemia começou nunca pensei que em pleno 2021 estaria presenciando o ressurgimento do delírio coletivo que foi a Rebecca Black. Impulsionada pelo sucesso da tragédia grega Friday em 2011, a então aspirante a cantora foi colocada como a pior cantora de todos os tempos. Felizmente, apesar de enfrentar problemas pessoais, a cantora que hoje em vinte e três anos conseguiu superar a onda de negatividade para continuar a carreira artística. E para comemorar os dez anos de lançamento de Friday, Rebecca lançou o remix da canção com um resultado inusitado.

Friday (Remix) parece ser uma capsula do tempo que consegue unir o passado e o presente em apenas uma música só. O grande problema nessa aventura sonora é uma decisão importante que realmente atrapalha essa versão de poder ser realmente um acerto: a produção vocal de Rebecca. Ao invés de regravar ou manter com algumas modificações, a produção coloca uma carga pesadíssima de efeito que transforma a voz da cantora em uma espécie de robô/assistente virtual em construção. Essa decisão tira brilho do resultado final e, principalmente, irrita demais quem escuta. E o pior é que no segundo verso entoando por Dorian Electra mostra o que poderia ter sido Friday (Remix): uma ótima mistura hyperpop/electropop com toques pesados de Charli XCX, pois é assim que a produção construí esse remix. Funcionando melhor que o esperado, a produção entrega uma despretensiosa e elétrica batida que gruda na cabeça por ser um verdadeiro prazer culposo. Além disso, as participações especiais ajudam a equilibrar o erro dos vocais da Rebecca, especialmente o carismático Big Freedia. Até mesmo os esquecidos no churrasco 3OH!3 dão um charme para Friday (Remix). Além de ser uma decepção que ninguém poderia prever, Friday (Remix) também erra ao ofuscar o outro lançamento da Rebecca Black: a boa GIRLFRIEND.

A canção não é exatamente o suprassumo do pop, mas, surpreendentemente, a canção é uma divertida, honesta e até criativa syntypop misturado com bubblegum pop com toques de uma sonoridade vintage bem pensada. Completamente ao contrário de Friday (Remix), GIRLFRIEND se base em uma delicadeza romântica, tenra e fofa que mostra com verdade o lado queer de Rebecca. A composição tem um toque de Katy Perry em começo de carreira, mas com menos vontade de causar e, sim, passar uma mensagem intima e honesta. O problema da produção é parece fazer a canção soar arrastada devido a uma instrumentalização que beira o mid-tempo sem saber exatamente tirar o melhor dessa ideia. Parece que GIRLFRIEND tem “buracos” que precisariam ser preenchidos pela batida. Felizmente, o resultado final não chega a decepcionar, pois Rebecca ajuda a segurar o tranco com uma performance delicada e sentimental, mostrando que os anos foram bons com a dedicação da cantora. Obviamente, Rebecca Black já entrou no livro da história da música em algum capitulo, mas espero que a jovem possa encontrar uma estrada ainda mais gentil a sua frente com o desenvolvimento do se talento.
notas
GIRLFRIEND: 7
Friday (Remix): 6


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