30 de junho de 2014

Primeira Impressão

X
Ed Sheeran


Existem alguns estágios na carreira de um artista musical que, normalmente, precisa-se se respeitado para que a jornada do mesmo seja a melhor possível. Uma delas é a transição do primeiro álbum para o segundo. Há uma ordem já estabelecida que diz que o primeiro álbum deve mostrar o potencial do artista para o futuro. Mesmo que seja um trabalho genial é necessário não tomar cuidado para não enganado por um belo embrulho e esquecer que há mais coisas por baixo que devem ser levadas em conta. Essas coisas, então, devem ser mais bem mostradas no álbum seguinte para que o público saiba qual o verdadeiro artista está na sua frente. Então, o segundo álbum é o consolidador (ou não) da carreira de um artista. Claro, há várias exceções, mas, em vários casos acontece assim. O mais recente exemplo é do inglês Ed Sheeran. Para a alegria de Ed, seus fãs e do público em geral, o resultado de X (fala-se multiply, "multiplicação") o resultado é positivo. Melhor: o resultado é extremamente positivo, pois Ed, além de se mostrar um artista mais complexo que seu trabalho anterior, entrega um CD sensacional.

X funciona espetacularmente em todos os níveis possíveis. Começa pelo fato de que o CD é deliciosamente despretensioso. Ed é um jovem de 23 anos que está à procura de um caminho em sua vida pessoa e devido a isso encontra no caminho obstáculos, comete erros e, as vezes, acerta. Mais do que isso: Ed quer apenas viver sua vida. Encontrar um sentido na sua existência. Como eu, você e todo mundo. Essa humanidade é perceptível em cada composição que compõem X dando ao trabalho uma atmosfera tão tocável e identificável. São as memórias, as vivências, as observações de Ed sobre a vida. Com uma preferência para os assuntos do coração, mas sem esquecer outras facetas e também utilizando em alguns momentos pitadas do humor e a ironia típica britânica, Ed demonstra uma habilidade para narrar as coisas banais com uma doçura única, mas sem perder o foco e cair em lugares comuns. Na verdade, Ed com ajuda de alguns parceiros interessantes se faz um expert em contar de maneira o que é de comum na vida de uma pessoa. Como um verdadeiro cantor/compositor, Ed domina suas canções com perfeição. Porém, nada pode preparar quem ouve todo o álbum para a impressionante presença e versatilidade que ele mostra aqui. 

Dono de um tom delicado e suave como seda, o cantor não se apega a isso para fazer as suas performances. Ed mostra uma capacidade impressionante no que tange se adaptar em diversos estilos para melhor interpretada cada canção de X. Ele se coloca na figura de cantor de pop estilo "Michael Jackson" com a mesma facilidade que tem para se modular na figura de cantor indie pop mostrando uma fragilidade emocionante. Então, Ed vira um rapper com um estilo divertido e afiado para depois carregar brilhantemente uma power balada pop sem nenhum momento perder as qualidades de sua voz. Finalmente, mas não menos importantes, as escolhas de Ed para a produção do álbum são acertada no momento que ele decidiu abrir o leque de possibilidades com a adição de novos nomes como Pharrell Williams, Rick Rubin, Jeff Bhasker e Emile Haynie dando para a sua sonoridade um colorido mais vibrante e bem mais substância do que apenas trabalhar com Jake Gosling (produtor do anterior +), mas que também aqui tem seu nome credito em algumas músicas. Não que essas mudanças mudaram o estilo pop indie com base de violão e influências de R&B, folk e rock que Ed mostrou anteriormente, mas com a ajuda deles a sonoridade ficou mais refinada e intensa. O resultado final é um álbum inspirado e bastante coeso que ajuda a mostrar claramente quem é Ed Sheeran. Entre vários momentos marcantes em X é necessário destacar que o melhor momento é a emocionante Photograph, uma balada capaz de tirar lágrimas verdadeiras. Não menos sensacionais estão One, o single Sing, as com uma orientação mais voltada para o rap The Man e Take It Back, Thinking Out Loud que lembra muito as canções de John Mayer e, por fim, a bonita Afire Love. Ed Sheeran tem como o resultado de X, não apenas um dos melhores álbuns de 2014, mas o começo definitivo de uma carreira que vai ainda dar frutos ainda mais impressionantes. 

28 de junho de 2014

A Grande Beleza

Pretty Hurts
Beyoncé

Quando analisa-se o quinto álbum homônimo da Beyoncé se chega a conclusão de que Pretty Hurts não se encaixa com a atmosfera do trabalho. Mesmo assim, Pretty Hurts é abertura perfeita para o álbum e para qualquer CD de música pop pelo simples fato de que Pretty Hurts é a perfeição em forma de música.

Mesmo sendo oferecida inicialmente para a Katy Perry e, depois, para a Rihanna, Pretty Hurts encontra em Beyoncé a sua interpreta perfeita. Apesar de não sabermos como seria a versão para as cantoras citadas, a versão feita por Ammo e a própria Bey só poderia ser cantada por uma cantora com a capacidade vocal da esposa de Jay-Z. Não apenas pela parte técnica, mas, especialmente, pela capacidade da cantora de dar a emoção necessária para expressar toda a força que a faixa precisa. O poder vocal dela é colocado em teste e Bey não nega fogo em nenhum momento mostrando que está um nível acima das demais cantoras do pop. Como disse anteriormente, a produção faz de Pretty Hurts uma power balad que poderia cair no lugar comum, mas ganhou vida e uma força impressionante devida a criação de uma batida marcante, dramática e cheia de nuances que realmente fazem a diferença. Finalizando, Pretty Hurts tem uma letra arrasadoramente inteligente que toca com classe em um assunto delicado: a valorização da perfeição estética. Assim com a canção: perfeição.
nota: 10

27 de junho de 2014

Sopão

Maps
Maroon 5


Para suceder o bem sucedido comercialmente Overexposed, a banda Maroon 5 vai lançar o quinto álbum da carreira deles em Setembro próximo. Intitulado V, o trabalho já tem como primeiro single a canção Maps. Resumidamente, a nova música do grupo liderado pelo Adam Levine é um grande sopão de influências que, infelizmente, não nutre como deveria e poderia. 

