Eminem
Já tem algum tempo que o Eminem se consagrou como o rapper de maior sucesso de todos os tempos com aproximadamente 170 milhões de cópias vendidas mundialmente. Claro, ser um homem branco no meio que predominante é de negros ajudou na sua aceitação perante o grande público, mas o rapper sempre se destacou principalmente devido ao seu descomunal talento, dilapidado nos primeiros anos com a ajuda do lendário Dr. Dre. Dominando o final dos ano '90 e quase todo o começo dos anos dois mil, Eminem precisou se reencontrar como artista nos últimos anos quando o mercado fonográfico foi sendo alterado devido ao surgimento e fortificação da internet e da tecnologia. Depois do desempenho fraco de vendas (para os parâmetros do rapper) e recepção bem mediana de Relapse de 2009, o rapper voltou as boas com o público com Recovery e um ano após em 2013 voltou as graças de boa parte da critica com o ótimo The Marshall Mathers LP2. Quatro de hiatos mostram que, ao caminhar para os cinquenta anos, Eminem ainda tem a mesma fúria criativa que o levou ao estrelado quando jovem, mas que foi refinado devido a sua maturidade. Todavia, Revival, o seu nono álbum, ainda demonstra que ele ainda não se encontrou exatamente nessa atual conjectura da música, principalmente no seu nicho rap/hip hop.
O principal problema enfrentado pelo álbum é a sua produção. Primeiramente, apesar de cercado de nomes de primeira qualidade que inclui nomes com o lendário Rick Rubin e Alex da Kid, Revival termina sendo um massa uniforme e sem gosto de hip hop/rap com toques de pop, gospel e R&B. Praticamente, revivendo tudo o que deu certo nos últimos álbuns, mas dessa vez sem o mesmo frescor e urgência que antes. Parado no seu próprio tempo e preso nos mesmos truques que reinventaram a sua carreira, Eminem tem em mãos o seu trabalho mais repetitivo, chato e massificado da sua carreira. Não é ruim exatamente, porém, é decepcionante ouvir um dos maiores rappers de todos os tempos preso sonoramente em um álbum tão mediano como esse, sendo composto, basicamente, de batidas que parecem serem feitas apenas para possíveis singles ou batidas que transitam entre o bom e o maçante. Para piorar o cenário, Eminem lança o álbum em um período em que o maior nome do rap é Kendrick Lamar, ajudando a abrir ainda mais a sensação que álbum soa ultrapassado. E nem podemos dizer que ser um "tiozão" é responsável pela escolha sonora, pois Jay-Z (treês anos mais velho) lançou um álbum bem moderno esse ano. Felizmente, além de existir bons momentos de verdade, o álbum ainda conta com a maior força por trás do rapper: ele mesmo.
Revival tem um alvo definido e bem claro: Donald Trump e tudo que o atual presidente dos Estados Unidos representa. Assim como milhares de pessoas, Eminem está muito "fulo" da vida com Trump e não esconde isso ao usar a sua metralhadora verborrágica para massacrar o mesmo na velocidade de uma bala de revolver. Sem medo de ir fundo na gozação e, principalmente, nas duras criticas, o rapper entrega um bom momento em Like Home com a presença da Alicia Keys e tem o seu pico no single Untouchable. Entretanto, Eminem continua falando principalmente do seu assunto preferido: ele mesmo. Ao longo de mais 77 minutos, Eminem volta a dissecar sobre a sua vida, mas, dessa vez, o resultado é bem mais critico dele mesmo que nos trabalhos passados, continuando a remendar os cacos de sua juventude e começo da vida adulta. Depois de pedir perdão para mãe no álbum passado chegou a vez da ex-esposa em Bad Husband, assumindo o seu comportamento abusivo e pedindo perdão para aquele que ele já atacou em letras. Apesar de bem escritas, as composições aqui não chegam a serem memoráveis como outros trabalhos. Também não são ruins, porém, comparando como os seu grandes trabalhos, falta aquele acabamento poético urbano contemporâneo que o consagrou. Todavia, quando Eminem está inspirado em todos os sentidos ainda resulta em grandes momentos como é o caso de Castle e Arose que são "ligadas" uma na outra por uma sequência temática em que o rapper narra sobre o pior momento da sua vida em que quase se suicidou e, também, pedi desculpas para a filha. Bem construídas, bem escritas e com a força da performance do rapper inabalável, esses momentos não só apenas colocam Emimen de volta aos trilhos, mas nos fazem lembrar no seu auge. Quando a coisa não dá certo somos contemplados por momentos poucos inspirados como Chloraseptic, Offended, In Your Head e a pior parceria com a P!nk em Need Me. Revival não será uma mancha na discografia do Eminem, mas um borrão sem foco que deverá ser esquecido quando ele reencontrar o seu caminho. E não duvidem que ele será capaz de voltar com tudo em algum tempo.
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