23 de junho de 2024

Charli Goes Pop!

360
Charli XCX


The girl, so confusing version with lorde
Charli xcx & Lorde


Ao que parece estamos no ano da Charli XCX devido ao sucesso de critica e repercussão de Brat. E duas canções do álbum ajudam a entender essa onda verde neon que tomou conta do mundo pop: o single 360 e o remix/nova versão de Girl, So Confusing.


Como dito na resenha do álbum, 360 “consegue equilibrar uma batida que fica bem no meio do caminho entre o pop comercial e o lado experimental”. E isso é a grande cartada para a canção. Uma mistura azeitada de hyperpop com bubblegum bass com electropop transforma a canção um banger poderoso que é aumentado seu potencial pela letra divertida e cheia de citações pop ótima. Sabe o que a Britney Spears tentou fazer na era Britney Jean? Então, 360 é basicamente o que deveria ter sido feito para a princesa do pop, terminando superior infinitamente que todo o álbum. Se 360 acerta plenamente na sonoridade, The girl, so confusing é o trunfo da boa composição.

Como também apontado na resenha do álbum, Charli XCX se abre de maneira honesta e, por vezes, desconcertante nas suas composições no trabalho. E, mesmo não sendo a melhor, Girl, So Confusing é um dos momentos que vemos o lado intimo da cantora a mostra ao relatar sua relação de amizade com outra cantora em que relata suas inseguranças nesse relacionamento, sendo alguns criados por ela mesma e outros que foram impregnados por outros na sua mente. Honesta e de certa maneira tocante, a letra foi especulado sendo para a Lorde. E isso foi confirmado com o lançamento do remix com um verso da Lorde em que a mesma responde a Charli. Essa nova adição aprofunda a temática da canção devido ao ótimo verso da cantora nova zelandesa em que a mesma expõe o seu lado, mostrando que o peso de ser uma mulher na indústria é de certa maneira igual para as duas. Longe de ser uma diss track, a faixa é na verdade uma conversa entre duas amigas se entendendo de alguma forma sobre suas dores e que isso causa nas suas vidas e, claro, na amizade entre as duas. Sonoramente, The girl, so confusing não altera nada da original ao ser um ótimo electropop/hyperpop. E assim vai se formando a tempestade nível gigantesca da Charli XCX em 2024.
notas
360: 8
The girl, so confusing: 8

Antes Tarde do Que Nunca - Versão Single

So Hot You're Hurting My Feelings
Caroline Polachek


Caroline Polachek se tornou um dos principais nomes do pop alternativo da atualidade, ainda mais depois do lançamento de Desire, I Want to Turn Into You. Voltando um pouco a fita, a cantora já tinha sido reconhecida pelo sei talento tem algum tempo e uma das canções que ajudou a começar esse caminho foi a interessante So Hot You're Hurting My Feelings.

Single do álbum Pang, a canção apresenta como sua maior qualidade o equilíbrio perfeito entre o pop comercial e o pop experimental, criando uma canção estranhamente cativante. Ao misturar com exatidão o lado leve do synthpop com a peso sonoro de art pop, a produção da própria cantora ao lado de Daniel Nigro transforma So Hot You're Hurting My Feelings no tipo de canção que primeiro gruda na cabeça como chiclete para depois a gente começar a entender a sua profundida artística. É inteligente sem ser pretenciosa e é despretensiosa o suficiente sem ser dispensável. A performance iluminada da artista é arremate ideal para expressar a complexidade da sua ideia sonora por trás, pois consegue expressar essa dualidade de maneira clara e sem nenhuma amarra. A parte lírica da canção é o seu ponto fraco, mas isso não quer dizer que seja um trabalho ruim. É interessante e tem uma um refrão realmente viciante, mas falta certa profundidade que a cantora já demonstrou em trabalhos posteriores. Apesar de não atingir o pico criativo que a cantora já mostrou, So Hot You're Hurting My Feelings é uma ótima porta para entrar no mundo da Caroline Polachek.
nota: 8

Na Mosca

Flea
St. Vincent


Depois de um começo bom, mas um pouco abaixo do esperado para a divulgação do álbum All Born Screaming, com a canção Broken Man, a St. Vincent vai com tudo na poderosa Flea.

Com a bateria inspirada do Dave Grohl com base, a canção é um slowburn excepcional em que a cantora nos leva para uma viagem deliciosamente soturna, pesada e soulful devido a adição interessante de soul rock para a batida poderosa que mistura rock alternativo, art rock e industrial. Em um instrumental magistral, Flea é aquele tipo de canção que gruda na gente depois da gente ouvir sem se tornar enjoativa. Acredito que a sua maior qualidade é essa inquietante batida mistura com uma textura mais aveludada que dá para a canção um conjunto elegante de nuances. Conduzido pela sensacional e pungente performance da St. Vincent que sabe lindamente transitar pelos altos e baixos da produção, Flea é um acerto na mosca da St. Vincent. 
nota: 8,5


Uma Nostalgia Morna

Houdini
Eminem


Acho louvável um artista que consegue referenciar a si em suas músicas, especialmente aqueles que tem uma carreira como a do Eminem. Em Houdini, o rapper faz isso ao referenciar vários momentos da sua carreira de maneira até inteligente, mas o problema é que o mesmo esqueceu de atualizar a sua sonoridade.