Com a produção dividida em Benny Blanco, Ryan Tedder e Noel Zancanella, Maps é um pop rock certinho, mas que se parece ter sido recortado de vários outros artistas. Começa pelo fato de que Adam emoldura demais o tom do Sting deixando a canção com um ar de "eu já vi isso". Não que ele faça um trabalho ruim, mas falta personalidade própria. Algo que o distingui do vocalista do The Police. Porém, o produtor está na produção mesmo: Maps tem uma pegada que lembra o The Police em certos momentos, tem uma batida que lembra o Bruno Mars, também tem uma leva influência do Red Hot Pepper e, por fim, a canção conta com uma pegada do Ryan Tedder e sua sonoridade pessoal. Traduzindo: uma grande mistureba de bons produtos, mas que cozinhados juntos perderam o gosto. E novamente o Maroon 5 deve fazer sucesso fazendo o mínimo de esforço. Uma pena.
nota: 6

26 de junho de 2014

Uma Vibe Oitentista

Am I Wrong
Nico & Vinz

Não é preciso muito tempo para descobrir qual foi a inspiração para que o duo norueguês Nico & Vinz teve para fazer a canção Am I Wrong: The Police.

Lançada em Abril de 2013, Am I Wrong só ganhou notoriedade internacionalmente no começo desse ano ao alcançar vários top 10 das paradas ao redor do mundo, inclusive nos EUA ficando em sexto lugar na Billboard. Am I Wrong, mesmo exalando certo odor de naftalina, é uma boa canção. A mistura de pop rock com reggae funciona bem devido ao fato da produção dar para a canção uma cara séria e com uma pegada mais forte. Mesmo com uma vibe não tão "happy", o single é sobre ser feliz sem se importar com que as pessoas pensam. Poderiam soar como auto-ajuda barata, mas o resultado final da composição é muito interessante e sincero. A grande qualidade do duo até aqui são os vocais: os dois possuem boas vozes, em especial o que canta o primeiro verso e o refrão, entregando performances revigorantes. Claro, a canção parece uma regravação de uma música do grupo do Sting, mas é uma "regravação" acima da média.
nota: 7,5


25 de junho de 2014

Primeira Impressão

A.K.A.
Jennifer Lopez


Entender o motivo de a Jennifer Lopez ser uma das maiores celebridades na atualidade deve ser difícil para quem não acompanhou a carreira dela desde o começo. Ainda mais complicado para quem a considera uma cantora e atriz, no máximo, mediana com pontos altos, baixos e alguns baixíssimos em ambas as carreiras. Analisando friamente a trajetória de J.Lo se checa a conclusão de que são três os fatores para compreender o sucesso dela: carisma, "tino" para os negócios e, o mais importante, a capacidade para ser uma verdadeira "entertainment woman". 

Para quem já viu alguma entrevista ou até mesmo a atuação de Jennifer no American Idol saber que ela passa uma atmosfera extremamente brilhante esbanjando carisma capaz de transcender a câmera chegando ao público. Ajuda muito que aos 44 anos de idade, J.Lo ainda ser uma das celebridades mais belas da atualidade. Ao longo dos anos, a filha de porto-riquenhos construiu um verdadeiro império com a ajuda de bem sucedidas linhas de roupas, perfumes, uma produtora de filmes e séries e o endossamento de vários outros produtos. Porém, o grande trunfo de J.Lo é ser uma das melhores performances que há no mercado. Vocês nem precisam gostar dela como cantora, mas tem que admitir que quando ela faz uma apresentação não há comparação para quase ninguém. Dançarina experiente (e como dança!), Jenny domina o palco de maneira poderosa e, várias vezes, magistralmente deixando no chinelo todas as novas divas do pop. Então, mesmo com o fracasso anunciado de seu novo álbum, vocês realmente acham que a Jennifer está assim tão preocupada com o flop? E, olha, que A.K.A. nem é um trabalho tão horrível como estão falando por aí. É apenas bem mediano.

Tentando restabelecer seu sucesso comercial e ao mesmo tempo voltar para suas raízes mais hip hop e R&B, Jennifer Lopez conta a produção de alguns nomes que estão crescendo no meio como Youngblood e velhos conhecidos como Benny Mendina e Cory Rooney. Infelizmente, mesmo delimitando sua sonoridade, o resultado final de A.K.A. é uma coleção inconsistente e, em vários momentos, fracos de canções que não ajudam a cantora a reerguer sua carreira. O problema não está na sonoridade, mas em como essas músicas são produzidas. Muitas faixas aqui (e olha que o álbum só tem 14 músicas em sua versão deluxe) parecem estar apenas para encher o álbum enquanto as faixas boas não chegam ao ponto de serem realmente boas. Nunca conhecida pela qualidade das composições que canta, Jennifer Lopez está cercada novamente de letras de cunho questionável e qualidade bem mediana, agravado pelo fato que em vários momentos elas nem ao menos são comerciais como é o caso de Acting Like That em que é se perde a oportunidade de usar a artista do momento (a rapper Iggy Azalea) para fazer um possível hit, mas que acaba como uma canção fraquíssima e bem sem graça. O mais interessante, porém, é que o melhor quesito de A.K.A. são as performances de Jennifer. Sempre criticada como cantora, por causa da sua voz pequena, J.Lo mostra uma evolução grande ao mostrar solidez e classe, principalmente, em momentos mais românticos como é o caso da surpreendente boa Let It Be Me. O mais incrível é notar que a melhor música do álbum vem de outra parceria com o rapper Pitbull: a divertida Booty, a única com potencial verdadeiro de ser um hit comercial. Outros bons momentos são o single First Love, a divertida I Luh Ya Papi e a dançante Tens. Mesmo com o fracasso de A.K.A. não duvide da capacidade de reerguer-se e reinventar-se da Jennifer Lopez. Afinal, a música é apenas um dos apêndices de sua carreira.

23 de junho de 2014

Arrastado

Good Kisser
Usher

Nada pior para uma música que poderia ser boa acabar sendo "arrastada". Um bom caso disso é a canção Good Kisser do Usher.

