22 de janeiro de 2017

Pior Single

1. Coração Embriagado
Wanessa Camargo


"Ao invés de ir para um sertanejo que é a praia do pai dela ou dar a sua versão do gênero, Wanessa Camargo resolveu repetir cada características dessa tal de novo sertanejo que é, na verdade, uma mistura desgraçada dele com forró. Sem respeitar nenhum dos gêneros de verdade, esse novo subgênero é o ápice do fundo do poço da música brasileira, apesar de achar que ainda pode ser pior do que é. Em Coração Embriagado, a produção acerta no tom, mas, por incrível que pareça, o tom adotado mais parece uma paródia do que uma canção de verdade, tendo a capacidade de ser pior que as canções "originais". O que faz rir em Coração Embriagado é, na verdade, a sua precária, pobre e de uma vergonha alheia gigantesca composição que tem a capacidade de entregar perolas como "Quando eu te vejo online: #Judiando" ou no refrão todas as últimas palavras rimarem com o final "ado". É tão ruim que chega a ser, de alguma forma, divertido. Até mesmo Wanessa adquiriu os mesmos maneirismos dos cantores do gênero o que deixa a sua performance o que deixa Coração Embriagado ainda mais com cara de paródia. Como diversão despretensiosa e vergonhosamente deliciosa a nova canção da Wanessa é ótima, mas como música de verdade é uma verdadeira catástrofe sísmica."

2. Olé
John Newman
"Ao chegar apenas a 120° da parada inglesa, Olé é a tentativa do DJ de sair do mesmo lugar ao entregar um soul/reggae, mas que acaba resultando em uma pastiche irritante e bastante clichê. O pior não é ouvir a batida morna, mas, sim, ouvir John Newman no meio dessa pataquada: dono de uma voz potente e "soulful", o cantor está completamente perdido em uma performance apática e sem graça. Nem a composição mediana ajuda, pois Olé (nome horrível) é um fracasso completo. Espero que em um futuro próximo, John Newman tenha a oportunidade de ter em mãos algo que seja, ao menos, decente."


3. Panda
Desiigner

A canção não é exatamente um hip hop tradicional, mas, na verdade, um dos seus subgêneros mais conhecidos: o trap. A produção até consegue tirar alguma coisa interessante devido a batida marcante e atmosfera grandiosa, mas não é o suficiente para tirar a sensação de massificação que a canção passa, isto é, Panda parece uma canção feita apenas para ter sucesso comercial. Esse não é o único problema da produção, pois a escolha da construção da canção é estranha e de uma criatividade questionável. O que é mais curioso em Panda é que a canção, lançada em 2015, foi usada como sample em uma das canções do último álbum de Kanye. Panda também não tem nenhuma qualidade em sua composição fraca, repetitiva e sem inteligência que faz culto a um carro. Com uma voz forte e uma presença até marcante, Desiigner poderia ter em mãos uma canção muito melhor. Até o momento, ele é o rapper que vamos esquecer em breve.


4. My Way
Calvin Harris

"Terceira vez que ele atua como "cantor" (Summer e Feel So Close), Calvin entrega um performance que poderia até ser passável, se não fosse tão linear e pouco inspirada. O DJ pode até ter algumas qualidades em sua voz, mas a de interpretação não é uma delas. My Way também sofre da crônica falta de inspiração de Calvin para escrever qualquer letra que tem alguma força emocional ou alguma construção que não pareça com a poesia escrita por algum jovem de dez anos. Além disso, a batida eletrônica com influência de música caribenha é tão boba e pouco inspirada que nem dá para se divertir ouvindo. My Way deveria se chamar My Ego para combinar com o estilo de Calvin. E tem gente que ainda compra as ideias do DJ."


5. Me Too
Meghan Trainor

"A canção é uma verdadeira pérola da vergonha alheia em todos os níveis, principalmente o da sua ridiculamente engraçada e egocêntrica sobre amar quem você é. A ideia é até boa e bem intencionada, não há como mentir. Entretanto, fica muito complicado em ouvir "Se eu fosse você, eu também ia querer ser eu / Eu também ia querer ser eu / Eu também ia querer ser eu" e não ficar vermelho de vergonha alheia pelo nível de "poesia" na canção. Não que era esperado algo genial, mas era para ser algo tão ruim como apresentado aqui. A produção também é um desastre com a tentativa de misturar pop com rap que resulta em uma mistureba clichê, mas que, de alguma forma, funciona para virar single. Meghan Trainor fica perdida nessa loucura em performance esquizofrênica e pouco inspirada que tem como ponto baixo a sua tentativa de ser uma rapper no refrão. Se Me Too não for a materialização da expressão de vergonha alheia, não sei o que é de verdade.

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