Primeiro single de The Death of Slim Shady (Coup de Grâce), a canção acerta ao ter como base um dos maiores hits da sua carreira: Without Me. Incluindo o seu icônico clipe que venceu o MTV Video Music Awards em 2002. O grande problema é Houdini não tem de longe a mesma genialidade que a canção referenciada, terminando a sua batida como algo entre o datado e o apenas engraçadinho. Tem uma boa produção que até consegue tirar bons momentos que, porém, termina soado mais como uma parodia morna do que a urgência sonora que os trabalhos da época de ouro do rapper. E apesar da boa performance do Eminem que, sim, lembra a sua versão de 2002, a canção não está a altura para refletir o seu próprio peso. Divertida, mas nada relevante.
nota: 6

Encontro Surpresa

I’m Free
Paris Hilton & Rina Sawayama


Apesar de ter alguns anos fazendo resenhas e acompanhando o mundo da música, especialmente o mundo pop, ainda tenho a capacidade de me surpreender com algumas coisas. E a mais recente é o fato da Paris Hilton decidir voltar ao mundo da música com o lançamento de um novo álbum, tendo com primeiro single a divertida I’m Free com participação da Rina Sawayama.

É necessário dizer que a canção funciona de fato devido a presença da Rina, mas a grande surpresa é que Paris não atrapalha em nada. Não que a Paris não tenha já entregado uma boa canção, mas, sejamos sinceros, a socialite não é cantora. Dito isso, a produção acerta ao fazer Paris entoar a sua parte da melhora possível, deixando o peso pesado para a presença sempre mágica da Rina que carrega a canção desde o primeiro instante que sua voz é ouvida. Sonoramente, I’m Free é uma deliciosa e despretensiosa dance-pop com toques de post-disco que funciona se você desliga a mente da procura de algo com mais profundidade e densidade. I’m Free é uma agradável surpresa, mas que não irei esperar nada nesse mesmo nível no novo álbum da Paris. Posso até ser aberto a surpresas, mas estou bem longe de ser enganado tão facilmente.
nota: 7,5

9 de junho de 2024

Primeira Impressão

HIT ME HARD AND SOFT
Billie Eilish




Uma Música Para Meninas Que Gostam de Meninas

LUNCH
Billie Eilish

Mesmo não sendo a melhor canção de Hit Me Hard and Soft, Lunch é amostra de quanto sólido é o álbum e, principalmente, a carreira da Billie Eilish.

Uma divertida, sexy e gostosinha pop rock/indie pop que acerta ao perfeitamente em experimentar com doses de post-punk e electro, a canção ajuda o publico a ter a noção do crescimento pessoal e sonoro da cantora. Primeiro, Lunch é sobre o desejo da cantora por uma mulher em que a mesma fala de maneira aberta e sem pudor, mostrando que canções com conteúdo queer diretas vem sendo melhor aceitas pelo mainstream sem precisar de subterfúgio líricos para esconder a temática. Em segundo, a canção mostra o quanto confortável Billie está ao falar sobre o assunto como, também, a produção de Finneas acerta no tom despretensioso da canção ao faze-la uma das mais animadinhas da carreira dos dois. Como escrevi antes, o single não é o melhor que álbum pode oferecer, mas ainda é um trabalho louvável.
nota: 8



A Magistral Raye

Genesis
RAYE


Quando a Raye lançou My 21st Century Blues foi a confirmação definitiva que a cantora é um gênio que vinha sido escondido por gravadoras que não tinham a menor noção de como lidar com tamanho talento, tentando a encaixar em lugares comuns que não faziam jus a que ela pode fazer. Todavia, essa noção clara sobre o potencial da cantora ainda não preparar a gente para o que ela pode alcançar. E isso é o que pode ser notada na magnifica Genesis.

Sem informação da canção ser de um novo álbum, uma versão deluxe do álbum anterior ou apenas um single solto, Genesis não é apenas a melhor canção da cantora como também uma seríssima candidata ao posto de melhor do ano. E isso não consegue traduzir a genialidade que é vista na canção. Com produção de Rodney Jerkins, Shankar Ravindran e Tom Richards, Genesis é um trabalho que vem sendo construído ao longo de dois anos e, claramente, mostra que esse tempo serviu para lapidar essa grandiosidade épica da canção que com seus sete minutos de duração que vale a pena cada segundo. Divida em três partes, a canção é uma jornada sonora deslumbrante que começa com uma mistura sóbria e forte de spoken word com gospel e R&B para depois transitar para uma pungente e desconcertante R&B contemporâneo com hip hop para termina de maneira surpreende e grandiosa ao enveredar para o jazz com doses de big band.

Ouvidas separadas, cada parte de Genesis parece três canções completamente diferentes como foram lançadas no EP do single, mas quando estão juntas dentro da canção se toram uma “massa” extremamente coesa que realmente faz sentido de ser uma canção só devido a fluidez perfeita que a produção costura cada parte, fazendo tudo ter um sentido sonora que dá razão para a decisão de dividir a canção em três parte tão diferentes. Todavia, o que faz a canção ter essa razão de existir é a impressionante, poderosa, devastadora, intima, ácida, tocante, honesta e inteligentíssima composição em que Raye, ao lado de Marvin Hemmings, em que reflete sobre os problemas pessoais da cantora como, por exemplo, problemas mentais, a percepção da sua imagem, a pressão pela perfeição estética e como ela se relaciona ao ser um exemplo para jovens garotas e problemas da sociedade como racismo e as guerras que acontecem atualmente. Apesar dos temas pesados, a letra de Genesis nunca se torna um desfile das mazelas apenas para mostrar o lado reflexivo da cantora, pois, assim como outras canções da artista, a letra se mostra como um pedaço da percepção sincera que nunca se torna uma pregação ou/e piegas. E o toque de genialidade é quando começa a terceira parte da canção com sonoridade big band/jazz a letra toma um rumo esperançoso que é como se fosse a luz no final do túnel para o que é discutido no resto da canção. E toda essa carga grandiosa da canção é sustentada por uma performance simplesmente devastadora da Raye que destrincha cada momento com a mesma pulsão emocional e uma versatilidade inacreditável. Com Genesis, Raye prova novamente que talento precisa de liberdade para florescer na sua mais espetacular versão.
nota: 9,5

