Uma das maiores surpresas de 2022 foi o sucesso da canção Bad Habit do Steve Lacy. Completamente longe de ser impossível, o fato da canção alcançar o primeiro lugar da Billboard ao ser uma neo-soul/R&B, sendo que os gêneros não estão exatamente o mais “hypado” comercial faz algum tempo. Com esse desempenho, a canção ajudou a catapultar a carreira do promissor Steve Lacy. E, apesar de ser sensacional, o álbum Gemini Rights é uma ótima amostra do potencial do artista.
É necessário dizer que o problema de Gemini Rights é a fato da produção ainda não acertar o alvo na mosca de forma a explodir a interessante e excitante sonoridade que mistura neo-soul, R&B, psychedelic soul, funk, indie pop. Tudo está no lugar correto e, principalmente, existe inteligência criativa por trás, mas faltou o toque de mestre para pegar todas as boas ideias e as elevassem para o nível de plenitude. É como se o álbum fosse um tapa na cara que faltou o rosto ficar vermelho para comprovar que foi usada força. E a duração de apenas trinta e quatro minutos, soando mais como uma jam session gravada, não ajuda em nada a sonoridade a se solidificar. Felizmente, esses problemas não atrapalham Steve Lacy de desfilar o seu olhar excitante e único sobre o neo-soul.
Atmosférico, sensual, vibrante e refrescante são os adjetivos que melhor classificam Gemini Rights e são mantidos intactos do começo ao fim. A produção capitaneada pelo próprio Steve Lacy ao lado de Matt Martians e DJ Dahi cria uma sensação de unidade bem condensada entre todas as faixas, criando um fluxo quase interrupto de uma atmosfera revigorante que são rechegadas de quebras de expectativas com texturas, sons e nuances que transitam entre o genial e o interessante. Abrindo o álbum Static apresenta uma melódica guitarra que sustenta um instrumental quase acústico em uma delicada indie pop/R&B. Depois, o álbum caminha para uma sonoridade bem mais estilizada com a presença da sensacional Mercury em que é adicionado toques de flamenco na construção, deixando o resultado vibrante e completamente único. O grande sucesso do trabalho é, como já explicitado anteriormente, é a refrescante Bad Habit que não é genial, mas apresenta toques de genialidade ao mudar sensivelmente a sua batida no meio para algo mais alternativo/experimental. Gosto da sensualidade condessada e palpável de Buttons que se opõem perfeitamente com delicada e melódica de Amber, criando a perfeita oposição entre canções que enriquece o material de maneira visível. Liricamente, Stacy é um homem de palavras diretas que mantem suas composições simples esteticamente, mas que consegue se aprofundar em temas como a sua bixessualidade como Cody Freestyle (You was handsome/ With a heavy dick, a cannon/ You do damage) ou o termino de um relacionamento como em Sunshine (ao lado da sua atual namorada Fousheé) ou o bom e velho “canção para transar” na deliciosa Give You the World. Gemini Rights é uma boa introdução para o talento de Steve Lacy que tem tudo para se tornar um artista genial em futuro bem próximo.
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