16 de janeiro de 2020

Primeira Impressão

Rare
Selena Gomez





Primeiro grande lançamento de 2020, Rare, terceiro álbum da carreira solo da Selena Gomez, é um álbum no limite quase exato entre ser bom e ser apenas mediano. O que salva o álbum de verdade é o fato da Selena entregar o seu mais pessoal trabalho até o momentos, mostrando que é possível "ser real" dentro do pop atual.

Provavelmente, Rare deve ter fortes influências temáticas envolvendo o fim do relacionamento da cantora com o Justin Bieber. Na verdade, o álbum é sobre dar a volta por cima depois de comer o pão que o diabo amassou. E essa expiação é feita de maneira sóbria, edificante e com uma sinceridade tocante. Sem ter muito medo de expor sentimentos, a cantora entrega as suas composições mais maduras até o momento. Até mesmo quando dá algumas derrapadas em qualidade, principalmente ao cair a qualidade do fator pop, a honestidade que as letras exalam ajudam a dar uma melhorada no resultado final. Muitos podem até achar condescendente e/ou irritante, mas, na minha opinião, o trabalho se mostra um fresco bem dosado e até refrescante. Claro, a quantidade imensa de coautores em cada canção é um tropeço sentido, mas com um alívio ao ver que a cantora está listada também como compositora em todas as canções. O melhor momento nesse quesito fica por conta da canção que dá nome e também abre o álbum: Rare é uma interessante faixa sobre saber qual o seu valor perante um relacionamento tóxico. Sonoramente, a canção é uma simpática, mas falha, electropop, mostrando que Selena ainda precisa melhorar muito a sua sonoridade.

Selena já faz algum tempo que encontrou nesse low-profile electropop/pop o seu porto seguro em relação a sua sonoridade. De um ponto, isso é ótimo, pois mostra que a cantora entendeu o que funciona para ela e, principalmente, qual é o seu alcance como artista. O grande problema é que essa sonoridade ainda é bastante defeituosa. O que mais salta aos olhos é a falta de ousadia na construção das canções, deixando uma sensação de repetição ao longo da execução do álbum. Existem nuances, mas as mesmas não são fortes suficientes para criar canções que apresentam diferenças profundas de uma outras. As faixas possuem personalidades distintas, mas que não tem sabores fortes suficiente para não parecerem um grande bloco massivo. E mesmo com uma produção técnica excepcional, Rare perde força ao não dar para Selena uma sonoridade que pudesse quebrar as expectativas do público sem perder o seu caminho já encontrado. O momento de maior engajamento sonoro é na canção que fecha o álbum: A Sweeter Place é uma estranha, mas interessante, aventura electropop com a produção e participação do Kid Cudi. E apesar disso, a faixa ainda não tem a mesma qualidade que a ótima e realmente ousada Bad Liar que no álbum se transformou em um bônus em uma das versões do álbum. Outro problema que é resultado da falta de ousadia é que as canções não parecem ter clímax, deixando ainda mais um sensação de massificação no resultado final. Apesar disso, outros momentos que se destacam ficam por conta da doce Vulnerable e a divertida Kinda Crazy. Mesmo com falhas, Rare deixa claro que a Selena está no caminho certa, apenas precisando acertar a velocidade com que percorre o caminho.

2 comentários:

Anônimo disse...

Seu vocal doce e suave funciona muito bem nesse tipo de canção. O álbum não é excelente, mas é bastante agradável (tirando Look At Her Now, que realmente não me desce).
Parabéns pelo blog, curto bastante.

Jota disse...

Muito obrigado. Volte sempre!