Quase Um Mega Hit

II MOST WANTED
Miley Cyrus & Beyoncé

Acho que nesse momento já estamos acostumados com o fato da Beyoncé ter um padrão de comportamento após o lançamento dos seus álbuns ao desperdiçar canções que poderiam ser imensos sucessos devido a não divulgação “correta” das mesmas. Esse é o caso de II Most Wanted.

Uma das canções que mais teve destaque depois do lançamento de Cowboy Carter, a parceria com a Miley Cyrus poderia ter sido facilmente uma mega sucesso se tivesse sido melhor divulgada. E apesar disso, a canção ganhou ótimo destaque apenas usando a curiosa parceria e a sua qualidade para conquistar um sexto lugar na Billboard. Parte do álbum que defino como “Beyoncé mostrando como se faz country comercial”, II Most Wanted é uma graciosa, carismática, romântica e bonita balada country pop com uma pegada que consegue ser sonoramente simples, mas com um instrumental gracioso. A letra também tem essa mesma qualidade de não precisar de ser complexo para encantar, incluído o viciante refrão. Entretanto, o grande mérito da canção é a química inusitada da Beyoncé com a Miley que funciona bem melhor que a gente poderia imaginar para uma canção que envolve artistas tão diferentes. E é interessante notar que apenar de “dona da canção”, a Beyoncé dá espaço grande para a Miley, fazendo da canção realmente uma colaboração entre as duas, indo bem longe de uma mania atual em que artistas convidam outros para serem quase backvocal de luxo. E é uma pena que II Most Wanted não pode ter sido um sucesso ainda maior que é, pois poderia facilmente um dos maiores de 2024.
nota: 8,5

Ray of Light

Thrown Around
James Blake


Apesar de já ter acostumado com as experimentações sonoras que o James Blake vem fazendo nos últimos tempos da sua carreira ainda me surpreendi com o resultado da sensacional Thrown Around.

O grande diferencial da canção é que primeira vez Blake entrega uma canção verdadeiramente dançante. Não que o mesmo não tinha feito parecido antes, mas Thrown Around existe uma camada verdadeiramente de animação pura e contagiante que faz a gente abrir um sorriso e, claro, querer dançar. Durante várias vezes durante a canção a sua vibe e batida me lembraram Ray of Light da Madonna, especialmente a transição para a batida mais animada. Apesar dessa mudança, o single ainda mante as qualidades do artista bem pungente como o seu imenso cuidado técnico e, principalmente, o seu magnifico trabalho vocal que é um dos melhores deles nos últimos tempos. E quem diria que um James Blake animadinho seria tão bom quanto o James Blake tristinho.
nota: 8,5

De Volta ao 7

Please Please Please
Sabrina Carpenter

Quando resenhei o hit Espresso informei que finalmente a Sabrina Carpenter tinha entregado uma canção que ficou acima da nota 7. Então, com o lançamento de Please Please Please, a cantora volta para essa casa com uma canção que claramente poderia ser bem mais.

O grande problema da canção é que a mesma tem a marca do Jack Antonoff de maneira que a gente percebe facilmente os velhos cacoetes do produtor, mesmo que a canção consegui ter momentos realmente originais. Sonoramente, Please Please Please é uma solida pop/indie pop que adiciona boas texturas aqui e acolá, mas nunca consegue sair desse “limbo” criativo do produtor. E isso atrapalha o resultado final de não ser algo que esteja na mesma altura do single anterior e, principalmente, da ótima performance vocal da Sabrina. A cantora consegue entregar uma performance que captura o tom agridoce, romântico e irônico da boa composição, elevando o material de maneira natural e divertida de verdade. Uma pena que a canção volte a Sabrina para o nível de antes, pois espera uma curva crescente.

30 de maio de 2024

Primeira Impressão - Outros Lançamentos

Connla's Well
Maruja


New Faces Apresenta: Tommy Richman

Million Dollar Baby
Tommy Richmand

Ainda me deixa abismado os critérios para algumas canções viralizarem, mas fico feliz de algumas ganharem esse status como é o caso de Million Dollar Baby do rapper/cantor Tommy Richman.