Abrindo os trabalhos do seu oitavo álbum (ainda sem nome), Good Kisser foi lançado recentemente enquanto o cantor estava no cargo de mentor do The Voice. Mesmo sendo uma canção bastante interessante com uma produção criativa, Good Kisser erra pesadamente em sua duração o que diminui o impacto da canção. O single tem um arranjo sensacional com uma vibe soul music, mas mantida em um low profile bem vindo e fora dos padrões do grande mainstream atualmente. Porém, a canção tem quatro minutos e ao longo da sua execução a batida vai ficando repetitiva e cansativa. Além disso, a escolha do estilo que Usher segue vocalmente também é questionável em todas suas nuances e a composição é mediana sem conseguir entregar um refrão convincente. Uma pena, pois a canção poderia ser fluida e não arrastada perdendo toda a sua graça.
nota: 6

21 de junho de 2014

Primeira Impressão

Platinum
Miranda Lambert


Muitos que estão do lado de fora do mercado fonográfico americano podem se indagarem sobre o sucesso de vendas da cantora country Miranda Lambert. Sem o apelo pop comercial da Taylor Swift, Miranda conseguiu vender 180 mil cópias de seu quinto álbum na semana do lançamento. Claro, sendo o country um dos estilos pilares do cancioneiro norte-americano isso ajuda muito, mas a cantora tem bem mais do que isso a seu favor: Miranda Lambert é, sem dúvida nenhuma, a representante da herança deixada pelas grande lendas femininas do estilo como Dolly Parton e Loretta Lynn que ajudaram a colocar voz e rosto da mulher na música country. Então, não é de se estranhar que Miranda carrega isso sem pestanejar desde o começo da sua carreira e, mais uma vez, essas características estão no DNA do muito bom Platinum.

Para entender melhor sobre do que o que fala Platinum é necessário compreender o trabalho como se fosse uma conversa entre mulheres sobres mulheres e para mulheres. Porém, não espere um sentimentalismo barato e clichê sobre os problemas femininos como faz Taylor e suas insossas monografias sobre relacionamentos que não deram certo, mas espere faixas com uma inteligência desconcertante, uma ironia refinada, uma acidez deliciosa e uma elegância sincera. Miranda discorre sobre amor, traição, cirurgias plásticas, divórcio e, claro, poder feminino como se fosse uma das personagens de Sex and The City versão "caipira" fazendo de Platinum não apenas um álbum feminista, mas feminino sem parecer hipócrita ou contraditório. Com personalidade própria, pois das 16 faixas, Miranda co-escreveu oito delas, Platinum é um belo panfleto sobre o que pensam as mulheres (inteligentes) nos dias de hoje.

Infelizmente, a produção do álbum só vai empolgar de verdade já na sua metade. Não que as primeiras sete faixas não sejam boas, pelo contrário, elas são trabalhos bem acima da média em que podemos ouvir como o country pode soar mais pop sem perder a sua essência como na linda Girls e na divertida Priscilla, mas é quando Miranda ganha o verniz mais country de raiz que o trabalho alça o seu grande vôo. Unindo a "língua" afiada da cantora com o estilo mais tradicional, Platinum ganha um interessante e genial viés ao caminhar pelo lado "antigo" com o lado "moderno" mostrando que não é preciso revolucionar para estar atualizado. Com a sua sonoridade mais do que solidificada, Miranda passei nas canções com sua voz delicada, mas que guarda grande surpresas devida a sua versatilidade e poder em vários momentos. Os melhores momentos do álbum ficam por conta da sensacional Old Shit sobre a nostalgia dos velhos tempos, as hilárias All That's Left sobre um divórcio e Gravity Is a Bitch sobre o quanto duro é ser mulher, o dueto poderoso com Carrie Underwood em Somethin' Bad e a linda Holding On to You em que vemos uma lado mais romântico da cantora. E dessa maneira, Miranda Lambert reivindica o seu posto mais do que merecido de Rainha do Country moderno. Posto esse que deve ficar por muitos anos. 

Thelma & Louise

Somethin' Bad (with Carrie Underwood)
Miranda Lambert


Duas mulheres fortes se unem para fazer uma música só pode ter dois resultados: os egos vão bater ou o resultado vai ser a união dos dois talentos. No caso de Somethin' Bad, segundo single de Platinum, Miranda Lambert encontrou em Carrie Underwood a parceira perfeita para uni-las para um bem maior: a música.

Somethin' Bad fala sobre o que são as duas cantoras: mulheres fortes. Porém, aqui, o intuito não é exatamente dos mais, digamos, puro. No melhor estilo Thelma & Louise, as duas estão prontas para fazer as melhores atrocidades em uma jornada de fúria. Claramente inspirada no filme Thelma & Louise, a composição, além de ser um trabalho bem construído, não se furta de ser politicamente incorreto em tempos de chatice. A produção acerta perfeitamente na elaboração do arranjo que faz de Somethin' Bad um country rock/pop poderoso e vibrante. Nada disso teria efeito se não rolasse química entre as duas cantoras, mas nesse quesito, Somethin' Bad está muito bem servido com Miranda e Carrie entregando duas performances acachapantes, mas que brilham igualmente sem ultrapassar o limite da outra. Apenas não espere o final de Thelma & Louise.
nota: 8

20 de junho de 2014

A Síndrome do Daft Punk

Uptight Downtown
La Roux

Desde o sucesso mais recente do Daft Punk, a música eletrônica está recebendo uma nova onda de
influência: a sonoridade soul feita nos anos setenta e começo dos oitenta. Não que isso seja ruim, pelo contrário, quanto mais prestarmos homenagens melhor. Só que é necessário usar isso com inteligência para o tiro não sair pela culatra. 

Uptight Downtown é o primeiro single do segundo trabalho (Trouble in Paradisedo duo inglês La Roux. A canção claramente tem inspiração do funk/soul/disco que grandes nomes da música como Chic, Sister Sledge e, até mesmo, Diana Ross. Apesar da boa construção da canção e uma vibe gostosa de ouvir, Uptight Downtown soa como mais do mesmo sem acrescentar nada de novo ou extrapolar as barreiras do "bom". Sem mostrar nada realmente excitante, a vocalista do duo, Elly Jackson faz um trabalho certinho com alguma personalidade enquanto a composição é mediana. Agora é esperar para ver se essa síndrome do Daft Punk passa.
nota: 6,5

19 de junho de 2014

Os Idiotas Que Não Sabem de Nada, Inocente!

