27 de dezembro de 2015

Primeira Impressão

Get Weird
Little Mix


Chegando ao terceiro álbum da carreira, a girl group Little Mix entra na sua terceira fase musical: o álbum debut (DNA) era uma clara alusão a sonoridade pop das Spice Girls, o segundo trabalho (Salute) foi uma evolução ao mirar no R&B/pop feminista parecido com as Destiny's Child e, o mais recente, Get Weird é uma união entre o soul music/pop das grils group da Motown com o hip hop/R&B dos anos noventa de grupos como, por exemplo, o Salt-N-Pepa e o En Vogue. Dessa vez, infelizmente, o resultado final não é realmente tão bom como dos trabalhos anteriores.

A melhor qualidade do Little Mix era que a produção nos dois primeiros álbuns conseguia pegar todas as referências escolhidas e transformar em uma sonoridade divertida e desafetado. Por isso, a girl group esteve na dianteira entre os principais artistas com o mesmo estilo (sejam grupos formados de garotas ou garotos). Todavia, o lançamento de Get Weird mostra qual é o maior problema para as vencedoras do The X Factor UK: a falta de uma personalidade definida. Quando não existe uma produção que realmente saiba aparar as arestas e coloque o toque de diversão, o resultado é o que ouvimos no álbum: uma sonoridade apática, confusa e, principalmente, sem nenhuma personalidade.

Get Weird é muito confuso em sua estrutura, apesar do ótimo começo com o single estilo soul music Black Magic. Depois disso, começa uma alternância entre esse estilo com a mistura de gêneros vindo do anos noventa que, mesmo com alguns acetos, nunca encontra o tom certo. Músicas como Love Me Like You,  I Love You, Love Me Or Leave MeI Won't não conseguem passar da sensação de serem faixas que deveriam ter ficado de fora do álbum, pois não acrescentam em nada no resultado final. O que faltou foi um cuidado especial da produção em dar para o álbum um verniz mais brilhante e inteligente para elevar a sonoridade do grupo para algo que não parecesse uma cópia apáticas para uma espécie de reverência estilosa. Outro problema é a qualidade das letras: não posso negar que são, na sua maioria, trabalhos pensados cuidadosamente para ter o apelo comercial perfeito para serem hits. Todavia, isso não impede de criar letras acima da média e evitar momentos com uma sensação de vergonha alheia com é o caso de alguns versos de Hair (Okay, gonna bleach him out, (Right)/ Peroxide on him (Mhmm)/ Hair on the floor/ Like my memory of him). O que salva a canção é a sua batida cadenciada que lembra muito canção Move do álbum anterior. Além disso, as quatro integrantes do Little Mix mostram que estão evoluído cada vez mais como vocalistas com cada uma conquistando seu espaço e a química entre elas. Uma infelicidade, porém, que a produção deixa certo exageros delas em algumas canções, mas nada que atrapalhe de fato o brilho delas. O que quase acontece na exagerada e esquizofrênica Lightning que mistura pop, eletrônico, música gregoriana, batida minimalista e que, de repente, vira grandiosa com partes da letras em latim. Ou seja: uma música tão ruim como o último filme do Quarteto Fantástico. Tirando essa bomba, Get Weird tem bons momentos: além de Black Magic e Hair, há as boas faixas Weird People, Grown Secret Love Song, Pt. II. Get Weird é um tropeço em uma carreira que ia muito bem, mas que serve para fazer o Little Mix a perceber que, talvez, seja a hora de criar uma sonoridade só delas.

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