A canção é uma mistura de gêneros e estilos que dá certo, pois a produção sabe muito bem como costurar tudo em uma colcha requintada e que é realmente original. Uma fusão de R&B, synth-funk e hip hop que consegue tirar o melhor de cada gênero em uma deliciosa e viciante batida que dá para o artista uma gama de oportunidades a sua frente. Acho que a melhor definição para Million Dollar Baby é como se fosse o The Weeknd no começo da carreira só que bem menos melancólico. Tenho que admitir, porém, que a canção poderia se beneficiar e muito de mais tempo para poder explorar ainda mais a sua batida. Felizmente, ao unir com a boa e divertida composição e a presença inspirada do Tommy, Million Dollar Baby realmente é uma canção que faz valer a pena ser viral.
nota: 7,5


Acessível

Dispose Of Me
Omar Apollo


Mesmo ainda que não tenha encontrado exatamente o ponto de originalidade artística ao ainda soar como uma versão acessível do Frank Ocean, o Omar Apollo vem construindo uma carreira sólida como mostra a boa Dispose Of Me.

Single do seu próximo álbum (God Said No), a canção é uma competente, envolvente, melancólica e cadenciada mistura de R&B e pop com um instrumental maduro e muito bem arranjado, especialmente a sua parte final com um suculento solo de guitarra. Dá para ver as referencias de outros artistas, mas a produção consegue dar um verniz que vai ajudando o Omar encontrar o seu caminho. Gosto da performance contida e emocional do cantor, mas Dispose Of Me poderia se beneficiar de uma letra mais profunda. Não que a apresentada aqui não seja boa já que relata bem a emoção de tentar fazer um amor dar certo. Faltou, porém, o soco no estomago emocional para a fazer elevar para outro nível. E é interessante que mesmo sem se achar, o Omar vai entregando boas músicas. Imagina quando ele se achar totalmente?
nota: 7,5

Melhor Que o Esperado

HE KNOWS
Camila Cabello & Lil Nas X


Tenho que admitir que não esperava nada do novo single da Camila Cabello, especialmente devido ao resultado desastroso de I LUV ITI. Então, eis a minha surpresa ao ouvir HE KNOWS que é um avanço imenso em relação a canção anterior. Isso não quer dizer, porém, que a parceria com o Lil Nas X seja realmente boa.

Acredito que a principalmente razão para a canção funcionar de alguma forma é que existe uma coesão sobre o que a produção quer fazer aqui sonoramente e não tendo texturas e nuances que parecem “colagens mal feitas e sem sentido”. Ainda falta uma cola para que tudo possa realmente seja aproveitado de uma maneira que faça HE KNOWS realmente ser uma canção completa, mas essa mistura de dance-pop com R&B, latin pop, uk garage e aforbeats é aproveitável com uma batida que consegue algum efeito de diversão quando bem lapidada. E isso acontece principalmente com o o começo do verso do Lil Nas X. Na verdade, gostaria de ter ouvido o rapper mais tempo, pois o mesmo dá personalidade para a canção enquanto a Camila entrega um trabalho meio sem força, mas solido da canção. Se tivesse uma produção que com menos truques nas mangas e mais foco, a canção poderia ser um trabalho louvável. Mesmo assim é melhor que a bomba atómica anterior.
nota: 6

A Garota Que Acerta ao ser Safafinha

Nasty
Tinashe

Existe uma certeza em se tratando da Tinashe: a cantora sempre acerta quando se baseia na sua personalidade artística. Em Nasty, a prova está na maneira como a mesma entrega mais do mesmo e ainda é acima da média.

Sonoramente, a canção não é nada novo em relação o que ela já fez várias vezes ao entregar um R&B/pop dançante e sensual. Só que a cantora tem um nível de controle de qualidade alto que faz de Nasty um trabalho louvável. Acredito que a maior qualidade da canção é a mudanças de texturas que diferem os versos, o refrão e o pos-refrão, dando para a canção personalidade sem precisar de grandes arrombos criativos. E fico feliz que Nasty tem sido tornado um viral modesto no TikTok que merece explodir ainda mais. Tinashe realmente merece.
nota: 7,5

5 de maio de 2024

Um Conto de Duas Canções

Karma's A Bitch
Brit Smith

Karma
JoJo Siwa

Hoje irei contar um breve conto sobre como não começar a carreira na música, sobre uma música pop que mostra que é preciso talento para ser uma estrela pop e sobre o poder de uma boa produção. Esse é o caso de Karma da JoJo Siwa que é na verdade Karma's A Bitch da Brit Smith.

Quem é JoJo Siwa? Fazendo um rápido resumo. A jovem ficou famosa ao ser parte do reality show Dance Mons que mostrava a vida de mães e suas filhas que buscavam uma carreira na dança e no entretenimento. Devido ao sucesso, JoJo assinou um contrato Nickelodeon para estrelar filmes e series no canal infanto-juvenil. Conhecida pela sua persona exagerada que sempre vestiu roupas extremamente coloridas e chamativas, mas ainda bastante family friendly, a cantora/atriz/dançarina revelou em 2021 que era parte da comunidade LGBTQ+. Com o fim do seu contrato com o canal, JoJo começou a sua nova era: a bad girl. E para celebrar essa nova fase lançou a canção Karma.

Parte desse rebranding, a canção começou já mal devido a recepção péssima depois do lançamento. E não é difícil de ver o motivo. Karma é uma electropop/dance-pop que parece ter por baixo uma canção boa, mas é envernizado pelo o que há de ultrapassado no mundo pop. Acredito que lançada há uns dez/quinze anos a canção poderia facilmente combinar com o contexto do pop na época. Lançada agora, a cantora é completamente datada e usa ao máximo clichês do gênero. E o maior deles é o uso dos auto-tune para arrumar a voz da JoJo. Acho que ela até pode ser talentosa, mas aqui sua performance não consegue carregar a canção de maneira satisfatória já que a mesma não tem um toque de refinamento ou nuances que fosse criado por auto-tune. E o pior: tudo soa forçado. Karma, porém, tem uma boa letra que nas mãos certas poderia render uma boa música. Só que isso não é apenas um pensamento positivo e, sim, uma realidade.

