10 de outubro de 2017

Primeira Impressão

Concrete and Gold
Foo Fighters


Em 1994 o mundo estava em uma época tão diferente da atual que explicar para um jovem do novo milênio como tudo era é quase uma missão impossível. Desde a existência do vídeo cassete até mesmo a não existência da internet parece algo vindo de alguma ficção cientifica muito, muito, mais muito antiga. E nessa atmosfera de "coisa velha" é que poderia estar a existência do Foo Fighters, formado justamente em 1994. Poderia, pois, ao contrário de outros artistas surgidos na mesma época, a banda lidera pelo Dave Grohl conseguiu aos trancos e barrancos manter o vigor, relevância e importância deles ao longo de quase vinte e cinco anos, mesmo precisando se adequarem aos novos tempos em que o rock é um gênero renegado ao um nicho restrito. A banda mostra tudo isso no bom Concrete and Gold, nono álbum da carreira deles.

Para conseguir revitalizar a sonoridade da banda sem perder a sua essência, Foo Fighters convidou Greg Kurstin, responsável pela popularização da carreira da Sia e, também, o mega sucesso da Adele "Hello", entre outros, para produzir todo o novo álbum. O produtor traz para a sonoridade do Foo Fighters um frescor pop que a banda consegue absorver sem deixar de lado a sua verne rock original. Com a adição da produção, Concrete and Gold se beneficia da versatilidade do produtor ao fazer uma interessante viagem sonora, flertando lindamente com interessantes mudanças que podem até não funcionar sempre, mas são definitivamente são pontos positivos. Não espere, porém, que do nado o Foo Fighters decidiu fazer algo que não seja rock, mas aqui podemos ouvi-los explorar outros nichos do tradicional hard rock/indie rock que eles sempre entregaram. Sólido do começo ao fim, recheado de bons arranjos e com uma coesão sonora bem amarradinha, Concrete and Gold talvez erra ao entregar composições com tons políticos, mas que estão um pouco longe da qualidade estética que a banda sempre demonstrou. Faltou aquele toque de mestre que podemos ver em clássicos como Best of You, Learn to Fly ou, na minha preferida, Walk. Nada que impeça Dave Grohl de entregar as suas poderosas e sempre sensacionais performances. Os melhores momentos do álbum ficam por conta da interessante intro T-ShirtMake It Right com backvocal de Justin Timberlake, a vibe indie de Dirty WaterArrows e sua atmosfera old school do próprio Foo Fighters e legal e irônica Happy Ever After (Zero Hour). Concrete and Gold não é o melhor trabalho do Foo Fighters, mas tem a qualidade de ser um sopro de ar fresco na carreira de uma das bandas mais legais de todos os tempos.

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