Parte I
25. A Star Is Born
Lady Gaga & Bradley Cooper
"Lindamente compostas, as faixas no álbum conseguem, não apenas transmitir as emoções que o filme mostra, e, sim, uma verdadeira e genuína sensação que cada música é exatamente o que deveria ser caso tudo fosse "real". Explicando: não importa se a canção é uma country rock ou uma electropop comercial, pois a construção de cada uma passa que poderiam verdadeiramente ser trabalhos de artistas reais e, não, apenas feitas para a trilha de um filme. Essa sensação é primordial para o resultado do álbum e, principalmente, do filme, pois tudo fica ainda mais fácil o público se relacionar com os personagens e a suas histórias. Com essa organicidade, as canções soam trabalhos coerentes com os momentos que refletem, criando uma excepcional jornada emocional em que o público é convidado a mergulhar em cada faixa."
24. Crush
Ravyn Lenae
"Parte dessa nova leva de cantoras de R&B que tem a SZA e a Kelela como principais nomes, Ravyn não está para muitas brincadeiras como mostra o seu recém lançado EP Crush. Para quem for ouvir o trabalho fique sabendo que o melhor é esperar o inesperado, pois a produção parece querer brincar com as fronteiras do R&B/soul, estando profundamente dentro desse nicho. Começa pela canção que abre o EP: Sticky é uma estranha e sensual R&B/indie pop que causa certo desconforto no começo, mas, depois de ouvir com cuidado, a faixa vai grudando na cabeça igual chiclete na sola de sapato. É aqui que entra o maior trunfo do trabalho: a versatilidade enorme de Ravyn Lenae. Dona de um timbre distinto e rico, a cantora escolhe por usar a parte mais aguda da sua voz, lembrando muito a brasileira Tetê Espíndola. Acredito que a cantora não tenha conhecimento da brasileira, mas quem conhecer as duas ao ouvir a faixa irá longo lincar as duas já de cara. E isto é ótimo, pois mostra o quanto a cantora americana pode ser interessante em apenas uma canção."
23. Lost & Found
Jorja Smith
"Sem ter muita noção do que esperar exatamente de Jorja, pois o único contato que tive com a jovem de apenas 21 foi o single Let Me Down que nem entrou para o álbum, foi com grande felicidade que ao terminar de ouvir o álbum tive a sensação que estava diante de uma artista promissora e de um talento raríssimo. Jorja é dona de uma voz impressionante e de um timbre magnifico que, ao mesmo tempo, lembra as grandes cantoras de soul/jazz e a vibe de cantoras modernas, mais especificamente as da vertente neo soul. Jorja Smith é uma cantora capaz de proezas que quase não vemos atualmente. Capaz de ocupar espaços dentro da canção que poucas cantora tão jovens parecem ser capazes. Capaz de derreter manteiga apenas com uma nota no momento certo. Capaz de transitar entre vários estilos com graça, elegância e personalidade, indo de baladas acústicas para canções mais urbanas que precisam da cantora mostrar o seu lado rapper. Capaz de emocionar com performances seguras e contidas, mas com uma força emocional desconcertante. Lost & Found é um álbum de uma cantora ainda muito jovem, mas que tem um instrumento feito nas forjas celestiais. Ouvir a tocante Tomorrow e não se emocionar é apenas para aqueles feitos de pedra. Ouvir Lifeboats (Freestyle) e não sentir a mesma vibe de uma Lauryn Hill é para apenas os ignorantes. Ouvir Lost & Found, faixa que dá nome ao álbum, e não ter flashbacks do ápice do neo soul nos anos noventa é apenas para aqueles sem memória. E ainda nem estamos falando de um álbum que pode ser considerado genial."
Mahmundi
"Depois de lançar o seu primeiro e muito bem recebido primeiro álbum em 2016, Mahmundi ainda não encontrou exatamente o sucesso comercial e ainda está "presa" em um nicho conhecido por um número restrito do público. E isso nem é algo ruim para a carreira da jovem cantora, pois a qualidade de Para Dias Ruins supera qualquer falta de sucesso comercial. E o melhor: a cantora solidifica fortemente a sua sonoridade sem perder o bonde da evolução. Fazendo uma sonoridade que quase ninguém faz nos dias de hoje, Mahmundi entrega um delicioso e luminoso trabalho new wave, R&B, pop e MPB em uma atmosfera que remete aos anos oitenta e os trabalhos da Marina Lima e Guilherme Arantes. Sem ir muito longe do que apresentou no álbum anterior, mas aprimorando o principal motivo de critica até então que era a linearidade das canções. Em Para Dias Ruins, a diversidade sonora é melhor trabalho, criando um álbum mais rico e com cada canção tendo personalidade própria. Ainda não é um álbum genial, mas a produção refinadíssima e e de uma maturidade atípica para o atual cenário musical nacional é uma cereja redonda e suculenta em cima do álbum."
MØ
"Tecnicamente, Forever Neverland é, assim como os trabalhos anteriores da cantora, uma mistura de EDM com electropop e pitadas de indie pop aqui e ali. Nada de novo ou excitante na base da sonoridade, mas a grande sacada da produção geral é incrementar com camada e batidas mais substâncias nas canções para dar mais força estrutural para as mesma. E a principalmente mudança e que é o grande achado para a sonoridade do álbum: sai aquela sensação de melancolia com batidas mais lentas e entra uma atmosfera mais "alegrinha" e com batidas dançantes. Isso pode até parecer uma alteração boba e corriqueira, mas, querido leitor, nem sempre o que falta para um artista é algo extraordinário e, sim, algo tão comum como fazer as canções pop mais dançantes. Claro, as canções ainda estão mais para mid-tempo do que para uptempo, mas o fato é que as batidas estão no ponto certo para conseguir elevar a sonoridade da MØ como é caso da deliciosa Way Down e o seus toques orientais e a parceria com o Diplo na divertida Sun In Our Eyes. Outra qualidade de Forever Neverland é a sua fluidez e coesão que a produção dá para o álbum. Trabalhando com o verdadeiro quem é quem do electropop/EDM atual como é caso do já citado Diplo, além de nomes como What So Not, StarGate, Illangelo e o pouco conhecido Stint como principal nome ao ficar a cargo de dez das faixas, MØ soube como se manter relevante com o atual momento ao mesmo tempo que se mostrou que consegue manter a sua personalidade e, como já apontado, demonstrar evolução verdadeira."
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