28 de abril de 2024

Primeira Impressão

Funk Generation
Anitta



Funk Generation, sexto álbum da carreira da Anitta, é o seu melhor desde que a mesma se tornou uma pop star internacional. Todavia, apesar de alguns bons pontos, o trabalho ainda sofre para realmente mostrar uma artista ao ser uma grande ode a efemeridade.

Antes de falar do que não dá certo é necessário apontar a grande qualidade do álbum, mesmo que seja apenas superficial: o conceito. Depois de muito prometer, Anitta e sua equipe finalmente entregam um trabalho que parece querer realmente levar o funk carioca para o mundo. É um entendimento bem parcial, mas é algum tipo de noção que ajuda a dar para álbum algum sentido de existir. E isso é que diferencia em relação aos trabalhos anteriores, pois existe realmente uma vontade de pegar essa ideia e a transformar em algo que seja realmente sólido. O problema é que se essa ideia foi finalmente delimitada, a realização de Funk Generation passa bem longe de chegar perto de qualquer trilha que seja ideal para criar um trabalho no mesmo patamar.

Li alguns comentários em site e redes sociais criticando o álbum por querer ser “comercial” ao mostra um “funk para gringo ouvir”. Sinceramente, isso não seria problema nenhum, pois nas mãos certas conceito, realização e comercialização poderia ser equilibrado, azeitado e criativo. E isso passa longe de acontecer em Funk Generation. E isso não se dá principalmente devido ao fato de todo o trabalho ser um sobro efêmero que quando parece que está querendo chegar já terminou faz algum tempo. Com quinze faixas e com apenas uma delas com mais de três minutos, o álbum não dá tempo ou espaço para que seja trabalhado nenhuma ideia de fato, deixando essa sensação chata e recorrente de “tá faltando angu nesse caroço”. Existem momentos que fica mais claro essa percepção e, infelizmente, são os momentos que deveriam ser o ponto alto do álbum. E um deles é a faixa Savage Funk. Baseada nos funks proibidões, a faixa faz tudo o sentido dentro do contexto do álbum e o que o mesmo quer dizer. Nem seu conteúdo explicito me incomoda, mas, sim, o fato que a canção parece completamente perdido dentro do álbum. Sozinha, os seus um minuto e vinte e três segundos não fazem sentido sonoramente ou criativamente, pois falta muito recheio para a fazer conseguir se sustentar de fato. Com uma intro, a canção faz menos sentido já que a próxima canção é Joga pra Lua que não tem liga nenhuma para serem faixas ligadas. E é basicamente esse todo o problema do álbum: conceito sem conteúdo. O melhor momento do álbum é logo na sua entrada com a funk/electropop Lose Ya Breat que parece inspirado no clássico Bucky Done Gun com pitadas de Lose My Breath das Destiny’s Child. O single Double Team também ganha destaque devido ao fato de saber “como fundir o funk carioca com outros gêneros que aqui é com o reggaeton e trap. Não é um resultado perfeito, pois falta ainda uma tonelada de criatividade para elevar o resultado final” e também gosto de Cria de Favela que com alguns ajustes ou a co-produção de alguém como a Arca poderia ser uma música boa de verdade. Apesar de ainda ser um trabalho bem longe de qualquer ideal, Funk Generation mostra que ainda exista esperança artística para a Anitta. Sonhar não custa nada, né?


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