2 de junho de 2024

Primeira Impressão

Radical Optimism
Dua Lipa




Radical Optimism, terceiro álbum da carreira da Dua Lipa, sofre de um grande problema: expectativa. A expectativa é, primeiro, devido ao publico esperar algo que fosse tão impactante como o Future Nostalgia e, em segundo, como a Dua vendou o álbum ao descrever o mesmo sendo “psychedelic-pop-infused tribute to UK rave culture”. O problema é que o álbum não é nenhuma dessas duas coisas, levando a uma clara perde de força e frustação ao ouvir o trabalho. Todavia, quem conseguir passar por isso vai encontrar um álbum pop redondinho e gostosinho que tem alguns momentos realmente inspirados.

A melhor definição para o trabalho é que ser um álbum pop redondinho. Não existe nenhum momento ruim de verdade, tendo alguns momentos realmente inspirados. É divertido na medida certa, sem realmente empolgar plenamente. Não é inesquecível, mas faz a gente perder alguns momentos investido que valem a pena. É bom veiculo para a Dua Lipa, mas não está na mesma altura do seu talento. Tudo muito bem envernizado em um pacote brilhante e classudo que falta substancia, mas isso é amenizado pelo imenso carisma da cantora. Como disse anteriormente, quem esperava uma explosão pop vai quebrar a cara, pois Radical Optimism é estalinho barulhento sem a mesma potência. E acredito que o motivo para esse resultado é a sua produção.

E isso a sua maior decepção, pois o álbum tem um quarteto de peso por trás: Kevin Parker, Danny L Harle, Ian Kirkpatrick e Andrew Wyatt. Todos com grandes trabalhos nos currículos e donos de personalidade artísticas potentes, mas que ao que parece ao se unirem terminam anulando um ao outro. E por isso Radical Optimism soa sonoramente diluído ao não ter a ideia clara de onde ir, mas parece ser uma versão superficial do que queria ser feito. Faltou mergulhar mais profundamente nessa tentativa de criar uma mistura de dance-pop com neo-psychedelia revigorante e original em que é adicionado doses de house, disco, europop e electropop. Tudo parece seguro, sólido e em uma mesma toada que assegura a fluidez do álbum. Todavia, Radical Optimism deveria ser como o nome diz radical, arriscado, surpreendente e completamente sem essa sensação de parecer seguir uma cartilha tão nítida. Faltou aumentar o fogo nessa pequena e acolhedora fogueira que pudesse o transformar em um incêndio de proporções épicas. O álbum tem na figura da Dua Lipa sua maior taboa de salvação, pois a cantora não apenas usa o seu carisma, mas, também a sua marcante voz para preencher os espaços de maneira a dar para Radical Optimism a sua marca, mesmo que ainda esteja bem longe do que a mesma poderia render com material mais adequado. Além disso, existem momento de brilho que fogem desse lugar que o resto do álbum permanece e o melhor de todos é Training Season ao ser “uma exuberante, refinada e sexy dance/psychedelic pop que consegue ser diferente sem perder o tino comercial” que “demora um pouco para registrar na nossa mente, normalmente demorando o tempo de uma nova escutada para a gente perceber o quanto interessante as mesmas são e o quanto adicionam substancia para o resultado final”. Logo em seguinte está o primeiro single Houdini que “é uma refinadíssima e graciosa synth-pop com adição deliciosas de nu-disco, synth funk e psychedelic-pop que resulta em uma canção dentro do nicho sonora da cantora, mas é claramente embelezado por influencias novas e reluzentes” e a interessante These Walls que tem de longe a melhor composição do álbum. Radical Optimism é um álbum que vale a pena escutar, pois, mesmo sem entregar o que foi prometido, ainda é uma amostra do quanto a Dua Lipa é talentosa até nesses momentos menos inspirados.
73

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