Beyoncé
Eis que surge a noticia que ninguém acreditou que seria possível nesse ano: o retorno da Beyoncé. Depois de um hiato de seis anos sem lançar um novo álbum solo, a cantora finalmente anunciou e começou a divulgação do seu sétimo álbum intitulado Renaissance. Como primeiro single foi lançada Break My Soul em que a cantora volta de cabeça ao pop em um trabalho que é preciso ter certo conhecimento prévio para captar toda a sua grandiosidade.
Antes de ouvir a canção é preciso entender que a fonte que a produção da Bey ao lado do Tricky Stewart e do The-Dream se apoiaram para construir a batida: o house/dance do começo dos anos noventa. Na verdade, não apenas o gênero e, sim, a cultura que envolveu toda essa época que foi levada nas costas por artistas negros e queer. Caso você não tenha notado, a maioria das canções de sucesso daquela época foram cantadas por artistas negros ou tinhas vocais de cantores negros: Gonna Make You Sweat (Everybody Dance Now) do C+C Music Factory, Rhythm Is a Dancer do SNAP!, What Is Love do Haddaway, entre outros. Então, Bey está exaltando a cultura negra em sua canção com um toque vigoroso da sonoridade queer de forma honesta e respeitosa. Se você não conhecer ou não gostar dessa era, queridos leitores, é bem provável que Break My Soul não será algo que você vai realmente gostar.
Break My Soul é, essencialmente, uma deliciosa house/dance com toque de R&B e hip hop que consegue derivar especificamente da era mencionada sem soar datada, adicionando um espetacular verniz moderno e radiante. A produção acerta em cada ponto sonoro, indo desde a construção instrumental, a atmosfera dançante e, principalmente, o uso dos samples que ressaltam bem as influencias. De um lado, a presença clara dos vocais da lendária rapper e pioneira do bounce Big Freedia retirados da sua canção Explode de 2014. Do outro, o contido, mas enriquecedor, uso do sample do clássico Show Me Love da Robin S. Na verdade, ao escutar pela primeira vez associei a canção diretamente com o sucesso de 1993 sem nem saber do uso do sample. O resultado é um trabalho radiante, viciante e com uma energia refrescante, especialmente quando a gente lembra que é a Beyoncé fazendo novamente pop. Vocalmente, Break My Soul é outro acerto já que a cantora adiciona a mesma vibe das canções de usadas de inspirações, pois adiciona o seu encorpado e poderoso vocal de forma azeitada para elevar o resultado final. A composição poderia ser melhor tematicamente já que não passa de uma edificante e clichê letra de autoajuda. Entretanto, o trabalho em si é ótimo ao conseguir emoldurar qualidades da era house como, por exemplo, as frases de efeitos e as rimas fáceis e, ao mesmo tempo, ser liricamente um trabalho redondo com vários momentos viciantes. E assim começamos uma nova era da dominação da Beyoncé.
nota: 8,5
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