12 de janeiro de 2025

Single do Ano

Depois de todos os duelos é chegada a hora de votar em qual dentro os escolhidos é o Single de 2024! Votem!


Uma Artista Nas Sombras Gloriosas

Portrait of My Heart
SPELLLING


Tem alguns artistas que estão de alguma forma no “underground” que mereciam ser descobertos pelo grande público. Todavia, existem outros que essa forma de anonimato é perfeita para manter a sua carreira nos eixos corretos da genialidade sem a cobrança por resultados comercial. Esse é caso perfeito da cantora Spellling que começo o ano lançando a genial Portrait of My Heart.

Primeiro single do seu novo álbum que leva o mesmo nome, a canção dá uma guinada na sonoridade da cantora ao ir em um caminho mais art rock que o pop/soul/art que a mesma transitava. Isso não quer dizer, porém, que Spellling perde um pingo da sua personalidade artística, pois Portrait of My Heart continua a mostrar o seu majestoso requintamento sonora ao ser uma densa, épica e graciosa fusão de art rock, post-grunge e chamber pop que resultar em um inspiradíssimo instrumental que vai crescendo aos poucos em uma subida continua e fascinante. A condução da produção é algo impressionante que parece fazer a canção se tornar uma espécie de redemoinho musical que vai fazendo a gente se puxado para o seu centro. E isso é acompanhado pela excepcional presença da cantora que novamente usa a sua potente e única voz para entregar uma performance emocional, grandiosa e deslumbrante. Tamanha liberdade artista para criar uma canção tão única e, ao mesmo tempo, mudar sua trajetória sem perder o foco é apenas possível vir de uma artista sem nenhuma amarra comercial, fazendo música da sua maneira e não para agradar certo público. E isso é genial.
nota: 8,5

Red Hot Squid Day Radiohead

Building 650
Squid

É interessante ver como o legado de grandes artistas refletem nas gerações que vieram após o seu surgimento. Mesmo com personalidade de sobra, a banda Squid mostra parte do que os fazem tão interessantes atualmente com a ótima Building 650.

Longe do ápice da banda, a canção é trabalho que tem a marca indiscutíveis deles ao ser uma arrojada, explosiva, adulta e refrescante mistura de art rock, post-punk/grunge e rock alternativo. Entretanto, a canção parece beber na fonte direta de três grandes nomes do rock: Red Hot Chili Peppers, o Green Day e, em menor grau, o Radiohead. Começa com certa essência dos primeiros, especialmente na áspera performance do vocalista Ollie Judge, passa por certa estrutura ouvida nos dias de glorias do segundo e termina com um toque de contemplação do terceiro. Em nenhum momento, porém, Building 650 se torna uma colcha de retalhos baratos, mas, sim, termina com uma canção extremamente sólida e com a personalidade do Squid bem exposta e delimitada. É um caminho curioso, mas que funciona devido a habilidade da banda em remendar perfeitamente todas essas influencias em uma canção que tem a cara e o DNA do Squid. 
nota: 8

Respeito

JRJRJR
Jane Remover


Nem sempre preciso entender exatamente a ideia de um artista para gostar e, principalmente, respeitar o que o mesmo entrega sonoramente. E esse é o caso da cantora Jane Remover com o seu single JRJRJR.

Primeiro single do seu próximo trabalho, a canção é uma raivosa e complexo encontro de experimental hip hop, grunge, industrial e eletrônico que não é exatamente um trabalho de fácil assimilação, mas apresenta uma força artística tão genuína que é impossível não se deixar levar, mesmo não a entendo perfeitamente. Existem escolhas que não consigo entender perfeitamente em JRJRJR, mas fica impossível não admirar a força e ousadia de Jane em entregar uma canção totalmente única e sem nenhum tipo de amarra. Gosto especialmente do fato da canção de ter uma duração de quatro minutos e meio, pois isso dá tempo de explorar todas as ideias por trás da canção de maneira inteira. Todavia, o que mais acho interessante é a sua poderosa composição em que a cantora reflete sobre a sua vida como, por exemplo, a sua transição de gênero e a percepção das pessoas sobre a mesma de uma forma tão desconcertantemente honesta, ácida e sem medo de se abrir de maneira profunda. E toda essa imensa força é digna e merecedora de todo o respeito já que é para poucos artistas.
nota: 8


Assombroso

Everyday
Celeste


Quando resenhei o álbum de estreia da cantora britânica Celeste terminei dizendo que “preenchendo um nicho já famoso do soul na terra da Rainha, Celeste é fruto de uma indústria que consegue de alguma maneira equilibrar o lado comercial e o lado artístico de forma realmente louvável”. Acredito que isso não mude de fato, mas Everyday, single de seu possível novo álbum, dá uma nova direção para a sua carreira.

Apesar de ter nuances de soul, a canção é uma sombria e estilizada gothic/alternativo rock que ganha ares dramáticos, densos e deslumbrantes devido a uma produção concisa, densa e madura. A mudança sonora é sentida da cantora é sentida, mas não se torna um problema devida a condução azeitada da produção e, principalmente, a versatilidade assombrosa da Celeste que domina a canção com maestria desde o seu climático e contido inicio até o seu áspero e barulhento final, entregando uma performance impressionante e belíssima. Na verdade, Everyday poderia ser ainda melhor se realmente fosse com tudo no seu clímax de maneira a ser quase descontrolado, pois combinaria perfeitamente com a presença da Celeste e a sua ótima composição sobre um relacionamento toxico e problemático. De qualquer forma, essa nova possibilidade para a carreira da Celeste é algo realmente emblemático e promissor que espero possa ser explorado em todo seu potencial.
nota: 8

10 de janeiro de 2025