13 de julho de 2025

Hilário

One of My Bedbugs Ate My Pussy
cupcakKe


Dona de uma das carreiras mais curiosas e interessantes do rap, cupcakKe é uma artista tão única em sua trajetória que fica até difícil não prestar atenção à sua presença. E isso se torna ainda mais evidente com músicas como a ótima One of My Bedbugs Ate My Pussy.

Mais uma vez, a rapper utiliza seu flow distinto, feroz e explosivo para retratar o sexo sem pudores, de uma maneira que consegue ser ao mesmo tempo vulgar, honesta, sexual e hilária. Essa é uma das maiores qualidades de sua lírica explícita: suas composições sempre arrancam um sorriso do meu rosto pela inteligência com que ela descreve diversos atos sexuais. Um dos melhores momentos da faixa é logo no início do refrão, quando ela solta essa pérola genuína: “It's givin' Lady Gaga, standin' in her shoe/ She love tall inches and I do too.” A canção, felizmente, não se sustenta apenas na presença magnética da cupcakKe, mas também na estilizada e sensacional produção, que entrega uma mistura madura, refinada e suculenta de hip hop, hip house, pop rap e leves toques de funk brasileiro. Assim, seguimos acompanhando a carreira sensacional da cupcakKe, que continua sem medo de ser completamente ela mesma.
nota: 8,5


Livre

Polo
Kim Petras


Longe das garras de um certo produtor em desgraça, a Kim Petras volta a entregar uma boa música em Polo.

Possível começo de nova era para a cantora, a canção é um deconstructed club/electropop/hyperpop que teria uma finalização mais substancial nas mãos da Charli XCX, mas termina com a Kim sendo um trabalho melhor que o esperado devido à construção corajosa e estrondosa. Não é uma canção pequena sonoramente, pois desde o seu começo a batida estoura nos nossos ouvidos e vai assim até o seu final, sem nenhuma nuance. E essa decisão é louvável, mesmo que não seja a melhor. Polo também se beneficia da condução sólida da Kim, pois a cantora consegue carregar a canção como a mesma deve ser conduzida. Livre e na elevação da segunda potência, Kim Petras pode estar indo para o caminho certo.
nota: 7

Docinha

Jellyfish
Sigrid


Sumida há algum tempo, Sigrid está de volta com o lançamento da simpática Jellyfish.

Apesar de menos inspirada do que alguns de seus melhores lançamentos, a canção é uma doce, delicada e encantadora mistura de pop rock e indie pop, com pinceladas de drum and bass que adicionam um toque criativo e interessante à sua construção. Jellyfish não é uma música que nos conquista de imediato com sua aura, mas, felizmente, possui carisma de sobra — graças, especialmente, à performance solar e cativante de Sigrid, que entoa a faixa com uma beleza simples e iluminada. Uma canção menor, mas que ainda carrega a bela marca da cantora.
nota: 7,5

Um Retorno Timído

JUMP
BLACKPINK


Depois de um hiato para darem início às suas carreiras solo, as integrantes do Blackpink estão de volta juntas para continuar a trajetória da girl band. E como primeiro single, foi lançada a mediana Jump.

A canção poderia funcionar melhor se não pegasse a boa ideia de introduzir doses de eurodance e techno e a transformasse em uma das faixas mais lineares da carreira do grupo. Depois de um começo excitante e divertido, Jump não vai a lugar nenhum com sua construção instrumental, que parece correr atrás do próprio rabo quando poderia ir muito mais além.

Além disso, a composição é tão genérica quanto possível, tornando a música menos impressionante a cada segundo. Todavia, há um momento no refrão que é, ao menos para mim, um toque de genialidade: o verso “That prima donna, spice up your life” parece ser uma citação às Spice Girls. Quanto à performance do grupo, a música é sustentada e elevada pela presença das integrantes — mas isso não salva Jump de ser um trabalho aquém do que o grupo é capaz de entregar.
nota: 6

A Falto do Recheio

Messiah
Sevdaliza


Messiah, novo single da Sevdaliza, está no meio do caminho certo entre ser um genérico bom e um experimental ótimo. E o resultado é uma canção divertidíssima, mas que poderia ser bem melhor.

Sonoramente, a canção é um interessante experimento de dance-pop com neoperreo e reggaeton que busca oferecer uma visão única para a Sevdaliza, emoldurando o que foi feito em Alibi. Todavia, a produção de Messiah parece ter ficado presa à hesitação de dar o próximo passo para se aprofundar na ideia por trás, como se quisessem manter o foco mais comercial da faixa. E é uma pena, pois, ao se aprofundar experimentalmente, a canção poderia facilmente ganhar novos e excitantes contornos. Felizmente, trata-se de um trabalho bem divertido, com uma performance carismática e sensual, além de uma composição controversa, mas esteticamente competente. É uma canção que deixa a sensação de faltar um recheio mais elaborado, mas ainda assim sacia pelo bom trabalho da massa em volta.
nota: 7,5

6 de julho de 2025

Primeira Impressão

Virgin
Lorde



O Exemplar

Hammer
Lorde


Terceiro single de Virgin, Hammer mostra toda a essência do álbum ao apresentar uma Lorde no caminho certo — ainda que não em sua melhor forma.

