U2
Algumas décadas atrás, mais precisamente a década de oitenta, quatro jovens na casa dos vinte e pouco anos nascidos em uma dividida Irlanda se tornaram a verdadeira voz de uma nova geração que era, naquela época, a geração que iria mudar o mundo. Obviamente, esses jovens eram o U2 que se tornaram uma das maiores bandas de rock de todos os tempos, criando um legado quase tão importante quanto a de nomes como Beatles e Rolling Stones. Quase quarenta anos depois do lançamento do primeiro álbum deles (Boy de 1980), o U2 lança o décimo quarto álbum da carreira sem necessariamente precisar preocupar em manchar a discografia deles, mas querendo claramente angariar um público que nem sonhava em nascer quando a banda teve a sua glória inicial.
Songs Of Experience é, definitivamente, um bom álbum do U2, mas apenas um bom álbum do u2 não é exatamente suficiente para fazer do trabalho um acontecimento marcante. Com os seus quatro integrantes bem adentro da casa dos cinquenta anos, a banda ainda parece que não perdeu a fome em fazer música e, principalmente, buscar novos horizontes para a sua já consolidada sonoridade. Para tanto, o U2 chamou novamente o produtor Ryan Tedder como principal grande novidade para a produção do álbum depois de produzir algumas faixas do álbum anterior (Songs of Innocence), sendo que a agora o vocalista do One Republic atual em quase todo álbum. Todavia, a banda também escolheu não deixar as raízes de lado ao trabalhar com velhos colaboradores como Steve Lillywhite e Brent Kutzle, responsáveis pelos maiores sucessos da banda. Esse encontro do "antigo" e do "novo" resulta em uma sonoridade que ao mesmo tempo soa revigorada em vários aspectos e forçada em vários outros aspectos.
Buscando novos sons, o U2 vai se arriscando ao acrescentar camadas "para frentex" no seu rock como, por exemplo, colheradas de pop rock, temperado com eletrônico, um pouco de reggae, uma pitada de indie pop e uma dose de hip hop. Todo lindamente produzido e muito bem produzido, mas que não acrescenta quase nada na sonoridade do U2. Na verdade, Songs Of Experience funciona realmente bem na sua primeira parte, sendo mais exatamente até a faixa cinco. Após isso, o álbum continua bom, mas acontece algo inesperado: o U2 vira uma versão mais velha do Maroon 5. No momento que começa a faixa seis (Summer Of Love) e a sua batida cool/praiana parece que quando começar a cantar será a voz de Adam Levine e não a do Bono. Não que seja exatamente ruim, pois o U2 faz um ótimo Maroon 5, até melhor que o original, mas quando a gente lembra que a banda é dono de canções como One e I Still Haven't Found What I'm Looking For a decepção bate com força. Nem tudo, porém, é uma decepção como dito antes, pois a primeira parte do álbum é bastante interessante. É aqui que a banda consegue ser ela mesma sem esquecer de ter as camadas novas que os ajudam a serem "modernosos", principalmente na dupla Get Out Of Your Own Way e American Soul em que ambas apresentam um rápida e boa participação do rapper Kendrick Lamar. Sempre dono de uma voz marcante e já definida como inesquecível, Bono entrega performances seguras e, em alguns momentos, bem acima da média como na fofa balada The Little Things That Give You Away. O que não se pode dizer da vertente de Bono como compositor: escrevendo quase todas as canções sozinho, o vocalista parece que entrou com tudo na postura de tiozão do pavê entregando letras tecnicamente boas, mas com pouca ousadia, pouco brilho e com uma atmosfera datada. No final das contas Songs Of Experience é exatamente o que pretende ser um trabalho menor do U2 que arrisca pouco, erra sem muitos efeitos colaterais e deixa o público meio satisfeito, meio decepcionado.
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