Urias
Apesar de uma carreira que vem sendo construída de maneira extremamente sólida, a Urias parece estar levemente abaixo do radar entre o circulo do pop nacional. Felizmente, isso não a impediu de continuar a desenvolver a sua distinta persona artística que chega em mais um ótimo momento com o lançamento do seu segundo álbum intitulado HER MIND.
Como vem sendo o seu normal, Urias lançou dois EPs como previa do álbum completo, apresentando uma boa amostra do que estava por vim. Na resenha do primeiro escrevi que o mesmo era “uma amostra sensacional e surpreendente do que pode estar por vim. Urias aperta o acelerador no eletrônico/alternativo com uma fortíssima influencia no trabalho da venezuelana Arca”. E é assim no “prato principal”. A comparação com a Arca não é para mostrar quem é melhor ou coisa parecida, mas, sim, para mostrar que Urias buscar inspiração em um dos nomes que vem literalmente pautando o cenário para esse tipo de canção. E o mais importante: existe espaço para ambas. Preciso apontar que nesse momento de suas carreiras o ponto negativo para cada uma é o que sobre para a outra. Enquanto Arca falta certa coesão ao analisar a sua discografia principal, Urias mantem a qualidade do começo ao sim. Falta para a brasileira a ousadia criativa que é a base central da genialidade da venezuelana. E isso é visto exatamente em HER MIND.
Com treze faixas e um pouco mais de trinta minutos, HER MIND é rápido, conciso, contagiante e deliciosamente viciante, mas que em certos momentos parece se repetir. Aqui que entra o ponto ousadia: apesar de inspirado, a sonoridade da Urias falta certa explosão criativa para pegar o que já bom para colocar em uma nova categoria que elevasse tudo para um novo patamar. Em alguns momentos, HER MIND parece seguir certa cartilha para entregar esse eletrônico/hip hop/club/house/eletropop que pega o que já deu certo e continua exatamente no mesmo caminho. É bom? Não. É ótimo. Entretanto, o que a produção apresenta poderia ser tão superior que fica um pouco de resíduo do que parece faltar atrapalhando um pouquinho o resultado final. Felizmente, isso é algo que é até facilmente deixado de lado quando a gente escuta HER MIND, pois o que é entregue é realmente sensacional, especialmente quando as coisas vão para o lado de uma das melhores faixas: R.I.P. Lançada no primeiro EP, a uma faixa “eletrizante, impressionante, explosiva e frenética mistura de eletrônico, house e hip hop”. E a presença de Urias é a deliciosa, vermelha e suculenta em cima que une tudo de maneira única e incontestável.
Urias não é uma grande cantora no quesito voz, mas uma ótima performer que vem refinando o seu oficio. E a força metódica que a mesma carrega cada momento de HER MIND é impressionante, pois a mesma é capaz de fluir perfeitamente entre os estilos das canções sem perder o seu flow, personalidade e sabendo usar bem os efeitos vocais para dar profundidade para sua voz e interpretação. Liricamente, o álbum é rasteiro e sem profundida verdadeira, mas funciona devido a maneira direta, explosiva, carismática e certeira que cada canção apresenta suas “cantadas”. Quase inteiramente em inglês com algumas partes em espanhol, HER MIND poderia se beneficiar de composições em português, pois Urias já provou que é capaz de entregar perolas como Diaba. E dentro do álbum existe uma canção na bonita Blossom, apesar do nome em inglês. Momentos que precisam ser citados como destaque do álbum é a pesadona Danger, a batida latina de So Dumb, a elétrica Magnata e, por fim, a sensacional Cuntelectual. HER MIND é mais um tijolo dourado na construção da extraordinária carreira da Urias.
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