Dumb (feat. Meek Mill)
Jazmine Sullivan

Parece até repetitivo, mas, sempre que posso, tenho que ressaltar como o público pode ser "burro" ao não Reality Show) e já foi lançado o primeiro single, a boa Dumb.
dar o devido lavor a artistas que merecem muito reconhecimento como, por exemplo, a dona da canção dessa resenha, a norte americana Jazmine Sullivan. Dona do hit Bust Your Windows, Jazmine deveria estar no panteão das estrelas da música contemporânea, mas ainda luta para se manter relevante no mercado cada vez mais "esquecido" do R&B. Porém, isso não impede da cantora de tocar para frente a sua carreira, tanto que ela prepara seu terceiro álbum (

Carregando o estandarte de nomes como Mary J. Blide e Lauryn Hill, Dumb é sobre uma mulher forte que decide terminar o relacionamento ao descobrir as traições do amado. A composição responde à altura a intenção de expressar a força dos sentimentos que atingem a narradora, mas ao mesmo tempo entregar um produto divertido e com uma pegada viciante. É impossível não cantar o refrão simples e extremamente eficiente. Jazmine domina a canção com sua distinta e por natureza poderosa e até mesmo o featuring Meek Mill está bem, devido, principalmente, a estrutura da composição que possibilita uma verdadeira conversa entre os dois participantes da canção. O defeito da canção está no quesito mais interessante: a produção. De uma maneira geral, Dumb é uma obra poderosa com uma batida pungente e ideias sensacionais (o coro ao fundo durante toda a canção é genial), mas a falta de um momento chave compromete o resultado final. Contudo, Dumb mostra, mais uma vez, o talento de Jazmine Sullivan e como muitos são idiotas que não dão o valor para cantora.
nota: 7,5

18 de junho de 2014

2 Por 1 - Kylie Minogue

Crystallize
I Was Gonna Cancel
Kylie Minogue

Não importa qual a música e para qual fim seja o single (oficial ou promocional), Kylie Minogue sempre mantém o nível de qualidade de suas canções. 

Crystallize foi lançado como single promocional do evento One Note Against Cancer que tem como intuito arrecadar dinheiro para as pesquisas de combate ao câncer. A canção lembra a sonoridade mais tradicional e refinada da australiana como, por exemplo, de All the Lovers e Come Into My World. Mesmo sendo uma rápida canção com apenas três minutos e dez segundos, Crystallize é uma canção deliciosa com uma pegada dance, mas sem exageros e mantendo a delicada áurea de Kylie intacta para a cantora conduza a canção de maneira graciosa. Sem recorrer à clichês e lugares comuns, a composição mostra emoção na medida certa. Já I Was Gonna Cancel vai por um caminho diferente, mas com igual resultado. 

Segundo single de Kiss Me Once, a canção é uma produção total do cara do momento: Pharrell Williams. Só que ao invés de colocar sua marca mais fortemente na canção, o produtor suaviza e faz de I Was Gonna Cancel um produto misto que poderia até render bem mais, porém, o produto final é bom. A canção é pop com toques de funk e um pouco de disco com uma batida bem delimitada lembrando o trabalho dele com o Daft Punk. O que faltou na canção foi uma surpresa ou algo que explodisse no seu clímax final, pois a batida fica o tempo todo na mesma cadencia. Apesar disso, I Was Gonna Cancel é divertida e não deixa Kylie perde o seu charme imprescindível para sua personalidade. Simplesmente Kylie sendo Kylie.

nota 
Crystallize: 7
I Was Gonna Cancel: 7

17 de junho de 2014

Primeira Impressão

Ultraviolence
Lana Del Rey


Foi assim que eu comecei o Primeira Impressão de Born to Die em 2012:


"Para tentar fazer a resenha do álbum de estréia de Lana Del Rey, Born to Die, é necessário seguir uma linha de raciocínio: Lana Del Rey é a versão em um mundo paralelo da Adele. Lana Del Rey é uma artista fabricada, dark, plastificada, indie, misteriosa, melancólica. Enquanto Adele seria a versão de um dos filmes de Woody Allen, Lana seria a David Lynch. Tão diferentes, tão geniais."

Quase dois anos e meio depois é preciso pegar a linha de raciocínio dessa introdução/definição em relação à comparação ao cinema para entender o novo álbum da Lana Del Rey. Anteriormente, a cantora era uma personagem de si mesmo desenhada exageradamente com cores fortes (como em Cidade dos Sonhos) para "chamar" atenção para sua música e, obviamente, para ela mesma. Depois de conquistar essa atenção, negativa ou positiva, Lana pode deixar de lado suas amarras mais pesadas, tirar a maquiagem mais forte e tirar as roupas de festa e ser uma cantora mais real (como em Blue Jasmine), mesmo sem perder a áurea que encantou os fãs. O resultado dessa nova/velha Lana Del Rey está impresso em Ultraviolence.

O grande resultado do caminho percorrido por Lana está na sua sonoridade: enquanto Born to Die tinha uma construção sombriamente pomposa e estilizada com um verniz comercial-que-não-quer-ser-comercial, Ultraviolence é naturalmente sombrio, mais cru na sua concepção e continua com o verniz, mas com um brilho mais fosco. Lana parece mostrar com mais afinco quais são as suas reais influências originais e não apenas usá-las como temperos especiais. Por isso, Ultraviolence é um álbum basicamente de indie rock com adições de pop ao contrário do antecessor que era um trabalho pop indie com toques de rock. A responsabilidade vem do produtor Dan Auerbach, vocalista da banda The Black Keys, que dá para o trabalho uma cara, não apenas mais rock, mas, também, mais crua, mais simplista, mais real e mais contida. Assinando mais da metade das faixas de Ultraviolence, Dan não esquece de respeitar de deixar as características marcantes da cantora como o lado sombrio, a melancolia, a delicada psicopatia que emana dela com toques de uma beleza pálida e triste. Todavia, devido aos trabalhos magníficos de instrumentalização em todas as faixas, em especial, das inserções das guitarras, a sonoridade aqui ganha uma atmosfera mais real e orgânica se transformando em um trabalho aflito e inquietante. E tudo isso, pasmem, é muito bom. Infelizmente, nem tudo são rosas em Ultraviolence.

