Tyla
Até o presente momento, a cantora sul-africana Tyla é uma one hit wonder com o sucesso imenso do single Water que a rendeu um Grammy. Em seu primeiro álbum, apenas chamado de Tyla, a produção parece repetir o mesmo esquema da canção para desenvolver todo um álbum que parece não dar mais aprofundamento para a artista. Entretanto, o mais surpreendente é que o trabalho funciona bem melhor que o esperado.
Basicamente, tudo o álbum gira em torna da ideia da canção de maior sucesso da cantora: uma mistura sólida, mas inofensiva, de R&B/pop com afrobeats. Não há grandes movimentos para experimentação com essa sonoridade, deixando um gosto de quem boa parte do álbum soa bastante parecida uma com a outra. E isso é o que tira boa parte do brilha da produção segura e fluida do álbum, mas não o faz se tornar uma bomba. Na verdade, existe uma sensação de que “se não é para aprofundar a sonoridade então é melhor fazer tudo bem feitinho e com carisma”. E é isso que segura o álbum durante toda a sua duração, acertando mais em alguns momentos do que em outros. Todavia, sempre mantendo um nível acima da média, ajudando pela presença luminosa e deliciosa da Tyla. E um dos seus melhores momentos é a já citada Water: “uma sensual, envolvente e carismática mistura de R&B, pop e, principalmente, afrobeats que consegue ser comercial sem precisar se massificada, resultando em um trabalho realmente inspirado. Existe uma “limpeza” estética na canção que pode até não a elevar para algo maior, mas impede a batida de recorrer a clichês e cacoetes dos gêneros. A performance contida e firme de Tyla ajuda a canção a ter personalidade distinta e ainda mostra o potencial da cantora ao encontrar uma persona que pode ser a ancora da sua carreira”. Outro grande momento é a deliciosa Truth or Dare que basicamente tem a mesma cadencia rítmica de Water, mas o seu interessante e encorpado refrão faz a destacar facilmente. Mesmo seguindo uma cartilha clichê, a batida dancehall de Jump em parceira com o Gunna e Skillibeng funciona melhor que o esperado. Outros bons momentos ficam por conta da sensualidade de Safer, a parceria com a cantora Tems em No. 1 e, por fim, a bela performance vocal da cantora em To Last. Acredito que um material melhor a Tyla pode se desabrochar em grande estrela, mas o que é mostrado aqui até está de bom tamanho para um debut de uma novata com apenas um hit.
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