11 de dezembro de 2016

Os 25 Melhores Álbuns de 2016 - Parte II






Parte I


20. The Dreaming Room
Laura Mvula


O grande diferencial para que o álbum resulte em um trabalho tão excepcional nessa área é que parte da produção fique por conta de vários membros da conceituada Orquestra Sinfônica de Londres. Laura já tinha feito algo semelhante ao lançar uma versão orquestrada do seu primeiro álbum (Sing To the Moon), realizado pela Orquestra Metropolitana da Holanda que é especialista em jazz. Todavia, dessa vez a colaboração é a base principal do álbum e, devido a isso, a sonoridade R&B contemporâneo da cantora é elevada. Sem a elegante e forte presença da magnífica presença da orquestra, The Dreaming Room iria resultar em uma boa, mas sem graça compilação de canções. As músicas em The Dreaming Room são donas uma pompa contida, cheias de nuances ousadas que, ás vezes, não funcionam como deveriam e que parecem querem ser melhores do que realmente são, mas que, felizmente, encontram o caminho devido as edificantes instrumentalizações. Esse é o caso da ótima e emocionante Show Me Love, uma viagem em sons e batidas em que Laura canta sobre encontrar alguém que nos faça ser completo.


19. The Definition Of...
Fantasia


"A primeira qualidade do álbum é a sua vibe arrojada em que Fantasia constrói uma arriscada e ousada sonoridade. The Definition Of... é uma interessante mistura de R&B e soul pop/pop rock com uma pegada que puxa bem mais para o artístico/conceitual que o comercial, mas sem precisar ser pretensioso ou exagerado. Assim como fez a Jazmine Sullivan no genial Reality Show, cada música em The Definition Of... tem uma inspiração e construção completamente diferente uma da outra, o que resulta em uma salada mista deliciosa que vai do rock até o gospel com a mesma eficiência e qualidade. Existe um excepcional trabalho de produção geral que, apesar da dinâmica do álbum, não deixa lacunas entre as canções, encontrando uma fluidez perfeita para um trabalho com essa proposta."


18. 24K Magic
Bruno Mars



"24K Magic é dançante, divertido, ligeiro, clichê, brega, despretensioso e sem nenhuma música que vai ficar para a história, mas, apesar disso, é o trabalho perfeito para o atual momento em que estamos precisando apenas curtir uma noitada regada de bebida e dancinhas constrangedoras sem se preocupar com o amanhã. É como uma transa de uma noite deveria ser: momentos extremamente agradáveis para todos os envolvidos, mas que não terá nenhum peso na vida real. Diversão sem sofrimento é o lema de 24K Magic. A produção geral dos desconhecidos Shampoo Press & Curl, com algumas co-produções de The Stereotypes parceiros de loga data de Bruno, ajuda a criar essa atmosfera ao entregar uma sonoridade que faz uma mistura do funk do James Brown com o pop do Michael Jackson e, também, com o R&B do Prince e um belo toque da atmosfera dos anos oitenta desses dois últimos. Todavia, a produção não entrega mais do que o necessário para que essa mistura não cai no lugar comum ou na cópia barata, mas o trabalho é tão bem feito e redondinho que o resultado é suficiente para que 24K Magic possa ser considerado um bom trabalho. Claro, Bruno Mars não deixaria de entregar algo que não fosse tecnicamente muito bom assim como performances vocais que o recolocaria no topo dos cantores do mundo pop."


17. ANTi
Rihanna


"RiRi entrega um redondo, bem produzido e, em algumas momento, inspiradíssimo trabalho em que mistura tendencias contemporâneas com influências clássicas do gênero. Não espere batidas frenéticas ou faixas que parecem feitas por qualquer DJ de música eletrônica para serem tocadas em boates com o intuito de fazer a pista pegar fogo. ANTi é mais sobre batidas cadenciadas, nuances sonoras e construções instrumentais minimalistas. Talvez o problema de ANTiseja o momento em que foi lançado, pois a sonoridade do álbum parece influenciada por artistas com menos tempo de carreira do que a Rihanna como, por exemplo, Tinashe e FKA twigs. Se o álbum tivesse sido lançado uns três anos atrás, Rihanna poderia ser o nome principal dessa nova tendencia e, não, outra a seguir a onda. Entretanto, isso não neutraliza o bom trabalho de todos os produtores e, também, da Rihanna que parece estar com mais controle sob a sua carreira e fez o que achou melhor para a sua carreira. "


16. The Heart Speaks In Whispers
Corinne Bailey Rae


"Mesmo que não tenha essa proposta exatamente delimitada, isto é, The Heart Speaks In Whispers não é um álbum conceitual, mas é bem clara a existência de linha dorsal que rege as belíssimas composições. Com uma carga poética inspiradíssima e uma delicadeza tocante em sua escrita, Corinne e uma seleta e pequena lista de colaboradores entregam um viagem hipnotizante sobre reaprender a amar. Sobre voltar a sentir o coração batendo. Sobre sentir as borboletas furiosas se debatendo no estomago quando ver a pessoa amada. Sobre sofre por amor, mas um sofrimento quase banal em relação ao perder para sempre quem se ama. The Heart Speaks In Whispers é sobre redescobrir como ser feliz. O trabalho primoroso feito no álbum também ajuda a mostrar o quanto madura esta a cantora em seu oficio, conseguindo navegar em águas tão turvas que é falar sobre amor sem esbarrar no melodramático exagerado ou no brega explicito. O trabalho é conduzido de maneira com uma elegância simples e edificante. Nada dito parece fora do lugar ou feito apenas para encher linguiça. Cada palavra, verso e estrofe estão cirurgicamente postas nos seus devidos lugares, criando a atmosfera perfeita para a construção da sonoridade de Corinne.

The Heart Speaks In Whispers é uma mistura entre as sonoridades do seu primeiro trabalho e o seu sucessor, isto é, uma fusão de R&B/pop mais tradicional e neo-soul com forte influência de jazz e blues. Dessa maneira, o álbum caminha com eficiência e inteligência em não deixar Corinne sem a sua personalidade encantadora, mas, também, com a responsabilidade de mostrar a evolução da cantora. Nesse último quesito, a produção guarda algumas surpresas ao longo das dezesseis faixas que compõem o álbum como é o caso da viagem emocional da linda Caramel ou a sensual Taken By Dreams com as suas surpreendentes construções e introduções de batidas interessantes, O único erro em The Heart Speaks In Whisperstalvez seja a longa duração da maioria das canções, pois a sua maioria ultrapassa a casa dos quatro minutos. Une-se a isso o fato do álbum ter dezesseis faixas e a sua duração ultrapassa uma hora. Um pequena problema para quem tem o privilegio de ouvir Corinne entregar as suas melhores performances vocais carregadas de uma ternura e emoção contagiantes, além de mostrar uma versatilidade incrível sem perder, porém, a sua individualidade vocal. Entre os momentos já citados, The Heart Speaks In Whispers ainda tem momentos maravilhosos como em Do You Ever Think Of Me?, Night, High, Push On For The Dawn e a melhor do álbum Hey, I Won't Break Your Heart. Mesmo sem o mesmo destaque e sucesso comercial de outros álbuns, Corinne Bailey Rae faz de The Heart Speaks In Whispers um trabalho para ser lembrando por quem ouvi-lo."

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