Vocalmente, Lana deve ser sempre elogiada ou criticada já que a sua voz, mais que outras cantoras, é uma de suas características que defini ela e a sua personalidade. Porém, não podemos negar que, em Ultraviolence, podemos ouvir claramente a "evolução" da cantora que escolhe um caminho bem diferente do que fez em Born to Die: em vez de apostar em performances mais encorpadas e poderosas como uma cantora de uma big band sombria, Lana se torna mais visceral apostando em na versatilidade de sua voz usando o tom mais agudo e, alguns momentos, a sua faceta mais suave (quase um falar em alguns momentos). Isso dá para Lana uma atmosfera de acordo com a vibe da sua sonoridade: delicada e mais frágil no sentido de ser mais real e tocável. Provavelmente, muitos não vão gostar, por motivos diversos, mas como eu sempre admiro quem se arrisca em buscar uma evolução na sua jornada artística, eu dou uma avaliação positiva no geral. O que grande problema de Ultraviolence é o seu teor lirico. Sim, querido leitor, Lana continua em sua batalha quase épica para mostrar o lado sombrio da vida, mas com toda a beleza melancólica que um dia de frio pode trazer. Estão lá os homens perigosos, as drogas, as luzes da cidade, os carros antigos, as referências underground e a narradora presa em um filme noir. Todavia, ao contrário dos trabalhos anteriores, falta uma força motriz por trás das faixas que deixa o resultado final abaixo do esperado. Talvez em buscas de soar mais contida, Lana se despe de uma criação mais abundante de suas letras e, apesar de ser uma mudança interessante, faz com que parte da sua personalidade seja corrompida. Repito: não é ruim, pois, ao longo do tempo, ela tende a refinar cada vez mais. Os grande destaques do álbum ficam por conta das faixas a grandiosa Cruel World, Ultraviolence que ganha pontos surpreendentes em mostrar uma situação de abuso contra a mulher de uma maneira bem imparcial, o single Shades Of Cool, a enigmática Money Power Glory e a melhor do álbum fica a cargo da sensacional Old Money. Depois de ouvir Ultraviolence, acredito que o álbum tem tudo para poder marcar a recente história da música, ser um sucesso comercial e até de critica e o, mais importante, ser o começo de uma nova fase na carreira de Lana que espero seja tão prolifera quanto ao do Woody Allen e não como a do David Lynch.

16 de junho de 2014

2 Por 1 - As Outras Músicas da Copa

Dare (La La La)
La La La (Brasil 2014) [Feat. Carlinhos Brown]
Shakira

Vida
Ricky Martin


Enquanto a música oficial da Copa sofre com a rejeição de parte do público, a canção La La La (Brasil 2014) da Shakira, inclusa do seu último álbum e também no oficial da competição, está ganhando o carinho do público e quase se transformado no hino oficial. Pena que a versão escolhida não é a melhor.

Explicando: a canção em questão é apresentada originalmente como Dare (La La La) e foi "refeita" para entrar na seleção de músicas da Copa com o nome La La La (Brasil 2014). As mudanças não são muitas, mas são significativas. Começamos analisando as qualidades mantidas nas duas versões: a produção. Capitaneado pela própria Shakira, a produção entrega uma canção espetacularmente vibrante misturando influências em uma batida poderosa que exalta o lado multicultural da sonoridade da colombiana. A influência da batida brasileira aparece bem melhor incorporada a canção sem se render a estereótipos. Outro positivo é a performance grandiosa de Shakira que mostra toda a sua capacidade. Os grandes problemas estão na "atualização" da composição: enquanto Dare (La La La) é uma divertida letra sobre tentação com toques sexuais, La La La (Brasil 2014) é uma ode repetitiva sobre a Copa. Piorando a segunda versão, o brasileiro Carlinhos Brown faz uma participação vergonhosa conseguindo ser pior que da Claúdia Leitte. Mesmo assim, Shakira tem uma canção bem mais interessante que a que deveria ser o grande sucesso do momento.

Quem também está incluso na trilha sonora da Copa e não faz feio é o Ricky Martin e a canção Vida.
Novamente, o destaque aqui vai para a produção da canção que leva a assinatura de Salaam Remi. Nenhum pouco esquizofrênico ao construir uma batida que lembre a música brasileira, mas também não esquece para qual o seu propósito final. Ricky segura muito bem as três versões da canção: a inglês com partes em espanhol, a totalmente em espanhol e a em português. Essa última, Ricky mostra que é mais importante que a brasileira incluída na canção oficial. E como em um déjà vu, o grande defeito está na composição que não passa de uma celebração bem clichê sobre o esprito desportivo. Nada de novo, nada de renovação, nada de criatividade. Resumidamente: vai ter a Copa, sim, embalada por Shakira e Ricky!
nota
Dare (La La La): 8
La La La (Brasil 2014): 6,5
Vida: 6,5

14 de junho de 2014

Primeira Impressão

Sorry I'm Late
Cher Lloyd


Nem sempre um artista pode mostrar sua verdadeira cara quando começa sua carreira. Subjugados por contratos castradores, alguns artistas precisam se submeter aos caprichos e as orientações dos grandes pensadores por trás das mesas do comando das gravadoras. Quando esse artista consegue se livrar de alguma forma desse "poder superior", normalmente, podemos conferir qual é o verdadeiro eu que se esconde por debaixo do jogo cênico criado em volta dele. Quem está vivendo um momento desse é a inglesa Cher Lloyd que lançou o segundo álbum da sua carreira durante o processo de desvinculação da Syco, ou seja, longe das garras do todo poderoso Simon Cowell. O resultado disso é o surpreendente bom Sorry I'm Late.

O substituto do fraquíssimo Sticks & Stones é um trabalho em que podemos ouvir pela primeira vez algo que parece ser mais real em relação a sua sonoridade. Ao contrario do trabalho anterior, que tinha como base um pop rasteiro misturado com influência de rap, eletrônico e dance resultando em uma sonoridade sem identidade e criatividade, é possível perceber uma evolução drástica dando substância para a sonoridade de Cher. Sorry I'm Late é um álbum pop em sua essência, mas que tem alma, coração e é construído com inteligência. A produção acerta no tom da produção dando para Cher uma base bem mais encorpada criando um pop maduro e refinado mesmo que ainda comercial. O avanço na sonoridade da cantora descoberta no The X Factor UK é visível podendo ser analisado pela capa dos dois álbuns já lançados por ela: enquanto Sticks & Stones é infantilizada, Sorry I'm Late é estilizada e adulta. Porém, não foi apenas isso que evoluiu: as composições que compõem o CD refletem uma artista mais consciente de suas emoções representado-as de uma forma bastante sólida, mesmo com autoria em apenas cinco canções. Isso, por enquanto, não importa, pois o resultado final é muito bom misturando canções com letras mais densas sobre amor e outras canções despretensiosas e divertidas. Ambos os lados são bem trabalhados e não há um peso que desequilibre entre qualidades entre os dois. Mantendo o frescor de suas habilidades vocais, que incluem a capacidade de transitar entre o cantar e o fazer rap, Cher Lloyd mostra uma vulnerabilidade surpreende e bem vinda para a interpretação de várias faixas, mas sem perder a vitalidade de conduzir canções mais animadas e divertidas. Entre os melhores momentos de Sorry I'm Late estão a lindinha Bind Your Love, o single I Wish, a grandiosa Sirens, as sentimentais Human e Sweet Despair (com co-autoria da Beth Ditto) e a delicada Goodnight. Espero que esse seja apenas o começo de uma evolução ainda maior para Cher Lloyd, pois o que é ouvido em Sorry I'm Late já deixa um gosto de quero mais.

