22 de junho de 2013

Primeira Impressão

Yeezus
Kanye West



                                                 "Yeezy season approaching"


É com essa quase profecia que Kanye West (seu apelido é Yeezy)  inicia o mais estranho, conceitual e magnífico álbum dos últimos anos. Yeezus (a mistura do apelido dele com o nome Jesus) já pode ser considerado, não apenas para a carreira de West, mas para o atual cenário musical com o mais marcante divisor de águas em especial na questão de sonoridade.


Longe da grandiosidade esquizofrênica de My Beautiful Dark Twisted Fantasy, Yeezus é uma construção extremamente sóbria e reduzida em batidas, sons e instrumentos. O álbum não é hip hop como os anteriores dele, mas toma da mesma fonte com grandes goladas só que adiciona um som mais pesado e seco que tem em diversos estilos suas origem. Para ser preciso, West faz um trabalho que é quase impossível classificar de maneira precisa. Mais que apenas conceitual, ele cria aliado a um "elenco" de colaborados tão variados que parece uma versão musical de Babel, uma sonoridade nova que é revolucionária e acachapantemente genial. Como aqui quanto menos é mais, lançado sem capa e com apenas dez faixas, Yeezus busca em uma simplicidade estranha a base para a construção de melodias carregas e revestidas de uma substância que mistura o divino com o profano, o bom com o mal, o céu e o inferno, o industrial com o urbano, o estranho com o mais estranho ainda. Difícil de assimilação, Yeezus não é um passeio no parque em dia de Sol e apenas um nome com o de Kanye poderia transformar esse álbum em um trabalho que posso de alguma forma ser comercial. Mais ácido e mortal do que nunca em composições que mistura a habilidade impecável de rimar e construir poderosas alegorias com uma língua extremamente afiada que dessa vez não perdoa a própria cultura em fazer uma critica poderosa na genial New Slaves ao expor o consumismo entre os negros americanos e suas visões sociais atuais. Muito mais contido que poderia se imaginar em suas performances, Kanye entrega uma atuação um pouco abaixo do que mostrou em My Beautiful Dark Twisted Fantasy, mas ainda em um nível extremamente acima da média como ele mostra na devastadora Blood On The Leaves que usa sample da Nina Simone cantando Strange Fruit. De dar até arrepios. E usurpando um bordão que está na boca do povo esses dias: o Gigante acordou. Só que esse gigante se chama Kanye West e dessa vez você nunca viu um gigante como esse que se acha um Deus e faz coisas que além da compreensão humana.

Um comentário:

Ronne Wesley disse...

Algo além do classificável, álbum sem nenhuma base concreta, mas substancial.