Janelle Monáe
Nem todos artistas consagrados começaram a carreira chutando o pau da barraca, isto é, conquistando a ovação da critica e publico. Muitas vezes, o artista passa anos na busca do seu momento de realização plena com o lançamento de um trabalho que irá ser considerado o seu crème de la crème. E tem alguns que, apesar do talento, nunca irão chegar a ter um trabalho que possa alcançar esse status. Entretanto, alguns poucos artistas já começam a sua carreira alcançando os píncaros da glória, revelando todo o seu potencial em apenas um álbum. O exemplo mais eloquente desse último caso é a Janelle Monáe que tem no seu domínio o melhor álbum debut dessa década com o magistral e triunfante The ArchAndroid. Entender toda a suntuosidade de The ArchAndroid em palavras para quem, possivelmente, nunca o ouviu é um trabalho bastante complicado, mas darei o melhor nessa resenha.
Depois de lançar o seu primeiro EP (Metropolis: Suite I (The Chase)) em 2007, Janelle tinha chamado atenção da critica e a levou a assinar um contrato com a gravadora de Sean Combs para o lançamento do seu primeiro álbum completo que, também, seria usado como uma continuação do EP. Isso porque os dois trabalhos e o próximo (The Electric Lady) foram concebidos em suites com uma linha central que interliga os três. Inspirando-se pesadamente em em livros e filmes de ficção cientifica, o álbum "narra" a história de uma androide em um futuro distópico, buscando entender os sentimentos humanos como amor, identidade própria, insatisfação com o status quo da sociedade, entre outros. Essa temática não serve apenas para direcionar as composições e, sim, todos os outros elementos do álbum como, principalmente, a sonoridade central de The ArchAndroid. E essa estrutura é a grande pilastra que sustenta o trabalho.
Tendo forte influência do que é chamado de afrofuturismo, The ArchAndroid é uma impressionante, monumental, ousada, destemida e avassaladora construção sonora que transita entre os mais diversos gêneros para entregar uma das mais complexas e profundas sonoridades dos últimos tempos. Com doses que vão do R&B para o soul music, passando por indie rock e jazz e chegando até em eletrônico, funk e elementos psicodélicos, o álbum é uma verdadeira viagem transcendental que o público é convidado a embarcar na história da androide messiânica da maneira mais deslumbrante possível. Conceitualmente, o álbum é um acerto que não há como não ovacionar como sendo apenas genial, mas isso não é que faz do trabalho de Janelle tão magistral e, sim, a maneira como o todo é realizado.
Se a cantora tem em mãos um tema que, aparentemente, está perto do seu coração, o trabalho lirico em The ArchAndroid poderia cair no mais puro clichê ao simplesmente fazer referências banais e batidas. Todavia, isso não acontece aqui, pois o álbum é contemplado com a mais refinada, inteligente e impressionante coleção de composições que conseguem sair completamente do que poderia ser esperado para entregar uma coleção de crônicas magistrais sobre os assuntos abordados, conseguindo traçar uma comparação entre o "futuro" construído no álbum e a nossa atual sociedade. Lindamente bem escritas e com uma noção sobre como entregar peças que possam ser denominadas como verdadeiras poesias musicadas sem esquecer a base popular que uma canção pode possuir, cada canção no álbum é um trabalho como uma pérola da mais perfeita constituição e brilho. E olha que nem estou falando de letras liricamente difíceis de se entender, pois a cantora e seus colaboradores conseguem criar do simples a genialidade. Esse é o caso da genial e inesquecível Cold War com a sua "pouca", mas extremamente eficiente composição. Ao ser um álbum conceito, todas as faixas são interligadas uma na outra, criando uma sensação de coesão tão precisa que, no final das contas, parece que estamos diante de uma peça única e, não, várias faixas. E, além disso, apesar de conter dezoito faixas, The ArchAndroid é um álbum que dá a impressão de ser bem menor devido a sua fluidez sensacional. E isso também é devido a impressionante parte técnica.
