28 de abril de 2024

Primeira Impressão

Tara e Tal
Duda Beat




Todos os álbuns partem de uma ideia que pode ser das mais diferentes origens, indo do simples motivo de criar um álbum pop comercial até a expressão mais profunda de traumas e sentimentos. O problema é quando a ideia é genial que não encontra sustentação no material entregue. Em Tara e Tal, terceiro álbum da Duda Beat, existe uma ideia tão sensacional que consegue segurar o álbum, mas não impede de o mesmo terminar sendo uma leve decepção.

A melhor definição para o trabalho da cantora é “Duda Bear goes pop”. E isso poderia render muito mais devido a maneira como essa ideia é construída ao unir a sonoridade brasuca da cantora com um verniz bem pensado de eletrônico, EDM, house e electropop que facilmente pode ser ligada ao uma sonoridade que vai da metade dos anos noventa até os anos dois. E isso funciona em certo nível, pois a produção acerta o tom e cria uma experiência fluida, divertida e estilizada, especialmente quando a gente percebe que apesar do “pop” exista uma nítida referência sobre o que é feito no Brasil com a adição de funk, MPB, forro, manguebeat, brega outros ritmos. Então, Tara e Tal tem personalidade de sobra que consegue carregar em todos os momentos, mas isso é feito de maneira superficial. E isso é o grande problema que atrapalha essa ideia de ganhar a vida radiante que merece.

Não que a produção não parece saber o que está fazendo, mas, sim, não tem o peso para fazer essa sonoridade ser explorada como é a sua premissa. E essa sensação é aumentada quando o álbum apresenta alguns momentos que parecem o que seria o caminho ideal para o resto do álbum como é o caso da faixa que fecha na interessante NA TUA CABEÇA. Encorpada, deliciosa e com uma linda finalização sonora, a canção é o entendimento quase completo do potencial do resto do álbum ao ir além da superficialidade da ideia e buscar rumos para explorar ao adicionar nuances interessantes. Existem outros bons momentos como, por exemplo, a mágica SAUDADE DE VOCÊ que lembra um remix de uma canção MPB dos anos noventa tocando em uma baladinha adolescente em 2002, a batida elétrica de DESAPAiXONAR, o encanto sincero de por aí mozão que parece meio deslocada no contexto geral, o bom e auspicioso começo na quase intro DRAMA e, por fim, a exploração EDM que é feita em q prazer poderia ser mais suculenta, mas é bem vinda. O álbum facilmente poderia ser um EP já que parece ser um trabalho introdutório a um caminho que pode ser melhor explorado e aprofundado. Como um álbum completo, Tara e Tal é um sopro gostoso de boas ideias que faz a Duda Beat ainda ser uma joia rara que apenas precisa de certa lapidação. 

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