2 de setembro de 2018

Primeira Impressão

Sweetener
Ariana Grande



Em apenas cinco anos desde que lançou o seu primeiro álbum (Yours Truly), a Ariana Grande conseguiu fazer o que vários artistas demoram até décadas para alcançar: ir de surpreende promessa para uma carreira solidificada e, agora, chegar ao status de uma verdadeira força artística. O catalizador dessa evolução é o lançamento de Sweetener, o seu mais maduro álbum até o momento. E mesmo que não seja o melhor, o álbum é a prova cabal da potencia artística que a jovem é dona.

O grande destaque do álbum é a mudança perceptível na sonoridade de Ariana que, normalmente transitava entre o pop/dance pop e o R&B, se transforma em um pop/R&B contemporâneo que flerta pesadamente com o hip hop e trap music, resultando em algo que pode ser denominado como urban pop/R&B. Essa transformação sonora é claramente por influência direta do Pharrell Williams que produziu/escreveu sete das quinze faixas de Sweetener. Com a experiência e o estilo já consagrado do produtor, o álbum ganha a distinção de ser o álbum mais coeso e adulto de Ariana,. Além disso, o produtor consegui suavizar em quase a zero o peso da transição sonora e deixando todo  trabalho fluido e leve como uma pluma. Até mesmo as outras canções que não possuem a produção de Pharrell bebem dessa fonte tão única, mas conseguem também possuir a marca de seus produtores como é o caso de Ilya Salmanzadeh e Max Martin que são donos dos dois singles e as melhores canções do álbum: God is a woman e no tears left to cry. E aí que está o problema em Sweetener: mesmo que a direção e a base tenha sido elaborado por Pharrell, as melhores canções no não são dele e os principais pontos fracos são por causa dessa sonoridade. 

Apesar de funcionar como um todo, o álbum tem algumas pequenas pedras no caminho, sendo que a principal é o mediano uso das parcerias. Tanto the light is coming com a Nicki Minaj e a parceria com a  Missy Elliott em borderline perdem a oportunidade de usar melhor as duas rappers, resultando em músicas legais, mas longe do verdadeiro potencial que poderíamos ouvir com tantos talentos envolvidos. Quem se dar melhor é o próprio Pharrell que está presente na interessante R&B/dance pop blazed que parece uma evolução melhorada de Blurred Lines. Além disso, outras faixas produzidas por ele não tem a mesma força devido a sonoridade que preza por uma cadencia mais lenta e segmentada como é o caso de successful ou de everytime. Isso não é um problema muito grande, pois, como explicitado anteriormente, a coesão sonora em Sweetener é impressionante e, mesmo sendo fillers, as canções são bem melhores que todo o álbum de algumas grandes divas do pop nos últimos anos. Entre esses erros menores e acertos indiscutíveis, Sweetener tem como melhor pilar de sustentação a presença magnética e poderosa de Ariana.

Quando começou a carreira, Ariana era fortemente comparada com outras cantoras, especialmente com a Mariah Carey devido ao timbre e o alcance. Aqui mesmo no blog fiz essa comparação, mas depois de cinco anos já é quase impossível fazer essa assemelhação. Claro, Ariana tem influência de Mariah e outras grandes divas, mas, felizmente, a cantora encontrou o seu lugar sob o Sol e vem se transformando em uma das maiores vozes contemporâneas. E em Sweetener isso fica evidente em cada música, pois a cantora mostra personalidade, inteligência, versatilidade e um poder vocal impressionante. A sua presença é o que "cola" a maioria das pontas soltas ao dominar cada canção com interpretações maduras perfeitas para entoar cada letra contida no álbum. Mesmo que ainda não tenha encontrado o caminho para composições que possam ir mais afundo nos assuntos trabalhados, as composições não apenas refletem o atual estagio de vida da cantora ao falar sobre relacionamentos novos e passados, sexualidade e empoderamento feminino como são ótimas trabalhos pop. Além das canções já citadas, outro grande momento do álbum é a revigorante breathin que poderia ser o próximo single sem problemas. Além dessas faixas, outros momentos de destaque são a faixa descartada pela Beyoncé R.E.M, a que dá nome ao álbum sweetener e a lindinha goodnight n go. Mesmo com alguns pequenos erros, Sweetener deve ser o álbum que no futuro será lembrado como o que abriu as portas definitivas do panteão do pop para a consagração da Ariana Grande.


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