Inspirada e climática, a faixa é um alt-pop/electropop cuja construção em camadas e batida crescente vai ganhando cores e texturas que grudam aos poucos em quem escuta. Gosto especialmente da elaboração do refrão, mas a canção perde pontos com seu final quase anticlimático. Felizmente, Hammer conta com a presença sempre marcante de Lorde, que entrega uma performance inspirada. Outro destaque é sua composição, que trata de apreciar o lugar onde se vive, mas, claro, com a lírica afiada da cantora. Já nos primeiros versos ela dispara: “There's a heat in the pavement, my mercury's raising / Don't know if it's love or if it's ovulation.” É um trabalho sob medida para a Lorde voltar a ser... a Lorde.
nota: 8

Primeira Impressão

PRINCESS OF POWER
MARINA



Uma Resurpresa

Bloom Baby Bloom
Wolf Alice


Nesse sempre consigo lembrar de um álbum que resenhei de um artista que não escuto com certa regularidade, mesmo se for um bom álbum. Apesar de não lembrar exatamente de Blue Weekend, da banda Wolf Alice, tenho certeza de que não tinha nada a ver com o resultado de Bloom Baby Bloom. E isso é ótimo.

Primeiro single do álbum The Clearing, a canção é uma extravagante, dançante, estilizada, grandiosa e exuberante mistura de hard rock, glam rock, art pop/rock e dance, que vai se desdobrando em uma viagem sonora inesperada e completamente incrível. Sem nunca perder o foco, a produção de Bloom Baby Bloom cria uma complexa e refinada teia instrumental que consegue abarcar toda a complexidade sonora de maneira descomunal em um caleidoscópio belíssimo e revigorante.

Apesar da imensa qualidade da produção, o que faz a canção ser realmente sensacional é a performance de uma vida da vocalista Ellie Rowsell, que carrega a canção com uma força descomunal ao navegar por todas as mudanças sonoras da canção de forma magistral, alternando momentos de delicadeza com momentos de pura explosão que são pontilhados por nuances e texturas realmente deslumbrantes. Bloom Baby Bloom é uma genial redescoberta do Wolf Alice, que parece entrar na sua fase de redescoberta artística.
nota: 8,5

Calmaria

Plastic Box
JADE


Apesar de todo o começo hypado, a carreira da Jade vai esfriando do ponto de vista comercial, pois, artisticamente, continua indo muito bem. Esse é o caso do novo single: Plastic Box.

Quarto single oficial do seu debut, a canção não tem certa força como outros singles, mas ainda é um trabalho que deixa claro o apuro que a cantora possui. Funcionando como a versão de uma balada, Plastic Box é uma mid-tempo synth-pop/synthwave que tem uma construção instrumental inteligente que consegue continuar a moldar a persona da Jade de maneira primorosa. Gosto especialmente da diferente rítmica entre os versos e o refrão, mas que não gera uma quebra muito grande, pois cria toda uma atmosfera única para a canção. É preciso apontar que a canção faltou ter um impacto mais marcante, especialmente comparado com outros singles da cantora. Todavia, isso é perdoado facilmente com a performance angelical, sentimental e deslumbrante da cantora, que é a prova cabal de todo o seu potencial. Uma pena que a recepção comercial da Jade não seja no mesmo nível que toda a sua entrega artística.
nota: 8

Good Mean Girl

Leave Me Alone
Reneé Rapp


Apesar de ser mais conhecida pelo grande público por sua carreira de atriz na série The Sex Lives of College Girls e na adaptação musical de Meninas Malvadas, Reneé Rapp também tem uma carreira musical e lançou recentemente o single Leave Me Alone.

Primeiro single de seu segundo álbum (Bite Me), a canção é um sopro interessante de criatividade, por ser um pop que não segue uma cartilha delimitada ao entregar uma fusão de pop com rock, com pinceladas de garage e punk. Acho que a grande qualidade de Leave Me Alone é a acidez da composição, que expressa quem ela é enquanto dispara dardos envenenados para todos os lados.

O melhor momento é quando ela cita sua saída da série The Sex Lives of College Girls: “I took my sex life with me, now the show ain't fucking”. A entrega performática da cantora é outro ponto alto, com a medida perfeita entre uma pop diva e uma diva roqueira, especialmente ao lembrar Courtney Love, captando e expressando toda a essência da canção. Leave Me Alone deveria ter a chance de ser um sucesso viral, pois é uma canção que merece ser descoberta pelo grande público.
nota: 8