Kelela
Como sempre digo que se qualidade fosse sinônimo de sucesso comercial vários álbuns que venderam milhões não teriam nem metade das vendas e álbuns que tem poucas centenas de álbuns vendidos teriam chegado aos milhões. Esse segundo caso do primeiro álbum da cantora Kelela intitulado Take Me Apart que é o melhor álbum de uma novata de 2017, apesar de apresentar alguns problemas na sua construção.
Depois de lançar a mixtape Cut 4 Me e o EP Hallucinogen, alcançando grandes destaque com a critica especializada, Kelela lança o seu primeiro álbum completo disposta a dar prosseguimento a evolução da sua sonoridade R&B alternativo/avant-grand. Obviamente, a ideia não é algo novo e a cantora está em um nicho com vários nomes de destaque, mas existe algo em Kelela que a ajuda a ganhar destaque nessa pequena multidão. O principal dele é a sua refinada e apuradíssima visão lírica que sabem como explorar temas como amor, romance, sexo e vulnerabilidade sentimental de maneira madura, poética e com um senso estético que transita muito bem entre o artístico e o pop sem nenhuma perda significativa. Clássico, mas o mesmo tempo moderno. Sério, mas ao mesmo tempo divertido. Sonoramente, Take Me Apart é uma rica e bem elaborada mistura de R&B alternativo com uma grande dose de influências distintas que vão do R&B mais comercial e o dance-pop, passado pelo UK garage e música eletrônica e chegando ao simples e puro pop e ritmos menos conhecidos como influências africanas. Bem produzido por nomes importantes que transitam mais pelo indie (Ariel Rechtshaid, Arca, Jam City, Boko Boko), garantindo a qualidade muito acima da média. O problema aqui, porém, é que a sonoridade do álbum é tão coeso, mais tão coeso que para aqueles menos atentos tudo irá parecer como uma canção apenas. Faltou aquela apimentada final para elevar o resultado final em algo mais distinto e memorável e, não, uma grande massa musical. Isso não atrapalha necessariamente o resultado final, mas Take Me Apart poderia ter um impacto bem maior caso tivesse faixas que se destacassem por si mesmas. Apesar disso, alguns momentos que possuem algum destaque próprio no álbum ficam por conta das faixas Waitin, Better, LMK e Truth Or Dare. Ainda falta um caminho para Kelela alcançar um nível mais elevado da sua habilidade, mas em Take Me Apart é um ótimo e saboroso aperitivo.
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