20 de junho de 2021

Primeira Impressão

The Moon And Stars: Prescriptions For Dreamers
Valerie June




Para quem acompanha o blog sabe que gosto de usar a expressão "quebra de expectativas" quando um álbum e/ou canção se mostra surpreendente devido as suas escolhas em vários níveis. Nem sempre, porém, essa quebra se direciona para uma característica inerente ao trabalho e, sim, pode ser sobre o artista em si. Ao descobrir o lançamento do quinto álbum da cantora Valerie June intitulado The Moon And Stars: Prescriptions For Dreamers surge uma quebra de expectativa do nível sobre o que esperar da artista.

Sem ter conhecimento da carreira como um todo de Valerie June anteriormente embarquei às cegas na escuta do álbum achando que estaria diante de uma artista de soul/R&B exclusivamente devido algumas resenhas que li e acolá. Todavia, a minha grande e auspiciosa surpresa foi notar que, ao menos nesse álbum, Valerie é uma multifacetada e talentosa multi-instrumentista que navega entre os dois gêneros citados, mas, também, pelo country, folk, bluegrass e americana com um refinamento impressionante e, acima de tudo, com sabedoria de saber como navegar águas tão diferentes com a mesma qualidade de cabo a rabo. Em The Moon And Stars: Prescriptions For Dreamers, a cantora pode até não acertar em todos os momentos, mas quando entrega o seu melhor é capaz de momentos impressionantes, inspiradíssimos e impecavelmente construídos.

De forma resumida, o álbum é uma coalizão entre country, soul, indie e americana que apresenta uma instrumentalização linda e de um cuidado primoroso. Se sonoramente existem alguns pontos soltos, os arranjos de cada faixa são trabalhos de pura elegância estética que conseguem até mesmo amarrar algumas pontas soltas. Na verdade, a parte técnica é a responsável por fazer quem escuta The Moon And Stars: Prescriptions For Dreamers se envolver inteiramente com o trabalho, conseguindo esperar os melhores momentos sem ficar entediado. E esses momentos se encontram na parte final, começando a animadora rock soul Smile e a sua mensagem inspiradora e terminando com a emocionante Home Inside sobre encontrar dentro de si a paz para continuar a viver. E o seu recheio e ainda melhor.

Entre essas duas faixas, o álbum apresenta dois momentos sensacionais. Two Roads é uma devastadora soul/americana sobre as escolhas que fazemos durante a vida com um arranjo encorpado. A romântica e melódica indie rock/soul Why The Bright Stars Glow é um sobre de refrescância. Boa parte da qualidade envolvida na produção do álbum vem do fato da azeitada mistura entre old school com inserções modernas, pois o resultado final consegue ser equilibrado entre essas duas vertentes e mostra Valerie June como uma artista definitivamente única e completamente madura. Envolvida nesses ricos arranjos, a cantora tem todo o espaço para mostrar a sua potência vocal. Dona de uma voz única que é possível ouvir as raízes country e soul envolvidos em anasalado único e que dá texturas para todas as suas performances, a cantora conduz as canções com graça, sentimento genuíno e uma entrega tocante. Refletindo todo peso da experiência, Valerie é capaz de entrega uma interpretação avassaladora como em Call Me A Fool que remete a grandes nomes do soul com a mesma riqueza e profundida que mostra o seu lado delicado em Colors que segue uma linha country acústico. E com a mesma beleza, a cantora faz de You And I uma mistura vocal que transita entre o country, americana, soul e até o gospel. The Moon And Stars: Prescriptions For Dreamers é o tipo de álbum que consegue ser curioso, inusitado, aventureiro, reconfortante, único e cheio de momentos inspirados, mas a principal razão para funcionar é a gente se encantar pelo talento dinâmico e surpreendente de Valerie June.

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