11 de janeiro de 2018

Top 25 - 2017




Parte I
Parte IIParte III


10. Strength of a Woman
Mary J. Blige


"Strength of a Woman não poderia ter nome mais adequando: "a força de uma mulher" é literalmente sobre a força que as mulheres possuem mesmo nas horas mais sombrias e difíceis. Aqui, como em vários outros trabalhos de Mary, o acontecimento que causa essa mulher em liberar toda a sua força é o famoso heartbreaking. E não seria diferente já que Mary terminou o seu casamento de mais de dez anos no ano passado. E, senhoras e senhores, esse é o combustível que dá vida, coração e alma para o álbum: assim como uma sensação de exorcismo, Strength of a Woman coloca para fora qualquer um dos demônios internos que a cantora tinha sobre o fim do casamento. Desilusão, traição, dor, lágrimas, recomeço, auto-afirmação, fé, amor-próprio e mais uma gama de outros sentimentos são a base para a construção de composições com uma força avassaladoras e, infelizmente, pouco vistas hoje em dia. Apenas uma artista com a tenacidade, resiliência e magnitude de uma diva como a Mary seria capaz de fazer em pleno 2017, onde tudo parece tão superficial e fugaz. Não em Strength of a Woman, pois cada palavra, cada expressão, cada verso e cada estrofe soa vindo de um lugar tão verdadeiro como a dor de um coração quebrado. Vivido, empático, magnético e de uma qualidade impressionante, Strength of a Woman não poderia ter outra "dona" se não Mary J. Blige."

9. ÷
Ed Sheeran


"O terceiro álbum da sua carreira mostra que já aos 26 anos o cantor já encontrou exatamente quem é a sua persona artista e, o melhor, sabe extrair o seu melhor sem precisar de grandes arrombos sonoros. Então, não espere uma guinada na sonoridade aqui que fuja completamente do que foi ouvido em X de 2014, pois o novo álbum segue a mesma formula de pop/pop rock com toques de indie pop/rock com base de violão/piano. Nada muito novo ou diferente do que o próprio cantor já fez, mas, sabiamente, a produção lapida tudo isso como uma verdadeira pedra preciosa, transformando em um trabalho que, dentro do proposto, pode ser considerado perfeito.
Claro, o trabalho é, na visão geral, comercial ao extremo. Ed e seus colaborados como, por exemplo, Benny Blanco e Johnny McDaid descobriam o caminho para o eldorado e sabem como trilhar quase olhos fechados. Esse é o maior ponto de "discórdia" que pode aparecer nas criticas ao álbum: o resultado final pode soar seguro, repetitivo e, principalmente, sem nenhuma inspiração. Olhando com uma perspectiva menos cínica é fácil notar que Ed não está querendo mudar a música pop, mas, felizmente, fazer a sua música da sua maneira e poder levar a sua mensagem ao grande público. Ed é o anti astro pop: não é exatamente bonito, não sabe dançar (e nem precisa), não precisa de polêmicas para sustentar a sua fama e não precisa exatamente de uma fanbase histérica de jovens garotas. O que Ed tem um carisma de nerd fofo imenso, talento de sobre como cantor, instrumentalista e compositor e um público que se abrange em vários nichos diferentes dentro do mundo pop. E em ÷ ele conquista esse público mais ao entregar um álbum perfeito para esse público."

8. Human
Gorillaz


"Sem perder o foco em nenhum momento com as suas vinte e seis faixas, Humanz cria uma atmosfera dançante e, até certo ponto, descontraída. Digo em até certo ponto, pois a banda decidiu entregar uma vibe bem mais sombria que o normal, principalmente devido a decisão de falar claramente sobre politica e temas sociais. Obviamente, essas composições estão sob a luz, ou melhor, a sombra pesada do atual cenário político nos Estados Unidos. A genial gospel/eletrônica/R&B Hallelujah Money com a presença do poeta/artista britânico Benjamin Clementine é um obvio exemplo disso, mas também encontramos elementos parecidos em Let Me Out e Saturnz Barz. Todavia, Humanz não é um álbum politico, pois fala sobre outros temas como o de cunho sentimental e amoroso como a mesma eficiência e, principalmente, um domínio de usar o estilo "menos é mais" para criar algumas verdadeira perolas. Além das canções já citadas, o álbum guarda outros momentos geniais: a soul/disco/eletropop cativante Strobelite, a dancehall/industrial Saturnz Barz, Momentz e a sua mistura descontrolada de rap/eletrônico e R&B, a linda e triste balada eletrônica Busted and Blue, The Apprentice e sua batida soul rock, a indie eletrônica/rap Out of Body e a indie pop contemporâneo Ticker Tape. Humanz é um ótimo exemplo que o impacto inicial do Gorillaz não era apenas visual e preso em uma época especifica e, sim, o surgimento de algo atemporal."

