The Pinkprint
Nicki Minaj
O terceiro álbum da carreira de Nicki Minaj é simplesmente o melhor da carreira da rapper até o presente momento. Isso é fato, mas, infelizmente, isso não quer dizer que Onika tenha alcançado o seu ápice artístico, pois The Pinkprint ainda é possível ver (e ouvir) todos os velhos erros de outros trabalhos da rapper se repentino mais uma vez.
A primeira qualidade de The Pinkprint é, como pretendia Nicki, voltar as suas raízes e entregar um álbum claramente hip hop. Claro, a produção, de uma maneira geral, ainda usa o pop para ajudar a construir algumas das canções. Porém, o hip hop é o gênero que reina absoluto em The Pinkprint. Essa decisão aliada com uma produção inspirada e outros acertos fazem do começo do álbum (mais precisamente da faixa um até a cinco) o melhor momento do álbum e um dos melhores da carreira de Nicki. As cinco canções são o resultado arrebatador do que criatividade em doses certas pode fazer com a sonoridade mais tradicional dando uma cara ousada e renovada em arranjos que primam pela simplicidade de arranjo, mas sem perder em substância e qualidade. Se não bastasse a qualidade de produção, Nicki e sua trupe de co-autores entregam letras sensacionais que vão além da boa construção em versos, rimas afiadas e refrões geniais, mas que entregam um lado verdadeiramente emocional e sincero em que a rapper reflete sobre a sua própria vida. Nesse quesito a que se destaca é All Things Go em que Nicki fala sobre um aborto que sofreu quando jovem. Corajosa e verdadeira, qualidade pouco citadas no atual mainstream. A delicada e melancólica I Lied sobre uma desilusão amorosa também segue esse caminho. Um fato interessante é perceber que Nicki consegue os seus melhores momentos ao lado de outro artista é quando esse artista é uma mulher. Nesse começo de álbum é fácil notar isso já que das cinco canções iniciais, três tem uma participação feminina: Get On Your Knees é mais uma boa parceria com a Ariana Grande, a interessante The Crying Game tem composição e vocais da cantora inglesa Jessie Ware e reinando absoluta como melhor canção do álbum está a nova parceria com Betoncé na genial Feeling Myself . A sensação que fica é que as duas deveriam lançar um álbum juntas que poderia ser um dos maiores arrasas quarteirões dos últimos tempos, ao menos em relação a qualidade. Com tudo isso dito, chegou a hora de falar dos velhos erros que Nicki comete em The Pinkprint.
Depois desse começo arrebatador, The Pinkprint caí em qualidade. Não é uma queda muito acentuada, mas o efeito é sentido no resultado final. Como em busca de aprovação dos seus próprios colegas, Nicki retoma a sonoridade hip hop tradicional com faixas mais caretas e velhas parcerias como as de Lil'Wayne e Drake. Também voltam os assuntos mais genéricos como, por exemplo, sexo e dinheiro e nenhuma toque mais intimo da artista. Há bons momentos aqui como é caso de Four Door Aventador e Want Some More, mas eles são apagados por outros não tão bons como Only, Buy a Heart e Favorite. Chegando mais no fim, The Pinkprint ganha uma atmosfera mais hip hop/pop dando uma melhorando com as faixas Bed of Lies, Anaconda, Pills N Potions e a balada Grand Piano. Outro fator que empobrece The Pinkprint é Nicki continuar em apostar em muitas faixas: se não bastasse as 16 da versão normal, o álbum ainda tem 7 canções como bônus espalhadas por quatros outras versões do álbum. Se não bastasse aumentar a possibilidades de errar devido ao grande número de faixas, as canções bônus não funcionam aqui deixando apenas Win Again como algum destaque positivo. Contudo, o que ajuda a manter o nível de The Pinkprint como álbum do começo ao fim é a própria Nicki e suas ótimas performances que apóiam na faceta sóbria dela intercalando com bons momentos da "Nicki cantora". The Pinkprint mostra o quanto boa Nicki Minaj pode ser quando apara as aresta que ainda incomodam a sua carreira. Mesmo assim, o trabalho é deliciosamente divertido e, em certos momentos, genial.
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