Sharon Van Etten & The Attachment Theory
A cantora Sharon Van Etten vai assumir a alcunha de Sharon Van Etten & The Attachment Theory devido ao fato de estar acompanhada de uma banda. Essa mudança, na realidade, não altera a qualidade do seu trabalho, pois no álbum “debut” dessa configuração, que leva o nome da banda, a cantora continua a demonstrar todo o seu imenso talento em um álbum vigoroso e poderoso.
Soturno, maduro, pegajoso e lindamente bem produzido, o trabalho é uma coleção impressionante de canções indie rock/post-rock/new wave que têm na sua climática e densa atmosfera a sua grande qualidade. E isso é apresentado logo no começo, com a espetacular abre-alas "Live Forever". Parecendo buscar inspiração em "Who Wants to Live Forever", do Queen, mas com uma estrutura sonora completamente diferente, a canção é uma bela, sombria e assombrosa criação que, aos poucos, vai se revelando devido à construção crescente do seu magnífico instrumental. Tudo isso ainda é emoldurado pela potente performance de Sharon, que capta a essência da canção de forma perfeita, crescendo aos poucos até chegar ao seu clímax final. Logo em seguida, o álbum dá uma guinada impressionante sem perder o fio da meada com a graciosa "Afterlife".
Novamente, a canção tem uma atmosfera que parece captar certa essência de sonoridades ouvidas nos anos oitenta, mas sem nunca soar como datada ou copiada, e sim como um reflexo das influências da cantora. A canção tem uma cativante batida, mas também um toque melancólico que penetra profundamente, aliando-se à performance angelical e cativante de Sharon. Entretanto, o grande ponto alto da canção é a sua devastadora composição sobre nossa percepção da morte de alguém e nossas dúvidas sobre o que queremos deixar de legado para as pessoas que nos rodeiam. Tocante e marcante, a composição atinge outro nível quando sabemos que foi escrita em homenagem a uma fã da cantora que faleceu devido a uma doença crônica, mas que, mesmo durante o tratamento, sempre acompanhava os shows da artista.
E o álbum continua com a ácida "Idiot Box". Claramente inspirada em Bruce Springsteen, a canção tem aquela batida que nos inspira e nos faz querer cantar junto, graças a como seu instrumental cria toda uma atmosfera perfeita, mas também reflete sua composição sobre a obsessão da sociedade atual com a tecnologia, especialmente as que usam telas. Mudando o foco, o álbum entrega, em "I Can’t Imagine (Why You Feel This Way)", uma ótima e contagiante mistura de rock e dance, captando bem a essência de David Bowie em Let’s Dance. O álbum tem outros bons momentos que mantêm a qualidade do trabalho bastante alta, mas essas canções são os grandes destaques que provam que, não importa a forma de se apresentar, o certo é que Sharon Van Etten vai entregar um trabalho digno de grandes elogios.


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