27 de fevereiro de 2022

Primeira Impressão

Lady Leste
Gloria Groove




Desde a primeira resenha da Gloria Groove notei que a drag queen tinha um imenso talento. Os anos se passaram e a Gloria provou essa minha intuição com bons lançamentos um atrás do outro, mesmo que alguns errassem o alvo. Felizmente, essa evolução foi acompanhada pelo público mainstream e que culmina com o lançamento de seu segundo álbum Lady Leste no melhor momento da carreira da carreira da artista. Apesar de não ser um trabalho perfeito, o álbum mostra de maneira clara o imenso talento de Gloria.

A grande qualidade do trabalho é a versatilidade e extensão da capacidade da Gloria Groove que vai do funk ao pagode ao rap para o pop com a mesma facilidade que passa um batom. Mesmo que a produção da canção não esteja em alguns momentos, Gloria eleva qualquer canção devido a sua potência vocal, a maturidade performática e a capacidade de se alinhar com qualquer caminho que a canção segue. Poucos artistas possuem essa qualidade na mesma proporção que a drag queen e isso já a coloca em outro nível, pois dá uma liberdade de explorar sem em nenhum momento perder a personalidade. E se existe um álbum que dependia dessa força é o Lady Leste.

Misturando funk, pop, pagode, MPB, hip hop e outras influencias, o álbum é uma metralhadora quase frenética de estilos que nem sempre funciona, mas que em nenhum momento perde carisma devido a presença da Gloria. Produzido por Pablo Bispo e Ruxell, Lady Leste sabe o que está em alto no maisntream pop e não tem medo de explorar todas as vertentes possíveis. E essa característica impende que o álbum possa se aprofundar na busca de criar ainda mais personalidade para a discografia da artista. Outro problema é a montanha russa da produção que trafega entre momentos inspirados e momentos massificados demais que parecem que estão lá apenas para serem possíveis virais. Quando tudo parece fluir de maneira natural, Lady Leste apresenta momentos surpreendentes e inesperados.

Maior sucesso dessa era até o momento, “A QUEDA é o tipo de canção que poderia nem ser um sucesso comercial, mas encontrou seu lugar ao Sol devido ao imenso talento de Gloria”. Uma “canção é uma electropop/R&B sombrio e com uma batida realmente marcante e única. Devo admitir que o resultado poderia ser bem melhor, mas é algo completamente diferente que se ouve atualmente no cenário nacional o que ajuda a ganhar uma simpática extra em saber que a Gloria pode entregar coisas de personalidade sem recorrer aos clichês de sempre”. Entretanto, o melhor momento do álbum vem do pagode Tua Indecisão com a participação do Sorriso Maroto. Não sou exatamente fã de pagode, mas, sinceramente, a química entre Gloria e o vocalista Bruno Cardoso é algo inacreditável e delicioso. E a canção é o tipo que faz a gente realmente ter vontade de ir ao bar tomar uma e ouvir um pagodinho devido a sua ótima produção. Outro ponto forte do álbum é a Gloria versão funkeira. SFM com a participação de MC Hariel e Fogo no Barraco com o MC Tchelinho são dois prazeres culposos que deixam bem claro o potencial de hitmaker da Gloria quando bem explorado, especialmente quando as duas canções exploram bem vertentes diferentes do funk. Apesar de não ter gostado de cara, Vermelho é o tipo de canção que vai grudando na cabeça devido a excelente finalização da produção e o explosivo refrão. Os outros lados de Gloria são explorados bem na pop Leilão, a R&B LSD e o hip hop Pisando Fofo com a presença de Tasha e Tracie. Lady Leste não é de longe o melhor trabalho que a Gloria Groove poderia entregar. Felizmente, o trabalho é blockbuster que a carreira da drag queen merece para se consolidar e expandir o seu público.


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