13 de junho de 2014

Perdidas no Tempo e na Relevância

Lemonade (feat. Tyga)
Danity Kane

Alguém lembra de verdade do Danity Kane? Então, se você é como eu que nem tinha a menor lembrança
dessa girl band fundada em um reality show em 2005 e separando-se em 2009. Depois de tanto tempo, as integrantes (três das cinco originais) resolveram fazer uma reunião. Mais irrelevante impossível, mas o single lançado é até melhor do que o esperado.

Lemonade é um eficiente e surpreende pop/hip hop com toque eletrônico que conta com uma produção diferente. Longe do pop mais comercial e artificial que algumas girls bands fazem, Lemonade consegue sair do lugar comum com uma batida marcante e bem construindo usando de uma cadencia deliciosa. A canção parece uma prima de Milkshake da Kelis seja no estilo quanto na sua composição utilizando metáforas sobre uma bebida para falar sobre sexo e, aqui, sobre como arrasar os recalcados. Mesmo não sendo a girl band lembrada da história, as três integrantes remanescentes fazem um trabalho bem legal na canção, em especial, a que canta o empolgante primeiro verso. A presença do rapper Tyga é bem dispensável, mas não traz prejuízo para o resultado final. Lemonade é uma canção legal de um grupo irrelevante para a atual cenário musical. Podia ser pior: ser tudo irrelevante.
nota: 7,5

12 de junho de 2014

A Mary Ainda é a Mary

Suitcase
Mary J. Blige

Mary J. Blige construir sua carreira em cima do fato de ser a melhor em "cantar" as dores do amor usando como pano de fundo o R&B, o soul e hip hop como sua sonoridade. E depois de quase vinte anos de carreira, Mary ainda é a melhor em fazer isso. Suitcase, seu novo single, mostra bem isso.

Primeiro single da trilha sonora do filme Think Like A Man Too, que terá a cantora como a principal e única artista, a canção tem todas as qualidade que faz de Mary a grande artista que é. Suitcase tem Mary em uma performance extremamente segura, encorpada e poderosa, características que sempre marcaram sua voz, mas que atualmente parecem ainda mais importantes atualmente. Com uma composição que reflete muito bem o estilo da cantora, Suitcase tem uma produção caprichada que não recorre a saídas fácies, mas utiliza de nuances surpreendentes na cadencia entre os versos e o refrão para construir um arranjo sensacional. Resumindo: a velha e boa Mary J. Blige ainda é a velha e boa Mary J. Blige.
nota: 8

11 de junho de 2014

Não Tão Incrível

Incredible (duet with Ne-Yo)
Céline Dion

Céline Dion é uma cantora impressionante e já entregou músicas memoráveis, mas, claro, isso não faz dela
infalível. Longe disso, Céline já entregou canções bem ruins. E também entregou músicas mais ou menos. Esse é o caso de Incredible, seu novo single saído do álbum Loved Me Back to Life.

A canção, parceria com o cantor Ne-Yo também assinando a co-autoria, é um pop romântico bonitinho, mas que não passa de um trabalho bem mediano. O grande mérito de Incredible é a boa química entre Céline e Ne-Yo e o bom trabalho que os dois entregam, em especial, o da cantora que está bem contida se nenhum exagero. Infelizmente, a produção entrega uma música bonitinha, mas careta e sem um pingo de criatividade assim como a sua composição. Uma canção apenas não tão incrível.
nota: 6

10 de junho de 2014

Primeira Impressão

Ghost Stories 
Coldplay


Sem dúvidas, o melhor nome de um álbum em 2014 é do sexto álbum da banda inglesa Coldplay. Ghost Stories reflete exatamente o seu título: uma coleção de histórias que são como fantasmas, ou seja, canções insólitas, sem estruturas reais e completamente desprovidas de vidas.

Ghost Stories reflete, como sabido por todos, o período de separação do vocalista Chris Martin da sua ex-mulher, a atriz Gwyneth Paltrow. Analisando as nove faixas do CD (mais três da versão deluxe), o divórcio do casal foi uma chatice só. Tentando soar poético e melancólico, a banda acabado se tornando um poço de sonífero em composições fracas e sem nenhuma graça tentando mostrar o lado emocional e "cult". As faixas, então, parecem estar envernizadas de uma sensação assépticas e destituídas de apelo pessoal. Dessa maneira, Ghost Stories acaba como um trabalho distante do grande público, mas que deve agradar fãs mais xiitas da banda. Não ajuda nada o trabalho final da produção divido entre o próprio Coldplay e, majoritariamente, o produtor Paul Epworth que faz da sonoridade do grupo uma pastiche de si mesmo, mas com o agravante de tentar parecer mais "indie" com pitadas irritantes de músicas eletrônica. É impossível não ficar com sono depois dos cinquenta minutos de duração total do CD. Sempre convincente em seu papel de vocalista, Chris Martin entrega performances medianas que apenas refletem o espirito de todo o álbum, ou seja, uma recente perfeita para insônia. Apesar disso tudo, o mérito de Ghost Stories está na parte técnica, pois as instrumentalizações das faixas são trabalhos ótimos, e na canção que abre o CD, a bonita Always In My Head. Depois disso, Ghost Stories caí de rendimento mostrando que o Coldplay precisa urgentemente ser revivido já que seu fantasma paira nas nossas cabeças.