7. The Thrill Of It All
Sam Smith


"Qualquer um que já ouviu Sam cantar sabe que ele é dono de uma das mais belas vozes masculinas surgidas nos últimos dez ou quinze anos. Isso é fato. O que o cantor mostra aqui é um pouco diferente que a gente já tinha ouvido antes. Completamente confiante no seu instrumento, a maturidade conquista nos últimos anos ajudou a voz de Sam a ganhar contornos realmente interessantes. Apesar de possuir um potencial incrível e um falsete poderoso, a verdadeira beleza da voz de Sam está principalmente nos tons graves em que somos contemplados com performances maravilhosas. Simples, ternas, melancólicas, emocionantes são apenas alguns adjetivos que podem definir Sam vocalmente em The Thrill Of It All. Apesar de estar tão bem com os vocais, a maior qualidade do álbum são as suas composições. Longe de qualquer medo que a sua homossexualidade possa causar danos a sua carreira, Sam não tem medo de colocar em visibilidade o seu amor por outro homem ao usar pronomes masculinos. Isso pode até parecer um detalhe menor, mas a verdade é que sem as amarras de deixar tudo "neutro" o cantor entrega as suas melhores letras até o momento, entregando momentos de uma emoção pura e completamente genuínos. 
Corações quebrados e desilusões são as bases principais, mas, assim como o álbum de Adele, o momento que o cantor passa é mais positivo e sobre remendar velhas feridas que foram abertas. E, novamente, Sam nos convida para espiar dentro do seu coração para que possamos nos ver refletidos em cada sentimento, pois não há como ficar mais real que no álbum. Temos o momento que decidimos que aquele amor é tóxico em Too Good At Goodbyes ou que já está na hora de seguir em frente em Midnight Train. O momento de seguir em frente em One Last Song. O momento de amar sem ter medo em Say It First ou que ainda ama e quer de volta em Burning ou ainda sofremos pelo fim em No Peace. O momento de acertar as contas com algo maior em HIM ou Pray. The Thrill Of It All é o perfeito veículo para Sam Smith alcançar o mesmo que a Adele já consolidou: o seu verdadeiro lugar na música."

6. MASSEDUCTION
St. Vincent



"Nitidamente dona de si, St. Vincent cria ao lado de Jack um enxuto, certeiro, muito bem acabado, divertido, inteligente, atual, original, cheio de personalidade, carismático, coeso e, principalmente, divertidíssimo álbum eletropop com toques de glam rock, indie pop e new wave. Sejamos sinceros, quantos álbum neste ano podem se gabar de alcançarem tudo isso? É necessário dizer, porém, que a sonoridade de MASSEDUCTION é pop em sua essência, mas, assim como os trabalhos anteriores da cantora, não é para qualquer público já que não não parece com as canções que estão nos topos das paradas pop. Cheias de texturas e nuances nas construções dos arranjos, o álbum vai quebrando expectativas ao criar uma coleção de faixas que complexas sem precisar parece pretensiosas. Assim também caminham as letras do álbum: substancialmente simples, mas com uma estética riquíssima e mensagens que encontram ressonância em temas profundos, atuais e longe do que é se esperado para uma canção pop. Esse é o caso da melhor faixa do álbum Pills, falando sobre o uso desenfreado de remédios na nossa sociedade. Além disso, a canção tem uma produção sensacional que, em um mundo perfeito, seria um dos grandes sucessos do ano. Infelizmente, o álbum tem um erro que resulta em um empecilho que impede MASSEDUCTION de ser genial: a metade para o final é recheada de baladas que quebram o ritmo do álbum, apesar de manterem o mesmo nível criativo e técnico que as faixas anteriores. Isso não impede que o álbum ainda conte com outros momentos geniais em Los Ageless, Savior, a tocante Happy Birthday, Johnny e a que dá nome ao álbum Masseduction. St. Vincent mostra-se que não é a diva pop que a gente merece, mas a diva pop que a gente precisa."

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