Katy Perry
Desde que começou a sua carreira no hoje longínquo 2008, Katy Perry nunca foi a artista mais aclamada pela critica especializada. Longe disso na verdade, pois os seus álbuns sempre receberam, em geral, criticas que não passaram de mediana, quando foram "boas". Mesmo assim, a cantora sempre conseguiu superar esse problema devido a união de alguns fatores: o seu imenso carisma que não há igual no mundo pop, a consciência que seu papel no pop é simplesmente fazer o mais puro e descomplicado pop e, principalmente, o talento para lançar singles perfeitos para virarem sucesso comercial (I Kissed a Girl, Hot N Cold, praticamente todo o Teenage Dream, Roar e Dark Horse). Se a gente sabe de tudo isso há muito tempo, a pergunta que fica no ar é: por que Witness não deu certo? A resposta é, acho eu, que bem obvia: Katy simplesmente deu a mordida maior que a boca.
Vamos primeiro a boa noticia: Witness é, surpreendentemente, o álbum mais madura da cantora em questão da sonoridade e composição. Claro, não seria muito difícil fazer isso para alguém que teve a pachorra de lançar com o teor lirico e rimas de Part of Me, mas podemos dizer, sim, que existe uma intenção clara de mostrar uma cantora madura ao falar sobre assuntos mais "de gente grande" com construções com uma pegada descolada e "profunda". Só esqueceram de lembrar de dar para a maiorias das canções o principal ponto da carreira de Katy: carisma. Como já dito antes, a artista pode não ser amada pela critica, mas sempre soube como criar canções perfeitamente pop e cativantes, mesmo que completamente rasas. Em Witness, porém, a cantora e seu caminhão de co-autores se perdem em um labirinto de intenções, ideias de profundidade que terminam como acumulados de clichês e construções linguísticas que parecem como um coleção de frases de para-choque de caminhões e nem das boas. Nada parece funcionar de verdade nesse quesito, mas, alguns momentos verdadeiros, conseguimos ouvir qual seria o resultado final se tudo não tivesse virado esse desastre de trem como, por exemplo, nos singles Swish Swish e Chained to the Rhythm. Aqui estão de maneira correta os dois lados, respectivamente, que Katy queria que Witness fosse de verdade: o divertido e despretensioso e do outro lado o mais maduro e engajado. Queria já que o resultado final é quase desastroso demais. Felizmente, existem algumas coisas boas que salvam literalmente do fiasco total.
A ideia da construção da sonoridade do álbum é boa. Pop dos anos oitenta não é novidade que se traga de volta, mas Katy e produtores como Max Martin, Shellback, Ali Payami, entre outros, decidiram pegar a vertente do pop mais exuberante, grandiosa e cheia de sintetizadores para ser a base principal do álbum. Um boa canção para se ter ideia de qual é fonte principal dessa inspiração basta ouvir a deliciosamente brega The Final Countdown e os seus riffs e uso do sintetizador. A intenção é ótima, mas o resultado é o mais morno e sem graça que poderia se imaginar. Várias canções parecem, na verdade, demos ainda inacabadas de canções que deveriam e poderiam ser verdadeiras perolas do pop como é o caso de Hey Hey Hey e Déjà Vu. Demos sofisticas, mas ainda bastante inacabadas. Para piorar a situação, Katy entrega as baladas mais sem graças do ano como é a arrastada Into Me You See e a monótona Save As Draft. Os momentos que a cantora acerta de verdade quase se perdem no meio como é caso da boa Roulette e a confusamente legal Power. Outro bom momento é a sensual mid-tempo Tsunami. Entregando performances oks, Katy Perry ao menos sabe como dominar o seu próprio álbum em performances redondinhas, mas mesmo assim não há como não apontar que a cantora ainda conseguiu entregar uma das piores canções do ano: a bomba Bon Appétit. Witness é um álbum que deve ser esquecido facilmente em alguns anos e. caso a Katy queria voltar a ser a Katy de antes, deve ser colocado na mesma estante que o Artpop: esquecido no churrasco.
Um comentário:
Exatamente! Mas amo a faixa título. Uma das melhores de sua carreira.
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