9 de junho de 2014

O Gospel que Dá Certo

Say Yes (feat. Beyoncé & Kelly Rowland)
Michelle Williams

Infelizmente, a música gospel, de uma maneira geral, é apenas uma coleção de "hinos" cantados por cantores que praticam o jogo "quem gritar mais, ganha". O objetivo principal é apenas doutrinar, e, assim sendo, esquece do lado musical. Porém, uma olhada até superficial no estilo feito nos Estados Unidos pode se chegar a conclusão que por lá não religiosos que fazem músicas, mas músicos que fazem canções religiosa e nem precisa pesquisar muito. Um ótimo exemplo é a cantora Michelle Williams que lançou o single Say Yes que marca também uma nova "reunião" com as suas amigas do Destiny's Child, Beyoncé e Kelly Rowland.

Say Yes não foge dos clichês em sua composição sobre louvar Jesus, apesar do ótimo refrão que realmente fica na cabeça. Só que o seu grande diferencial, comparando com as músicas aqui no Brasil principalmente, é a sua produção que entrega uma R&B dançante com uma pegada deliciosa e vibrante influenciada por doses de pop/soul. Claro, o grande atrativo de Say Yes está no encontro das três integrantes do Destiny's Child: o reencontro é feliz e mostra que as três ainda dão "liga" juntas. Um possível retorno oficial estará programado? Colocando especulações do caminho, Michelle Williams prova que Deus e música podem caminhar juntos. Amém?
nota: 7,5

8 de junho de 2014

Primeira Impressão

Born Naked
RuPaul


Nem sempre grandes divas têm o respeito do grande público como tal, mas grandes divas sempre terão seu público cativo. Hoje vamos falar de uma diva que está no "mercado" a muito tempo e deveria ter mais reconhecimento. Mesmo assim, RuPaul ainda "bate na cara" de divas pop em inicio de carreiras e, até, algumas com longa data. 

Para quem não conhece RuPaul foi a primeira drag queen a conseguir "estourar" no mainstream da música no começo dos anos noventa com o sucesso cult Supermodel (You Better Work). De lá para cá, RuPaul se firmou como um dos maiores nomes da cultura gay norte-americana lançando álbuns e fazendo aparições em diversos meios de mídias. A carreira de RuPaul teve uma revigorada ao lançar seu reality show, o sensacional RuPaul's Drag Race que busca a nova estrela drag queen dos Estados Unidos. Ajudado pelo sucesso do reality, a carreira musical de Ru ganhou novo impulso, Recentemente, RuPaul lançou o seu sexto álbum, o divertidíssimo Born Naked.

Born Naked é, sem dúvida nenhuma, o álbum de pop mais divertido e despretensioso do ano até agora. Repleto de músicas viciantes, divertidas e dançantes que são a melhor definição de como o pop poder apenas ser uma maneira de entreter da melhor maneira. A produção faz uma mistura sensacional e na medida certa entre pop, pop dance e bounce com influência de eletrônico, rock e até mesmo gospel. A cada nova faixa somos presenteados com uma música perfeita para sair "dublando por sua vida". O álbum poderia ser mais redondinho se as canções com a pegada mais eletrônica fossem tão sensacionais como as outras, mas, mesmo assim, o resultado final é mais do que satisfatório. Um excelente exemplo disso é a sensacional Sissy That Walk (resenha a seguir) que é melhor que o último álbum de várias estrelas do pop atual. RuPual não é exatamente o melhor cantor do mundo, mas segura com carisma todas as músicas mostrando como ser uma diva pop. Born Naked é uma aula de como "mandar" composições perfeitas para fazer tudo mundo decorar usando frases de efeitos usando e abusando das gírias gays em inglês. Outros momentos de destaque no álbum são a frenética Freaky Money, a divertida Geronimo e Adrenaline contando com a participação da desconhecida Myah Marie que tem a voz igual da Britney Spears, ou seja, a canção é a melhor da Britney em tempos e nem tem a participação da cantora. Born Naked prova que RuPual é diva da velha guarda mostrando como se faz pop de verdade. No t, no shade!

The Queen of Drag Queens

Sissy That Walk
RuPaul

Algumas músicas são tão vibrantes e contagiantes que é quase impossível ficar parado quando ela começa tocar. Sissy That Walk do RuPaul é basicamente uma dessas canções.

Usada como tema principal da última temporada de RuPaul's Drage Race, Sissy That Walk fala sobre com ser, basicamente, poderosa/poderoso e arrasar como se não houvesse amanhã. Com várias frases de efeito e vindas do universo gay norte americano, o single é o time de música que gruda na cabeça pelos motivos certos. É quase impossível não se contagiar quando RuPaul dispara "now, sissy that walk"! Claro, você precisa estar sozinho ou ter soltado a franga de vez para isso. A produção também acerta em cheio em construir uma canção dance pop despretensiosa e bastante divertida. Existem centenas de drag queens com talento, mas existe apenas uma queen of drag queens: RuPaul.
nota: 8

7 de junho de 2014

Uma Segunda Chance Para "Born This Way"

Born This Way
Lady GaGa

Que tal falarmos de uma das músicas que mais bombaram em 2011? Sim, estou me referindo a Born This Way.

A espera era grande para o trabalho que iria suceder o projeto The Fame. Para aplacar a ansiedade de milhões de fãs e da mídia, GaGa lançou Born This Way. A primeira surpresa (ou não) foi perceber que a nova canção de GaGa era nada mais, nada menos que uma moderna versão de Express Yourself da Madonna. A mesma cadência e o mesmo tema marcam as semelhanças entre as duas canções. Então, a chuva de criticas começou acusando, mais uma vez, a cantora de copiar a Rainha do Pop. Eu acredito que não foi um plágio, mas, digamos, uma homenagem. GaGa sabe o que fez e o fez porque quis. Isso é bem claro para mim, assim como posso afirmar que Born This Way é uma boa canção. Inferior à original, mas, ainda, uma canção bem acima da média.

