Gaby Amarantos
19 de outubro de 2025
12 de outubro de 2025
The Fate of Taylor
The Fate of Ophelia
Taylor Swift
Taylor Swift
Uma das melhores canções do álbum, The Fate of Ophelia é o exemplo básico da “alma” da atual era da Taylor: mediana, sem graça e decepcionante.
A tentativa de soar mais inteligente ao se comparar com a Ofélia de Shakespeare é tão piegas que até consegue gerar um sorriso sincero depois de ouvirmos o resultado tão massificado da canção, pois é uma dicotomia bem grande entre o pretendido e o alcançado. Uma letra mediana que só encontra algum ponto de brilho no formulaico e grudento refrão, The Fate of Ophelia poderia ser bem, mas bem melhor se não fosse mergulhada em tanta pretensiosidade. Além disso, a produção mediana entrega uma canção “chapa-branca” feita para ser comercial, mas sem uma alma verdadeira, que mistura de maneira capenga pop com toques de nu-disco e synth-funk, não dando nenhuma personalidade verdadeira para a canção. É uma canção com pompa e circunstância, mas completamente vazia.
nota: 5,5
New Face Apresenta: Alemeda
Beat A B!tch Up
Alemeda & Doechii
Quando vi que a Doechii tinha participado da canção Beat A B!tch Up, da novata Alemeda, pensei que sabia exatamente o que iria encontrar. E, para a minha total surpresa, não foi nada do que imaginei — e isso é muito bom, especialmente para a verdadeira “dona” da canção.
Uma sólida, potente e surpreendente faixa pop rock, a música mostra que Alemeda é um sopro de ar fresco ao seguir um caminho parecido com o da Willow, com toques de PinkPantheress. Isso é auspicioso, pois, apesar de ainda haver essas comparações, a cantora demonstra claro potencial não só para encontrar sua verdadeira voz como também para conquistar seu próprio nicho com o público.
O mais interessante de Beat A B!tch Up é sua ótima instrumentalização, que se mostra robusta e muito bem construída. Uma pena que a composição não tenha a mesma força, deixando uma certa lacuna de criatividade na canção. Felizmente, a excelente performance de Alemeda — que demonstra ter um grande e poderoso alcance vocal — amarra as pontas soltas, e a carismática e versátil participação de Doechii adiciona personalidade à faixa, mesmo não sendo explorada nem perto do seu máximo potencial. Assim, Alemeda mostra ter uma carreira promissora pela frente. A conferir.
nota: 7,5
Um Encontro Modesto
viscus
Oklou & FKA twigs
Oklou & FKA twigs
Dona de um dos álbuns de estreia mais interessantes do ano, a cantora Oklou vai lançar a versão deluxe de Choke Enough. Como primeiro single, foi lançada a parceria com FKA twigs em viscus.
Casando bem com o estilo das duas artistas, a canção é um refinado, contido e melódico downtempo/alt-pop, com uma construção instrumental inspirada que vai grudando na nossa cabeça quanto mais a escutamos. O problema da canção, porém, é não tornar esse encontro algo ainda mais profundo, pois a presença de FKA twigs é ótima, mas limitada, deixando o resultado final com aquela sensação clara de que poderia ter alcançado um nível maior. Isso fica evidente já que a química entre Oklou e FKA twigs é o ponto alto do trabalho. É uma faixa que, mesmo modesta, ainda merece ser descoberta.
nota: 7,5
Um Encontro Bem, Bem Modesto
EYES CLOSED
JISOO & ZAYN
JISOO & ZAYN
A capacidade de errar na produção de uma balada pop em forma de dueto é algo que precisa ser estudada. E isso fica ainda pior quando havia potencial para uma boa música, como é o caso de Eyes Closed, da Jisoo com o Zayn.
Trata-se de uma balada pop mid-tempo tão genérica que poderia ser distribuída pela Farmácia Popular. E nem assim a produção consegue oferecer uma instrumentalização realmente acima da média, pois o resultado aqui é completamente mediano do começo ao fim. Não que eu esperasse algo sensacional, mas, no mínimo, o resultado de Eyes Closed poderia ser menos preguiçoso.