Dona de uma riquíssima instrumentalização que consegue captar toda a energia e atmosfera pensada para a sua base, The ArchAndroid vai costurando uma imensa colcha de batidas, texturas, nuances, cores, cadencias e ritmos que se entrelaçam uma na outra, alcançando uma grandiosidade tão impressionante que poderia cair bem na famosa pretensiosidade. Longe disso, felizmente, já que toda aqui parece realmente orgânico e de uma verdade tocante. Nada soa fora do lugar ou exagerado. Cada momento, cada nota, cada som e cada mudança ritma ajuda a contar a história, mostrando todos os altos e baixos, todas as emoções, as lacunas, os silêncios e os ruídos. O melhor exemplo disso é começo do álbum que vai de uma instrumental com toques clássicos e de orquestra que lembra o começo de uma peça teatral em Suite II Overture para a indie R&B/rap Dance or Die que dá o tom exato do que está por vim. Outro momento que vale a pena citar, pois é uma verdadeira obra de arte musical, é a faixa que fecha o álbum: BaBopBye Ya é uma viagem instigante e impetuosa que mistura jazz, blues, big band, latin music, pop, soul music e R&B em uma das faixas mais poderosas de todo o álbum. E poderosa é o que pode definir a presença da mestre de cerimonia.
Janelle Monáe transita entre o sagrado e o profano. Entre o passado, o futuro e o presente. Entre a cantora de blues/funk para a rapper afiada. Entre o contido e o explosivo. Entre o dose e meigo até o picante e atrevido. Cada canção é dona de uma performance completamente diferente e com a mesma força emocional em Janelle se transmuta em algo nono e excitante. Ouvir a performance cheia de suingue e de um carisma gigantesco em que a cantora ataca todo o funky incontrolável de Tightrope para depois entregar a sublime e delicada performance na doce e contemplativa Oh, Maker dá para acreditar que nem é a mesma cantora. Apesar de tudo isso, The ArchAndroid tem um problema que o impede de ser perfeito: a sua segundo metade mais contemplativa é resposável pela quebra do ritmo alucinante que foi dado para a primeira parte, dando uma freada no resultado final. Isso não quer dizer que o resultado final seja drasticamente afetado, pois ainda conta com momentos inpiradissimos como é o caso da linda e surpreendente Neon Valley Street. Outros momentos de destaque fica por conta da brilhante soul/pop Locked Inside e a quase punk rock/soul Come Alive (War of the Roses). Após todo o hype que o lançamento de The ArchAndroid causou em 2010, Janelle Monáe foi envolta em uma expectativa alta como o pico mais alto do mundo. Felizmente, a cantora até o momento provou que a genialidade do álbum de estreia não foi apenas de sorte de inciante e, sim, a declaração do nascimentos de uma das melhores artistas modernas.
Depois de lançar o seu primeiro EP (Metropolis: Suite I (The Chase)) em 2007, Janelle tinha chamado atenção da critica e a levou a assinar um contrato com a gravadora de Sean Combs para o lançamento do seu primeiro álbum completo que, também, seria usado como uma continuação do EP. Isso porque os dois trabalhos e o próximo (The Electric Lady) foram concebidos em suites com uma linha central que interliga os três. Inspirando-se pesadamente em em livros e filmes de ficção cientifica, o álbum "narra" a história de uma androide em um futuro distópico, buscando entender os sentimentos humanos como amor, identidade própria, insatisfação com o status quo da sociedade, entre outros. Essa temática não serve apenas para direcionar as composições e, sim, todos os outros elementos do álbum como, principalmente, a sonoridade central de The ArchAndroid. E essa estrutura é a grande pilastra que sustenta o trabalho.
Tendo forte influência do que é chamado de afrofuturismo, The ArchAndroid é uma impressionante, monumental, ousada, destemida e avassaladora construção sonora que transita entre os mais diversos gêneros para entregar uma das mais complexas e profundas sonoridades dos últimos tempos. Com doses que vão do R&B para o soul music, passando por indie rock e jazz e chegando até em eletrônico, funk e elementos psicodélicos, o álbum é uma verdadeira viagem transcendental que o público é convidado a embarcar na história da androide messiânica da maneira mais deslumbrante possível. Conceitualmente, o álbum é um acerto que não há como não ovacionar como sendo apenas genial, mas isso não é que faz do trabalho de Janelle tão magistral e, sim, a maneira como o todo é realizado.
