17 de dezembro de 2018

Primeira Impressão

LM5
Little Mix


O quinto álbum da carreira do Little Mix é um marco em várias esferas para a girl group formada no The X Factor UK. Primeiramente, as meninas já são inegavelmente as mais bem sucedidas vencedoras do reality show de todos os tempos, além de já terem se consagrado como uma das maiores girl bands da história. Em segundo, o lançamento de LM5 é o primeiro delas na nova gravadora depois de se desentenderem com o gerenciamento da Syco, gravadora do Simon Cowell. Mesmo que tenham produzido o álbum na Syco, a mudança de gravadora implica que o Little Mix está começando uma nova era que poderá resultar em finalmente o encontro definitivo da consagração artista das jovens. E, mesmo não sendo esse momento, LM5 dá algumas pistas boas do que pode estar por vim.

Depois de dois álbuns que foram sucesso comercial, mas que ficaram bem abaixo do esperado em relação a qualidade (especialmente o fraco Get Weird), LM5 retoma o caminho que as jovens tinham pavimentado bem no começo da carreira. O motivo principal dessa é a produção, mesmo pulverizada em vários nomes como, por exemplo, Steve Mac, MNEK e Tinbaland, conseguiu dar a coesão e fluidez necessária para as ousadias sonoras que o grupo vem mostrando desde o esquecido e divertido segundo álbum, Salute. Assim sendo, o maior erro que o Little Mix vinha apresentando nos últimos tempos que é era a falta de foco para a sonoridade do grupo. Dessa vez, porém, mesmo apresentando um álbum com várias pegadas e batidas diferentes, LM5 apresenta uma espinha dorsal bem definida ao ser um interessante mistura de dance-pop/ R&B com que de hip hop e latin music. Não é a mistura mais original, mas a produção consegue em vários momentos acertar em cheio em faixas que conseguem ao mesmo tempo ter ousadia e serem comercialmente viáveis.

Vejo o caso do single Woman Like Me com a presença da Nicki Minaj que na resenha afirmei que a canção "é uma divertida e bastante carismática reaggaeton/dancepop/R&B que consegue dar para as meninas certa distinção no atual mercado, mas sem fazer que nenhum traço da personalidade delas seja perdido". Se de forma geral, o álbum é acerto muito bem vindo para o Little Mix, o problema se encontra quando a gente olha atentamente para o mais especifico: várias fillers que não acrescentam quase nada para o resultado final, deixando, principalmente, a parte final arrastada e pouco interessante com faixas bem medianas como é Motivate e a sua batida latina/electropop e a pertença dramática Notice. Além disso, quando o álbum vai mais para o pop perde a sua força, mas quando arrisca mais para o R&B/hip hop é nítido o aumento da qualidade como é o casa da estranha, mas divertida, Joan of Arc com a sua batida desconstruída e uma instrumentalização que lembra bastante os trabalhos de Pharrell. Liricamente, LM5 é o trabalho mais bem resolvido do grupo até o momento.

Já faz algum tempo que o Little Mix começou a enfatizar o lado empoderado de algumas letras, mas em LM5 o assunto é o tema central, guiando quase todo o álbum. Mesmo podendo gerar criticas de quem acha que as meninas estão apenas surfado na onda do empoderamento, a verdade é que o grupo já tinhas construindo uma sólida base em canções como, por exemplo, Power e Shout Out to My Ex. Então, esse engajamento é mais do que natural e, felizmente, consegue passar a mensagem de forma positiva. Claro, os trabalhos não se aprofundam nos temas como aceitação do corpo, sororidade e, claro, exaltação do poder da mulher, mas não passam longe de clichês genéricos. O que parece que nunca irá mudar é a química que as quatro integrantes apresentam e, principalmente, a qualidade vocal impressionante em cada canção. Sem perder as personalidades de cada uma, o Little Mix é provavelmente a melhor girl band vocalmente desde o surgimento do Destiny's Child. O melhor momento do álbum fica por conta de um divertidíssima Wasabi que mais parece ter saído do primeiro álbum solo da Gwen Stefani. Outros momentos de destaque ficam por conta de Strip com a presença da rapper Sharaya J, Love a Girl Right e sua mensagem de sororidade em uma batida electropop/latin pop, a baladinha de empoderamento Told You So e a dramática More Than Words. Espero de verdade que esse seja o começo da consagração de fato do Little Mix, pois até o momento parece que estamos sempre vendo apenas uma prévia interminável do que as jovens tem para entregar.

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