8 de janeiro de 2020

Primeira Impressão

Dedicated
Carly Rae Jepsen


Subestimada. Não existe melhor qualidade melhor para a Carly Rae Jepsen. Mesmo tendo o seu trabalho reconhecido pela critica, a cantora do hit Call Me Maybe não tem o mesmo reconhecimento por boa parte do público, retificando ainda mais que sucesso está longe de ser sinônimo de qualidade. Se isso fosse realmente verdade, Dedicated, o seu quarto álbum, teria sido um dos álbuns pop mais vendidos do ano.

Ouvir Dedicated é presenciar a principal qualidade que um álbum pop comercial precisa ter: a despretensiosidade. Fica extremamente fácil notar que Carly está se divertindo de verdade ao realizar o trabalho do começo ao fim de uma maneira contagiante. Não é o tipo de divertimento que está atrelado ao um sentimento de "foda-se, eu vou é curtir", mas, sim, um divertimento legitimo em estar fazendo o seu trabalho. Isso dá Dedicated uma leveza rara de se presenciar em lançamentos atualmente. Carismática até mesmo quando o álbum dá uma tropeçada na faixa The Sound, a presença luminosa de Carly eleva qualquer material de forma graciosa, inteligente e divertida. Canções adoráreis como Happy Not Knowing Automatically in Love que poderiam cair no lugar comum na mãos de outras cantoras ganham com a Carly um verniz realmente brilhante. Obviamente, o carisma da cantora não seria o suficiente para fazer do álbum um trabalho tão bom.

Continuando em uma caminho parecido que mostrou no já cult E•MO•TIONCarly Rae Jepsen entrega aqui um efervescente, clean e coeso álbum de electropop/synthpop com clara influência da sonoridade dos anos oitenta. Felizmente, o que ouvimos Dedicated não é apenas uma repetição, mas, sim, uma evolução progressiva e bem construída. Na verdade, a sonoridade aqui soa bem mais fluída que no álbum anterior, ao contrário de E•MO•TION  que começava com qualidade altíssima para depois, metade para frente, patinar aqui e ali. Dedicated se mantem em um equilíbrio constante do começo ao fim, deixando o álbum irresistível do começo ao fim. E atualmente isso é um feito para ser elogiável, pois álbuns tendem a se estender mais que o necessário, terminando arrastado e sem a força inicial. Isso está longe de acontecer em Dedicated, ainda mais que a canção que o abre e a canção que o fecha são os seus melhores momentos: a viciante Julien e a romântica Real Love que apesar de serem diferentes sonoramente são a síntese perfeita de toda a sonoridade da cantora. Outros momentos de destaque ficam por conta de No Drug Like Me, o toque de soul de Everything He Needs, a melhor canção que a Taylor Swift não fez em Too Much e a dançante Feels Right em parceria com a banda Electric Guest. Uma pena genuína que a Carly Rae Jepsen teve o seu pico de sucesso bem antes de começar o seu pico de qualidade.


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