Annie Up
Pistol Annies
Se o "eu" de hoje pudesse voltar no tempo e falar para o "eu"de quase cinco anos atrás, quando comecei o blog, que em 2013 "eu" estaria considerando seriamente que o melhor álbum do ano pode ser um trabalho de um trio feminino de country, o "eu" de hoje iria levar uma sonora gargalhada na cara e um desprezo do tamanho da rio Amazonas. Com ou sem a viagem no tempo, isso é exatamente o que está acontecendo nesse exato momento depois de ouvir o incrível segundo álbum do trio Pistol Annies, Annie Up.
Claro, nesse momento essa possibilidade não é uma surpresa por alguns motivos: minha percepção em relação ao country cresceu muito durante esses anos, já tinha conhecido o trabalho delas com o ótimo debut de 2011 Hell On Heels e mais no começo do ano já tinha falado do genial álbum solo da integrante Ashley Monroe, Like a Rose que até agora era o melhor ano para mim. Só que a surpresa veio de qualquer maneira após ouvir Annie Up, um trabalho esplendoroso onde três artistas estão em estado de graça em todos os sentidos. Miranda Lambert, Angaleena Presley e a já citada Ashley compõem todas as faixas do álbum (algumas as três ou em duplas ou sozinhas) fazendo um trabalho genial ao pegar vários clichês que o country oferece (dor de cotovelo, paixões regadas por whiskey, bebedeiras, histórias adocicadas de amor e mais bebedeiras) e as desconstrui, colocando grandes pitadas de refinada ironia, inteligência, humor, emoção verdadeira e muito mais para depois reconstruir em letras acachapantes colocando o trio na dianteira entre os melhores songwriter da atualidade em qualquer estilo. A magistral produção do álbum é dividida em seis mãos (Frank Liddell, Chuck Ainlay e Glenn Worf) e segue um caminho bem diferente do álbum anterior que era calcado em uma sonoridade mais "old school". Em Annie Up, eles modernizam o som do trio e brincam com estilos que flertem/influenciam o country como o blues, rock e o folk de uma maneira sublime sabendo usar eles para casar com a desconstrução do estilo causado pelas composições do trio, mas o mesmo tempo criando faixas de produção e instrumentalização perfeita que louvam o country como poucos. Vocalmente, o trabalho do trio é exemplar sabendo dividir entre as entres momentos solos e em perfeita sincronia quando canta juntas. Claro, quem não gosta do estilo devido ao estilo peculiar das vozes dos artistas não vai gostar de qualquer forma do CD, mas não pode negar que é um trabalho diferente do que atual cenário musical oferece. Escolher quais são os destaques de Annie Up é quase impossível já que todo álbum é excepcional, mas vou ressaltar I Feel a Sin Comin' On que abre o CD sendo uma das melhores canções do ano ao misturar country/blues com uma pegada sensual criando uma canção simplesmente genial. Mesmo com a estranheza, eu acredito que o "eu" de cinco anos atrás depois de ouvir Annie Up concordaria comigo já que talento ultrapassa barreiras até do tempo e com certeza eu vou lembrar do álbum daqui a cinco anos.
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