Durante a divulgação da canção veio a tona uma versão da canção gravada pela desconhecida Brit Smith, levando a acusações que a JoJo tinha roubado a canção. Não foi o caso, pois a canção tem os mesmos produtores, o duo Rock Mafia, sendo oferecida inicialmente para Miley Cyrus que teve que recusar devido ao seu contrato na época com a Disney. Brit Smith, porém, gravou a canção, mas foi orientada a lançar outro single para lançar a sua carreira. Sem sucesso, a mesma deixa a indústria fonográfica logo em seguida. Com esse momento viral, a artista resolveu lançar oficialmente a sua versão Karma's A Bitch. E como disse, existe uma versão boa nessa divertida electropop com toques de R&B que tem uma marca clara do seu co-produtor Timbaland no auge criativo. Não estamos diante de algo genial, mas essa versão é bem mais fluida que a da JoJo. Carismática e sabendo bem como carregar as nuances da canção, Brit Smith entrega uma performance que realmente dá vida a composição sobre se arrepender de ter sido infiel. E o uso de efeitos vocais aqui é feito para ser um complemento e, não, a parte principal da canção. E nesse conto de duas canções o final feliz é para quem nem tinha carreira mais e não para a aquela que queria se reinventar.
notas
Karma's A Bitch: 7,5
Karma: 4,5



Quebra Tudo

Baddy On The Floor (Feat. Honey Dijon)
Jamie xx

Depois de dois pequenos tropeços, o produtor Jamie xx volta completamente aos trilhos com o lançamento da excitante Baddy On The Floor em parceria com a também produtora Honey Dijon.

A canção é uma elétrica, efusiva e deliciosa mistura de funky house com garage house que acerta do começo ao fim. Não há nenhuma queda na energia inspirada da canção ou qualquer caminho equivocado que a produção toma para diminuir sua batida energética. Os toques de Ballroom ajudam e muito Baddy On The Floor a ganhar sua personalidade de maneira tão distinta, vindo da presença da Honey Dijon. Acredito que a canção termine um pouco abruptamente, mas isso não atrapalhe o fato do Jamie xx estar de novo nos trilhos exatos.
nota: 8



Um Remix de Respeito

Escapism. (4am Remix)
RAYE


Venho falando sobre essa nova tendência sobre remixes que vem crescendo nos últimos tempos. Normalmente, o remix lançado nem pode ser chamado como tal e sempre são uma queda de qualidade em relação a canção original. Hoje, porém, irei falar sobre um remix que dá certo: Escapism. (4am Remix) da RAYE.

Na verdade, essa versão é quase uma nova canção baseada na canção original, pois a reconstrói totalmente. E a primeira grande qualidade é a essa quebra de expectativa ao encontramos uma reimaginação total de Escapism. que vai de uma hip hop/R&B com toques de eletrônico, blues e soul para uma power balada R&B/soul com toques de electro. A dramaticidade explosiva é trocada por uma instrumental sóbrio, cadenciado e com melancolia aumenta a um novo nível. Claro, o perda do impacto original da canção faz essa versão não tem tão potente, mas a maneira divina que a Raye carrega a canção adiciona doses cavalares de força. Na verdade, Escapism. (4am Remix) é a perfeita gravação para mostrar a capacidade que a cantora possui em todas as suas apresentações ao vivo. E isso é algo quase tão difícil como fazer um remix que realmente seja relevante como é o caso de Escapism. (4am Remix).
nota: 8

De Olho

Kissing in the Cold
Florrie


Até o momento só tinha feito uma resenha da cantora britânica Florrie em 2015 da canção Too Young to Remember. Recentemente, foi indicado pelo Spotify a sua nova canção e resolvi dar uma chance. E fico feliz em redescobrir a cantora devido a qualidade de Kissing in the Cold.

Nada revolucionário, a canção é uma bonita, tocante e dançante synth-pop com pinceladas de EDM e eletropop que fica bem na definição de “dançar e chorar”. Elegante e que vai ganhando ainda mais força na sua parte final, Kissing in the Cold tem uma interpretação segura e delicada da cantora que carrega a canção com uma graça elegante. Com o lançamento do seu primeiro álbum (The Lost Ones) ainda para esse ano irei ficar de olho no que a Florrie pode entregar.
nota: 7,5

Algo Que Falta

Talk To Me
Two Shell & FKA twigs


A FKA twigs é uma artista tão espetacular e única que até mesmo quando uma canção não está a sua altura existe salvação apenas pela sua presença. Esse é o caso da canção Talk To Me.

Em parceria com o duo de produtores Two Shell, a canção é eficiente e sólida UK Bass com EDM e glitch pop. Nada memorável, mas também não faz feio devido a sua a maneira como é construída a canção que parece ser quase um remix de uma canção da FKA twigs. O problema é que a canção não parece entender o talento e a capacidade da cantora ao não ir além do basicão. A verdade é que a presença da cantora é dá o toque especial para Talk To Me, pois a mesma aciona personalidade ao resultado final com a sua persona tão distinta. Espero que seja apenas um desvio na trajetória da FKA twigs e não o que a mesma está preparando para seus lançamentos futuros. 
nota: 7

Melhor, Mas Na Mesma

Boy Bye
Chlöe


Chlöe continua a desperdiçar seu talento com o lançamento de mais uma canção apenas mediana. E olha que Boy Bye é até interessante até certo ponto.

