cupcakKe
Enquanto Cardi B está no topo, Nicki Minaj está preparando o seu retorno, Azealia Banks se perdeu no caminho, Missy Elliot e Lil' Kim ainda são as rainhas, o rapper feminino está em boas mãos com a sensacional cupcakKe. Não a conhece? Então, prepare-se para se deliciar como uma das artistas mais interessantes e poderosas surgidas nos últimos anos entregando o primeiro grande álbum de 2018: Ephorize, terceiro álbum da jovem de 20 anos, é uma de "tiros" bem dados em um trabalho completamente corajoso.
Para os mais desavisados que forem ouvir pela primeira vez o som de cupcakKe fica a dica: prepare-se para uma artista que não tem medo de falar palavras "sujas" ou tocar em assuntos que são considerados tabu por muitos. Entretanto, não se engane, pois não se trata de pura e simples baixaria, mas é uma vertente do empoderamento feminino. cupcakKe, nascida Elizabeth Eden Harris, não está falando o que porque é uma pessoa vulgar e, sim, pois é uma rapper que quer ter a mesma liberdade de falar sobre sexo, ogarmos, desejo sexual, masturbação, vaginas, pênis e tudo o que envolve uma boa transa assim como a maioria dos seus contemporâneos masculinos. Então, se homens podem, por que uma mulher não pode? Isso, cupcakKe não pergunta em Ephorize, pois ela já chega arrebentando qualquer porta a base da porrada. Só que, ao contrário de vários rappers homens, a rapper tem algo que eles não possuem: inteligência. Compondo sozinha todas as quinze faixas, cupcakKe mostra um talento como alguns poucos possuem e executam atualmente, sabendo elaborar letras poeticamente muito bem feitas, tematicamente bem construídas, coerentes e coesas e com aquele toque pop tão refinado, divertido e despretensioso que, literalmente, qualquer coisa funciona de verdade. Veja o caso de sensacional Duck Duck Goose em que a rapper tira um sarro do orgasmo masculino. Sim, queridos leitores, esse é o tema da canção e, obviamente, a sua letra é bastante gráfica, mas a rapper faz funcionar com toda a sua sagacidade. Só que cupcakKe não é só sexo, pois a mesma aborda coma mesma qualidade e força outros assuntos menos explícitos como, por exemplo, a ótima Exit sobre terminar com um namorado depois de descobrir a sua traição e a hino Crayons em que ela defende a comunidade LGBTQ. Todavia, cupcakKe é muito mais que apenas as suas composições, pois Ephorize é um eletrizante álbum de rap moderno.
Sem contar com nenhum nome badalado na produção ou mesmo algum featuring, Ephorize é de uma qualidade criativa e técnica impressionante e louvável em todos os sentidos. A rapper tem em mãos um delicioso, pungente, espirituoso e, principalmente, dono de uma noção pop sem ser perder a suas bases originais, pois, apesar de ser um álbum de rap/hip hop, Ephorize não tem medo de colocar na mistura doses consideráveis de pop, eletropop, dancehall, EDM, entre outros. Tudo isso cria uma das sonoridades mais divertidas e originais que eu ouvi em muito tempo, provavelmente a última sendo o Lemonade da Beyoncé. O único problema do álbum é o que seria uma qualidade em outros: a rápida duração das suas músicas. Claro, isso ajuda a criar uma noção de fluidez, mas, ao mesmo tempo, deixa em que ouve a sensação de quero muito mais. Como rapper, cupcakKe é uma força da natureza, sabendo ser leve e gozadora quando precisa e, também, séria e profunda em faixas mais sisudas. Além das faixas já citadas, outros momentos de destaque no álbum ficam por conta de pesadona Cinnamon Toast Crunch, a honesta Self Interview, Spoiled Milk Titties, a dancehall Total que não deixa nada a desejar em relação as melhores do Drake, Post Pic sobre redes sociais, Single While Taken sobre relacionamentos e com influência latina Fullest. Se eu fosse você deixava qualquer preconceito de lado e daria uma chance para cupcakKe, pois artistas como a rapper está bem difícil de encontrar por aí.
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