12 de outubro de 2025

Primeira Impressão

A Matter of Time
Laufey


Primeira Impressão

The Life of a Showgirl
Taylor Swift


The Fate of Taylor

The Fate of Ophelia
Taylor Swift

Uma das melhores canções do álbum, The Fate of Ophelia é o exemplo básico da “alma” da atual era da Taylor: mediana, sem graça e decepcionante.

A tentativa de soar mais inteligente ao se comparar com a Ofélia de Shakespeare é tão piegas que até consegue gerar um sorriso sincero depois de ouvirmos o resultado tão massificado da canção, pois é uma dicotomia bem grande entre o pretendido e o alcançado. Uma letra mediana que só encontra algum ponto de brilho no formulaico e grudento refrão, The Fate of Ophelia poderia ser bem, mas bem melhor se não fosse mergulhada em tanta pretensiosidade. Além disso, a produção mediana entrega uma canção “chapa-branca” feita para ser comercial, mas sem uma alma verdadeira, que mistura de maneira capenga pop com toques de nu-disco e synth-funk, não dando nenhuma personalidade verdadeira para a canção. É uma canção com pompa e circunstância, mas completamente vazia.
nota: 5,5

New Face Apresenta: Alemeda

Beat A B!tch Up
Alemeda & Doechii

Quando vi que a Doechii tinha participado da canção Beat A B!tch Up, da novata Alemeda, pensei que sabia exatamente o que iria encontrar. E, para a minha total surpresa, não foi nada do que imaginei — e isso é muito bom, especialmente para a verdadeira “dona” da canção.

Uma sólida, potente e surpreendente faixa pop rock, a música mostra que Alemeda é um sopro de ar fresco ao seguir um caminho parecido com o da Willow, com toques de PinkPantheress. Isso é auspicioso, pois, apesar de ainda haver essas comparações, a cantora demonstra claro potencial não só para encontrar sua verdadeira voz como também para conquistar seu próprio nicho com o público.

O mais interessante de Beat A B!tch Up é sua ótima instrumentalização, que se mostra robusta e muito bem construída. Uma pena que a composição não tenha a mesma força, deixando uma certa lacuna de criatividade na canção. Felizmente, a excelente performance de Alemeda — que demonstra ter um grande e poderoso alcance vocal — amarra as pontas soltas, e a carismática e versátil participação de Doechii adiciona personalidade à faixa, mesmo não sendo explorada nem perto do seu máximo potencial. Assim, Alemeda mostra ter uma carreira promissora pela frente. A conferir.
nota: 7,5

Um Encontro Modesto

viscus
Oklou & FKA twigs


Dona de um dos álbuns de estreia mais interessantes do ano, a cantora Oklou vai lançar a versão deluxe de Choke Enough. Como primeiro single, foi lançada a parceria com FKA twigs em viscus.

Casando bem com o estilo das duas artistas, a canção é um refinado, contido e melódico downtempo/alt-pop, com uma construção instrumental inspirada que vai grudando na nossa cabeça quanto mais a escutamos. O problema da canção, porém, é não tornar esse encontro algo ainda mais profundo, pois a presença de FKA twigs é ótima, mas limitada, deixando o resultado final com aquela sensação clara de que poderia ter alcançado um nível maior. Isso fica evidente já que a química entre Oklou e FKA twigs é o ponto alto do trabalho. É uma faixa que, mesmo modesta, ainda merece ser descoberta.
nota: 7,5

Um Encontro Bem, Bem Modesto

EYES CLOSED
JISOO & ZAYN

A capacidade de errar na produção de uma balada pop em forma de dueto é algo que precisa ser estudada. E isso fica ainda pior quando havia potencial para uma boa música, como é o caso de Eyes Closed, da Jisoo com o Zayn.

Trata-se de uma balada pop mid-tempo tão genérica que poderia ser distribuída pela Farmácia Popular. E nem assim a produção consegue oferecer uma instrumentalização realmente acima da média, pois o resultado aqui é completamente mediano do começo ao fim. Não que eu esperasse algo sensacional, mas, no mínimo, o resultado de Eyes Closed poderia ser menos preguiçoso.