Uma mudança da sonoridade que a mesma vem apresentando, a canção é uma mid-tempo dance-pop/R&B com toques de pop rock que tenta algo diferente que é até louvável. Todavia, a canção é tão esquecível depois de escutar que agente nem lembra da sua existência depois de um tempo. E apesar de ótima cantora, Chlöe parece perdida em Boy Bye entregando uma performance sem força e que parece não encaixar com a proposta da canção. Acredito que está na hora de começar uma campanha chamada: “Salvem a Chlöe”.
nota: 6,5

28 de abril de 2024

Primeira Impressão

Funk Generation
Anitta


Faltou a Pegada

Grip
Anitta


Apesar de uma boa base, o single Grip da Anitta faltou o principal para ser uma canção acima da média: pegada.

Até que acho louvável a batida funk com eletropop e as referencia via samples que dão certa autenticidade para a canção, mas faltou aquela força vital para dar vida a ideia. A canção é como se fosse uma bela casca que faltou muito conteúdo para fazer sair desse lugar comum para chegar em um parâmetro que tudo funcione como deveria e poderia. Acho que o principal erro em Grip, porém, é a sua ruim composição que poderia falar exatamente as mesmas coisas de maneira mais inteligente liricamente sem pender para o simples vulgar. Se antes Anitta não entrega nem promessas verdadeiras, agora existe um fundo de verdade na canção. Faltou apenas cumprir a promessa. 
nota: 5,5

Primeira Impressão

Tara e Tal
Duda Beat



Garota, Adulta

b i g f e e l i n g s
WILLOW


Para quem não acompanha a carreira da Willow ao longo dos anos deve tomar um susto ao ouvir a sensacional b i g f e e l i n g s já que estamos diante uma musica feita por uma artista vibrante e excitante. Quem acompanhou além de Whip my Hair sabe que esse momento é o resultado de uma construção de carreira realmente elogiável.

Sem nenhuma dúvida, a canção é a melhor da sua carreira até o momento e que a coloca em novo patamar artístico. Apesar de ter uma leve impressão de ser um trabalho recente do Paramore devido a pegada indie rock/post-punk , b i g f e e l i n g s ganha personalidade impar devido a sua excepcional produção que dá um tom quase jazz session para a canção com a suas nuances e quebra de expectativas durante toda a sua duração. Existe em particular uma mudança lá pelos seus dois minutos e quarenta que deixou meu queixo caído de verdade. E a presença segura e completamente madura da Willow ajuda a canção a se modelar devido a maneira graciosa e deslumbrante que a mesma a carrega. Acho que estamos diante da elevação artística da Willow para um gracioso e excitante próximo patamar.
nota: 8,5



Her Name is Normani

1:59 (feat. Gunna)
Normani


Parece que a carreira solo da Normani vai mesmo de Nicole Scherzinger. Depois de prometer muito e até entregar alguns bons momentos, o começo oficial da carreira é uma verdadeira decepção com o lançamento da morníssima 1:59.

Uma das canções mais sem graças lançadas nos últimos, a canção é uma R&B que parece adormecida sem nunca chegar a ser interessante, divertida ou sexy como parece querer ser. É o tipo de canção que deveria ter um publico lá no começo dos anos dois mil, mas ouvido hoje soa datada e ultrapassada. Na verdade, nem para os parâmetros dessa época citada funciona já que a produção soa tão desinteressada na própria canção. E a cantora parece fazer o seu melhor para salvar 1:59, mas nada é capaz de salvar tamanha falta de personalidade. E ainda tem o Gunna em versão tão dispensável que parece feito apenas para falar que teve uma participação especial. E assim parece nascer morta a carreira da Normani. Pena.
nota: 5

21 de abril de 2024

Primeira Impressão

Bright Future
Adrianne Lenker



Falso Fofo

Free Treasure
Adrianne Lenker


Ao ouvir por alto Free Treasure da Adrianne Lenker é fácil achar uma canção fofa e bonitinha. A verdade é que a canção é exatamente isso e, também, esconde muito mais quando se realmente presta atenção.

Single do álbum Bright Future, a canção é uma delicadíssima indie folk com um instrumental simples, contido e de uma beleza contemplativa. A doce melodia é acompanhada pelos vocais calmos, doces e melancólicos da cantora que tem a presença de um vocal masculino em alguns momentos como backvocal. Tudo isso para contar sobre aproveitar coisas simples da vida como, por exemplo, nadar em um rio ou apreciar a comida caseira de quem se ama. Todavia, as entrelinhas de Free Treasure é sobre aproveitar essas coisas comuns e banais antes que não há mais tempo para gente ou para quem se ama. E isso faz a gente emocionar de verdade ao escutar a canção, mas se passou desapercebido também faz a gente se emocionar pelo o que é na superfície.
nota: 8,5

Dançando & Chorando

Good Luck, Babe!
Chappell Roan


Fazia um bom tempo que não escuta uma canção para “dançar e chorar” como é o caso da ótima Good Luck, Babe! da cantora Chappell Roan. Na verdade, a canção é facilmente uma das candidatas para melhores do ano.

