Primeira Impressão

Broke With Expensive Taste

Azealia Banks

Já se vão dois anos desde que a primeira resenha sobre a Azealia Banks apareceu aqui no blog. Naquela época, o impacto do seus primeiros trabalhos, em especial a canção 212, fez com que eu e muitos outros críticos e especialistas colocarem a rapper nova iorquina como um dos nomes mais promissores do atual cenário capaz de remodelar a música. Então, como todos sabem, nada disso aconteceu. E o que aconteceu? Aconteceu a própria Banks. A jovem é dona de uma personalidade "maior que ela" e quase incontrolável que a fez arrumar várias polêmicas com várias pessoas e, principalmente, com a sua antiga gravadora. A "briga" resultou na saída da rapper da gravadora e o adiamento eterno do seu debut Broke With Expensive Taste. Porém, como tudo na trajetória de Azealia Banks não corre pelas vias normais, a rapper resolveu tirar o seu álbum da categoria de lenda urbana e lançar o trabalho de maneira independente e inesperada no começo de Novembro. O resultado de Broke With Expensive Taste está bem longe da revolução que eu esperava que Azealia fosse fazer, mas, para um álbum envolto em tantos problemas, o que está exposto no trabalho é bem melhor do que se poderia imaginar.

Citando Marcelo D2, Azealia Banks está na sua procura para descobrir a "batida perfeita", por isso Broke With Expensive Taste é o atestado dessa jornada que, em cada música, somos apresentados ao uma nova experiência sonora recheada de tudo o que pensar e mais um pouco. É extremamente difícil categorizar o que seria Broke With Expensive Taste com apenas um ou dois estilo categoricamente. Então, para definir o álbum seria necessário dar a seguinte definição: hip hop X-tudo. Assim como aqueles sanduíches que levam de tudo um pouco (desde hambúrguer até mesmo banana frita), o álbum tem de tudo um pouco em sua interessante, complexa e original produção indo do próprio hip hop e todos os seus subgêneros assim como pop, R&B, rap e, principalmente, eletrônico. O mais curioso é que a inclusão de tantas batidas inusitadas, nuances estranhas, ideias completamente fora da caixinha, viradas de cadências em uma mesma música e experimentos originalmente arrebatadores não tem como resultado final algo tão arrebatador como o que era esperado quando se olhava os trabalhos anteriores de Azealia com é o caso do EP 1991 quebrando parte do encanto construindo pela rapper. Apesar disso, Broke With Expensive Taste consegue encontrar o seu lugar bem acima da mediocridade lançada nos últimos tempos sendo uma coleção sólida, revigorante e, por vezes, genial de uma musicalidade nova (não inovadora), cativante e muito bem produzida que mostra que o lugar de Azealia é livre de amarras comercias impostas pelas grandes gravadoras.

Por falar de Azealia, a rapper se confirma como a melhor mulher no gênero atualmente. Apear de Minaj sempre beliscar esse título, mas nunca alcançando a linearidade perfeita de Banks. Sem precisar de se apoiar em mudanças de estilos e/ou vozes, Azealia sempre entrega performances de altíssima qualidade em toda a canção mostrando atitude e consciência de saber qual o seu papel. Dentro do seu "curioso" mundo de "fantasias" é difícil compreender muitas das composições que a rapper entregar, mas, sem dúvidas, são trabalhos interessantes e quando, realmente, refinados chegam ao patamar de genialidade. Claro, o carro chefe aqui é 212, mas há outro momento que quase está a altura da canção símbolo da rapper: Gimme a Chance e sua reviravolta de introduzir uma batida completamente latina com Azealia entregando seus versos em espanhol. Incrível. Outros ótimos momentos ficam por contar da soturna Desperado, a pegajosa Idle Delilah, Wallace e sua batida classuda, o single Yung Rapunxel, a versão de canção romântica de Chasing Time e a hilária Nude Beach a Go-Go. Mesmo longe da artista que Azealia já poderia ter mostrando em Broke With Expensive Taste, a rapper ainda continuando mostrar que merece mais um chance que no tempo certo virá o seu grande momentos. Aguardemos.