The Weeknd
Ao chegar ao seu terceiro álbum, The Weeknd comprova de uma vez por todas o seu peso entre os maiores no mainstream da música mundial. Não só pelo sucesso comercial, mas também como um dos mais talentosos artistas surgidos nos últimos dez anos. Entretanto, Starboy ainda expõe alguns defeitos que o cantor precisa concertar para consolidar essa sua nova posição, apesar que o trabalho seja o melhor da sua ainda recente carreira.
Acredito que nova fase da carreira de The Weeknd seja parecida com a que Rihanna passou ao lançar o Rated R (2009) e, no ano seguinte, Loud. Explico: tanto Rated R e Beauty Behind The Madness, álbum anterior do cantor, apresentam uma atmosfera bastante sombria com olhar um pessimista e, principalmente, certa fúria controlada expressadas nas batidas. Já Loud e Starboy possuem uma áurea mais descontraída, dançante, mas com uma vibe ainda bem melancólica que é "iluminado" por luzes de neon em uma casa de show ao final da noite. Interessante notar, também, que as cores das capas quatro álbuns são parecidas (tons de cinza e preto para os primeiros e tons de vermelho para os outros dois). Essa comparação é necessária para entender a importância de Starboy de The Weeknd, pois o trabalho é a pedra fundamental na solidificação da carreira dele.
Starboy é o trabalho pop perfeito, assim como o Loud, para ajudar a popularizar ainda mais o nome do cantor, mesmo que a sua sonoridade tenha pesadas influências de R&B e PR&B, ajudando a manter a personalidade do começo da sua carreira como nas mixtapes Echoes of Silence e House of Balloons. Todavia, a essência primaria do álbum é uma fusão de dance pop, eletropop, EDM e eletrônico, criando uma sonoridade muito convidativa para um público bem maior que o atual do The Weeknd. Ao abrir os seus horizontes, o cantor encarna para si a figura de um verdadeiro popstar, algo muito parecido com o que o Michael Jackson fez quando começou a sua carreira solo. E assim como o rei do Pop, The Weeknd se cercou dos melhores nomes que a indústria pode fornecer nesse momento: desde produtores do momento como, por exemplo, Cirkut, Max Martin, Benny Blanco, Diplo, chegando em artistas diversos como a cantora Lana Del Rey, Cashmere Cat, Kendrick Lamar e o duo Daft Punk. The Weeknd não esquece, porém, de cuidar pessoalmente da direção artística do já que co-produz todas as dezoito faixas do álbum. Com toda essa configuração ao seu favor, o cantor não precisa fazer muito para encontrar o tom perfeito para Starboy, entregando um desfile de faixas primorosamente produzidas e com uma coerência geral simplesmente impecável. Mesmo com uma quantidade de faixas grande e com quase setenta minutos de duração, Starboy flui sem maiores problemas como se fosse um álbum com apenas seis ou sete faixas. E aqui, entretanto, que mora o principal e único problema do álbum.
Ao passar sem maiores solavancos, Starboy fica carecendo de momentos em que o público seja catapultado para dentro do trabalho de maneira definitiva. Não existe uma música ou mais de uma música que possa ser considerado um verdadeiro instante de genialidade pura. O álbum parece ser repleto de vários fillers que poderiam ter sido cortados na versão final. Fillers muitos bons, mas ainda fillers. Dessa maneira, o resultado final, mesmo que muito bom, acaba parecendo muito "limpinho" e "certinho" demais. Empolga, mas não arrebata de vez. Diverte, mas fica aquela sensação de quero mais. Eleva a carreira de The Weeknd, mas não parece que é o melhor que ele poderia entregar. Felizmente, os outros aspectos em Starboy funcionam de forma irrepreensível.
Encarnando um cantor romântico do século XXI, The Weeknd conta histórias sobre amor, sexo e dinheiro de forma impecável, pois tem a capacidade de criar algo moderno, inteligente e de um tino verdadeiramente pop com a presença de bons refrões, ganchos vicantes e uma qualidade liricas bem acima da média. E, por fim, o cantor usa a sua voz para dar vida para cada uma das canções, expondo toda a sua capacidade vocal em interpretações solidas, cheias de nuances e com domínio técnico louvável. Os momentos que realmente valem a pena ficam por conta do single (e homônimo) Starboy, Party Monster com vocais não creditado da Lana Del Rey, Rockin’ e a sua batida eletropop contagiante, a vibe oitentista de Secrets, a parceria com Kendrick Lamar na soul rock/hip hop Sidewalks, A Lonely Night é como se fosse uma canção que o rei do Pop poderia fazer nos dias de hoje, All I Know (com o rapper Future) e todas as suas nuances emblemáticas e, por fim, I Feel It Coming, novamente ao lado do Daft Punk, que deve ser o próximo sucesso do cantor. Com o álbum lançado e com possibilidades de ser um grande sucesso, o público está diante do nascimento de uma verdadeira super estrela como anos não tínhamos no mundo pop. E olha que o The Weeknd ainda nem está no seu auge artístico.
Nenhum comentário:
Postar um comentário