Primeiro single do seu segundo álbum, a canção é uma excitante, adorável, melancólica, sentimental e dançante synthpop com uma dose bem vinda de indie pop/rock que a dá não apenas a única personalidade, mas também toda a sua impressionante atmosfera que transita em perfeitamente em um veio atemporal entre ser vintage, nostálgico e moderninho. E isso nem é o grande trunfo da canção, pois Good Luck, Babe! é uma slow burn que vai encontrar o seu imenso ápice ao chegar na sua ponte final em que temos uma mudança instrumental e de atmosfera que, apesar de não alterar a cadencia da canção, dá para o trabalho uma força devastadora. Enquanto isso, Chappell Roan entrega uma performance extraordinária que sabe muito bem exaltar o seu delicado e gracioso timbre e, ao mesmo tempo, demostra uma força impressionante, especialmente emocionante. E, por fim, a composição da canção é sensacional ao relatar a paixão entre a narradora e uma outra mulher que não acabou bem devido ao fato dessa segunda não ter exatamente muita responsabilidade emocional. É um trabalho triste, ácido e um pouco raivoso, mas é uma letra que a gente entende fácil o seu emocional devido a maneira direta como a cantora a escreve. Good Luck, Babe! é um dos momentos que tenho certeza que vai ser um marco em 2024.
nota: 8,5

2 Por 1 - Charli XCX

Club classics
B2b
Charli XCX

O lançamento do single duplo da Charli XCX dá ainda detalhes sobre o que esperar do álbum Brat: clássica Charli ao dobro. Começo pela melhor das duas em Club Classics.
 
Acredito que o principal motivo da canção ser a melhor lançada até agora é o fato da mesma ser a mais completa sonoramente. Não que as outras não sejam, mas Club Classics é a que melhor transmite a sua ideia ao ser uma sinergética, cativante e nostálgica electro house que faz a gente vibrar e também sentir certa emoção. O motivo disso é a sua atmosfera que remete ao gênero de maneira tão pura e a sua composição que invoca exatamente isso ao mostrar a vontade da cantora em dançar os clássicos de quem faz esse tipo de canção. E a linha “I wanna dance to SOPHIE” faz a gente sentir uma dorzinha no coração genuína. Em B2b, a produção perde um pouco desse encanto, mas ainda entrega uma eletrizante batida que tem um leve toque melancólico por trás que a dá personalidade, mesmo sendo liricamente bem mediana. No final, as canções são dois momentos que provam o domínio da Charli XCX pelo que faz.
notas  
Club classics: 8
B2b: 7,5

Doechii is POP!

Alter Ego
Doechii & JT


Se existe um debut que venho esperado com ansiedade é o da rapper Doechii. Apesar de um ou outro tropeço, a artista vem mostrando que é capaz de entregar acerto atrás de acerto. E é esse o caso de Alter Ego.

Vamos ao ponto negativo da canção: a sua desaceleração. O single começa explosivo desde os seus primeiros segundos, mas parece perder certa força no meio para frente. É como se fosse um carro que a aceleração fosse 150km/h que consegue ir a 100km/h depois de algum tempo. Claro, ainda é rápido, mas é uma perda considerável. Tirando isso, Alter Ego é uma impressionante, elétrica e eletrizante hip house/vogue que faz a gente querer ir para um ballroom dançar como se fosse um dançarino nato ou fazer um lip syncing na frente da Mama Ru. Com uma performance na medida da Doechii e a também rapper JT quase no mesmo nível, Alter Ego é outra peça para a construção de um hype já bem elevado. 
nota: 8

Country Fino

I Like Trains
Ashley Monroe

Se você entrou no mundo do country pela Beyoncé, existe um grande mundo para explorar que realmente vale a pena no cenário. E uma das contemporâneas mais interessantes é a cantora Ashley Monroe que lançou a ótima I Like Trains.

Single do próximo álbum da cantora que ganhou notoriedade ao fazer parte do mega grupo Pistol Annies, a canção é uma densa e melancólica balada country/americana que consegue fazer a gente sentir um calafrio na espinha. Com um simples, mas devastador instrumental que complementa perfeitamente a doce voz da cantora, I Like Trains apresenta uma composição forte que faz uma metáfora sobre a paixão por trens com uma paixão devastadora. Contemporânea e, ao mesmo tempo, cravada no country, Ashley Monroe é uma das que carregam o gênero atualmente com graça e qualidade.
nota: 8

Groovy

Cinderella
Remi Wolf


Uma das traduções para o adjetivo groovy é descolado. E isso se encaixa perfeitamente para o single Cinderella da cantora Remi Wolf.

Apesar de não ser tão boa como Prescription, a cantora entrega uma festa suingada, leve, divertida e, claro, descolada em uma canção que parece parada no tempo sem ter gosto de naftalina. Cinderella é uma synth-funky com pegada dos anos ’70 que poderia facilmente ter sido feita no auge do Rufus e Chaka Khan, mas que ganha personalidade distinta devido a presença luminosa da Remi Wolf e a seu timbre áspero e cativante. Além disso, existe uma inteligência radiante na construção da composição que consegue ser modernosa e, ao mesmo tempo, casar com toda a vibe da canção. E que vibe maravilhosa, querido leitores, que faz a gente dançar como se não houvesse amanhã.
nota: 8



14 de abril de 2024

Primeira Impressão

Found Heaven
Conan Gray



Um Flop Para Dua

Illusion
Dua Lipa


Apesar de estar gostando da nova era da Dua Lipa é necessário admitir que as coisas não pegaram no tranco e, infelizmente, não parece que vai. E isso é comprovado por Illusion, terceiro single Radical Optimism.