Passado algum tempo começo a perceber que Born This Way tem de melhor é a própria GaGa. A cantora entrega uma performance arrasadora em que mostra que é mais que apenas uma diva pop com roupas espalhafatosas: sua voz é um diamante raro em meio a tanta mediocridade. Dividindo a produção com outros produtores, GaGa paga um tributo bem feito à Madonna: Born This Way é pop dance perfeito com uma pegada comercial bem articulada. As semelhanças com Express Yourself não atrapalham o resultado final, mas a canção de Madge ainda segue mais poderosa que a de GaGa. A composição, essa sim, poderia ter seguido um caminho diferente: a atmosfera "ame e respeite você mesmo" aqui parece forçada, apesar de momentos bons e um refrão viciante. Dentro de suas proporções, GaGa cumpriu sua função de entregar uma canção marcante que ainda vai ser lembrada por muito tempo. Igual Express Yourself? Dúvido, mas o tempo dirá.
nota original: 8
nota atual: 7,5

Resultado Final: GaGa provou sua força midiática e ainda consolidou sua carreira de maneira grandiosa.
Resenha Original

6 de junho de 2014

Primeira Impressão

Lights Out
Ingrid Michaelson


Sabe qual o pior defeito de um álbum? Ser chato. Mesmo com várias qualidades, se um álbum passa a vibe de ser chato, por qualquer razão, o resultado final fica aquém do que poderia ser. Esse é o caso do álbum Lights Out da cantora norte americana Ingrid Michaelson.

Conhecida mais pelo fato de várias de suas canções ao longo dos anos serem utilizadas em seriados como, por exemplo, Grey's Anatomy e The Vampire Diaries, Ingrid lançou recentemente o seu sexto álbum. Lights Out é um bom álbum de indie pop, mas que não tem a força suficiente para adentrar no mainstream e também não é desbravador e original para criar sua própria sonoridade. Faixas começam e terminam sem mostrarem para o que vieram em um desfile de pop indie com folk e rock. Sem personalidade nenhuma em trabalhos bem redondinhos, Ingrid Michaelson peca em não se impor mais forte e traçar limites delimitados em suas músicas que não chegam no lugar que deveriam estar, mas que também não pecam por serem trabalhos mal produzidos. Além disso, as construções, na maioria das faixas, são trabalhos arrastados e chatinhos que não fazem a gente se conectar com a canção. Ingrid Michaelson também é compositora e entrega aqui letras inteligentes, mas "higiênicas" demais. Infelizmente, a compositora não se deixa mostrar de uma maneira mais natural. Tudo parece extremamente pensando para soar "alternativo" e distante. Às vezes é necessário ser mais emocional que esquecer a razão. Nem tudo é sem graça em Lights Out, pois há dois momentos bastante interessantes: a simpática Warpath e Time Machine que tem pitadas de rock soul. Infelizmente, esses momentos não salvam Lights Out de ser um ótimo sonífero bem feito. 

5 de junho de 2014

Uma Surpresa Deliciosa

Super Love
Dami Im

Nem sempre surpresas vêm de lugares inesperados. Ás vezes, surpresas podem aparecer de lugares que a gente espera, mas que surpreendente é o que vem. Entenderam? Não? Eu vou explicar melhor usando a cantora Dami Im e o seu single Super Love. 

Para quem não conhece a cantora, aqui está um resumo de quem é ela. Analisando a trajetória dela até agora, eu esperava que seu primeiro lançamento de verdade na sua carreira poderia ser algo, digamos, convencional, para não dizer brega. Então, qual a minha surpresa em ouvir a canção Super Love que caminha na direção oposta do que eu esperava: um inesperado dance pop acima da média. A grande qualidade da canção é a sua produção inspirada, mesmo sem fugir do padrão pop atualmente, entrega uma cativante canção com uma batida deliciosa usando um piano como base e acrescentando nuances inesperadas. A principal influência aqui é o trabalho recente do DJ Avicii em Wake Me Up e Hey Brother. Com uma performance poderosas, apesar de certos momentos de exageros, Dami Im mostra que é uma cantora com incrível potencial e a composição combina com a delicadeza da interprete falando de maneira doce e romântica sobre o amor. Super Love é a plataforma perfeita para Dami Im alçar vôos maiores e não seria nenhuma surpresa.
nota: 7,5

3 de junho de 2014

Nicole, A Guerreira

Your Love
Nicole Scherzinger

Devemos admitir que Nicole Scherzinger é uma guerreira. Depois de tantos anos de batalha, ela ainda batalha para a carreira dela solo decolar. Para a terceira tentativa, a cantora vai lançar mais um álbum e com ele já foi divulgado o primeiro single: a média Your Love.

Com uma produção de luxo do The-Dream e do Tricky Stewart, Your Love é quase um acerto na carreira
de Nicole. A música é um trabalho interessante, mas confuso da dupla que acerta no tom e erra na sua construção. A fusão de R&B com pop mostra ser promissora só que algumas decisões pecam e deixam a canção perdida. Uma dessas é o chato refrão em que Nicole fica repetindo "Ooh, ooh do do do-do do". A canção só vai empolgar de vez em seu terço final que ouvimos uma batida mais estilizada e poderosa que poderia ter sido a base para a canção inteira. Nem mesmo as citações pop até divertidas ajudam a letra a passar no quesito "fora do lugar comum". Ao menos, Nicole segura a canção muito bem mostrando versatilidade mesmo sob uma quantidade de efeitos vocais desnecessário. Nicole Scherzinger: essa, sim, é mulher guerreira.
nota: 6,5

2 de junho de 2014

Bang Bang

Shades of Cool
Lana Del Rey


Todos sabem que uma das influências da Lana Del Rey é a cantora Nancy Sinatra. Em Shades of Cool, Lana está no seu estado máximo de emoldurar a vibe da cantora filha de Frank Sinatra. Só que também em Shades of Cool, a cantora está no estado máximo de ser ela mesma. Tudo isso, felizmente, é muito bom.

Shades of Cool é o segundo single do aguardado Ultraviolence e também conta com a produção de Dan Auerbach assim como West Cost. A principal diferença é que no novo single a parceria entre os dois soa mais harmônica. Shades of Cool é uma balada pop indie que mostra bem claro a vibe Nancy Sinatra de Lana em uma melodia delicada e com uma guitarra bem anos sessenta. Um trabalho magistral da produção que não se esquece de mostrar a personalidade de Lana, então, ainda temos a vibe dark/depressiva por toda a canção criando um espetáculo cativante. O defeito é a duração da canção: quase seis minutos em uma canção que poder durar no máximo quatro minutos. Lana entrega uma de suas performances mais enigmáticas até hoje: quase uma ninfa das águas cantando para o seu amor perdido. Finalmente, a composição é um trabalho com a personalidade de Lana do começo ao fim, então espera algo melancolicamente bonito. Bang bang: Lana acertou no alvo de novo!
nota: 8