O pior, porém, é a produção vocal, que faz dois bons vocalistas soarem sem graça, mesmo entregando performances sólidas. E o caso mais grave fica com o Zayn, que parece completamente perdido, sendo encoberto por uma produção esquisita que esconde sua voz em certos momentos. Uma pena, pois poderia ser aquele tipo de canção surpreendentemente boa.
nota: 5,5

5 de outubro de 2025

Primeira Impressão

Midnight Sun
Zara Larsson



O Céu de Zara

Midnight Sun
Zara Larsson

A nova era de Zara Larsson veio para provar como o material certo é essencial para revelar o verdadeiro talento de um artista. E um dos ápices dessa fase é a elétrica Midnight Sun.

Faixa que dá nome ao álbum, a canção é, sem dúvidas, o melhor single da carreira da cantora — especialmente graças à sua produção inteligente e madura, que confere uma personalidade autêntica ao eletropop misturado com Jersey club e drum and bass. Não é, de forma alguma, uma revolução para o gênero, mas representa uma revolução pessoal na trajetória de Zara.

Isso se deve à visão única e coesa da produção, que constrói camadas sonoras ricas e impede que Midnight Sun soe clichê ou previsível. Além disso, com uma base tão sólida, Zara entrega uma performance dinâmica, carismática e cheia de personalidade — reforçando a ideia de que, finalmente, ela tem em mãos o material que sempre mereceu. Que essa seja, daqui em diante, sua nova constância.
nota: 7,5

Primeira Impressão

Here For It All
Mariah Carey


2 Por 1 - Magdalena Bay

Second Sleep / Star Eyes
Magdalena Bay


Lançar um single duplo não é novidade para ninguém, mas é muito raro a gente ouvir um single duplo que realmente faça sentido ter sido lançado em dupla. Esse caso raro acontece com o duo Magdalena Bay, com o lançamento de Second Sleep e Star Eyes.

O motivo principal para os dois singles fazerem sentido juntos é que a construção sonora das canções termina soando como uma única faixa dividida em duas, devido à clara ligação sonora entre elas. Não é uma conexão explícita e há espaço para essa conclusão ser negada, mas, para mim, as duas canções conversam diretamente entre si. E isso aumenta ainda mais a qualidade criativa das produções, mostrando uma continuação da evolução do duo.

Entre as duas, Second Sleep é a música mais interessante, devido à sua construção intricada e, por vezes, surpreendente, que vai costurando um instrumental corpulento, estiloso e majestoso em uma inspirada mistura de pop progressivo com art pop/rock e psicodelia. Apesar de menos inspirada, Star Eyes mantém o nível alto ao continuar a demonstrar a imensa qualidade instrumental da banda, entregando uma canção menos efusiva, beirando a contemplação delicada. E, mesmo com essas diferenças, fica bem claro que ambas saíram do mesmo pedaço de tecido sonoro, especialmente devido à condução impecável e brilhante da vocalista Mica Tenenbaum. Por mais singles duplos que possam mostrar a sua razão de existir.
notas
Second Sleep: 8,5
Star Eyes: 8

O Pior Hit de 2026

Ordinary
Alex Warren


É uma conquista nada honrosa poder ser dono de um dos maiores hits comerciais do ano ao mesmo tempo em que é uma das piores músicas do ano. Todavia, esse é o caso de Ordinary, do Alex Warren.

A canção não é exatamente a pior de todos os tempos, mas, sinceramente, entra facilmente no top 10 entre as piores que atingiram o primeiro lugar da Billboard. E o grande problema da canção é — sem trocadilho — a sensação gigantesca de ordinariedade de tudo o que está envolvido na construção de Ordinary. Sonoramente, a canção é uma esquecível e precária balada pop rock/chamber pop que parece ter sido feita com ajuda de inteligência artificial, pois soa como uma combinação ainda mais medíocre de Ed Sheeran com Teddy Swims e toques de Lewis Capaldi. E isso já diz muito sobre a sonoridade da canção.

Tenho que apontar que, ao adicionar toques de gospel aqui e ali, tenta-se dar uma personalidade à canção, o que é rapidamente atrapalhado pela péssima composição — uma reunião sem graça e sem criatividade de clichês românticos sob o ponto de vista masculino. Sem nenhuma personalidade vocal, Alex, que ganhou fama como youtuber/influencer, entrega uma das performances mais sem graça e piegas que ouvi neste ano. A canção é exatamente uma das provas de que sucesso não é sinônimo de qualidade.
nota: 4,5