Longe se ruim, a canção não tem muito que a gente pode falar para que a mesma seja considerada um estouro. Gosto da produção mais groove que dá para a canção uma vibe EDM/garage que se mistura com o tradicional dance-pop e, principalmente, a referencia/homenagem a Kylie Minougue ao gravar o vídeo no mesmo lugar que Slow. Entretanto, Illusion parece um pouco disjuntada, pois existem ideias diferentes sendo construídas sonoramente nos versos, refrões e pré e pós refrão que nunca parecem fluir perfeitamente. Divertida, mas bem menos inspirada que os outros singles, a canção mostra que a Dua Lipa pode até errar, mas faz com certa categoria.
nota: 7

Acima do 7

Espresso
Sabrina Carpenter


Até o momento todas as resenhas que fiz para a Sabrina Carpenter deram em uma nota sete. E isso muda com o lançamento da divertida Espresso.

Sem ser exatamente muito superior, a canção tem uma qualidade que até o momento a cantora não tinha mostrado: ser memorável. Uma mid-tempo nu disco/dance-pop com toques de boggie que é tão fofa e envolvente que fica difícil não se envolver com a sua batida deliciosa e os vocais melosos e sexy de Sabrina. Espresso peca, porém, por não se aprofundar nessa sua mesma vibe, deixando a impressão que poderia ter resultado em algo mais grandioso se a produção colocasse mais força. De qualquer forma, Carpenter tem uma pequena perola nas mãos que a coloca na lista de garotas acima da média com louvor.
nota: 7,5


Fritação By Shygirl

Making The Beast
Shygirl

Essa nova fase da Shygirl ao mergulhar com tudo no tecnho/EDM vem melhorando a cada novo lançamento. Depois do EP Club Shy, a cantora lança a ótima fritação em Making The Beast.

A canção é uma imponente, poderosa e cativante tecnho house que apresenta uma produção tão ciente do que tem em mãos ao entender que o gênero é feito para sentir a batida no volume máximo. E é isso que Making The Beast entrega sem rodeios. Não estamos diante de uma canção de influência, mas, sim, o puro suco do techno apenas refinada para soar menos underground. E isso vem da presença luminosa e etérea da Shygirl em uma performance deliciosa. Espero que a cantora continue indo ainda mais fundo nesse jornada para fazer a gente até torrar de tanto fritar. 
nota: 8

O Tradicional Acerto

My Oh My
Ava Max


Acho que dá para afirma que a Ava Max tem um padrão: a cada três canções medianas/ruins, a mesma lança uma canção boa. E chegou a vez de My Oh My.

Entre os melhores momentos da carreira recente da cantora, a canção é genérica na sua construção, mas é feita com esmero do começo ao fim e tem uma mudança rítmica da sua segunda metade para frente que é a salvação da lavoura. Quando a batida My Oh My é aumenta e apurada com uma mudança do tom após o primeiro refrão é que a canção cria vida de maneira extraordinária para ser tornar uma épica electropop. Até mesmo o sample da tradicional música “Arabian riff” funciona ao soar parte da música e, não, um caça níquel. Agora é esperar a sequencia de três mancada para a ouvirmos a próxima boa da Ava Max.
nota: 7,5


Faltou o Lírico

It's So Good
Jamie xx

Nem sempre uma canção precisa de uma composição, mas existem algumas canções que se beneficiaria com uma letra. Esse é o caso de It's So Good do produtor Jamie xx.

O DJ/produtor já entrou ótimas faixas que não tinha letra e funcionaram bem como é caso de Idontknow, mas aqui a canção quase clama por uma composição que pudesse amarras algumas pontas importantes soltas. E a mais importante é a sensação de certo vazio que o meio da canção apresenta ao não explorar bem a sua própria batida UK funky com progressive house e toques de funk carioca e EDM. Não era nem preciso de um trabalho lírico fascinante, mas, sim, um acima da média que serviria bem. De qualquer forma, It's So Good tem um toque de excentricidade inteligente que a ajuda a ser um trabalho que merece ser ouvido pelo menos uma vez.
nota: 7,5

7 de abril de 2024

Primeira Impressão - Outros Lançamentos

Desire, I Want To Turn Into You: Everasking Edition
Caroline Polachek


Primeira Impressão - Outros Lançamentos

GUTS (spilled)
Olivia Rodrigo


O Redundante Maravilhoso

Fugue (Bin Song)
Squid


Nem sempre entregar mais do mesmo é uma coisa negativa. Ainda mais quando o nível é tão alto como são os trabalhos da banda Squid que entrega outro acerto em Fugue (Bin Song).

Dentro do nível médio da banda, a canção é uma das suas menos inspiradas devido a parecer não ter nada de realmente excitante ou novo que já não tínhamos vistos. Entretanto, a banda prova o tamanho do seu alcance ao entregar uma refinada e sólida como concreto jazz rock/art rock que não alcança o espaço sideral, mas plana além das nuvens. Acredito que o grande trunfo Fugue (Bin Song) é a sempre impressionante instrumentalização que é a marca básica da banda. Existe um cuidado na construção complexa de todos os arranjos que mesmo que a canção não seja como um todo genial sempre haverá genialidade nesse quesito em algum momento. E o Squid acerta até quando não acerta.
nota: 8