O pior, porém, é a produção vocal, que faz dois bons vocalistas soarem sem graça, mesmo entregando performances sólidas. E o caso mais grave fica com o Zayn, que parece completamente perdido, sendo encoberto por uma produção esquisita que esconde sua voz em certos momentos. Uma pena, pois poderia ser aquele tipo de canção surpreendentemente boa.
nota: 5,5
5 de outubro de 2025
O Céu de Zara
Midnight Sun
Zara Larsson
Zara Larsson
A nova era de Zara Larsson veio para provar como o material certo é essencial para revelar o verdadeiro talento de um artista. E um dos ápices dessa fase é a elétrica Midnight Sun.
Faixa que dá nome ao álbum, a canção é, sem dúvidas, o melhor single da carreira da cantora — especialmente graças à sua produção inteligente e madura, que confere uma personalidade autêntica ao eletropop misturado com Jersey club e drum and bass. Não é, de forma alguma, uma revolução para o gênero, mas representa uma revolução pessoal na trajetória de Zara.
Isso se deve à visão única e coesa da produção, que constrói camadas sonoras ricas e impede que Midnight Sun soe clichê ou previsível. Além disso, com uma base tão sólida, Zara entrega uma performance dinâmica, carismática e cheia de personalidade — reforçando a ideia de que, finalmente, ela tem em mãos o material que sempre mereceu. Que essa seja, daqui em diante, sua nova constância.
nota: 7,5
2 Por 1 - Magdalena Bay
Second Sleep / Star Eyes
Magdalena Bay
Magdalena Bay
Lançar um single duplo não é novidade para ninguém, mas é muito raro a gente ouvir um single duplo que realmente faça sentido ter sido lançado em dupla. Esse caso raro acontece com o duo Magdalena Bay, com o lançamento de Second Sleep e Star Eyes.
O motivo principal para os dois singles fazerem sentido juntos é que a construção sonora das canções termina soando como uma única faixa dividida em duas, devido à clara ligação sonora entre elas. Não é uma conexão explícita e há espaço para essa conclusão ser negada, mas, para mim, as duas canções conversam diretamente entre si. E isso aumenta ainda mais a qualidade criativa das produções, mostrando uma continuação da evolução do duo.
Entre as duas, Second Sleep é a música mais interessante, devido à sua construção intricada e, por vezes, surpreendente, que vai costurando um instrumental corpulento, estiloso e majestoso em uma inspirada mistura de pop progressivo com art pop/rock e psicodelia. Apesar de menos inspirada, Star Eyes mantém o nível alto ao continuar a demonstrar a imensa qualidade instrumental da banda, entregando uma canção menos efusiva, beirando a contemplação delicada. E, mesmo com essas diferenças, fica bem claro que ambas saíram do mesmo pedaço de tecido sonoro, especialmente devido à condução impecável e brilhante da vocalista Mica Tenenbaum. Por mais singles duplos que possam mostrar a sua razão de existir.
notas
Second Sleep: 8,5
Star Eyes: 8
O Pior Hit de 2026
Ordinary
Alex Warren
Alex Warren
É uma conquista nada honrosa poder ser dono de um dos maiores hits comerciais do ano ao mesmo tempo em que é uma das piores músicas do ano. Todavia, esse é o caso de Ordinary, do Alex Warren.
A canção não é exatamente a pior de todos os tempos, mas, sinceramente, entra facilmente no top 10 entre as piores que atingiram o primeiro lugar da Billboard. E o grande problema da canção é — sem trocadilho — a sensação gigantesca de ordinariedade de tudo o que está envolvido na construção de Ordinary. Sonoramente, a canção é uma esquecível e precária balada pop rock/chamber pop que parece ter sido feita com ajuda de inteligência artificial, pois soa como uma combinação ainda mais medíocre de Ed Sheeran com Teddy Swims e toques de Lewis Capaldi. E isso já diz muito sobre a sonoridade da canção.
Tenho que apontar que, ao adicionar toques de gospel aqui e ali, tenta-se dar uma personalidade à canção, o que é rapidamente atrapalhado pela péssima composição — uma reunião sem graça e sem criatividade de clichês românticos sob o ponto de vista masculino. Sem nenhuma personalidade vocal, Alex, que ganhou fama como youtuber/influencer, entrega uma das performances mais sem graça e piegas que ouvi neste ano. A canção é exatamente uma das provas de que sucesso não é sinônimo de qualidade.
nota: 4,5
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