Se a cantora tem em mãos um tema que, aparentemente, está perto do seu coração, o trabalho lirico em The ArchAndroid poderia cair no mais puro clichê ao simplesmente fazer referências banais e batidas. Todavia, isso não acontece aqui, pois o álbum é contemplado com a mais refinada, inteligente e impressionante coleção de composições que conseguem sair completamente do que poderia ser esperado para entregar uma coleção de crônicas magistrais sobre os assuntos abordados, conseguindo traçar uma comparação entre o "futuro" construído no álbum e a nossa atual sociedade. Lindamente bem escritas e com uma noção sobre como entregar peças que possam ser denominadas como verdadeiras poesias musicadas sem esquecer a base popular que uma canção pode possuir, cada canção no álbum é um trabalho como uma pérola da mais perfeita constituição e brilho. E olha que nem estou falando de letras liricamente difíceis de se entender, pois a cantora e seus colaboradores conseguem criar do simples a genialidade. Esse é o caso da genial e inesquecível Cold War com a sua "pouca", mas extremamente eficiente composição. Ao ser um álbum conceito, todas as faixas são interligadas uma na outra, criando uma sensação de coesão tão precisa que, no final das contas, parece que estamos diante de uma peça única e, não, várias faixas. E, além disso, apesar de conter dezoito faixas, The ArchAndroid é um álbum que dá a impressão de ser bem menor devido a sua fluidez sensacional. E isso também é devido a impressionante parte técnica.
Dona de uma riquíssima instrumentalização que consegue captar toda a energia e atmosfera pensada para a sua base, The ArchAndroid vai costurando uma imensa colcha de batidas, texturas, nuances, cores, cadencias e ritmos que se entrelaçam uma na outra, alcançando uma grandiosidade tão impressionante que poderia cair bem na famosa pretensiosidade. Longe disso, felizmente, já que toda aqui parece realmente orgânico e de uma verdade tocante. Nada soa fora do lugar ou exagerado. Cada momento, cada nota, cada som e cada mudança ritma ajuda a contar a história, mostrando todos os altos e baixos, todas as emoções, as lacunas, os silêncios e os ruídos. O melhor exemplo disso é começo do álbum que vai de uma instrumental com toques clássicos e de orquestra que lembra o começo de uma peça teatral em Suite II Overture para a indie R&B/rap Dance or Die que dá o tom exato do que está por vim. Outro momento que vale a pena citar, pois é uma verdadeira obra de arte musical, é a faixa que fecha o álbum: BaBopBye Ya é uma viagem instigante e impetuosa que mistura jazz, blues, big band, latin music, pop, soul music e R&B em uma das faixas mais poderosas de todo o álbum. E poderosa é o que pode definir a presença da mestre de cerimonia.
Janelle Monáe transita entre o sagrado e o profano. Entre o passado, o futuro e o presente. Entre a cantora de blues/funk para a rapper afiada. Entre o contido e o explosivo. Entre o dose e meigo até o picante e atrevido. Cada canção é dona de uma performance completamente diferente e com a mesma força emocional em Janelle se transmuta em algo nono e excitante. Ouvir a performance cheia de suingue e de um carisma gigantesco em que a cantora ataca todo o funky incontrolável de Tightrope para depois entregar a sublime e delicada performance na doce e contemplativa Oh, Maker dá para acreditar que nem é a mesma cantora. Apesar de tudo isso, The ArchAndroid tem um problema que o impede de ser perfeito: a sua segundo metade mais contemplativa é resposável pela quebra do ritmo alucinante que foi dado para a primeira parte, dando uma freada no resultado final. Isso não quer dizer que o resultado final seja drasticamente afetado, pois ainda conta com momentos inpiradissimos como é o caso da linda e surpreendente Neon Valley Street. Outros momentos de destaque fica por conta da brilhante soul/pop Locked Inside e a quase punk rock/soul Come Alive (War of the Roses). Após todo o hype que o lançamento de The ArchAndroid causou em 2010, Janelle Monáe foi envolta em uma expectativa alta como o pico mais alto do mundo. Felizmente, a cantora até o momento provou que a genialidade do álbum de estreia não foi apenas de sorte de inciante e, sim, a declaração do nascimentos de uma das melhores artistas modernas.
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