19 de agosto de 2018

Primeira Impressão

Queen
Nicki Minaj


Nicki Minaj é uma verdadeira pioneira moderna do rap. Em um meio que sempre foi predominantemente masculino e machista, Nicki encontrou o seu verdadeiro lugar ao Sol depois de muito tempo que uma rapper mulher não brilhava a altura de seus contemporâneos homens. Conquistando importantes marcas de vendagens, boa aceitação da critica, uma legião de fãs e elogios e amigos de inúmeros artistas de vários gêneros diferentes, a rapper reabriu o caminho para a aceitação de uma nova geração de rappers femininas conseguirem serem aceitas pela indústria e o público. Para continuar a garantir o seu lugar de direito e mostrar ao mundo que ainda tem muito a conquistar, Nicki lança o seu quarto álbum Queen, voltando as raízes e entregando o seu trabalho mais badass.

Obviamente, Nicki nunca deixou de fazer rap/hip hop, mas quando cito que Queen é uma volta as raízes, estou dizendo que a sonoridade aqui "limpa" a influência pop que cimentou os dois primeiros álbuns dela, voltando basicamente para uma direção bem próxima da mostrada nos primórdios da carreira com as mixtapes pré-fama. Essa decisão já tinha afetado o último álbum (The Pinkprint), mas aqui o resultado final é quase completamente esterilizado de pop, deixando apenas espaço para o bom e velho hip hop/rap. Dessa maneira, Nicki entrega o seu mais direto, coeso, maduro e bem direcionado trabalho sem perder em nenhum momento o seu apurado senso popular como mostra a ótima faixa que abre o álbum, Ganja Burns. Essa mudança no caminho artístico de Nicki é uma prova da sua incontestável evolução e amadurecimento, não só como artista, mas, principalmente, como dona da sua carreira, conseguindo decidir o que é o melhor para si e a sua arte, assim como fez a Beyoncé e a Rihanna em seus últimos trabalhos. Isso não quer dizer, porém, que Queen seja um álbum genial.

Sonoramente, o álbum é um bom e bem executado trabalho de hip hop/rap que conta com pinceladas de dancehall e R&B, mas que não alça voo completamente ao final das suas dezenove faixas. Quando digo alçar voo é o fato que nenhuma das canções é um trabalho que possa ser chamado de genial. É verdade que existem momentos realmente muito bons como é a interessante Majesty com a presença e produção do britânico Labrinth e do Eminem (o segundo entrega um verso melhor que quase todo o seu último álbum), mas esses momentos não são suficientes para elevar o álbum para um outro parâmetro de musicalidade. Talvez o problema é que a produção parece um pouco contida demais, não conseguindo aprofundar as batidas contraditoriamente com o espirito do álbum. Felizmente, Nicki não deixa a bola cair com a sua performance mais avassaladora da carreira.

Ao voltar a suas origens, Nicki deixa a sua melhor persona fluir como uma correnteza de um rio selvagem. Rápida, certeira, versátil, imponente, sem medo de arriscar e de uma personalidade imprevisível e contagiante, a rapper usa a sua metralhadora vocal para disparar em uma velocidade alucinante, acertando cada verso e flow com a precisão cirúrgica. Cheia de artifícios primorosos e uma técnica que pode ser comparada ao grandes nomes do rap, Nicki demonstra que não tem medo de concorrência e entrega momentos vocalmente perfeitos como é o caso da de cair o queixo Coco Chanel ao lado de uma das suas referências, a rapper Foxy Brown. E medo é algo que a rapper não mostra em nenhum momento em cada uma das maduras composições que, em suma, exaltando o seu poder conquistado, alguns corações quebrados e mandando varias diretas e certeiras mensagens para várias pessoas. A mais famosa delas é a melhor do álbum é divertidíssima Barbie Dreams em que Nicki tira sarro de vários homens da sua vida, incluindo nomes como Drake, Eminem, 50 Cent, entre vários outros. Ainda há outros momentos de destaque como o single ao lado da Ariana Grande Bed e a sequencia LLC, Good Form e Nip Tuck. Queen termina com um saldo bem positivo, colocando definitivamente a coroa sob a cabeça de Nicki Minaj.


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